(Mais um) Mercado à Benfica

Faltam pouco para fechar o mercado, e escaldado que estou dos últimos anos, sinto-me seguro para dizer que vai ser mais um mercado miserável da parte do Benfica, sob pena de ter que meter a viola ao saco se negócios de última hora ocorrerem.

Só com emprestados e dispensáveis, o Benfica fez um balúrdio. Raúl Jiménez rendeu 38M de Euros, Jovic rendeu perto de 20M, Talisca rendeu também perto de 20M, Carrillo rendeu cerca de 9M, Salvio perto de 7M, entre outras mais valias menos relevantes. Só em dispensados, fez-se quase 100M de Euros. A isto, juntam-se os 120M de Euros que João Félix custou ao Atlético. Com 220M de Euros feitos, atacar esta época com uma lacuna que fosse era impensável. Com os cofres tão cheios, o Benfica podia ter investido um terço, feito um plantel pornográfico, e sobravam dois terços para criar património, pagar dívidas, et cetera. O que aconteceu? Nada disto…

Odysseas acabou a época com as suas lacunas técnicas bem identificadas, algumas bem graves face ao futebol que Lage pretende implementar. Quase se contratou um guarda-redes melhor por 15M, o negócio caiu, e a partir daí… nada. A ideia que dá é que era Perin ou nada, quando existem dezenas de guarda-redes melhores ou pelo menos que encaixariam melhor no sistema de Lage que Odysseas. Já Lage, só faltou suplicar por um guarda-redes, dado que o mesmo chegou a dizer publicamente em conferência de imprensa que queria mais um. Resultado: atacaremos a época com Vlachodimos, que contra o Porto voltou a demonstrar as suas lacunas, e com dois miúdos a precisar de minutos como suplentes.

Acabámos a época com Almeida a dar as últimas. Pudera, fez 53 jogos, e a sorte dele (ou azar, depende da perspetiva) é que não é chamado à seleção, senão seria um dos jogadores com mais jogos nas pernas no mundo. O esforço foi tão elevado que Almeida se lesionou. Corchia até se revelou uma boa alternativa, mas sendo propenso a lesões, não seria o melhor suplente para Almeida. Era preciso reforçar a lateral direita com urgência. O que se fez? Apostou-se cegamente num jovem nigeriano que vinha de um ano de paragem. Entretanto, Ebuehi continua parado, tanto que quem teve que começar a época no 11 foi um miúdo lateral esquerdo com zero rotinas na posição. Não obstante o miserável jogo contra o Porto, o Nuno até fez alguns bons jogos, mas na direita é uma sombra do que é à esquerda, simplesmente porque não sabe jogar com o pé direito. Entretanto, ainda havia tempo para reforçar a posição. O que é que se fez? Promoveu-se um menino à data com apenas 2 (!) jogos como sénior, que contava tanto para a equipa principal este ano que o deixaram ir ao Europeu sub-19.

Outro que acabou super-desgastado, e que até chegou a estar parado devido a uma lesão muscular, foi Seferovic. Uma alternativa para Seferovic era fulcral. Aliás, por muito que eu goste do suiço, era necessário era um jogador para ser titular, pois o Seferovic, para a Europa, é curto. Então… contrataram-se dois jogadores para o lugar dele. Agora temos 3 jogadores para 1 posição, todos eles com estatuto para serem titulares. Não há fome que não dê fartura, pena é que isso só aconteça em duas posições, por coincidência ou não aquelas onde tradicionalmente se paga mais dinheiro por jogadores.

Com o fim da carreira de Jonas e com a saída de Félix, o Benfica ficou sem qualquer segundo avançado no plantel. Contratou-se alguém? Claro que não. Tem jogado lá RDT adaptado, que claramente não está talhado para aquelas funções.

Em resumo, com a saída de Félix, o plantel tinha 4 lacunas claras. O que se fez? Investiram-se 37M numa dessas lacunas e nada em todas outras. Com os cofres cheios e com os rivais em convulsão interna, o Benfica tinha uma oportunidade de ouro para fazer um plantel para fazer uma gracinha na Europa. Está o mercado a acabar, e a ideia que dá é que é mais um plantel para consumo interno, e é se chegar para isso. Fazem-se 200M em vendas, e fica-se contente com um plantel de adaptações forçadas. Tamanha a ambição (ou falta dela), há muitos Benfiquistas que merecem prestações na Champions como a de há 2 anos.