O Terror da Antas....por Leonor Pinhao

Amsterdam

 
 
Leonor Pinhão   Contra a corrente


Há 15 anos à espera de um inquérito «urgente»
Foi Jorge de Brito o último dirigente do Benfica a sair vitorioso das Antas. É verdade que saiu resguardado, numa ambulância, de modo a evitar aquilo que se pode definir como uma espécie rara de furioso mau perder dos donos da casa

CUMPREM-SE 15 anos no próximo mês de Abril sobre a data em que César Brito marcou os dois golos da vitória do Benfica nas Antas. Foi a última vez que Benfica venceu o FC Porto na sua casa. Já faz muito tempo. Desde aí, sempre que se aproxima o embate entre os dois clubes na cidade do Porto, não há quem não se lembre de César Brito. E o goleador lá vai desfiando para a imprensa o seu rosário de recordações daquela tarde memorável. Há coisa de dois anos, muito compreensivelmente, César Brito evidenciou algum cansaço face ao peso da efeméride. «Começo a ficar farto de dar entrevistas sobre aqueles golos nas Antas», protestou. E ao protesto acrescentou um voto: «Desejo muito que o Benfica volte a ganhar ao FC Porto, no Porto, para que sejam outros a falar dos golos que marcaram.» Curiosamente, pela mesma altura, também Toni se manifestou em público contra o já incómodo fardo que sentia aos ombros pelo facto de, depois dele, não haver mais nenhum treinador laureado com o título nacional. «Espero que o Benfica vença rapidamente um campeonato para deixar de ser eu o último treinador campeão!» Ora se o problema do treinador Toni foi surpreendentemente bem despachado na derradeira temporada, passando para Giovanni Trapattoni a responsabilidade da distinção em causa, já a questão do goleador de serviço a uma vitória benfiquista nas Antas, e agora no Estádio do Dragão, continua por resolver. No sábadoNuno Gomes vai subir ao relvado com a etiqueta de goleador colada nas costas mas os fanáticos das estatísticas não se cansaram de nos dizer por toda a semana que Nuno Gomes nunca marcou um golo ao FC Porto. A 28 de Fevereiro deste ano Geovani marcou um golo ao FC Porto, no Dragão, que estabeleceu o empate como resultado final, permitindo ao Benfica arrancar para o título. Mas um empate não é uma vitória. Há cinco anos, Kandaurov, no seu jogo de estreia com a camisola do Benfica, marcou um bonito golo nas Antas, àmeia volta, mas o árbitro António Costa prontamente anulou a jogada. Oárbitro para depois deamanhã é o setubalense Lucílio Baptista.A sua nomeação não tem sido contestada por nenhuma das partes directamente envolvidas no jogo. Como o Ministério Público ainda não deduziu a acusação do processo do Apito Dourado, ninguém pode dizer com toda a certeza quem são e quem não são os árbitros- arguidos desta investigação. E Lucílio Baptista entrará no Estádio do Dragão protegido pela solidez da sua experiência e do seu vasto currículo internacional. O ambiente emtorno do jogo presume-se sereno, apesar de esta não ter sido uma semana especialmente agradável para Pinto da Costa. A vitória de Rui Rio no Porto, reafirmando-se o veto popular à promiscuidade entre a política e o futebol, é uma lança cravada bem no âmago das mais bacocas pretensões hegemónico-futeboleiras. O triunfo de Luiz Felipe Scolari na qualificação da Selecção portuguesa para o Mundial de 2006, com o curioso selar da campanha em pleno relvado do Dragão, foi muito mais, mas muito mais, que uma inocente ironia do calendário. Ontem Pinto da Costa teve de suportar o sorriso de Scolari no Dragão.Depois de amanhã terá de ver de perto Luís Filipe Vieira no camarote que for destinado aos dirigentes da equipa visitante, nem mais nem menos que o campeão nacional. Faz bem Vieira em ir às Antas, ao contrário de alguns dos seus predecessores. Faz bem em reclamar um lugar sentado junto dos seus pares em vez de se imiscuir numa qualquer turba ululante que lhe guardasse as costas e o resto. Foi Jorge de Brito o último grande dirigente do Benfica a sair vitorioso das Antas. É verdade que saiu resguardado, numa ambulância, de modo a evitar aquilo que se pode definir, com palavras mansas, como uma espécie rara de furioso mau perder dos donos da casa. Também Carlos Valente, o árbitro do jogo de 28 de Abril de 1991, passou um mau bocado no túnel de acesso às cabinas depois de ter dado por findo o encontro. «Armas, agressões, insultos e confusão » era o título da reportagem do Público no dia seguinte. O ambiente criado não foi o melhor. Umboato diligentemente posto a correr na véspera do jogo através de uma rádio local da Cidade Invicta fez transbordar de indignação todas as cervejarias e cafés da Invicta: Carlos Valente tinha viajado para o Porto «em animada confraternização com a equipa do Benfica». Gaspar Ramos, à época vicepresidente do Benfica, denunciaria mais tarde «elementos não identificados» de terem agredido o árbitro Carlos Valente, facto que o árbitro não confirmou no relatório do jogo entregue no Conselho de Arbitragem. Quando a equipa do Benfica chegou ao Estádio das Antas foi obrigada a equipar-se nos corredores, visto que o balneário que lhe era destinado estava «impregnado de um cheiro insuportável». Com o resultado já feito, os jornalistas na tribuna de imprensa foram subitamente alvejados por «cuspidelas, pontas de cigarros, latas de cervejas, insultos e ameaças », como relatava o Público. A emissão do Correio da Manhã- Rádio teve de ser interrompida. «Não tínhamos condições para continuar a trabalhar», explicou o repórter de serviço. Perante a evidência e a notoriedade dos factos o Ministério da Administração Interna abriu um inquérito «com urgência» para apurar «até às últimas consequências » as responsabilidades pelos acontecimentos da tarde. Quase 15 anos depois, continua-se a aguardar os resultados e as consequências desse mesmo inquérito urgente. Mas por que raio haveria o Ministério da Administração Interna de se interessar por estas loucuras do futebol? Talvez a isso tenha ajudado uma reportagem do semanário Independente, dando conta aos seus leitores e aoministro de que «uma rede unindo polícias e marginais tem sido responsável pelas agressões a intimidações a árbitros, jogadores e dirigentes adversários» do FC Porto. A verdade é que depois destas cenas exóticas nunca mais o Benfica ganhou ao FC Porto no seu reduto. César Brito, como não podia deixar de ser, voltou esta semana a ser ouvido sobre os dois golos que marcou naquela tarde e que, de acordo com a visão dos donos da casa, deveriam ter sido anulados, no mínimo... por fora-de-jogo. Este ano César Brito está confiante numa vitória do Benfica. Faço o meu papel e digo: eu também. Assim sendo, que Luís Filipe Vieira e Lucílio Baptista saiam pelo seu pé do Estádio do Dragão. E direitinhos.



 



 
© A BOLA – Site optimizado para I.E. 6.0 - 800x600 



Amsterdam

Citação de: Amsterdam em 14 de Outubro de 2005, 09:27

 
Leonor Pinhão   Contra a corrente


Há 15 anos à espera de um inquérito «urgente»
Foi Jorge de Brito o último dirigente do Benfica a sair vitorioso das Antas. É verdade que saiu resguardado, numa ambulância, de modo a evitar aquilo que se pode definir como uma espécie rara de furioso mau perder dos donos da casa

CUMPREM-SE 15 anos no próximo mês de Abril sobre a data em que César Brito marcou os dois golos da vitória do Benfica nas Antas. Foi a última vez que Benfica venceu o FC Porto na sua casa. Já faz muito tempo. Desde aí, sempre que se aproxima o embate entre os dois clubes na cidade do Porto, não há quem não se lembre de César Brito. E o goleador lá vai desfiando para a imprensa o seu rosário de recordações daquela tarde memorável. Há coisa de dois anos, muito compreensivelmente, César Brito evidenciou algum cansaço face ao peso da efeméride. «Começo a ficar farto de dar entrevistas sobre aqueles golos nas Antas», protestou. E ao protesto acrescentou um voto: «Desejo muito que o Benfica volte a ganhar ao FC Porto, no Porto, para que sejam outros a falar dos golos que marcaram.» Curiosamente, pela mesma altura, também Toni se manifestou em público contra o já incómodo fardo que sentia aos ombros pelo facto de, depois dele, não haver mais nenhum treinador laureado com o título nacional. «Espero que o Benfica vença rapidamente um campeonato para deixar de ser eu o último treinador campeão!» Ora se o problema do treinador Toni foi surpreendentemente bem despachado na derradeira temporada, passando para Giovanni Trapattoni a responsabilidade da distinção em causa, já a questão do goleador de serviço a uma vitória benfiquista nas Antas, e agora no Estádio do Dragão, continua por resolver. No sábadoNuno Gomes vai subir ao relvado com a etiqueta de goleador colada nas costas mas os fanáticos das estatísticas não se cansaram de nos dizer por toda a semana que Nuno Gomes nunca marcou um golo ao FC Porto. A 28 de Fevereiro deste ano Geovani marcou um golo ao FC Porto, no Dragão, que estabeleceu o empate como resultado final, permitindo ao Benfica arrancar para o título. Mas um empate não é uma vitória. Há cinco anos, Kandaurov, no seu jogo de estreia com a camisola do Benfica, marcou um bonito golo nas Antas, àmeia volta, mas o árbitro António Costa prontamente anulou a jogada. Oárbitro para depois deamanhã é o setubalense Lucílio Baptista.A sua nomeação não tem sido contestada por nenhuma das partes directamente envolvidas no jogo. Como o Ministério Público ainda não deduziu a acusação do processo do Apito Dourado, ninguém pode dizer com toda a certeza quem são e quem não são os árbitros- arguidos desta investigação. E Lucílio Baptista entrará no Estádio do Dragão protegido pela solidez da sua experiência e do seu vasto currículo internacional. O ambiente emtorno do jogo presume-se sereno, apesar de esta não ter sido uma semana especialmente agradável para Pinto da Costa. A vitória de Rui Rio no Porto, reafirmando-se o veto popular à promiscuidade entre a política e o futebol, é uma lança cravada bem no âmago das mais bacocas pretensões hegemónico-futeboleiras. O triunfo de Luiz Felipe Scolari na qualificação da Selecção portuguesa para o Mundial de 2006, com o curioso selar da campanha em pleno relvado do Dragão, foi muito mais, mas muito mais, que uma inocente ironia do calendário. Ontem Pinto da Costa teve de suportar o sorriso de Scolari no Dragão.Depois de amanhã terá de ver de perto Luís Filipe Vieira no camarote que for destinado aos dirigentes da equipa visitante, nem mais nem menos que o campeão nacional. Faz bem Vieira em ir às Antas, ao contrário de alguns dos seus predecessores. Faz bem em reclamar um lugar sentado junto dos seus pares em vez de se imiscuir numa qualquer turba ululante que lhe guardasse as costas e o resto. Foi Jorge de Brito o último grande dirigente do Benfica a sair vitorioso das Antas. É verdade que saiu resguardado, numa ambulância, de modo a evitar aquilo que se pode definir, com palavras mansas, como uma espécie rara de furioso mau perder dos donos da casa. Também Carlos Valente, o árbitro do jogo de 28 de Abril de 1991, passou um mau bocado no túnel de acesso às cabinas depois de ter dado por findo o encontro. «Armas, agressões, insultos e confusão » era o título da reportagem do Público no dia seguinte. O ambiente criado não foi o melhor. Umboato diligentemente posto a correr na véspera do jogo através de uma rádio local da Cidade Invicta fez transbordar de indignação todas as cervejarias e cafés da Invicta: Carlos Valente tinha viajado para o Porto «em animada confraternização com a equipa do Benfica». Gaspar Ramos, à época vicepresidente do Benfica, denunciaria mais tarde «elementos não identificados» de terem agredido o árbitro Carlos Valente, facto que o árbitro não confirmou no relatório do jogo entregue no Conselho de Arbitragem. Quando a equipa do Benfica chegou ao Estádio das Antas foi obrigada a equipar-se nos corredores, visto que o balneário que lhe era destinado estava «impregnado de um cheiro insuportável». Com o resultado já feito, os jornalistas na tribuna de imprensa foram subitamente alvejados por «cuspidelas, pontas de cigarros, latas de cervejas, insultos e ameaças », como relatava o Público. A emissão do Correio da Manhã- Rádio teve de ser interrompida. «Não tínhamos condições para continuar a trabalhar», explicou o repórter de serviço. Perante a evidência e a notoriedade dos factos o Ministério da Administração Interna abriu um inquérito «com urgência» para apurar «até às últimas consequências » as responsabilidades pelos acontecimentos da tarde. Quase 15 anos depois, continua-se a aguardar os resultados e as consequências desse mesmo inquérito urgente. Mas por que raio haveria o Ministério da Administração Interna de se interessar por estas loucuras do futebol? Talvez a isso tenha ajudado uma reportagem do semanário Independente, dando conta aos seus leitores e aoministro de que «uma rede unindo polícias e marginais tem sido responsável pelas agressões a intimidações a árbitros, jogadores e dirigentes adversários» do FC Porto. A verdade é que depois destas cenas exóticas nunca mais o Benfica ganhou ao FC Porto no seu reduto. César Brito, como não podia deixar de ser, voltou esta semana a ser ouvido sobre os dois golos que marcou naquela tarde e que, de acordo com a visão dos donos da casa, deveriam ter sido anulados, no mínimo... por fora-de-jogo. Este ano César Brito está confiante numa vitória do Benfica. Faço o meu papel e digo: eu também. Assim sendo, que Luís Filipe Vieira e Lucílio Baptista saiam pelo seu pé do Estádio do Dragão. E direitinhos.



 



 
© A BOLA – Site optimizado para I.E. 6.0 - 800x600 






Assim é mais facil ler...

slbfuckfcp

Vai sair mais um sumarissimo para o César Brito........lol

mleao


Benfic@4ever

Mais uma vez tenho de aplaudir de pé ... CLAP CLAP CLAP ...

Mas vendo bem as coisas o que vocês pensam ... inquirir aquela gente toda leva tempo ... olá se leva...
15 anos de espera ???
Esperem sentados ...
Já estamos perto  ... do empate à vitória é um pulinho ... e pode ser que este ano tenha acabado o amoniaco lá para os lados das Antas, ou do Dragão ou d'um raio que os parta ...

Por mim nem me importo que a equipa toda se refugie em ambulâncias ... o que eu quero mesmos são os 3 pontos ... e digo mais MEIO GOLO CHEGA !!!

matavelhos

o k eu kria mesmo era um golo k n entrase, tipo o do petit, pa eles ver o k kusta.......

Hocuspocus

Pessoal, em 90/91 o presidente não era o João Santos? O Jorge de Brito não foi presidente dois anos mais tarde? Até trouxe o Futre e tudo...

Não sei porque mas acho que a Leonor Pinhão se enganou nesse pormenor. Mas confirmem-me lá isso sff, quem souber claro.

EU não acredito muito que o Benfica vença nas antas. Não que não tenha confiança na equipa, mas os árbitros deixam-se condicionar mto pelo ambiente lá em cima. MM que o Benfica comece a ganhar há-de chegar uma altura em que o árbitro arranja forma de não nos deixar sair do meio campo.