Os Clássicos e as Crónicas do Benfica

Submetida por moderador em

 

 

 

 

 

BAYER LEVERKUSEN - BENFICA

Taça das Taças 1993/1994
Quartos de Final | 2ª Mão

 

Estavamos na época 1993/1994, a que marcaria o final dum período glorioso do Benfica.
Isso era algo que na altura, era desconhecido por nós, felizmente, pois deu para desfrutar de uma das equipas mais fantásticas que o Benfica já teve. Um plantel bem constituido, bem pensado, com cabeça corpo e membros e 2 jogadores de qualidade por lugar. Algo que hoje em dia parece absolutamente impensável, por incrivel que pareça.

Voltando ao jogo, o Benfica tinha chegado aos quartos de final da agora extinta Taça dos Vencedores das Taças. A presença nesta competição era assegurada, como o próprio nome indica, pelos vencedores das Taças nacionais. O Benfica tinha vencido o Boavista na final por 5-2, numa das mais belas finais de sempre. No caminho para os quartos de final, o Glorioso eliminou o Katowice, numa eliminatória que se revelou mais complicada que o que se poderia supor. Em casa apenas venceu 1-0, golo de Rui Águas a 5 minutos do fim. Fora esteve a perder 1-0, até um golo de Vitor Paneira a 20 minutos do final, apurar os encarnados.

Nos oitavos de final, duas vitórias de 3-1 sobre o CSKA Sófia garantiram uma qualificação fácil para os quartos de final. O sorteio ditou que o adversário seria o Bayer Leverkusen, que tinha eliminado o Panathinaikos por 5-3 (em agregado). A 1ªMão disputou-se na Luz e terminou com um suadíssimo empate a 1. O golo de Isaías, em cima do minuto 90, salvou a honra do convento, mas o resultado final deixava antever uma missão espinhosa em solo alemão.

Nesse 15 de Março, três dias após a goleada por 8-0 ao Famalicão, o Benfica alinhou com:


Neno
Abel Xavier
Hélder
William
Schwarz
Kulkov
Vitor Paneira
Rui Costa
Isaías
João Pinto
Yuran

O jogo estava muito disputado, com oportunidades para ambos os lados, quando Neno falhou uma saída a um cruzamento e ofereceu de bandeja o 1-0 a Ulf Kirsten. Até ao intervalo o resultado não se alterou, apesar de algumas chances claras de golo numa baliza e noutra, e o Benfica continuava a precisar de marcar 1 golo para igualar a eliminatória.

Com o Benfica a carregar, foi com surpresa e alguma injustiça, que o Bayer chegou ao 2-0, com Bernd Schuster a aparecer na cara de Neno para fazer um golo fácil. Tudo parecia perdido. 2-0 no jogo para os alemães, 3-1 no agregado, os encarnados precisavam de marcar 2 golos para passar para a frente, no Ulrich Haberland. A resposta foi imediata e logo no minuto seguinte, Abel Xavier reduziu para 2-1, num míssil de fora da área, depois dum passe de calcanhar de Rui Costa. Ainda não refeitos do golo sofrido, os alemães cederam um canto, que para sua infelicidade resultou em novo golo. Paneira cruzou, João Pinto finalizou de cabeça, uma imagem de marca ao longo da sua carreira. Em dois minutos o Benfica passava de 2-0 para 2-2, e para a frente da eliminatória.

Quem pensava que tudo estava terminado, enganou-se. Este jogo, um dos mais memoráveis de sempre nas provas europeias, revelar-se-ia uma autêntica lotaria de tu cá, tu lá. A 12 minutos do final, o Benfica "matou" a eliminatória. Kulkov apareceu na área como uma flecha e disparou a contar. 3-2 para o Glorioso, passaporte para as meias finais na mão, só o apocalipse poderia tirar a vitória. Mas o Apocalipse aconteceu mesmo, com o selo de qualidade do terror dos cruzamentos, Neno. Ficou pregado à relva, aos 80 minutos e deixou o adversário cabecear para golo, na pequena área, aos 82. Kirsten e Pavel Hapal viravam novamente o resultado, enquanto o sensato treinador alemão apelava à calma, com os dedos, dizendo que ainda faltavam 8 minutos. 

O Benfica renascia das chamas, logo 3 minutos depois, selando de forma definitiva o acesso às meias finais, e uma das vitórias mais épicas de sempre na sua história europeia.Vasili Kulkov novamente o herói, depois dum passe magistral de João Pinto, o menino de oiro, que decidiria o campeonato para o Benfica nessa época, em plena Alvalade.

O 4-4 parecia despertar Toni dum coma induzido, saindo de imediato a 1ª substituição com a troca de Rui Costa por Hernâni. O objectivo de segurar o resultado, neste jogo de loucos, foi cumprido e ainda deu para colocar Rui Águas no lugar de Yuran, no minuto final da partida.



Os Benfiquistas que sobreviveram a este jogo, nunca mais o esqueceram...e sempre que há uma troca de resultados mais incrivel, logo a palavra Leverkusen vem aos lábios.
Infelizmente a história revelou-se madrasta para o Glorioso novamente. O sonho de vencer uma prova europeia tantos anos depois, morreria na praia. Contra o fortíssimo Parma, um 2-1 caseiro não chegou para um golo de Sensini a 12 minutos do final da elimatória. Um penalty falhado por Vitor Paneira, a expulsão de Mozer na segunda mão, e mais um frango de Neno tornaram impossivel a conquista europeia, que teria dado ainda maior sabor à noite de Leverkusen.

Fica no entanto, a recordação de mais um jogo épico, numa época recheada de momentos de ouro. Uma época memorável para os mais nostálgicos, inesquecível para os amantes do bom futebol. O 4-4, assim como o 6-3, ganhou para sempre um significado místico em tons de vermelhoVermelho à Benfica

 

Acompanhe "Os Clássicos e as Crónicas do Benfica" no tópico  http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=51135.0


Autor do texto: Shoky