Em entrevista com Panchito: ''Vou fazer tudo para voltar ao inferno da Luz!''

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Panchito, um astro do hóquei em patins

Francisco Velasquez, no mundo do hóquei em patins: ”Panchito”. É conhecido por todos por ter sido um jogador mágico, um astro, capaz de fazer coisas maravilhosas com um ”stick” na mão, havendo mesmo quem o compara-se a António Livramento, seu ídolo e um expoente máximo do hóquei em patins mundial. O ex-internacional argentino foi um jogador marcante no clube da Luz, um jogador que chamava adeptos aos pavilhões e os enchia para verem a sua magia.

Panchito revolucionou o hóquei em patins em Portugal sendo mesmo considerado como um dos melhores jogadores de sempre, confessa ter o Benfica no coração e um dos seus maiores sonhos seria ver o seu filho jogar de águia ao peito com a mítica camisola 7 ."Foi o único clube onde joguei e que fiquei adepto. "

Panchito Velázquez tem agora 38 anos, e a sua carreira como jogador já pertence ao passado a sua vida agora é feita numa quinta em San Juan na Argentina, onde se dedicada à vinicultura. Mesmo tendo uma vida diferente, o clube português está sempre presente na mente do ex-jogador. O argentino assume que os melhores anos da sua vida foram passados na Luz e que o seu maior desejo era poder ter terminado aí a sua carreira.

Perfil:
Nome: Francisco Cecílio Velasquez
Data de Nascimento:10-01-1975
Idade: 38
Clubes anteriores: Social San Juan, Follonica, Voltegra, FC Barcelona, e Benfica.

"Muitas vezes joguei lesionado, por gratidão aos adeptos respeito aos meus colegas e muitas vezes pelo meu treinador na época, o senhor Carlos Dantas. Cheguei a jogar com os dedos partidos, não pensava muito em mim."

Modalidades.com.pt: Passaram-se vários anos desde que terminou a sua carreira. Não ter sido campeão nacional foi a grande desilusão na sua passagem pelo Benfica?

Panchito (P): Sempre quis ganhar tudo no Benfica, mas na verdade a desilusão não foi assim tão grande, pois o valor da nossa equipa relativamente aos nossos rivais era inferior. Tínhamos uma boa equipa,
mas não muito numerosa… o que nos tornava desequilibrados. No entanto prova do nosso grande espírito de equipa foi quando estivemos muito perto de vencer a copa da Europa, e aí sim fiquei muito desiludido.

''O Benfica é um clube imenso, encontramos a sua grandeza em qualquer rua em qualquer lugar''

Disse uma vez numa entrevista: "O Benfica foi o único clube onde joguei e fiquei adepto". O que tem este clube de tão apaixonante?

P: O Benfica é um clube imenso, encontramos a sua grandeza em qualquer rua em qualquer lugar. O Benfica foi o único clube da Europa de que fiquei adepto, vestia aquela camisola e tudo se transformava dava tudo de mim em campo. As pessoas são o Benfica, poucos têm o privilégio de sentir o carinho que eu sentia por todos. Sentia-me em família, e quando assim é, torna-se fácil a adaptação. Encontrei ali
uma mística que nunca tinha encontrado em Clube algum… (Sim. O Benfica será sempre a minha família). Por muito longe que eu esteja…

Chegou a entrar para o rinque lesionado. Por quem jogava ? Por amor ao Benfica ou pelo hóquei em patins?

P: Sim muitas vezes joguei lesionado, por gratidão aos adeptos respeito aos meus colegas e muitas vezes pelo meu treinador na época, o senhor Carlos Dantas. Uma pessoa que adorava e ainda adoro, sabia tudo de hóquei em patins, é único! Cheguei a jogar com os dedos partidos, não pensava muito em mim, queria era agradar a todos, mas nem sempre isso é uma boa opção. Uma lição para os mais novos é essa, a nossa saúde em primeiro lugar, pois por muito que queiras ajudar, não vais estar a 100% e podes agravar mais o teu estado clínico.

''Dava tudo para ganhar! [ao FC Porto]''

M: Tem saudades dos adeptos do Benfica?

P: Saudade, adoro essa palavra, porque me faz lembrar do meu Benfica! Claro que sim... muitas mesmo! Adorava quando acabavam os jogos e ficava uma hora a dar autógrafos e a tirar fotos. Fazia-o com imensa alegria.

M: Como eram os jogos com o FC Porto?

P: Eram sempre os jogos do ano, muito lindo, eram jogos muito competitivos. Dava tudo para os ganhar! Jogos muito intensos onde os adeptos vibram imenso, uma rivalidade tremenda, e nesses jogos dava-mos tudo para vencer, sabíamos a importância que isso tinha para os adeptos.
 

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M: Como é a sensação de jogar com um irmão na mesma equipa?

P: A sensação é muito boa, existe aquele conforto que nos faz enfrentar tudo e todos, éramos e somos muito ligados.

M: O nível competitivo do hóquei português era aquele que esperava quando chegou?

P: Imaginava que fosse um hóquei muito atractivo, mas não tanto, as equipas eram muito profissionais. As pessoas adoravam o hóquei em Portugal. Ainda hoje acho que o hóquei português é um dos mais bonitos para se jogar.

M: Alguma vez teve propostas de outros clubes portugueses?

P: Foram falando mas nada de concreto, a minha ligação sempre foi o Benfica.

M: O que sentiu ao ver os esforços do Benfica para continuar consigo na equipa?

P: Uma honra enorme, mas como em tudo, nada dura para sempre. Apenas dura aquilo que transportamos na alma, nas nossas recordações e essas são imensas e guardo-as todas no meu coração.

M: Hoje em dia, como vê o estado do hóquei português?

P: Na verdade não tenho acompanhado muito,de qualquer forma sei que continua a ser uma luta entre Benfica e FC Porto. Vejo que o Barcelos está em baixo, o que me deixa triste pois é um clube com muita história tal como o Gulpilhares que atravessa muitos problemas. Eram ringues muito difíceis de passar… Oliveirense continua igual. Valongo não conheço, mas sei que estão fortes.. Candelária também está bem… Paço de Arcos, Cambra, Braga são equipas medianas... Pronto vou estando mais ou menos informado.

M: Já ouviu falar em Gonçalo Alves, actualmente na Oliveirense?

P: Não conheço!

M: Brevemente vai ouvir falar dele (risos).

M: Deixou de jogar devido a lesões. Sente mágoa de não poder ter dado mais ao hóquei em patins?

P: Sinto, claro que queremos sempre mais e jogar hóquei em patins era o que eu mais adorava fazer, e essas lesões acabaram por condicionar de certa forma as minhas prestações, de qualquer forma estou muito orgulhoso da minha carreira.

''O meu desejo é fazer a minha despedida oficial com a camisola do Benfica''

M: Jogou noutro grande colosso europeu, o Barcelona. Há uma grande diferença entre a grandeza entre o emblema espanhol e o Benfica?

P: O Barça é um grande clube, grande mesmo, talvez o número um do mundo. E talvez a diferença apenas esteja no número de adeptos espalhados pelo mundo. Para mim o Benfica é e será sempre o maior do mundo!

M: Se lhe perguntar pelos dois golos mais belos da carreira quais destaca?

P: Foram muitos e importantes não quero deixar nenhum de fora, mas nunca me esquecerei de um que marquei na Luz contra o FC Porto… Passei pelo meio da equipa deles e fintei o Edo Bosch, marcando um golo que levantou o pavilhão.

M: Pensa um dia voltar a Portugal, como treinador por exemplo ou noutro tipo de iniciativa?

P:Não tenho a ambição de ser treinador, o meu desejo é fazer a minha despedida oficial com a camisola do Benfica. E se Deus quiser um dia vou conseguir, pois não penso fazer a minha despedida em outro clube que não o Meu SLB. Vou fazer tudo para voltar ao inferno da Luz!

Perguntas Rápidas:

Clube Favorito: Glorioso Benfica.
Melhor golo:Tenho muitos , mas aquele que mais recordo foi o golo contra o FCPorto.
Melhor momento da carreira: Os momentos passados no Benfica e Barça.
Pior momento da carreira: As lesões.
Melhor jogador com quem jogou: Muitos mesmo, não quero ficar mal com ninguém, mas com Gaby Cairo tivemos momentos lindos.
Melhor jogador da actualidade: Existem muitos, mas como argentino penso que Pablo Alvarez e Nalo Garcia estão muito bem.
Melhor guarda-redes que defrontou: O melhor que defrontei sem dúvida foi o CarlesFolguera.
Melhor guarda-redes da actualidade:Os dois guarda-redes do Barcelona.
Melhor golo que já presenciou: Foram muitos, mas um do Paulo Almeida em Itália deixou-me doido (risos).
Filme favorito: O Silêncio dos inocentes.
Frase favorita: "SI SUCEDE CONVIENE".
Viagem de sonho: Portugal e conduzir pela Avenida Marginal!
Praia favorita:Caribe.
Prato preferido:Dourada feita pelo Carlos Dantas, um dia comi umas 7 ou 8 (risos).
Sonho por cumprir: O meu maior sonho era ver o meu filho jogar com a camisola 7 do Benfica.
O que espera estar a fazer daqui a 10 anos: Viajar muito.
Maior defeito: Muitos mas mesmo muitos....
Maior virtude : Ser muito directo a dizer as coisas.
Ídolo: António Livramento

Com a colaboração de Miguel Dias