Vitor Baptista, o Maior

Vitor Baptista

Nome completo
Vitor Manuel Ferreira Baptista
Posição
avançado
Data de nascimento
18 Outubro 1948
Data de morte
1 Janeiro 1999 (50 anos)
País
Portugal
Periodo na equipa principal

1971-1978

Ele era o maior, no seu desassombrado exercício de auto-avaliação. Ele era Vítor Baptista. Seguramente, o mais controverso jogador do universo benfiquista e nacional.

O pai transportava peixe da lota para a praça de Setúbal. Morreu novo, era o Vítor pouco menos que imberbe. “Eu fazia recados às prostitutas, apanhava moedas que os ‘camones’ atiravam para a água e trabalhava numa mercearia”, enquanto a mãe se viu na contingência de emprego pedir numa fábrica de conservas.

Fervia de paixão por Eusébio, quando principiou a sua odisseia. Entrou num torneio de futebol de sala, 15 anos tinha, segundo melhor marcador foi, atrás de Quinito, esse mesmo, o treinador de futebol. Olheiros do Vitória ficaram desvanecidos perante uma boa fornada, que sinais dava de querer trepar nas lides. Vítor Baptista não foi escolhido, mas tanto insistiu, tanto clamou justiça, que Emídio Graça, irmão do benfiquista Jaime, acabaria por dar anuência.

Meteórico foi o ascenso. Aos 18 anos, venceu a Taça de Portugal, num jogo tremendo com a Académica. Sob a direcção técnica de Pedroto, pedaços de talento distribuiu, no Bonfim e noutros recintos. Chegou a comprometer-se com o Sporting, mais leonina era a proposta, só que o Benfica antecipou-se, cedeu Praia, Torres e Matine ao Vitória. Viu-se compelido a trajar de vermelho. Não houve sinal de lamúria. Afinal, entrava nos píncaros da fama. Até nem desbotou, apesar da concorrência de Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão. Disse ao que ia, naquele estilo cavalgante, nem sempre a primar pela estética, mas sólido, sólido como uma rocha.

 

O seu traço de exotismo não passava despercebido. Era um desadaptado, indulgente sobretudo fora das quatro linhas. Recorda Shéu, quão perplexo ficou, no dia em que Vítor Baptista prendeu um exemplar da raça canina ao poste de uma baliza, poucos minutos antes de um treino.

E para a posteridade ficou o mais hilariante dos episódios que a Luz conheceu, quando após ter marcado o golo do triunfo do Benfica, em dia de derby, frente ao Sporting, se apercebeu que lhe faltava o brinco na orelha. Parado esteve o jogo quase cinco minutos. Agachado, gatinhando mais e mais, era ver Vítor Baptista a passar a relva a pente fino. Incrédulos ficaram os colegas, os adversários, a multidão que coloria as bancadas. Não mais apareceu o brinco e a vitória, essa, recusou-se a comemorar.

Sempre autista, pôs a cabeça em água a muitos dos seus treinadores. No Benfica e na Selecção, protagonizando falhas graves de indisciplina. Apesar de tanta incontinência, o povo gostava de Vítor Baptista. Apreciava o seu código de jogo, a forma como se recreava com a bola, o apetite insaciável pelo golo.



Esteve sete épocas no Benfica e ganhou cinco Campeonatos. À entrada da última, foi categórico e sustentou que “o melhor futebolista português não pode continuar a jogar se lhe pagarem como até aqui”. Assim falou, talvez ao volante daquele Jaguar, que havia adquirido por 150 contos a um milionário aterrorizado com a Aliança Povo/MFA e o avanço para o socialismo. Contrição fez e regressou ao activo. Para uma das suas conseguidas temporadas.

Ainda que houvesse interesse do Benfica na sua continuidade, muito por força da pressão popular, que os comportamentos desviantes se iam acentuando, Vítor Baptista regressou a Setúbal, no começo de uma deambulação por vários clubes, que culminou no Estrelas do Faralhão, da Distrital setubalense.

Nos últimos anos de vida, ele que morreu num 1º de Janeiro, com meio século de vida, aparecia com frequência no Estádio da Luz. Degradado, infelizmente muito degradado. Mas para Vítor Baptista, aquele que levantou estádios, à custa do perfume do seu futebol, fica a mais portuguesa das palavras, aquela que tradução não tem, a portuguesíssima saudade.

 

 

Épocas no Benfica: 7 (71/78)

Jogos: 150
Golos: 64

Títulos: 5 CN e 1 TP

Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson


Equipa Principal Jogos Minutos Cartões (A./V.) Golos
  1970/1971  
Amigáveis 0 0
  1971/1972 24 1720 0 / 0 15  
Campeonato Nacional 17 1246 0 / 0 10
Taça de Portugal 3 270 0 / 0 5
Taça dos Campeões Europeus 4 204 0 / 0 0
Amigáveis 10 5
  1972/1973 16 1242 0 / 0 6  
Campeonato Nacional 14 1090 0 / 0 6
Taça dos Campeões Europeus 2 152 0 / 0 0
Amigáveis 5 0
  1973/1974 27 2347 0 / 0 11  
Campeonato Nacional 20 1747 0 / 0 9
Taça de Portugal 5 450 0 / 0 2
Taça dos Campeões Europeus 2 150 0 / 0 0
Amigáveis 2 1
  1974/1975 32 2502 0 / 0 3  
Campeonato Nacional 23 1817 0 / 0 3
Taça de Portugal 4 280 0 / 0 0
Taça das Taças 5 405 0 / 0 0
Amigáveis 10 3
  1975/1976 22 1829 0 / 0 11  
Campeonato Nacional 16 1374 0 / 0 9
Taça de Portugal 1 90 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 5 365 0 / 0 2
Amigáveis 6 3
  1976/1977 8 661 0 / 0 6  
Campeonato Nacional 6 540 0 / 0 6
Taça de Portugal 1 90 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 1 31 0 / 0 0
Amigáveis 0 0
  1977/1978 21 1656 0 / 0 12  
Campeonato Nacional 15 1230 0 / 0 8
Taça de Portugal 4 277 0 / 0 4
Taça dos Campeões Europeus 2 149 0 / 0 0
Amigáveis 2 1
Total Jogos Amigáveis 35 13
Total Jogos Oficiais 150 11957 0 / 0 64
Na equipa principal

Primeiro jogo

Último jogo


Por administrador a Sexta, 5 Janeiro 2024

JPG


Nome Completo: VITOR Manuel Ferreira BAPTISTA
Posição: Avançado Centro

Nacionalidade: Português (Internacional A)
Data de Nascimento: 18-10-1948
Data de Falecimento: 01-01-1999
Número da Camisola: 11
Pé Preferido: Direito


Épocas ao serviço do Benfica: 7
Total de Jogos pelo Benfica: 151
Total de Golos pelo Benfica: 63
Títulos pelo Benfica:
5 Campeonatos Nacionais (1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76, 1976/77)
1 Taça de Portugal (1971/72)


1971/1972
Jogos: 24
Golos: 14 (9 na Liga)

1972/1973
Jogos: 16
Golos: 6 (6 na Liga)

1973/1974
Jogos: 28
Golos: 11 (9 na Liga)

1974/1975
Jogos: 32
Golos: 3 (3 na Liga)

1975/1976
Jogos: 22
Golos: 11 (9 na Liga)

1976/1977
Jogos: 8
Golos: 6 (6 na Liga)


1977/1978
Jogos: 21
Golos: 12 (8 na Liga)

giiin

#1
Benfica 3-2 Porto | Campeonato 1972/73


Vitor84

#2
Vítor Manuel Ferreira Baptista. Setúbal. 18 de Outubro de 1948-1999. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (71/78). Jogos: 150. Golos: 64. Títulos: 5 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Setúbal, Boavista, San Jose, Amora, Montijo, União de Tomar, Monte da Caparica e Estrelas do Faralhão. Internacionalizações: 11.



Ele era o maior, no seu desassombrado exercício de auto-avaliação. Ele era Vítor Baptista. Seguramente, o mais controverso jogador do universo benfiquista e nacional.

O pai transportava peixe da lota para a praça de Setúbal. Morreu novo, era o Vítor pouco menos que imberbe. "Eu fazia recados às prostitutas, apanhava moedas que os 'camones' atiravam para a água e trabalhava numa mercearia", enquanto a mãe se viu na contingência de emprego pedir numa fábrica de conservas.

Fervia de paixão por Eusébio, quando principiou a sua odisseia. Entrou num torneio de futebol de sala, 15 anos tinha, segundo melhor marcador foi, atrás de Quinito, esse mesmo, o treinador de futebol. Olheiros do Vitória ficaram desvanecidos perante uma boa fornada, que sinais dava de querer trepar nas lides. Vítor Baptista não foi escolhido, mas tanto insistiu, tanto clamou justiça, que Emídio Graça, irmão do benfiquista Jaime, acabaria por dar anuência.

Meteórico foi o ascenso. Aos 18 anos, venceu a Taça de Portugal, num jogo tremendo com a Académica. Sob a direcção técnica de Pedroto, pedaços de talento distribuiu, no Bonfim e noutros recintos. Chegou a comprometer-se com o Sporting, mais leonina era a proposta, só que o Benfica antecipou-se, cedeu Praia, Torres e Matine ao Vitória. Viu-se compelido a trajar de vermelho. Não houve sinal de lamúria. Afinal, entrava nos píncaros da fama. Até nem desbotou, apesar da concorrência de Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão. Disse ao que ia, naquele estilo cavalgante, nem sempre a primar pela estética, mas sólido, sólido como uma rocha.



O seu traço de exotismo não passava despercebido. Era um desadaptado, indulgente sobretudo fora das quatro linhas. Recorda Shéu, quão perplexo ficou, no dia em que Vítor Baptista prendeu um exemplar da raça canina ao poste de uma baliza, poucos minutos antes de um treino.

E para a posteridade ficou o mais hilariante dos episódios que a Luz conheceu, quando após ter marcado o golo do triunfo do Benfica, em dia de derby, frente ao Sporting, se apercebeu que lhe faltava o brinco na orelha. Parado esteve o jogo quase cinco minutos. Agachado, gatinhando mais e mais, era ver Vítor Baptista a passar a relva a pente fino. Incrédulos ficaram os colegas, os adversários, a multidão que coloria as bancadas. Não mais apareceu o brinco e a vitória, essa, recusou-se a comemorar.

Sempre autista, pôs a cabeça em água a muitos dos seus treinadores. No Benfica e na Selecção, protagonizando falhas graves de indisciplina. Apesar de tanta incontinência, o povo gostava de Vítor Baptista. Apreciava o seu código de jogo, a forma como se recreava com a bola, o apetite insaciável pelo golo.



Esteve sete épocas no Benfica e ganhou cinco Campeonatos. À entrada da última, foi categórico e sustentou que "o melhor futebolista português não pode continuar a jogar se lhe pagarem como até aqui". Assim falou, talvez ao volante daquele Jaguar, que havia adquirido por 150 contos a um milionário aterrorizado com a Aliança Povo/MFA e o avanço para o socialismo. Contrição fez e regressou ao activo. Para uma das suas conseguidas temporadas.

Ainda que houvesse interesse do Benfica na sua continuidade, muito por força da pressão popular, que os comportamentos desviantes se iam acentuando, Vítor Baptista regressou a Setúbal, no começo de uma deambulação por vários clubes, que culminou no Estrelas do Faralhão, da Distrital setubalense.

Nos últimos anos de vida, ele que morreu num 1º de Janeiro, com meio século de vida, aparecia com frequência no Estádio da Luz. Degradado, infelizmente muito degradado. Mas para Vítor Baptista, aquele que levantou estádios, à custa do perfume do seu futebol, fica a mais portuguesa das palavras, aquela que tradução não tem, a portuguesíssima saudade.


Tópico: Memorial Benfica, Glórias
Autor: Ednilson
Link: http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=22362.225

Red skin

O "Maior"... n era? N o vi jogar, mas se calhar devia tar na Saudade... só os cotas do fórum o podem dizer  ;D

VALEBEM

 Com o Poborsky na Saudade, quase todos os que jogaram no Benfica nas década de 60, 70 e 80 devem lá estar também...
Incluindo claro o Vitor Baptista... 51 golos em 110 jogos no campeonato pelo Benfica...

slbenfica_croft

mais um talento sem cabeça...

Fundado1904

quando era puto e ia pa escola era ve-lo no Bairro da Camarinha, em Setubal, no meio dos drogados. Mesmo todo acabado tinha um ganda cabedal.
Não teve cabeça desgraçou-se. Azar

Joga Bonito

O meu pai diz que o "Maior" foi o 2º melhor de sempre... Eu não sei, não vi!

Elvis the Pelvis

Era um jogador excepcional pelas crónicas, mas aquela cabeça nunca o acompanhou. Uma personalidade um pouco na linha do George Best. Acabou na miséria! :disgust:

nucleopn

a historia do brinco, no SLB X SCP foi-me contada pelo meu pai...ainda hoje acho piada

MITICO

Freire


Bekambol

Citação de: nucleopn em 08 de Setembro de 2008, 00:12
a historia do brinco, no SLB X SCP foi-me contada pelo meu pai...ainda hoje acho piada

MITICO

Era um GRANDE JOGADOR REALMENTE. eu assisti a esse episódio. embora não o saiba descrever bem na totalidade.
creio que ele fez um potente remate e creio que um golão, na zona parece-me, perto dos "bancos dos spleentes". e depois, deu por falta do BRINCO, que lhe deve ter caíddo nesse altura. e andou ele e outros jogadores, das duas equipas e creio que até o àrbitro, à procura do brinco...não sei bem calcular o tempo, mas talvez cerca de 15 minutos ou até mais (não sei bem o tempo ao certo)...

BEM FOI UM GRANDE JOGADOR, UM GRANDE GOLEADOR....

Bola7

era alto e forte...não era maricas e não levava desaforo para casa...jogava com ambos os pés e era forte no jogo arereo...não lhe reconheço um ponto fraco...tirando os neuronios claro...hoje discutia com Ronaldo a Bota de ouro em Inglaterra...algumas estórias...um dia em Moçambique ao ser solicitado por uma fotografa disse para tirar para aqui...apntando as zonas publica...nunca mais alguem o pode ver nessa terra pois as pessoas devam-se ao respeito...no dia de jogar contra o Liverpool deu-lhe a macacua e simulou uma lesão..só não foi expulso do clube por causa do Humberto Coelho e Toni...outra vez em Moscovo recusou-se a jogar porque alguem lhe disse que os russos eram amadores e ele não jogava contra amadores...foi o principio do fim...no Boavista aparaceia de fato e gravata e chinelos...no periodo pós revolucionário ficou com um Jaguar de "facho"...na selecção armou bronca e foi expulso pelo Pedroto...quando queria jogar arrasava...

Manel dos Anzois

#13
Citação de: Bola7 em 12 de Setembro de 2008, 15:19
era alto e forte...não era maricas e não levava desaforo para casa...jogava com ambos os pés e era forte no jogo arereo...não lhe reconheço um ponto fraco...tirando os neuronios claro...hoje discutia com Ronaldo a Bota de ouro em Inglaterra...algumas estórias...no dia de jogar contra o Liverpool deu-lhe a macacua e simulou uma lesão..só não foi expulso do clube por causa do Humberto Coelho e Toni...

Contra o Liverpool? Em que época?


Bola7

Citação de: Manel dos Anzois em 12 de Setembro de 2008, 17:34
Citação de: Bola7 em 12 de Setembro de 2008, 15:19
era alto e forte...não era maricas e não levava desaforo para casa...jogava com ambos os pés e era forte no jogo arereo...não lhe reconheço um ponto fraco...tirando os neuronios claro...hoje discutia com Ronaldo a Bota de ouro em Inglaterra...algumas estórias...no dia de jogar contra o Liverpool deu-lhe a macacua e simulou uma lesão..só não foi expulso do clube por causa do Humberto Coelho e Toni...

Contra o Liverpool? Em que época?


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