Da camisola do Barcelona ao festejo de Pizzi para a tropa

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zz

«Se começares a peça a dizer que vais falar sobre o Luís Miguel Afonso Fernandes, ninguém vai perceber». Foi assim que Michel Vieira, amigo pessoal de longa data de Pizzi, falou quando explicava ao zerozero.pt o porquê de o médio do Benfica ter esta alcunha e também a origem do festejo, que já é uma imagem de marca.

Quando a bola entra, Pizzi beija a parte interior do pulso, aponta para a bancada, pára e bate continência. Foi assim contra o Arouca, também diante do Vitória de Setúbal (ambos para a Taça da Liga). Voltou a ser agora, na goleada contra o Estoril, após o remate mais bonito da tarde. No pulso está tatuado um F, de Fátima e Fernando, os pais, na bancada está a namorada, com quem mantém uma relação de nove anos, no sinal militar está outra fatia muito importante da sua vida.
 

Contratado há ano e meioPizzi foi negociado entre o Benfica e o Atlético de Madrid no verão de 2013, mas esteve emprestado na primeira época.

«O Pizzi festeja desta forma há sensivelmente um ano. Tem a ver com o nosso grupo de amigos, desde o nosso tempo de infância em Bragança. Sempre fomos muito unidos e jogávamos na mesma equipa. O grupo tem como nome "A tropa" e, a certa altura, pedimos-lhe para, além da dedicatória para a namorada, ter também um espacinho para nós. Foi aí que ele decidiu festejar daquela forma, que é cada vez mais uma imagem de marca dele», conta o amigo Michel ao nosso jornal.Se pertence a uma tropa, pode ser comandante, capitão, sargento. Mas não. No grupo do número 21 do Benfica não há espaço para estatutos especiais: «Sem hierarquias, estamos todos em pé de igualdade. Claro que o Pizzi, para nós, acaba por ser o elemento mais querido, porque atingiu aquilo que todos nós sonhávamos. Olhamos para ele com grande orgulho».

De Bragança a Lisboa, foram oito épocas de distância. Não deu para ir mais amiude, mas deu para chegar lá, onde todos queriam chegar. Inveja não é, porém, o sentimento que invade os colegas, pelo contrário.

«Engraçado que a união do nosso grupo é tão forte que ultrapassa preferências clubísticas. Eu, por exemplo, sou portista ferrenho, mas festejo os golos dele da mesma forma que festejo os do meu clube. Queremos muito que ele tenha sucesso», explicou Michel Vieira, ao zerozero.pt.
 

Titular há quatro jogosComeçou a época sem grande espaço e à procura da oportunidade na zona central, onde Jorge Jesus o foi trabalhando. A saída de Enzo Pérez e a quebra de Talisca deram-lhe uma oportunidade e o português tem trabalhado para a agarrar

Reflexos da personalidade

Com 25 anos, Pizzi vai mostrando atributos, ganhando espaço e consolidando nome. Ainda no jogo contra o Estoril, os adeptos do Benfica elegeram o médio como o melhor em campo, sinal não apenas da sua qualidade, como também de empatia com os adeptos.

De qualquer forma, não é isso um motivo para que as abordagens na rua incomodem os amigos: «Continuamos a ser a mesma tropa. Ele não nega um autógrafo ou uma palavra a ninguém, sobretudo crianças, mas as pessoas até costumam respeitar o nosso espaço, não invadem a nossa privacidade».
A forte ligação ao núcleo de amizades de sempre é notória. Pizzi já viveu em três cidades espanholas, em Braga, na Covilhã ou em Paços de Ferreira. Agora é em Lisboa. Mas os amigos não mudam.

«Entre as muitas qualidades que ele tem, a humildade é talvez a que mais destaco. Nunca se esqueceu de onde vem, sabe para onde quer ir, mas nunca deixou de estar connosco. É uma pessoa formidável e estamos todos muito contentes por ele estar, com a sua tranquilidade, a mostrar toda qualidade que sempre lhe reconhecemos», valorizou Michel.
 

Pizzi por causa de... Pizzi

Por fim, um pedido para a explicação sobre o nome por que qualquer pessoa no futebol o conhece. Nem era propriamente fã do avançado espanhol, mas tinha muito jeito para marcar. E foi por causa disso.

«Quando éramos miúdos, jogávamos no bairro e cada um levava uma camisola. Ele levava uma do Barcelona, sem nome, só que a malta mais velha sabia que, naquela altura, era o Pizzi quem marcava mais golos no Barcelona. Começaram a chamá-lo Pizzi e ficou assim desde então», terminou o amigo.