Chiquinho – Mais uma Vierada?

Gerir o Moreirense é fácil quando se tem parceiros como o Benfica. Há sensivelmente um ano e meio, o Benfica deu ao Moreirense um miúdo da formação, de seu nome Alfa Semedo. O jogador evoluiu muito e, há meio ano, o Benfica decidiu avançar para a sua recompra. Como de costume, esperava-se que o Benfica tivesse colocado uma cláusula de recompra baixa, como já tinha feito com Varela ou Rebocho no passado, mas neste caso não, e um jogador cujo valor de mercado rondava os 1.5M de Euros custou aos cofres do Benfica 2.54M (dados do Transfermarkt). Maus negócios podem ser feitos, e não censuraria, se fosse só isto.

Só que não foi… A estrutura tinha que estar mesmo desesperada por Alfa Semedo que, em sentido inverso, seguiram, Pedro Nuno (contratado há dois anos por 400k e cujo valor de mercado rondava os 750k na altura da saída), Heriberto (por empréstimo) e Chiquinho (contratado semanas antes por 600k e com um valor de mercado a rondar os 750k na altura). Por outras palavras, Alfa Semedo custou mais de 4M de Euros mais o empréstimo de Heriberto Tavares quando, repito, o seu valor de mercado rondava os 1.5M.

Por cá, Alfa Semedo não convenceu e meio ano depois foi enviado para o Espanyol por empréstimo. Mas o que me preocupa é que o Benfica não colocou cláusulas de recompra em Chiquinho (e provavelmente em Pedro Nuno também não). Chiquinho, que connosco até fez uma boa pré-época, é hoje um dos melhores jogadores do campeonato, e o seu valor de mercado ronda agora os 3M de Euros. Num clube bem gerido, essa cláusula inexistente seria accionada e o clube iria ganhar um jogador fantástico por um valor irrisório. No Benfica, segundo a imprensa desportiva de hoje, iremos ser obrigados a desembolsar 4.5M para receber o jogador de volta, por apenas ficamos com 50% dos direitos do jogador e segundo consta há uma proposta de 9M em cima da mesa. Num clube bem gerido, a boa pré-época de Chiquinho faria com que ele só saísse, no máximo, por empréstimo. No Benfica do carrossel, achou-se que Chiquinho ia ser mais um Salvador Agra ou mais um João Amaral, e então mandou-se o jogador para o Moreirense enquanto se gastou vagas de empréstimo com jogadores como Chrien ou Arango.

O amadorismo na gestão do Benfica tem vindo a ser uma constante. Colocar cláusulas de recompra era prática no Benfica e deixou de o ser sabe-se lá porquê. Chiquinho tem que fazer parte do nosso plantel no próximo ano, pois é um craque e encaixa que nem uma luva no esquema de Bruno Lage. Só que, para tal, vamos encher os cofres do Moreirense, quando, se houvesse planeamento e inteligência, não seria necessário. E isto se Vieira não preferir receber os milhões, o que não é assim tão improvável, pois já se percebeu que para ele o que interessa são os recordes de vendas, e existe sempre um qualquer miúdo do Seixal para ocupar a vaga que deveria ser do ex-Académica, nem que seja do nível de Yuri.

Há o risco de as notícias que surgiram na imprensa serem somente boatos, mas este negócio tresanda a Vieirada. Estejamos atentos, que já começam a ser demasiados erros e cada vez mais evidentes.

Post scriptum interessantíssimo: o empresário de Chiquinho chama-se Bruno Carvalho. Do Benfica, representa Nuno Santos e Florentino. Mas o mais interessante é que na sua lista de clientes constam também Salvador Agra, João Amaral e Arango. O que é que isto prova? Nada. O que é que isto evidencia? Que Chiquinho veio para o carrossel e que nem o facto de ele parecer ser bom jogador mereceu uma reavaliação. É o que dá quando as negociatas importam mais que o futebol.

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