Durante 50 anos de existência o Sport Lisboa e Benfica andou de casa às costas “perseguido” pelos planos de urbanização da cidade de Lisboa, daí que tenha surgido então a arrancada para a construção do então chamado Estádio de Carnide – até hoje conhecido como o Estádio da Luz – que contou com o apoio franco e entusiástico da massa associativa do Benfica. Chegava finalmente a altura do maior e mais popular clube, ter um estádio que correspondia à sua dimensão. O Estádio da Luz era então o reflexo da vontade de um povo que figura certamente na história contemporânea de Portugal.{mostrarimagem("adeusestadio2.jpg","right","")}
Depois de sucessivas mudanças de terreno entre Belém, Benfica, Campo Grande, Sete Rios, a Direcção do Benfica reunira-se a 17 de Maio de 1944 com o ministro das Obras Públicas, eng.º Cancela de Abreu, que prometeu então, colaborar com o Benfica na obtenção de terrenos afirmando que: «O Benfica é de Benfica e para lá tem que voltar!». As direcções do clube foram mudando mas os objectivos mantinham-se e procurava-se junto da CML resolver o problema. A 29 de Setembro de 1951 foi então, apresentado à CML o projecto do campo, elaborado pelo sócio e arq.º João Simões. No ano seguinte, mais precisamente no dia 17 de Julho de 1952 a Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica autorizava a Direcção a assinar um contrato de ocupação dos terrenos, que leva à assinatura na CML da escritura de cedência dos terrenos a {mostrarimagem("adeusestadio3.jpg","left","$legenda")}6 de Novembro do mesmo ano.
À medida que os terrenos iam ficando delimitados, o clube desenvolvia uma intensa campanha financeira para a obtenção de fundos. Vendiam-se rifas de tudo e de nada, desde periquitos a pão-de-ló, inventaram-se leilões para fazer dinheiro, com a curiosidade do mesmo objecto ser leiloado duas ou mais vezes, porque ninguém queria ficar com ele. Os associados queriam, sim, participar, colaborar, dar o seu esforço para aquele grande empreendimento comum. Houve um aumento voluntário da quota mensal, a abertura de uma conta especial, haviam espectáculos pró-estádio, sorteios monumentais. Na secretaria e no pavilhão do Benfica na Feira Popular estava então, o mealheiro gigante, era uma pequena apoteose de cada vez que se abria e se apurava um montante inesperado. O êxito destas iniciativas permitiu então, recursos financeiros para o início das obras de terraplanagem a 14 de Julho de 1953.{mostrarimagem("adeusestadio4.jpg","right","")}
Os adeptos “encarnados” acorreram em massa e pagavam para ajudar. Pagava-se então 10$00 por enxadada e o apoio do jornal «O Benfica» também foi determinante, dedicando as páginas 4 e 5 (centrais) com o título “Pró-Estádio”, para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, através das notícias e da promoção das iniciativas futuras. Já em Maio de 1954, enquanto se preparava o arrelvamento do campo e as fundações para assentar as bancadas, inicia-se uma enorme “Campanha do Cimento”. Vinham sacos de toda a parte, eram importantes os donativos dos benfiquistas de África.{mostrarimagem("adeusestadio5.jpg","left","$legenda")}
E assim foi, as obras fizeram-se em bem pouco tempo e às 11 horas do dia 1 de Dezembro de 1954 o Presidente da Direcção, Joaquim Ferreira Bugalho abria uma das portas de acesso ao Estádio, inaugurando um dos mais belos recintos do mundo. Entretanto o Estádio foi crescendo. Originalmente com dois anéis, sem iluminação e isolado, o Estádio da Luz “viu” nascerem as torres de iluminação a 9 de Junho de 1958, o que permitiu a realização de grandes jornadas das grandes noites europeias.{mostrarimagem("adeusestadio6.jpg","right","$legenda")}
Depois das torres de iluminação, chegava então a altura de aumentar a capacidade do Estádio e iniciava-se então a construção do 3.º anel, construído em duas fases (1960 e1985). A 29 de Maio de 1960 era inaugurado o terceiro anel com capacidade para 70.000 pessoas, capacidade esta até ao dia 21 de Setembro de 1985, data em que se celebrou o seu fecho com um festival que culminou com o desafio Benfica – Dínamo de Bucareste. O Estádio da Luz tinha então, capacidade para 120 mil espectadores e ganhava força a expressão «O Inferno da Luz», mas o Estádio assistira à maior assistência a 4 de Janeiro de 1987, num jogo a contar para o Nacional da I Divisão, que pôs frente a frente Benfica e Porto, perante 135.000 espectadores. {mostrarimagem("adeusestadio7.jpg","left","$legenda")}
Já em 1996, Manuel Damásio reforça a separação entre o público e os «artistas» com a construção de um fosso (vala), em substituição à vedação colocada na época 1970/71, como consequência da invasão de campo registada no jogo com o Belenenses. O Estádio da Luz foi então assistindo até aos dias de hoje a profundas remodelações, como por exemplo a colocação de cadeiras, levando a uma redução de lugares para 80.000. Assistindo a diversos espectáculos e a grandes noites europeias e de festa, o Estádio da Luz começou então a voltar ao topo da actualidade, na direcção de Vale e Azevedo, dado o projecto de cobertura e remodelação do Estádio da Luz.{mostrarimagem("adeusestadio8.jpg","right","$legenda")}
No actual Estádio da Luz, o Sport Lisboa e Benfica já comemorou 23 títulos de Campeão Nacional, o apuramento para 23 finais da Taça de Portugal, vencendo 16 troféus, e 7 passagens às finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus, entre elas o Bicampeonato Europeu de 1961/1962.{mostrarimagem("estadiodaluzpretoeb.jpg","left","$legenda")}
Uns a favor, outros contra, a 29 de Setembro de 2001 e já com Manuel Vilarinho à frente da Direcção do Benfica, numa das mais concorridas assembleias gerais, o então presidente Vilarinho viu aprovado por esmagadora maioria o projecto de construção do novo Estádio da Luz, tendo como «homem forte» do projecto, o vice-presidente para o património, Dr. Mário Dias.{mostrarimagem("luzact06.jpg","right","$legenda")}
Chegou então a hora de dizer adeus ao emblemático Estádio da Luz, passados que estão quase 50 anos desde a sua inauguração. Mesmo ao lado está a nascer o seu “irmão”, aquele que será o novo orgulho dos benfiquistas, que jamais esquecerão aquele que foi até hoje o maior estádio nacional e um dos mais referenciados na Europa e no Mundo. Por todas as alegrias, por todos os momentos nele vividos, o Estádio da Luz ficará para sempre na memória de todos os benfiquistas até à morte.
Adeus velho amigo...
Texto: Rafael P. Santos
Fonte / Fotos: Arquivo SL-Benfica.com ; “Grandes construções de «A Bola»” ; “O Benfica» n.º 2929 ; "Biografias" SLB ; "Livro de Ouro", Diário de Notícias.
Depois de sucessivas mudanças de terreno entre Belém, Benfica, Campo Grande, Sete Rios, a Direcção do Benfica reunira-se a 17 de Maio de 1944 com o ministro das Obras Públicas, eng.º Cancela de Abreu, que prometeu então, colaborar com o Benfica na obtenção de terrenos afirmando que: «O Benfica é de Benfica e para lá tem que voltar!». As direcções do clube foram mudando mas os objectivos mantinham-se e procurava-se junto da CML resolver o problema. A 29 de Setembro de 1951 foi então, apresentado à CML o projecto do campo, elaborado pelo sócio e arq.º João Simões. No ano seguinte, mais precisamente no dia 17 de Julho de 1952 a Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica autorizava a Direcção a assinar um contrato de ocupação dos terrenos, que leva à assinatura na CML da escritura de cedência dos terrenos a {mostrarimagem("adeusestadio3.jpg","left","$legenda")}6 de Novembro do mesmo ano.
À medida que os terrenos iam ficando delimitados, o clube desenvolvia uma intensa campanha financeira para a obtenção de fundos. Vendiam-se rifas de tudo e de nada, desde periquitos a pão-de-ló, inventaram-se leilões para fazer dinheiro, com a curiosidade do mesmo objecto ser leiloado duas ou mais vezes, porque ninguém queria ficar com ele. Os associados queriam, sim, participar, colaborar, dar o seu esforço para aquele grande empreendimento comum. Houve um aumento voluntário da quota mensal, a abertura de uma conta especial, haviam espectáculos pró-estádio, sorteios monumentais. Na secretaria e no pavilhão do Benfica na Feira Popular estava então, o mealheiro gigante, era uma pequena apoteose de cada vez que se abria e se apurava um montante inesperado. O êxito destas iniciativas permitiu então, recursos financeiros para o início das obras de terraplanagem a 14 de Julho de 1953.{mostrarimagem("adeusestadio4.jpg","right","")}
Os adeptos “encarnados” acorreram em massa e pagavam para ajudar. Pagava-se então 10$00 por enxadada e o apoio do jornal «O Benfica» também foi determinante, dedicando as páginas 4 e 5 (centrais) com o título “Pró-Estádio”, para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, através das notícias e da promoção das iniciativas futuras. Já em Maio de 1954, enquanto se preparava o arrelvamento do campo e as fundações para assentar as bancadas, inicia-se uma enorme “Campanha do Cimento”. Vinham sacos de toda a parte, eram importantes os donativos dos benfiquistas de África.{mostrarimagem("adeusestadio5.jpg","left","$legenda")}
E assim foi, as obras fizeram-se em bem pouco tempo e às 11 horas do dia 1 de Dezembro de 1954 o Presidente da Direcção, Joaquim Ferreira Bugalho abria uma das portas de acesso ao Estádio, inaugurando um dos mais belos recintos do mundo. Entretanto o Estádio foi crescendo. Originalmente com dois anéis, sem iluminação e isolado, o Estádio da Luz “viu” nascerem as torres de iluminação a 9 de Junho de 1958, o que permitiu a realização de grandes jornadas das grandes noites europeias.{mostrarimagem("adeusestadio6.jpg","right","$legenda")}
Depois das torres de iluminação, chegava então a altura de aumentar a capacidade do Estádio e iniciava-se então a construção do 3.º anel, construído em duas fases (1960 e1985). A 29 de Maio de 1960 era inaugurado o terceiro anel com capacidade para 70.000 pessoas, capacidade esta até ao dia 21 de Setembro de 1985, data em que se celebrou o seu fecho com um festival que culminou com o desafio Benfica – Dínamo de Bucareste. O Estádio da Luz tinha então, capacidade para 120 mil espectadores e ganhava força a expressão «O Inferno da Luz», mas o Estádio assistira à maior assistência a 4 de Janeiro de 1987, num jogo a contar para o Nacional da I Divisão, que pôs frente a frente Benfica e Porto, perante 135.000 espectadores. {mostrarimagem("adeusestadio7.jpg","left","$legenda")}
Já em 1996, Manuel Damásio reforça a separação entre o público e os «artistas» com a construção de um fosso (vala), em substituição à vedação colocada na época 1970/71, como consequência da invasão de campo registada no jogo com o Belenenses. O Estádio da Luz foi então assistindo até aos dias de hoje a profundas remodelações, como por exemplo a colocação de cadeiras, levando a uma redução de lugares para 80.000. Assistindo a diversos espectáculos e a grandes noites europeias e de festa, o Estádio da Luz começou então a voltar ao topo da actualidade, na direcção de Vale e Azevedo, dado o projecto de cobertura e remodelação do Estádio da Luz.{mostrarimagem("adeusestadio8.jpg","right","$legenda")}
No actual Estádio da Luz, o Sport Lisboa e Benfica já comemorou 23 títulos de Campeão Nacional, o apuramento para 23 finais da Taça de Portugal, vencendo 16 troféus, e 7 passagens às finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus, entre elas o Bicampeonato Europeu de 1961/1962.{mostrarimagem("estadiodaluzpretoeb.jpg","left","$legenda")}
Uns a favor, outros contra, a 29 de Setembro de 2001 e já com Manuel Vilarinho à frente da Direcção do Benfica, numa das mais concorridas assembleias gerais, o então presidente Vilarinho viu aprovado por esmagadora maioria o projecto de construção do novo Estádio da Luz, tendo como «homem forte» do projecto, o vice-presidente para o património, Dr. Mário Dias.{mostrarimagem("luzact06.jpg","right","$legenda")}
Chegou então a hora de dizer adeus ao emblemático Estádio da Luz, passados que estão quase 50 anos desde a sua inauguração. Mesmo ao lado está a nascer o seu “irmão”, aquele que será o novo orgulho dos benfiquistas, que jamais esquecerão aquele que foi até hoje o maior estádio nacional e um dos mais referenciados na Europa e no Mundo. Por todas as alegrias, por todos os momentos nele vividos, o Estádio da Luz ficará para sempre na memória de todos os benfiquistas até à morte.
Adeus velho amigo...
Texto: Rafael P. Santos
Fonte / Fotos: Arquivo SL-Benfica.com ; “Grandes construções de «A Bola»” ; “O Benfica» n.º 2929 ; "Biografias" SLB ; "Livro de Ouro", Diário de Notícias.