O longo jejum de Cardozo acabou às portas da festa

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A noite que deixou o Benfica a cinco pontos da festa do título - que até podem ser só três se o Sporting não ganhar o próximo jogo - foi também a que permitiu a Oscar Cardozo pôr fim ao jejum de golos mais prolongado desde que chegou à Luz, no verão de 2007.

Os dois penáltis que transformaram em goleada a vitória sobre o Rio Ave permitiram ao Benfica recuperar o estatuto de melhor ataque da Liga e, dado talvez mais relevante para o que falta da temporada, acabaram com a seca goleadora do Tacuara. Tinham passado exatamente 149 dias desde o seu último golo, o terceiro da conta pessoal na vitória sobre o Sporting para a Taça (4-3, a 9 de novembro). Depois desse jogo, com uma lesão complicada a intrometer-se, o maior goleador estrangeiro na história do Benfica ficou quase três meses de fora, só voltando a jogar em fevereiro.

A história do seu jejum poderia nem ter começado, já que no encontro do regresso, em Barcelos, Cardozo dispôs de um penálti no último minuto, que a ser convertido teria dado a vitória ao Benfica sobre o Gil Vicente. Não o foi, por mérito de Adriano, e o momento deu origem a uma polémica, uma vez que poucos minutos antes Lima tinha convertido um primeiro castigo máximo, sendo preterido no segundo devido à presença em campo do paraguaio.

A partir daí começou a série negra mais prolongada do percurso de Cardozo na Luz, quer pela duração (quase cinco meses), quer pelo número de jogos que atravessou - só voltou a marcar 11 partidas depois do dérbi para a Taça. O Tacuara, que já não marcava na Liga desde a 9ª jornada, perdeu a titularidade pelo caminho, só entrando nas escolhas iniciais de Jorge Jesus em jogos para a Taça (Penafiel e FC Porto) e para a Liga Europa (PAOK, Tottenham e AZ Alkmaar) e sendo suplente utilizado em cinco partidas da Liga.

Foram, ao todo, 564 minutos em campo até ao reencontro com o golo, um registo apenas batido pelos 710 minutos de seca, em nove partidas como titular, que Cardozo viveu entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009 (apenas 84 dias). No que se refere aos penáltis, este é o retomar de uma história antiga: apesar dos vários falhanços que deixou na memória dos adeptos, Cardozo converteu 41 das 52 tentativas de que dispôs desde que chegou à Luz (taxa de eficácia a rondar os 79 por cento).

O melhor registo dos últimos 23 anos?

A vitória sobre o Rio Ave permitiu também ao Benfica manter em aberto a possibilidade de atingir o melhor registo de pontos na era Jorge Jesus: se vencerem as quatro jornadas que lhe faltam – embora uma delas seja uma visita ao Dragão – os encarnados podem atingir 79 pontos, mais dois do que os conseguidos há um ano, quando o golo de Kelvin nos descontos desviou a festa para o Dragão. Curiosamente, no título conquistado na época de estreia de Jesus, o Benfica fez a festa com 76 pontos, menos um que na última temporada.

Se os encarnados conseguirem o pleno de vitórias até 11 de maio, asseguram também um rendimento de 88%, o que seria o seu melhor desempenho na Liga nos últimos 23 anos: para encontrar melhor é preciso recuar à temporada 1990/91, com Eriksson, quando os encarnados somaram 69 pontos em 76 possíveis (rendimento de 90,7%).

Em aberto, depois do 15º jogo para a Liga sem golos sofridos, está também a possibilidade de o Benfica conseguir o melhor desempenho defensivo na era Jorge Jesus: sofreu até agora 15 golos em 26 jornadas, e mesmo sofrendo um por jogo nas rondas em falta, pode melhorar os 20 golos consentidos em 2009/10 e em 2012/13. Mais uma vez, é preciso recuar mais de 20 anos para encontrar melhor: os 18 golos sofridos em 1992/93, com Toni, e em 1990/91, com Eriksson, este último num campeonato com 38 jornadas.

Por contraste, apesar da goleada sobre o Rio Ave (a primeira dos encarnados nesta Liga), é também praticamente certo que este vai ser o Benfica menos goleador dos últimos cinco anos: com 52 golos em 26 jogos, os encarnados precisariam de marcar nove nas últimas quatro jornadas para igualar os 61 apontados em 2010/11, até agora o registo mais fraco na era Jesus.

Por último, uma referência para um facto sem precedentes nos últimos 30 anos: foi a primeira vez na era Pinto da Costa que o FC Porto se despediu matematicamente da luta pelo título ainda com quatro jornadas por jogar. Fica por saber se este será também o primeiro ano nesse ciclo em que os dragões vão acabar atrás dos dois rivais de Lisboa.

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