(actualizado) Memorial Benfica, Glórias

ednilson

#270
António José Conceição Oliveira (Toni). Mogofores. 14 de Outubro de 1946.
Épocas no Benfica: 6 (87/89, 92/94 e 00/02). Jogos: 215, 127 vitórias, 58 empates e 30 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Bordéus, Sevilha, Shenyang Jinde, Al-Ahly e Al-Ettifaq. Treinador da Selecção Nacional (Comissão Técnica) no Euro 84 e treinador adjunto Emirados Árabes Unidos.



O que o Benfica deve a António José Conceição Oliveira é imenso: a abnegação, o espírito de sacrifício, a descrição com que suportou sobressaltos de humor e variações de sensibilidade se sucessivas equipas dirigentes, aceitando, uma e outra vez, dar ao futebol do Benfica o melhor do seu esforço. O que os benfiquistas devem a Toni é, para lá deste exemplo de benfiquismo que não tem paralelo nas últimas décadas de vida do clube, a alegria de dois dos quatro últimos títulos nacionais conquistados, em 1989 e em 1994. E as enormes alegrias que os que têm mais de quarenta anos recordam, enquanto passeou a sua classe de grande jogador, durante toda a década de setenta.

É que Toni é um ícone do Sport Lisboa e Benfica: ele é o único a ter acumulado títulos de campeão nacional como jogador e treinador. Elemento preponderante da equipa-maravilha dos anos setenta, sustentando o meio campo de um grupo de esmagador futebol de ataque, Toni ganhou então oito títulos nacionais. Juntem-se-lhe os dois já referidos e temos números de inédita proeza. Como se não chegasse, também fez a "dobradinha" na Taça de Portugal: ganhou 3 como jogador e uma como treinador.

Toni iniciou a sua carreira de treinador como adjunto, na segunda época de Baroti: "Quando estivemos em Madrid, no início da época 1980/81, fui comprar um livro sobre futebol e o mister Baroti, quando me viu com ele na mão, virou-se para mim e perguntou-me se não queria ser seu adjunto. Disse-lhe que não, que queria mesmo é jogar, mas percebi que a minha carreira como jogador tinha chegado ao fim. Ainda fui campeão nacional, disputando o último jogo na Luz com o V. Setúbal, partindo depois, com Baroti, para a minha primeira experiência como adjunto".

Assumiu a responsabilidade pela equipa principal do clube em 1987, substituindo Ebbe Skovdhal, que se dera mal com os ares da Luz. Nessa altura, não se perdoavam três derrotas em sete jornadas, mesmo a um treinador de alto gabarito acabado de chegar. Toni não fez milagres: já não foi a tempo de ganhar o campeonato, ficou-se pelas meias-finais da Taça, mas – divina surpresa! – conduziu o Benfica à sua sexta final da Taça dos Campeões, contra o PSV, em Estugarda, vinte anos depois da final de Wembley contra o Manchester United.

Toni não era um treinador de tudo ou nada: privilegiava um futebol de contenção, calculista e cauteloso. Conhecia bem os jogadores que tinha e uma das suas estrelas, o extremo Diamantino, lesionado, teve que ver o jogo da linha lateral. Talvez por isso não tenha ganho a final de Estugarda, contra um PSV que entrou em campo aterrorizado com o prestígio do Benfica. O treinador esticou a corda até aos penalties: ao sexto, a estratégia caiu.

Não ganhou, mas embalou a equipa para um triunfo no campeonato nacional da época seguinte, num onze em que Veloso era o capitão, Mozer e Ricardo compunham uma dupla de centrais de luxo, e Paneira, Valdo e Chalana faziam o que lhes estava destinado: ganhar jogos, nem que fosse pela diferença mínima. Apesar da vitória, aceitou ser adjunto do mais querido dos treinadores benfiquistas: o sueco Sven-Goran Eriksson. Foi com ele campeão em 1991, mas, depois da partida do sueco, aceitou render Tomislav Ivic a meio da época, em nova missão de sacrifício, durante a temporada de 92/93. E no ano seguinte, levando a pulso uma equipa que procurava remediar as saídas de Paulo Sousa e Pacheco para o Sporting, conquistou o titulo de campeão nacional.

Entrara para a História do clube, mas, pela segunda vez, foi preterido em favor de outro. Ganhara, entretanto, uma reputação de salvador. Mas, quando voltou ao clube, de novo, a meio da época de 2000/01, nada se comparava com os seus anos de ouro: o vendaval de loucura que assolara o Benfica durante a presidência de Vale e Azevedo tinha transformado o maior clube português numa equipa remendada, a viver de jogadores emprestados ou comprados em última mão. Toni ainda começou a época de 2001/02; mas não resistiu à onda de maus resultados e, antes que o mandassem embora, saiu. Sem um reparo, sem azedume, sem uma critica mais ácida. Como manda a consciência de quem, acima de quaisquer interesses conjunturais, põe o prestigio e a grandeza do clube que fez seu para toda a vida.

Toni fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 13 de Dezembro de 1987, numa vitória com o Académica (4-2), em Coimbra, tendo disputado o último jogo, a 23 de Dezembro de 2001, numa derrota frente ao Boavista (1-0), no Bessa.

ednilson

#271
Giovanni Trapattoni. Cusano Milanino, Itália. 17 de Março de 1939.
Épocas no Benfica: 1 (2004/05). Jogos: 51, 31 vitórias, 9 empates e 11 derrotas. Titulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: AC Milan, Juventus, Inter, Bayer Munique, Cagliari, Fiorentina, Estugarda e Red Bull Salzburg. Seleccionador nacional italiano entre 2000 e 2004, no verão de 2008 assumirá o comando da Selecção da República da Irlanda.



Despertou para o mundo do futebol como jogador, ao serviço do AC Milan, foi internacional italiano e conquistou por este clube dois campeonatos italianos, uma Taça de Itália, duas Taças dos Campeões Europeus (curiosamente uma frente ao Benfica em 1963), uma Taça das Taças e uma Taça Intercontinental. Famosos ficaram os seus confrontos com Pelé, assim como, ainda hoje gerando grande controvérsia, com Coluna, mais precisamente na referida final da Taça dos Campeões Europeus. "Nesse jogo, o Trapattoni rachou-me o peito do pé. Infelizmente, pelos regulamentos, não se podia fazer substituições e ficámos logo diminuídos. Uma pena, porque tínhamos equipa e aquela era uma final para ganhar. Aguentei em campo, mas só lá estive a fazer número", disse Coluna.

Depois de uma curta passagem pelo banco do AC Milan, começou a treinar o Juventus no ano 1976. Foi na altura uma decisão arriscada, do então presidente bianconero, Giampiero Boniperti, confiar a liderança de um dos clubes mais prestigiados de Itália a um jovem treinador. A verdade é que logo na primeira época, conquistou o campeonato italiano e a Taça UEFA, batendo na final os espanhóis do Atlético de Bilbau.

Assim se iniciou na carreira de treinador, aquele que é uma das figuras maus prestigiadas do futebol italiano. Entre o vasto palmarés destacam-se dez campeonatos nacionais (Juventus-6, Inter-1, Bayern-1, Benfica-1 e Red Bull Salzburg-1), uma Taça dos Campeões Europeus e uma Taça Intercontinental com a Juventus, três Taças UEFA (duas com a Juventus e uma com o Inter). Este excepcional palmarés é complementado com uma Supertaça Europeia, uma Supertaça italiana, duas Taças de Itália e uma Taça da Alemanha.

Em Julho de 2000, chegou ao comando técnico da squadra azurra, substituindo o demissionário Dino Zoff, tendo qualificado a selecção italiana para o Mundial de 2002 e para o Euro 2004. Saiu no final do Europeu português, após resultados decepcionantes em ambas as competições.

Foi assim, que Giovanni Trapattoni chegou ao Benfica na temporada de 2004/05. Para o Benfica era uma época importante, estava em plenas comemorações do Centenário e tinha chegado a altura de terminar com um jejum de 11 anos sem conquistar o mais importante troféu nacional, o campeonato. O campeonato foi difícil, disputado até à última jornada, colocando o Benfica uma mão no troféu na penúltima jornada, após vencer o rival Sporting, em casa, com um golo de Luisão nos últimos instantes. O mérito de Trapattoni nesta conquista, pode ser definido por esta sua frase: "Não comprometo resultados. Os riscos que corro são sempre calculados ao milímetro." E, como treinador do Benfica, sempre assim foi.

Nas comemorações de tão desejado título e depois dos festejos protagonizados pelos benfiquistas, revelou que "em 40 anos de futebol nunca vi adeptos como os do Benfica"!!!

Mais brilhante poderia ter sido a sua passagem pelo clube, caso tivesse conquistado a "dobradinha", mas não conseguiu evitar a derrota na final (2-1), frente ao Vitória de Setúbal. Dias mais tarde assumiu a sua saída do clube, invocando motivos de ordem familiar. Motivos que não o impediram de aceitar o convite do Estugarda pouco tempo depois.
No clube alemão a sua passagem foi catastrófica e foi demitido ao fim de sete meses. Em Maio de 2006 assumiu o comando do Red Bull Salzburg, juntamente com o seu antigo jogador Lothar Matthäus, e juntos conquistaram o campeonato austríaco.

Este verão assumirá o cargo de seleccionador da República da Irlanda, tendo como principal objectivo a qualificação para o Mundial de 2010.

Trapattoni fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Agosto de 2004, numa vitória com o Anderlecht (1-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 29 de Maio de 2005, numa derrota frente ao Vitória de Setúbal (2-1), no Jamor.



E pronto são estes os 17 treinadores responsáveis pelos 31 campeonatos nacionais do Sport Lisboa e Benfica.

Termino por aqui a minha participação mais activa neste tópico, mas o mesmo não irá ficar parado. A ideia ao iniciá-lo seria introduzir também as Glórias das Modalidades. Durante estes meses um outro user apareceu com essa ideia e será ele que irá prosseguir com o tópico. Nos próximos dias terão novidades. ;)

Espero que adiram da mesma forma que até aqui. A mim deu-me bastante trabalho, mas quando o trabalho está aliado ao prazer, não custa nada.

Obrigado a todos quantos seguiram o tópico.


:slb2:

Covenant


46Rossi

Obrigado grande Trap pela última grande alegria :bow2: :bow2:


Grande trabalho ednilson, foi um prazer acompanhar este tópico :clap1: :bow2:

Elvis the Pelvis

Obrigado ednilson pelo teu trabalho meritório. O0

Nos tempos actuais do Benfica(que vão passar), ler este tópico faz-nos sentir um pouco melhor.

fish

Todos os elogios são poucos para este grande trabalho.
Obrigado ednilson

Bola7


Mestre

A velha raposa, aquele que conseguiu o que poucos acreditaram e que pintou o país de vermelho. Uma prova que o saber perdura com os anos, o pragmatismos e a atitude em campo, os assobios, enfim, um estilo inconfundível.

Di Nes

Trapattoni regressa a Portugal
PARA ESTÁGIO COM A SELECÇÃO DA IRLANDA

Giovanni Trapattoni regressa a Portugal nos próximos dias, para orientar o estágio que a selecção nacional de futebol da República da Irlanda vai fazer no Algarve, com vista aos jogos particulares ante a Sérvia e a Colômbia.

O carismático treinador italiano orientou o Benfica em 2004/2005, levando as águias ao título, na que foi a sua única passagem como técnico por Portugal, numa longa carreira.

O arranque prático da "era Trapattoni" na selecção irlandesa dá-se agora com este estágio de 28 elementos, na Praia da Luz, estando previstos dois jogos-treino, antes do regresso à Irlanda, para jogar contra a Sérvia a 24 de Maio, no Croke Park.

Cinco dias depois o adversário escalado é a Colômbia, jogo que serve, tal como o da Sérvia, para lançar as bases da equipa que vai tentar a qualificação para o Mundial de futebol de 2010.

"As próximas duas semanas são muito importantes, é a minha primeira oportunidade de trabalhar com os jogadores e estou ansioso por isso. Teremos dois jogos-treino e os jogos contra a Sérvia e contra a Colômbia, pelo que vou ver em acção todos os jogadores", disse Giovanni Trapattoni.

Record

MrcFlp

Este tópico devia ser inamovível e devia estar no Geral, há muitos, mais e menos novos que não conhecem o percurso das pessoas que aqui se fala.

Isto é o Benfica!

Mestre

Citação de: MrcFlp em 15 de Maio de 2008, 19:26
Este tópico devia ser inamovível e devia estar no Geral, há muitos, mais e menos novos que não conhecem o percurso das pessoas que aqui se fala.

Isto é o Benfica!

Muitos nem conhecem as pessoas quanto mais o percurso no Benfica. :disgust:



Corrosivo


m20

tenho uma profunda admiraçao pelo trapatonni! se nao fosse ele talvez ainda nunca tivesse visto o benfica ter sido campeao, sem ser no berço claro! :bow2: :bow2: :clap1: :clap1: