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segunda-feira, maio 29, 2023

38

Vencemos o Santa Clara no sábado na Luz por 3-0 e conquistámos o nosso 38º título de campeão nacional. Conseguimos o mais importante, sem dúvida, que era quebrar o ciclo de quatro anos sem sermos campeões e, pior do que isso, três anos e meio sem qualquer título, mas terminá-la na última jornada e com apenas dois pontos de avanço sobre o segundo classificado, depois de uma temporada em que nos exibimos a grande nível durante grande parte dela, acaba por deixar um ligeiro travo amargo. Merecíamos ter festejado bem mais cedo. Confesso que o sentimento de alívio quase iguala a alegria que sinto.
 
Com o Bah de regresso à titularidade e do Aursnes ao meio-campo, o Roger Schmidt mostrou o seu conservadorismo colocando o David Neres no banco e mantendo o João Mário na equipa titular. No entanto, entrámos bastante fortes e foi muito importante inaugurarmos o marcador logo aos 7’ numa cabeçada do Gonçalo Ramos a centro na direta do Bah. Tirávamos uma pedra de cima muito cedo, o que ajudou a equipa a descomprimir. O Santa Clara, já despromovido, jogava sem pressão, mas raramente criava perigo para o Vlachodimos e foi até num livre para a nossa área que fizemos o 2-0 aos 28’: contra-ataque magnífico conduzido entre o João Mário e o Rafa, com assistência daquele para este rematar com a bola ainda a desviar num defesa, enganando o guarda-redes. Em cima do intervalo, um remate de fora da área do defesa-esquerdo MT foi a única ocasião em que o Vlachodimos teve trabalho na etapa inicial
 
A 2ª parte seguiu a tendência da primeira, connosco a controlar completamente o jogo, mas sem acelerar muito. Aos 60’, se dúvidas houvesse, ficaram de vez dissipadas com o 3-0 num penalty a castigar mão na bola (de uma maneira tão evidente que é incrível que tivesse de ser o VAR a assinalar...): o João Mário deixou que fosse o Grimaldo a marcar e o espanhol não rematou nada bem, foi à figura, o guarda-redes ia defendendo, mas felizmente a bola acabou por entrar. Com a partida decidida, fomos fazendo substituições, mas o ritmo manteve-se baixo, tendo o Vlachodimos conseguido manter as redes invioladas com um par de defesas atentas. O jogo não terminaria sem o Samuel Soares entrar para ser igualmente campeão.
 
Em termos individuais, o João Neves terá sido novamente o melhor, bem secundado pelo João Mário, que, depois de um par de meses completamente fora dela, voltou a estar em bom plano no último jogo da época. O Aursnes também esteve no seu nível habitual e, ao contrário de Portimão, gostei do Morato no lugar do castigado António Silva. O Rafa e o Gonçalo Ramos marcaram cada um o seu golito, mas nota-se o cansaço em ambos de uma época desgastante.
 
O mérito deste título é em grande medida do Roger Schmidt. Mudou a mentalidade da equipa e a nossa forma de jogar, praticámos um futebol entusiasmante durante a maior parte do ano, em que só parávamos de tentar marcar golos quando o árbitro apitava. O balanço é altamente positivo. Cometeu os seus erros, é um facto, sendo o conservadorismo nas substituições e o espremer sempre os mesmos possivelmente os maiores, mas sem ele não haveria 38 e não teríamos chegado a sonhar irmos mais longe na Champions. Faltaram opções mais robustas para rodar mais a equipa na fase crítica da temporada, mas esperemos que a nova época as traga.
 
SOMOS CAMPEÕES! VIVA O BENFICA!
 
P.S. – Apenas um reparo à entrega da taça de campeão no estádio: deixar o público 1h30(!) à espera depois do final do jogo foi uma enorme falta de respeito! Nunca no passado isto aconteceu e é uma situação a rever no futuro. Depois da entrega da taça no relvado, podem dar as entrevistas e fazer as fotos todas que quiserem, mas, por favor, não nos voltem a obrigar ter de passar por uma seca semelhante! Obrigado.

1 comentário:

joão carlos disse...

Mérito total para o treinador que veio trazer uma mudança de mentalidade que tanto necessitávamos e se já se sabia que ele era um treinador com uma capacidade ofensiva enorme o que mais surpreendeu foi a consistência defensiva que conseguiu que a equipa demonstrasse durante praticamente toda conseguindo o que poucas vezes o nosso clube tem conseguido, mesmo até nos anos mais distantes em que dominávamos amplamente, ser o clube que menos golos sofreu.
De facto para quem liderou desde a primeira jornada, isolado desde a quarta, com dez pontos de avanço a apenas oito jornada do fim apenas conseguir selar matematicamente a conquista na ultima jornada é uma coisa que se facto não se percebe sendo que a principal razão porque não o fomos mais cedo é porque continuamos a não conseguir ser implacáveis com os nossos adversários diretos quando podemos, sobretudo quando devemos, coisas que eles são sempre em situações idênticas quando é contra nós.
Pese embora os erros do treinador na gestão do plantel ao longo da época e nas substituições devido ao seu conservadorismo porque mesmo assim com as poucas opções que tinha poderia, e deveria, ter feito mais a verdade é que a culpa nesse aspeto não é só dele, alias se calhar até é mais doutros, porque é muitas das posições nunca lhe foram dadas verdadeiras alternativas aos jogadores titulares.