Foi o jogo mais complicado que tivemos até agora, com a vitória a surgir através de um golo já na segunda parte, marcado pelo jogador que há meses anda a ser colocado pela imprensa na porta da saída todos os dias. O prolongar do nulo complicou a situação e aumentou os níveis de nervosismo, mas a vitória do Benfica não pode ser colocada em causa.
O Diogo Gonçalves foi recompensado pelo grande golo na Dinamarca com a titularidade em Leiria, relegando o Chiquinho para o banco. Foi a única alteração num onze onde se continua a destacar a ausência do David Neres - espero que tenha continuado de fora apenas por precaução e que possa estar disponível para o duplo duelo com o Dínamo de Kiev. O jogo foi, tal como se previa, marcado pela iniciativa do Benfica, frente a um Casa Pia que se fechava a sete chaves atrás e que depois, sempre que possível, tentava lançar bolas em profundidade para um rapidíssimo Godwin na frente. Para quem tiver idade suficiente para se recordar disso, a mim fez-me lembrar certos jogos do Benfica nos anos noventa contra o Beira Mar, com o Dino sozinho no ataque dos aveirenses. O Benfica mostrou bastantes dificuldades em furar a organização defensiva do Casa Pia, com as oportunidades a rarearem. O Gilberto esteve pouco inspirado na direita, falhando no ataque e depois deixando a equipa exposta por aquele lado, por onde o Godwin caía quase sempre em cima do Otamendi, com clara vantagem na velocidade. Do outro lado, o João Mário joga a uma velocidade diferente do resto da equipa, insistindo sempre em dar dois toques na bola quando se exigiria que jogasse de primeira (para mim é sempre um mistério quando joga os noventa minutos, mas suponho que é por isso que não sou treinador) e sem velocidade e jogo pelas alas é muito difícil desmontar uma defesa de nove jogadores. A melhor ocasião foi construída pelo inevitável Rafa, que veio à esquerda e dentro da área tentou assistir o Gonçalo Ramos, cujo remate em esforço e dividido com um defesa fez a bola encaminhar-se muito lentamente para a baliza, ainda a tempo do João Nunes (um antigo jogador da nossa formação) evitar o golo. Muito pouca produção ofensiva para o Benfica - temos que fazer muito mais para conseguir ultrapassar equipas destas todos os fins de semana. Em termos de arbitragem, o Tiago '5 Cents' Martins mostrou-se já em grande forma, distribuindo uns amarelos cirúrgicos por faltas a meio campo que deixaram o Florentino e o Otamendi limitados. E assim pela primeira vez esta época saímos para o intervalo em branco.
Logo ao intervalo, e com alguma naturalidade face ao jogo menos conseguido, o Gilberto deu o seu lugar ao Bah, e esta alteração acabou por revelar-se importante. O nosso lado direito foi bastante mais dinâmico com a entrada do dinamarquês, e de imediato se percebeu que estávamos a ser capazes de causar muito mais desequilíbrios e a levar mais perigo junto da baliza do Casa Pia. O golo acabou por surgir ainda antes de se completar o primeiro quarto de hora, e numa altura em que já se começava a adivinhá-lo. Passe do Enzo para o João Mário na zona central, deste a bola seguiu para o Rafa à entrada da área sobre a direita, e mais uma vez foi ele a desequilibrar, entrando na área e colocando a bola na zona central, onde o Gonçalo Ramos se conseguiu antecipar ao defesa e, com um segundo toque, desviá-la do guarda-redes para a fazer encaminhar-se lentamente para o fundo da baliza. Logo a seguir, trocámos o Florentino pelo Weigl (não por uma questão de rendimento, mas sim por causa do amarelo, e com o 2 Cents de apito na boca convinha não facilitar) e o Diogo Gonçalves pelo Yaremchuk, passando o Rafa a jogar mais encostado à direita - não é uma solução que me agrade muito, porque acho que é mesmo no meio onde ele rende mais. Mas foi novamente o Rafa quem voltou a criar perigo, com um remate à entrada da área que passou ligeiramente por cima. Durante a segunda parte achei que nos faltou mais calma no momento do último passe, porque foram diversas as vezes em que conseguimos libertar um jogador num dos flancos e depois invariavelmente o último passe saiu mal. em vez de sair para a frente dos avançados para empurrarem a bola para a baliza, ou atrasado para os jogadores que apareciam à entrada da área, a bola acabava sempre por sair direita aos defesas. Poderíamos ter deixado o jogo resolvido mais cedo, mas verdade seja dita que o Casa Pia foi uma equipa talhada para defender e tentar surpreender no contra-ataque, por isso quando o Benfica se colocou em vantagem e depois optou por uma postura um pouco mais cautelosa o Casa Pia nada conseguiu fazer - não me recordo de uma defesa do Vlachodimos na seguna parte. O maior sinal de perigo foi dado uma vez mais pelo Rafa, em mais um remate à entrada da área que fez a bola passar ligeiramente ao lado do poste. Até final, o 5 Cents conseguiu satisfazer o seu desejo e expulsou o Otamendi depois deste se embrulhar aos agarrões com um adversário, e o Grimaldo foi substituído aparentemente por algum problema físico, o que fez com que o Vertonghen disputasse os primeiros minutos esta época, na posição de lateral esquerdo.
O destaque do Benfica é para mim o Rafa. Já disse que o considero um dos jogadores mais importantes na manobra da equipa, pelos desequilíbrios que provoca, e neste jogo voltou a fazê-lo - foi aliás dos únicos. O golo nasce dos pés dele e praticamente todas as jogadas mais perigosas do Benfica tiveram a sua participação. Outros destaques para mim foram o Florentino, que continua a dar sequência ao excelente início de época e a agarrar a titularidade com todo o mérito. Ficou limitado pelo amarelo recebido logo à meia hora, mas foi inteligente e passou a tentar jogar em antecipação para evitar jogadas de choque e bolas divididas. O Gonçalo Ramos trabalhou muito e fez por merecer o golo, e o Bah entrou muito bem - é capaz de ter ganho o lugar ao Gilberto, na luta pela titularidade no lado direito da defesa.
Este jogo foi uma perfeita apresentação do que é a rotina da liga portuguesa ao nosso treinador. Se o Roger Schmmidt não tinha bem noção daquilo que terá que enfrentar semana sim, semana sim, é capaz de ter ficado já com uma boa ideia. Equipas a jogar com toda a gente atrás da bola, jogadores a queimar tempo (só aquele sabujo que jogava no Moreirense a época passada caiu e foi assistido umas três vezes durante o jogo), árbitros com critérios disciplinares incoerentes e treinadores adversários que são peritos em analisar o jogo do Benfica e a encontrar formas de o anular. Cabe ao Benfica encontrar fórmulas para dar a volta a estes obstáculos que nos são constantemente colocados, e não é com primeiras partes como a deste jogo que nos iremos safar sempre.
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