Jovens Promessas (Lassana Camará)

Este bem que pode ser o início da história de mais um jogador africano que, vindo ainda de forma prematura para o futebol europeu, acaba por vingar num clube de topo do velho continente. Exemplos, esses, não têm faltado, como são os casos de Essien ou Makelele, curiosamente dois dos nomes que mais facilmente são visados pelos adeptos, numa tentativa de comparação ao jogador que dá título a este artigo: Lassana Camará.

Chegado a Portugal em Novembro de 2006, ainda com idade de Juvenil de primeiro ano (sub-16), o médio nascido na Guiné inseriu-se numa equipa onde a concorrência era extremamente forte – David Simão, Leandro Pimenta e Vítor Pacheco (internacionais portugueses em simultâneo).

Tal como o algodão… não enganou! Chegou, viu e venceu, assumindo a titularidade imediata de uma linha intermediária já extremamente forte, mas que ganhou imenso com a sua inserção. Os adeptos iam, aos poucos, ficando fantasiados com o seu futebol de enorme qualidade.



Num jeito muito próprio, sem grandes extravagâncias ao nível do drible, apresentou, desde logo, algumas das suas características essenciais: Uma qualidade técnica fenomenal, pela forma como deambula por entre os adversários, grande capacidade de leitura e posicionamento, assim como criatividade e poder defensivo, o que faz dele o protótipo do «8» dos tempos modernos, o tão designado «box-to-box».

E o seu futebol é mesmo a toda a costa. Terminou em grande a temporada, como uma das peças essenciais da equipa, embora tenha sido no ano seguinte (época passada) a altura da sua afirmação. Até a afirmação de Ruben Pinto, ia assumindo as despesas da equipa na posição «10».

Lá mostrava todo o seu talento ofensivo, com lances de génio, numa espécie de «abre latas» constante nas defensivas adversárias. Ia ganhando estatuto e passou a ser uma referência de toda a formação, quando o técnico dos Juniores João Alves se rendeu ao seu talento e passou, também ele, a chamá-lo para algumas partidas no escalão seguinte.



Sem claudicar sempre que chamado, Lassana Camará foi decisivo em praticamente todos os jogos que efectuou, saltando, de imediato à vista, o golo solitário apontado por si com que o Benfica bateu o Porto na Fase Final do Nacional de Juniores, ou o jogo frente ao Leiria, onde entrou com o resultado em 0-0, terminando esse mesmo jogo com um saldo positivo de cinco golos sem resposta para as «águias».

Foi uma época muito desgastante – o que lhe motivou alguns problemas físicas – mas também uma das mais importantes para a sua afirmação como jogador de nomeada. A verdade, é que são poucos (ou nenhuns) os que ainda não se renderam ao seu talento. Mesmo os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol fizeram acelerar o seu processo de naturalização para que auxiliasse Portugal na qualificação para o europeu da categoria (sub-17), tendo terminado o ano, “Saná” como é conhecido, na equipa sub-18 e sub-19 da selecção das «quinas».

Com o seu primeiro contrato profissional assinado, o talentoso médio tem o seu futuro nas mãos dos responsáveis «encarnados» que têm uma verdadeira pérola africana para lançar no futebol profissional. Muito tiveram de fazer, também, para evitar que Lassana Camará se transferisse para clubes de topo do futebol inglês e espanhol.



Confrontado com a possibilidade de chegar ainda este ano aos Seniores, Saná admite «ser ainda cedo mas, se acontecer, melhor». Tem actualmente 16 anos, vai fazer os 17 já depois do Natal, assumindo-se a par de Nelson Oliveira, as grandes referências do futebol de formação em Portugal a curto/médio prazo.

Atributos Individuais:

Cabeceamento – Não é uma das suas especialidades, embora saiba lutar no jogo aéreo nas disputas a meio-campo.

Cruzamentos – Para a posição que ocupa, não necessita de os tirar teleguiados.

Desarme – Muito forte. Alia a grande técnica individual a uma excelente capacidade defensiva, onde faz do desarme um dos seus melhores argumentos.

Finalização – Não é um jogador que apareça regularmente a finalizar, embora embalado de trás, seja difícil de travar.

Finta – Sem extravagâncias, é incrível a forma como deambula e abre verdadeiras brechas nas defensivas adversárias.

Marcação – Leitura de jogo ao nível de um Sénior, preenche muito bem os espaços.

Passe – Ao nível do passe curto, são raras as vezes que o vemos falhar. Necessita de melhorar no alongamento do seu jogo.

Primeiro Toque – Recepções sempre certas são uma das suas principais armas.

Remates de Longe – Tenta pouco. Gosta de jogar em espaços curtos, não arrisca muito em termos de finalização.

Técnica – Fantástica. A bola fica colada ao pé e dificilmente de lá sai.

Agressividade – Inacreditável os kilómetros que corre e as bolas que recupera.

Criatividade – Sozinho, abre espaços intermináveis.

Posicionamento – Sempre no sítio certo, sobretudo defensivamente.

Força – Apesar da baixa estatura, raramente perde um despique individual.

Resistência – Não para de correr, não desiste de um lance.

Velocidade – Razoável.

Global: A curto prazo, o principal talento da formação (a par de Nelson Oliveira). Tem todas as condições para ser um jogador de topo do futebol Mundial, assim aproveitem tudo o que tem para dar ao futebol. Defensivamente é complicado encontrar jogador mais agressivo (sempre dentro dos limites) e que melhor preencha os espaços, aliando esses factores defensivos a uma qualidade técnica fora do normal, com uma capacidade de drible e construção fantásticas.



Nome Completo: Lassana Camará.
Idade: 16 (1991-12-29).
Nacionalidade: Português (naturalidade Guineense).
Internacionalizações: 7 (sub-17, sub-18 e sub-19).
Peso: 60 kg .
Altura: 170 cm.
Posição: Box-to-Box.