Quando Salazar proibiu o Benfica de Eusébio de ir à Rússia

bet

Quando Salazar proibiu o Benfica de Eusébio de ir à Rússia


Longe vão os tempos em que entrar em território soviético, bastião do comunismo mundial entre 1922 e 1991, era tarefa complicada, ainda mais quando em Portugal vigorava o regime salazarista, durante o qual os contactos entre os dois países se limitavam a reuniões científicas ou provas desportivas. Que o diga o Benfica, que em 1965 foi impedido de fazer uma digressão para disputar um jogo particular com o Spartak Moscovo, com o qual iria receber um cachê de quatro mil contos – 20 mil euros na moeda atual.

A história foi surpreendente e surgiu através do DN, que na edição de 4 de setembro de 1965 deu a notícia na primeira página: "O Benfica vai à Rússia e o Spartak (de Moscovo) vem a Lisboa." O impacto foi imediato e surpreendeu inclusive o governo de Salazar, como se veria pelo corrupio dos dias seguintes. Foi Albino André, diretor da agência Turexpresso que na altura organizava todas as viagens dos encarnados ao estrangeiro, que desafiou, em agosto desse ano, o chefe do departamento de futebol Gastão Silva para uma digressão à União Soviética (URSS), que na altura tinha como líder máximo Leonid Brezhnev.

A sugestão agradou aos responsáveis do clube da Luz, então presidido por António Catarino Duarte, e ficaria dependente do resultado dos contactos que seriam feitos em Moscovo. O DN adiantava que seria a oportunidade de abrir o fluxo turístico entre Portugal e a URSS, à semelhança do que já acontecia com Espanha, outro país "profundamente anticomunista" governado pelo generalíssimo Franco.

Amália e Pauliteiros na comitiva
Na edição de 6 de setembro, Gastão Silva confirmava ao DN a possibilidade de o Benfica de Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto e companhia ir a Moscovo. "O Sr. Albino André, nos contactos que já teve com os dirigentes do clube Spartak, atuou como delegado autorizado pelo Benfica. Nas primeiras diligências, limitou-se a receber o convite que os russos fizeram para que a nossa equipa jogasse com a turma moscovita. E prometeu transmitir esse convite à direção do Benfica, o que fez agora", assumiu o dirigente, acrescentando que faltava apenas decidir a data do jogo em Moscovo, que seria "a 6 ou 11 de novembro", enquanto o Spartak viria a Lisboa "em maio ou outubro de 1966". "Tudo isto, conforme se compreenderá, se for dada autorização superior", advertiu o dirigente do Benfica, referindo-se à aprovação governamental.

Alberto Miguéns, investigador da história do Benfica com várias obras publicadas, explica ao DN que "na altura a direção já sabia que essa viagem era uma impossibilidade" devido à oposição entre o regime português e o soviético.

O certo é que, em Moscovo, Albino André reunira-se com um vice-presidente da Federação Soviética de Desportos e um responsável político para as relações com a Europa Ocidental. E a ideia foi acolhida com entusiasmo, tendo sido inclusive proposto a Albino André e à agência de viagens soviética InTourist que, além dos dois jogos com o Spartak, se fizesse também um intercâmbio cultural que levaria a Moscovo os fadistas Amália Rodrigues, Fernanda Maria e Carlos Ramos, bem como o grupo folclórico Pauliteiros de Miranda para atuações na capital soviética.

A notícia, que na altura teve grande impacto nacional, levou a que a PIDE abrisse de imediato e com caráter de urgência um inquérito, na sequência do qual foram interrogados Albino André e Gastão Silva no dia 6 de setembro. Alberto Miguéns revela ao DN que, numa conversa que manteve com o antigo chefe do departamento de futebol do Benfica, este contou-lhe que "a PIDE queria saber por que razão queria o Benfica ir a um país com o qual Portugal não tinha relações diplomáticas". Havia mesmo "uma certa perplexidade" governamental sobre esta digressão. Na altura, Gastão Silva assumiu perante a polícia política de Salazar "que o clube estaria interessado no dinheiro que iria ganhar, embora tenha admitido que o Benfica sabia que era difícil obter autorização" governamental.

Uma resposta ao regime
A decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado na altura por Fernando Nogueira, com contribuição decisiva de António Salazar, foi célere e de imediato comunicada ao Benfica nesse mesmo dia 6 de setembro: os encarnados estavam proibidos de fazer essa digressão. Os órgãos sociais das águias convocaram de imediato uma reunião que se prolongou noite dentro. Daí saiu um comunicado publicado na edição de dia 8 do DN em que o clube reforçava a intenção de "manter o intercâmbio desportivo com clubes de todo o mundo", assumindo por isso uma posição bem vincada de oposição ao regime de Salazar: "O Benfica não tem quaisquer razões para pensar que seja considerada impossível pelas competentes autoridades portuguesas a realização de um encontro de futebol entre a sua equipa e a de um clube russo."

O certo é que os jogos entre Benfica e Spartak, em Moscovo e Lisboa, não se realizaram. "Com esse comunicado, a direção do Benfica demarcou-se da posição do governo e espicaçou o regime dizendo que era um clube universalista, afinal naquela altura a equipa fazia muitas digressões, tendo inclusive estado em vários países da América do Sul e ainda na Ásia", assume Alberto Miguéns, que a esta distância temporal e "pela conversa" que manteve com Gastão Silva está convicto de que "a agência de viagens que trabalhava com o Benfica aproveitou aquela situação para fazer publicidade". E explica o porquê dessa sua convicção: "Aquela agência organizava, na altura, viagens quase clandestinas para a União Soviética, em que as pessoas viajavam para França ou Itália para depois seguirem para Moscovo."

Nem pró nem anti-Salazar
António Simões, uma das estrelas do Benfica da altura, recorda 52 anos depois que "tratou-se de uma notícia que durou poucos dias", afinal era um tema incómodo para a ditadura, declaradamente anticomunista, que vigorava em Portugal. O antigo extremo assegura ao DN que naquela data "os jogadores não se apercebiam da intervenção do regime, mas o certo é que era muito complicado obter vistos para ir a países do Bloco de Leste, dominado pela URSS, pois havia um controlo muito grande" nessas viagens. Nesse sentido, Simões diz que este episódio da proibição da digressão à URSS "vem provar que o Benfica nunca poderá ser catalogado como o clube do regime", até porque "acabou por marcar uma posição contra o regime de Salazar".

Também Alberto Miguéns considera que este episódio "demonstra de certo modo que o Benfica não era o clube do regime, mas também não era da oposição, pois os seus estatutos não o permitiam". Na opinião do investigador, a maior demonstração dessa demarcação do regime de Salazar é o facto de o clube "nunca ter tido figuras do regime na presidência".

"A maior demonstração de que o Benfica nada a tinha que ver com a ditadura era o facto de a seleção nacional só ter jogado no Estádio da Luz, que era o maior do país, a 21 de abril de 1971, com a Escócia, no apuramento para o Euro 72, e por pressão da imprensa, que defendia que o fracasso na qualificação para o Mundial de 1970 se devia ao facto de Portugal não jogar no estádio onde pudesse ter o maior apoio", frisou Alberto Miguéns ao DN.

in https://ocio.dn.pt/memoria/quando-salazar-proibiu-o-benfica-de-eusebio-de-ir-a-russia/22827/?utm_source=delas.pt&utm_medium=recomendadas&utm_campaign=afterArticle&_ga=2.40095010.1880650759.1570120373-1096561678.1568668099

Espártaco

Citação de: bet em 03 de Outubro de 2019, 17:49
Quando Salazar proibiu o Benfica de Eusébio de ir à Rússia


Longe vão os tempos em que entrar em território soviético, bastião do comunismo mundial entre 1922 e 1991, era tarefa complicada, ainda mais quando em Portugal vigorava o regime salazarista, durante o qual os contactos entre os dois países se limitavam a reuniões científicas ou provas desportivas. Que o diga o Benfica, que em 1965 foi impedido de fazer uma digressão para disputar um jogo particular com o Spartak Moscovo, com o qual iria receber um cachê de quatro mil contos – 20 mil euros na moeda atual.

A história foi surpreendente e surgiu através do DN, que na edição de 4 de setembro de 1965 deu a notícia na primeira página: "O Benfica vai à Rússia e o Spartak (de Moscovo) vem a Lisboa." O impacto foi imediato e surpreendeu inclusive o governo de Salazar, como se veria pelo corrupio dos dias seguintes. Foi Albino André, diretor da agência Turexpresso que na altura organizava todas as viagens dos encarnados ao estrangeiro, que desafiou, em agosto desse ano, o chefe do departamento de futebol Gastão Silva para uma digressão à União Soviética (URSS), que na altura tinha como líder máximo Leonid Brezhnev.

A sugestão agradou aos responsáveis do clube da Luz, então presidido por António Catarino Duarte, e ficaria dependente do resultado dos contactos que seriam feitos em Moscovo. O DN adiantava que seria a oportunidade de abrir o fluxo turístico entre Portugal e a URSS, à semelhança do que já acontecia com Espanha, outro país "profundamente anticomunista" governado pelo generalíssimo Franco.

Amália e Pauliteiros na comitiva
Na edição de 6 de setembro, Gastão Silva confirmava ao DN a possibilidade de o Benfica de Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto e companhia ir a Moscovo. "O Sr. Albino André, nos contactos que já teve com os dirigentes do clube Spartak, atuou como delegado autorizado pelo Benfica. Nas primeiras diligências, limitou-se a receber o convite que os russos fizeram para que a nossa equipa jogasse com a turma moscovita. E prometeu transmitir esse convite à direção do Benfica, o que fez agora", assumiu o dirigente, acrescentando que faltava apenas decidir a data do jogo em Moscovo, que seria "a 6 ou 11 de novembro", enquanto o Spartak viria a Lisboa "em maio ou outubro de 1966". "Tudo isto, conforme se compreenderá, se for dada autorização superior", advertiu o dirigente do Benfica, referindo-se à aprovação governamental.

Alberto Miguéns, investigador da história do Benfica com várias obras publicadas, explica ao DN que "na altura a direção já sabia que essa viagem era uma impossibilidade" devido à oposição entre o regime português e o soviético.

O certo é que, em Moscovo, Albino André reunira-se com um vice-presidente da Federação Soviética de Desportos e um responsável político para as relações com a Europa Ocidental. E a ideia foi acolhida com entusiasmo, tendo sido inclusive proposto a Albino André e à agência de viagens soviética InTourist que, além dos dois jogos com o Spartak, se fizesse também um intercâmbio cultural que levaria a Moscovo os fadistas Amália Rodrigues, Fernanda Maria e Carlos Ramos, bem como o grupo folclórico Pauliteiros de Miranda para atuações na capital soviética.

A notícia, que na altura teve grande impacto nacional, levou a que a PIDE abrisse de imediato e com caráter de urgência um inquérito, na sequência do qual foram interrogados Albino André e Gastão Silva no dia 6 de setembro. Alberto Miguéns revela ao DN que, numa conversa que manteve com o antigo chefe do departamento de futebol do Benfica, este contou-lhe que "a PIDE queria saber por que razão queria o Benfica ir a um país com o qual Portugal não tinha relações diplomáticas". Havia mesmo "uma certa perplexidade" governamental sobre esta digressão. Na altura, Gastão Silva assumiu perante a polícia política de Salazar "que o clube estaria interessado no dinheiro que iria ganhar, embora tenha admitido que o Benfica sabia que era difícil obter autorização" governamental.

Uma resposta ao regime
A decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado na altura por Fernando Nogueira, com contribuição decisiva de António Salazar, foi célere e de imediato comunicada ao Benfica nesse mesmo dia 6 de setembro: os encarnados estavam proibidos de fazer essa digressão. Os órgãos sociais das águias convocaram de imediato uma reunião que se prolongou noite dentro. Daí saiu um comunicado publicado na edição de dia 8 do DN em que o clube reforçava a intenção de "manter o intercâmbio desportivo com clubes de todo o mundo", assumindo por isso uma posição bem vincada de oposição ao regime de Salazar: "O Benfica não tem quaisquer razões para pensar que seja considerada impossível pelas competentes autoridades portuguesas a realização de um encontro de futebol entre a sua equipa e a de um clube russo."

O certo é que os jogos entre Benfica e Spartak, em Moscovo e Lisboa, não se realizaram. "Com esse comunicado, a direção do Benfica demarcou-se da posição do governo e espicaçou o regime dizendo que era um clube universalista, afinal naquela altura a equipa fazia muitas digressões, tendo inclusive estado em vários países da América do Sul e ainda na Ásia", assume Alberto Miguéns, que a esta distância temporal e "pela conversa" que manteve com Gastão Silva está convicto de que "a agência de viagens que trabalhava com o Benfica aproveitou aquela situação para fazer publicidade". E explica o porquê dessa sua convicção: "Aquela agência organizava, na altura, viagens quase clandestinas para a União Soviética, em que as pessoas viajavam para França ou Itália para depois seguirem para Moscovo."

Nem pró nem anti-Salazar
António Simões, uma das estrelas do Benfica da altura, recorda 52 anos depois que "tratou-se de uma notícia que durou poucos dias", afinal era um tema incómodo para a ditadura, declaradamente anticomunista, que vigorava em Portugal. O antigo extremo assegura ao DN que naquela data "os jogadores não se apercebiam da intervenção do regime, mas o certo é que era muito complicado obter vistos para ir a países do Bloco de Leste, dominado pela URSS, pois havia um controlo muito grande" nessas viagens. Nesse sentido, Simões diz que este episódio da proibição da digressão à URSS "vem provar que o Benfica nunca poderá ser catalogado como o clube do regime", até porque "acabou por marcar uma posição contra o regime de Salazar".

Também Alberto Miguéns considera que este episódio "demonstra de certo modo que o Benfica não era o clube do regime, mas também não era da oposição, pois os seus estatutos não o permitiam". Na opinião do investigador, a maior demonstração dessa demarcação do regime de Salazar é o facto de o clube "nunca ter tido figuras do regime na presidência".

"A maior demonstração de que o Benfica nada a tinha que ver com a ditadura era o facto de a seleção nacional só ter jogado no Estádio da Luz, que era o maior do país, a 21 de abril de 1971, com a Escócia, no apuramento para o Euro 72, e por pressão da imprensa, que defendia que o fracasso na qualificação para o Mundial de 1970 se devia ao facto de Portugal não jogar no estádio onde pudesse ter o maior apoio", frisou Alberto Miguéns ao DN.

in https://ocio.dn.pt/memoria/quando-salazar-proibiu-o-benfica-de-eusebio-de-ir-a-russia/22827/?utm_source=delas.pt&utm_medium=recomendadas&utm_campaign=afterArticle&_ga=2.40095010.1880650759.1570120373-1096561678.1568668099

Mais uma chapada de luva branca à corte de salazaristas.

Petrov_Carmovich

Brutal! Não sabia desta história! Há coisas impressionantes :)

Alexandre1976

E depois eramos nós o clube do regime.Tambem eram os presidentes do Benfica que entravam no balneário dos árbitros de pistola em punho quando estavam a perder ou então os nossos dirigentes eram deputados da Unidade Nacional como muitos dos dirigentes dos porcos.

Pancho Lopes 67

Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"

Jack Bauer

Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


O clube do regime era claramente o Belenenses e o Sporting.



RedVC

Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


Caro, a questão está muito para além do número de vitórias.

Quem viveu os anos 90 e 00 sabe como é que a hegemonia do FCP foi construída. Essa distorção foi criada com a mais rele e mais corrupta das redes de arbitragem, avaliadores, dirigentes, jornalistas, judiciais e até simples trogloditas individuais que coagiam e eram o braço armado daquele Clube. O factor diferencial chamou-se Pinto da Costa. ele e a rede que ele criou. com tempo até deu para ter equipas que eram também superiores do ponto de vista desportivo.

Eu não sou daquele que não quer admitir que em alguns desses anos também do ponto de vista desportivo o FCP tinha as melhores equipas e os melhores atletas. O que eu tenho a certeza porque vi é que tivemos muitas temporadas em que as conquistas eram asseguradas com uma roubalheira despudorada sob a complacência de um SCP e a incompetência e mediocridade de dirigentes do SLB. As sementes deste futebol podre que hoje temos foram plantadas nesses anos. Os frutos dessa rede corrupta farão-se sentir muito para lá do tempo de vida de Pinto da Costa.


Agora, vamos ao mais importante.

A superioridade do SLB nos anos 60 e 70 foi construída com uma inquestionável hegemonia futebolística, desportiva. Esmagadora dentro do campo. Superioridade estritamente desportiva.

O que diferenciou o SLB desde 1910 em diante foi a adesão popular e a democracia interna do Clube. Desde 1926 o SLB foi um farol de democracia, um exemplo que não teve espelho nos rivais. No FCP e no SCP os orgãos sociais eram escolhidos a dedo entre uma elite com figuras gradas, coniventes e praticantes das ideologias do Estado Novo.


Alberto Miguéns fez uma série de artigos em que listou, exemplificou e dissecou as figuras dirigentes mais destacadas dos dirigentes do SLB, SCP e FCP durante as décadas do Estado Novo. Esses artigos constituem a referência definitiva, factual, histopricamente rigorosa do que há dizer sobre essas temáticas:


https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-1-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-2-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-3-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2014/03/verdades-inconvenientes-4-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2014/03/verdades-inconvenientes-5-em-5.html



E depois há a mencionar outros igualmente eficazes mas exaustivos nesse comparativos histórico:


https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2013/12/clube-do-regime-qual-regime.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2017/08/o-clube-de-todos-os-regimes.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2016/06/magalhaes-goleia-gois-mota.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/hoje-ontem-ja-ganhei-o-dia.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/03/benfica-clube-do-regime-deixa-me-rir.html




Os resultados são conclusivos.

Para lá dos métodos distintos, leia-se democracia interna (SLB: com eleições) versus oligarquia (SCP e FCP: com escolhas elitistas e em círculo fechado), há também um comparativo em que o SLB tem para apresentar um conjunto de presidentes que foram reconhecidos opositores do Estado Novo (Manuel da Conceição Afonso, Júlio Ribeiro da Costa, entre outros)


Nunca se deixem comer por gente trafulha. A História dos 3 Clubes e o comparativo da Liberdade, seja ela medida em figuras ou métodos, entre os Clubes dá sempre o mesmo resultado.


O Sport Lisboa e Benfica sempre foi um raio de luz democrática mesmo nos tempos da mais negra ditadura.

É fundamental defender e honrar essa democracia interna, a possibilidade do indivíduo fazer uso da sua opinião, respeitando a opinião dos outros.

As discórdias devem ser vantagem, praticadas em espírito de respeito e de defesa do Clube.

O Clube acima de tudo e de todos mas sempre respeitando as diferentes sensibilidade internas e respeitando e honrando os Clubes rivais.

É esse o legado dos Ases que nos honraram o passado.



RedVC

Citação de: Jack Bauer em 05 de Outubro de 2019, 09:26
Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


O clube do regime era claramente o Belenenses e o Sporting.




https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2017/08/o-clube-de-todos-os-regimes.html


Jack Bauer

Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2019, 09:36
Citação de: Jack Bauer em 05 de Outubro de 2019, 09:26
Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


O clube do regime era claramente o Belenenses e o Sporting.




https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2017/08/o-clube-de-todos-os-regimes.html




Sem dúvida, mas era o clube "regional lá de cima". Para manter o "domínio das massas a norte".


O belenenses (cariz fortissimo nos militares) e o sporting na capital, eram os bastiões.

RedVC

Citação de: Jack Bauer em 05 de Outubro de 2019, 09:48
Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2019, 09:36
Citação de: Jack Bauer em 05 de Outubro de 2019, 09:26
Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


O clube do regime era claramente o Belenenses e o Sporting.




https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2017/08/o-clube-de-todos-os-regimes.html




Sem dúvida, mas era o clube "regional lá de cima". Para manter o "domínio das massas a norte".


O belenenses (cariz fortissimo nos militares) e o sporting na capital, eram os bastiões.


Completamente de acordo.

No caso do CFB, para lá de uma adesão popular praticamente circunscrita a um bairro de Belém, na altura populoso mas que viria com os anos a urbanizar-se e a descaracterizar-se, existia uma elite de dirigentes que foi em grande medida responsável pelo declínio do Clube.

Essa elite tinha figuras-gradas do Antigo Regime entre as quais o Almirante Américo Tomaz que chegou a presidente da Republica e que era "doido" pelos azuis do Restelo.

O CFB - ainda ontem à noite ouvi Carlos do Carmo, um seu adepto incondicional - deu um passo maior do que a a perna ao construir o Estádio do Restelo e com isso abandonar as Salésias. Perdeu-se a identidade popular e o clube adquiriu uma dívida que não pode pagar.


O SCP é outra conversa. Nasceu rico e nas elites. Apesar das divergências internas que levaram até o seu fundador mais destacado - José de Alvalade  - a entrar em conflito e a abandonar o Club, o Clube sempre teve condições únicas do ponto de vista financeiro e as melhores vontades por parte das elites políticas Portuguesas.

Os estatutos iniciais do SCP davam um enorme poder discricionário aos fundadores que estabeleciam critérios restritos quanto à admissão de novos sócios. A escolha dos presidentes do SCP foi sempre feita em circuito fechado entre uma elite. Entre esses presidentes encontram-se figuras ligadas ao Estado Novo e às elites das forças armadas.

O crescimento do SLB foi limitado durante décadas por algumas culpas próprias mas também por culpas alheias. Para lá da dificuldade em adquirir terrenos e construir instalações desportivas condignas próprias, o SLB teve contra si decisões extremamente prejudiciais de alguns dos governos de Portugal. Os casos mais notórios foram o despejo e a destruição dos nossos complexos desportivos de Benfica e depois das Amoreiras. No primeiro caso nem sei se houve indemnização e no segundo caso a que foi dada pelo ministro Duarte Pacheco foi notoriamente escassa, obrigando-nos a ir durante década e meia para o Campo Grande.

O CFB teve favores políticos para dispor dos terrenos das Salésias e mais tarde do Restelo. Já o SCP teve sempre algum desafogo financeiro que os levou a ter quase sempre as melhores instalações desportivas de Portugal. Como é óbvio esses favores contribuíram  para que estes clubes pudessem ter maior desafogo financeiro para contratar jogadores e construir equipas competitivas.

Espártaco

Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2019, 09:35
Citação de: Pancho Lopes 67 em 05 de Outubro de 2019, 07:48
Sempre que um lagarto diz-me que eramos o clube do regime eu respondo assim, "Eu de um tripeiro ainda aturo mais ou menos isso porque eles são os que ganharam mais em Portugal depois do 25 de Abril, embora tenham conquistado o dominio do futebol português de forma muito suja, mas entre Benfica e Sporting depois do 25 de Abril vocês ganharam 4 campeonatos e nós ganhamos 17, tens a certeza que o clube do regime não eram vocês???"


Caro, a questão está muito para além do número de vitórias.

Quem viveu os anos 90 e 00 sabe como é que a hegemonia do FCP foi construída. Essa distorção foi criada com a mais rele e mais corrupta das redes de arbitragem, avaliadores, dirigentes, jornalistas, judiciais e até simples trogloditas individuais que coagiam e eram o braço armado daquele Clube. O factor diferencial chamou-se Pinto da Costa. ele e a rede que ele criou. com tempo até deu para ter equipas que eram também superiores do ponto de vista desportivo.

Eu não sou daquele que não quer admitir que em alguns desses anos também do ponto de vista desportivo o FCP tinha as melhores equipas e os melhores atletas. O que eu tenho a certeza porque vi é que tivemos muitas temporadas em que as conquistas eram asseguradas com uma roubalheira despudorada sob a complacência de um SCP e a incompetência e mediocridade de dirigentes do SLB. As sementes deste futebol podre que hoje temos foram plantadas nesses anos. Os frutos dessa rede corrupta farão-se sentir muito para lá do tempo de vida de Pinto da Costa.


Agora, vamos ao mais importante.

A superioridade do SLB nos anos 60 e 70 foi construída com uma inquestionável hegemonia futebolística, desportiva. Esmagadora dentro do campo. Superioridade estritamente desportiva.

O que diferenciou o SLB desde 1910 em diante foi a adesão popular e a democracia interna do Clube. Desde 1926 o SLB foi um farol de democracia, um exemplo que não teve espelho nos rivais. No FCP e no SCP os orgãos sociais eram escolhidos a dedo entre uma elite com figuras gradas, coniventes e praticantes das ideologias do Estado Novo.


Alberto Miguéns fez uma série de artigos em que listou, exemplificou e dissecou as figuras dirigentes mais destacadas dos dirigentes do SLB, SCP e FCP durante as décadas do Estado Novo. Esses artigos constituem a referência definitiva, factual, histopricamente rigorosa do que há dizer sobre essas temáticas:


https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-1-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-2-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/verdades-inconvenientes-3-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2014/03/verdades-inconvenientes-4-em-5.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2014/03/verdades-inconvenientes-5-em-5.html



E depois há a mencionar outros igualmente eficazes mas exaustivos nesse comparativos histórico:


https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2013/12/clube-do-regime-qual-regime.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2017/08/o-clube-de-todos-os-regimes.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2016/06/magalhaes-goleia-gois-mota.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/06/hoje-ontem-ja-ganhei-o-dia.html

https://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2012/03/benfica-clube-do-regime-deixa-me-rir.html




Os resultados são conclusivos.

Para lá dos métodos distintos, leia-se democracia interna (SLB: com eleições) versus oligarquia (SCP e FCP: com escolhas elitistas e em círculo fechado), há também um comparativo em que o SLB tem para apresentar um conjunto de presidentes que foram reconhecidos opositores do Estado Novo (Manuel da Conceição Afonso, Júlio Ribeiro da Costa, entre outros)


Nunca se deixem comer por gente trafulha. A História dos 3 Clubes e o comparativo da Liberdade, seja ela medida em figuras ou métodos, entre os Clubes dá sempre o mesmo resultado.


O Sport Lisboa e Benfica sempre foi um raio de luz democrática mesmo nos tempos da mais negra ditadura.

É fundamental defender e honrar essa democracia interna, a possibilidade do indivíduo fazer uso da sua opinião, respeitando a opinião dos outros.

As discórdias devem ser vantagem, praticadas em espírito de respeito e de defesa do Clube.

O Clube acima de tudo e de todos mas sempre respeitando as diferentes sensibilidade internas e respeitando e honrando os Clubes rivais.

É esse o legado dos Ases que nos honraram o passado.

Serviço público em defesa do legado democrático do Glorioso.
Para divulgar sempre que algum adversário - e com vergonha digo- ou benfiquista afirme que o nosso clube era o clube do regime

Alexandre1976

Mais uma vez o nosso fórum demonstra como é que se deve defender a historia e os superiores interesses do Benfica.

Pancho Lopes 67

Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2019, 09:35
Eu não sou daquele que não quer admitir que em alguns desses anos também do ponto de vista desportivo o FCP tinha as melhores equipas e os melhores atletas. O que eu tenho a certeza porque vi é que tivemos muitas temporadas em que as conquistas eram asseguradas com uma roubalheira despudorada sob a complacência de um SCP e a incompetência e mediocridade de dirigentes do SLB. As sementes deste futebol podre que hoje temos foram plantadas nesses anos. Os frutos dessa rede corrupta farão-se sentir muito para lá do tempo de vida de Pinto da Costa.

Os campeonatos mais gamados que eles ganharam foi no momento que o Pinto da Costa assumiu até antes de 1994, depois de 1994 o Artur Jorge fez a destruição que tinha a fazer na Luz e nós nem cheiravamos com o Porto em qualidade até a era Jesus... Se bem que no ano do Kike iamos para 1º até inventarem aquele penalty no Dragão, no entanto o nosso futebol nesse ano era horrível.

Ned Kelly

O fóculporto fez um ciclo de gamanço, vitórias, idas à Liga dos Campeões, vinda de dinheiro, gamanço...

A partir de uma certa altura a diferença para os rivais já era grande, pelo que se puderam dar ao luxo de usar o gamanço para lhes dar folga para pouparem jogadores para as competições europeias.

Deve ser triste um gajo que seja adepto desse clube e intelectualmente honesto (assumindo que os há) olhar para trás e não conseguir distinguir onde começa o mérito e acaba a vigarice.

Essa história da URSS já a conhecia e enche-me de orgulho termos tido nas nossas direcções pessoas que souberam respeitar os valores do clube, mesmo quando os do país lhes eram adversos. Que nos dera que isso não se tivesse perdido nas brumas da memória.