Têm sido tempos difíceis para nós, Benfiquistas. O óbvio caos que se pressentia na pré-época tem feito aparições estrondosas. Resultados péssimos, exibições menos conseguidas, tudo apenas minorado por uma série de vitórias no campeonato que permitiu mesmo assim baixar os níveis de pessimismo de todos nós.
Nada disto me surpreende. Tudo foi feito na pré-época de forma a que o sucesso que atingimos no ano passado se tornasse impossível, e só por mera ingenuidade ainda se poderá por esta altura acreditar no campeonato. Aliás, até Luís Nazaré, o presidente da mesa da Assembleia-Geral que um dia Luís Filipe Vieira apelidou de papagaio, já veio a terreiro assumir que o segundo lugar é, nesta fase, o objectivo mais realista. Agora a pergunta é: como é que depois do campeonato mais brilhantemente conquistado em muitos anos, o Benfica cai para este nível absurdo?
Esta semana tem sido o exemplo perfeito do que impede o Benfica de, em definitivo, arrancar para a hegemonia e a glória sustentável. Levámos cinco na casa do nosso maior rival. Já ouviram o nosso treinador ser mais humilde? Não. Já ouviram o nosso presidente, aquele que apareceu em todo o lado a vangloriar-se de ter tomado sozinho as opções que nos conduziram ao título (rebaixando vergonhosamente o Rui Costa, um de nós!), a falar sobre esta derrota? Será que ele agora já não é o principal responsável? Vemos o presidente da mesa da assembleia, o tal que um dia acusou Vieira de procurar lucros pessoais e para amigos com a promoção do novo estádio da Luz, a criticar em público opções do seu treinador. Melhor ainda, o presidente marcou sozinho um amigável em Angola no meio do nosso apertado calendário competitivo. E ainda mais espantoso do que isto, é ouvir muito boa gente dizer que isto é equiparável a uma ida à Bielorrússia para a Liga dos Campeões. Mas endoideceu tudo? Perderam todos o respeito por si próprios?
Entretanto, Domingos Soares de Oliveira veio imitar na perfeição o famoso ministro iraquiano que decretava a derrota dos americanos enquanto estes derrubavam a estátua de Saddam bem no centro de Bagdad. Vem dizer que 2009/10 foi uma época muito boa a nível financeiro. Subiram as receitas: assistências, quotização, merchandising... tudo maravilhoso. Mas tivemos 19 milhões de Euros de prejuízo. 55 milhões em dois anos, de prejuízos. Isto é bom? A SAD, que só não faliu em Dezembro de 2009 por causa da incorporação da Benfica Estádio, perdeu em 10 anos 96% do seu capital social, em prejuízos. 96%.
E é aqui que vem ter o meu título. É que o ridículo pode matar. Para já, o ridículo da preparação desta época em todas as suas vertentes, matou-nos aspirações desportivas. Esta equipa tem-se mostrado ridícula para ter aspirações na Liga dos Campeões, e no campeonato por muito que as arbitragens de início de ano tenham ajudado, as coisas não estão nada famosas. Saíram jogadores sem a devida compensação, foi prometida a saída a outros que acabaram acorrentados na Luz, foram prometidas renovações que continuam em banho-maria (falta dinheiro?), deu-se um prémio chorudo ao treinador mas os jogadores ainda não viram uma décima parte do que viu o treinador pela conquista do campeonato, fazem-se amigáveis para participar na festa de um regime pseudo-democrático que está entre os mais corruptos e inimigos dos direitos humanos no Mundo. E este ridículo todo, pode matar.
Haja vergonha na cara, porque no dia-a-dia quem sofre somos nós. Novamente traídos pelo Benfica, novamente condenados a humilhações e a preocupações que não deviam ser ainda a ordem do dia. Dentro do Benfica, a ordem parece ser a de sorrir e acenar. Talvez valha a pena pensar nisto...