(actualizado) Memorial Benfica, Glórias

VitorPaneira7

O meu pai diz que o Toni era uma força da natureza


RodrigoTacuara

Toni tive o prazer de  o ver jogar na sua ultima época.No celébre 5-0 sporting golos todos marcados 1ª parte. Era um enorme jogador.

Mestre

Tive uns tempos sem cá aparecer e revejo agora Schwarz, Stromberg, Silvino, Sheu e Thern, jogadores que me encantaram pela entrega e alma que punham em campo, dando tudo pelas nossas cores.

Toni e Simões apenas os conheço das histórias à mesa, onde o meu pai revê cada nome deste post com um brilho nos olhos. Acho que já encontrei a prenda de aniversário deste ano.  :)

Não vale a pena enaltecer mais o autor do tópico, ele sabe a opinião que tenho.

Abraço benfiquista e esperança no futuro.

Corrosivo

Citação de: ednilson em 09 de Abril de 2008, 21:59

António Mega Ferreira, notável escritor, bem poderá ter assinado o melhor elogio, ao passar a letra de forma que "foi com homens como Toni que se fez o Glorioso".


E foi mesmo  :bow2:

Bola7


VitorPaneira7

é bom ver aqui estas memorias, lembra-me as boas conversas que tenho com o meu pai. Lembrando agora isto do Toni durante o jogo com o Nacional de Montevideu em que houve porrada pelo que me lembro o meu pai contou que era o Alberto e mais um a dar com as placas de substituição nos jogadores uruguaios que iam descendo apra o balneário. O outro não sei se era o toni.

ednilson

#217
José Augusto C. Sénica Torres. Torres Novas. 8 de Setembro de 1938. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (59/71). Jogos: 259. Golos: 226. Títulos: 9 (Campeonato Nacional) e 4 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Torres Novas, V. Setúbal e Estoril. Internacionalizações: 33




Equipa 1969/1970

São muitos os que dizem que jamais se pode ser boa pessoa se de animais não se gostar. José Torres, o Bom Gigante, sempre gostou. Sempre, não. Um dia houve, já adolescente, acometido de raiva, em que matou todos os pombos voejantes da casa de família. Ao cair em si, chacina consumada, não susteve lágrimas de arrependimento. Deu-lhe o pai uma bola, para que o sorriso substituísse o desespero. Fez-se jogador de futebol e columbófilo. As duas paixões de uma vida.

Bem se pode falar de hereditariedade no gosto de José Torres pelo oficio do chuto. Francisco, o pai, havia jogado no Carcavelinhos; o tio, Carlos, no Benfica. No Desportivo de Torres Novas, o clube da terra, estrear-se-ia José Torres. Com uma fisionomia invulgar, começou a marcar golos ao ritmo de enxurrada. Como poderiam os adversários escondê-lo no jogo? Era de todos o maior, no alto do seu cerca de metro e noventa. Acima dele só céu...

As proezas de Torres começaram a ser badaladas. Logo se acoitou no Benfica, no início do ano de 1959. Três temporadas penosas passou, tão intenso era o brilho de José Águas e tão ingratos eram também os regulamentos da época. "Durante a minha carreira de jogador, tive momentos em que o azar me bateu à porta mais do que devia. Por exemplo, na final da Taça dos Campeões Europeus, contra o Real Madrid, quando o Benfica conquistou o segundo titulo europeu. Só não joguei e não me sagrei, de facto, campeão da Europa, porque os regulamentos ainda impediam, estupidamente, que se fizessem substituições. O Cavem lesionou-se, eu era o único avançado no banco, o Benfica continuou a jogar com dez só porque... substituir era proibido!".



Atravessou o melhor bocado da saga europeia vermelha sem intervenção. Até que, em 62/63, já com Fernando Riera no posto de Bela Guttmann, em pleno se afirmou. Inclusive, foi o artilheiro-mor do Campeonato, com 26 golos (21 jogos), mais três que Eusébio. De resto, nesse ano, só o Sporting (71) e o FC Porto (61) marcaram mais que a nova dupla (49) da voluptuosidade benfiquista.

Faltou a Torres o ceptro europeu. Frente ao AC Milan, derrota por 2-1, apesar de Eusébio ter inaugurado a contagem, prenunciando uma superioridade que não veio a confirmar-se. O Bom Gigante, na tarefa ciclópica de fazer esquecer a boa pinta de José Águas das duas edições anteriores, não se saiu bem, em branco ficou. Distante, muito distante, do que havia rendido, no começo desse ano, no torneio Ramon Carranza, com a Fiorentina. A meia hora do fim, subsistia um empate a três bolas. Torres entrou e... quatro tentos fez, de rajada, naquela heróica vitória. Confirmava-se nova profecia de Guttmann, que meses antes havia dito: "Esse jovem gigante que não tem físico de futebolista chama-se Torres, é suplente de José Águas, mas um dia será avançado-centro do Benfica e a Europa ouvirá falar muito dele. Apesar de pouco jogar na equipa, se algum clube o quisesse contratar teria de dar dois mil contos ao Benfica, mas dentro de três anos nem pelo dobro...".



José Torres continuou a caminhar em glória. E se epifenómeno foi, a responsabilidade é de Eusébio, que todos (quase) eclipsou. Durante uma dúzia de anos no clube, Torres fez 259 jogos oficiais e marcou 226 golos. Venceu nove Campeonatos e quatro Taças de Portugal. Um registo impressionante, valorado ainda com o titulo de melhor marcador do Nacional 62/63. Para já não referir as três presenças noutras tantas finais europeias. "Sinceramente, a minha maior tristeza foi não ter sido campeão da Europa".

Na equipa nacional, José Torres está indissociavelmente ligado à campanha dos Magriços. Três golos marcou na Inglaterra, com destaque para o último, frente à União Soviética, que permitiu a Portugal subir ao pódio. Foi 31 vezes internacional, enquanto jogador do Benfica, logrando 14 golos.

Terminou a carreira no Estoril, na condição de treinador-jogador, após uma digna passagem pelo melhor Vitória de Setúbal de sempre, nos píncaros da Europa, circunstância que até o (re)conduziu à Selecção Nacional. Justamente na qual, já como responsável máximo, pouco depois de ter dado inicio à carreira de treinador, viria a garantir a qualificação para o México 86. Depois do monumental golo do benfiquista Carlos Manuel, em Estugarda, no tal jogo em que pediu que o deixassem sonhar.

Se mais sonhos teve, talvez nem às paredes confesse, como se ouve na popular canção. Uma coisa, porém, é certa, José Torres fez os adeptos sonharem mais alto. E, não poucas vezes, foi ele o arquitecto do sonho.

Força Bom Gigante!!! :bow2:

Elvis the Pelvis

Grande José Torres! :bow2:

Não sei se o Benfica o tem ajudado ou não, mas é uma obrigação da Direcção. Quem conhece o Torres (antes da terrível doença de que padece actualmente), diz que ele era uma pessoa fantástica.

Força Torres! :slb2:


t_rex


Bola7

Citação de: Jamez em 10 de Abril de 2008, 23:51
Grande José Torres! :bow2:

Não sei se o Benfica o tem ajudado ou não, mas é uma obrigação da Direcção. Quem conhece o Torres (antes da terrível doença de que padece actualmente), diz que ele era uma pessoa fantástica.

Força Torres! :slb2:
nem mais...

.:VMPT:.

Toni e Tores...

Nem tenho palavras para os classificar...

Nunca os vi jogar, melhor, vi em alguns jogos gravados, mas sei que são enormes....

É mesmo de homens assim que o Benfica precisa....

Gostava muito que o Toni estivesse ligado ao Benfica...

E gostava que o Torres pode-se viver com a dignidade que ele sempre teve como jogador....

Torres é nosso, n nos podemos esquecer.....  :slb2:

ednilson

Alfredo Valadas Mendes. Minas de São Domingos. 16 de Fevereiro de 1912-1994. Avançado.
Épocas no Benfica: 10 (34/44). Jogos: 263. Golos: 162. Títulos: 1 (Campeonato Portugal), 6 (Campeonato Nacional), 1 (Campeonato de Lisboa) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Luso de Beja, Sporting e SL Beja. Internacionalizações: 6



 
Equipa 1942/1943

Esforço, devoção e glória. Não, não há plágio, não há equívoco, não há gralha. É mesmo o lema do Sporting Clube de Portugal. Um normativo que Alfredo Valadas desejava ardentemente interpretar. A obsessão prolongou-se até ao início da idade adulta. "Eu era um leão ferrenho", chegou a confessar.

Nasceu em Fevereiro de 1912, ano em que se afundou o Titanic. Alentejano de Beja, das Minas de São Domingos, parecia ter herdado o espírito mineiro, consubstanciado na têmpera, na coragem, no ardor. Iniciou-se pelo Luso de Beja, actual Desportivo, com apenas 15 anos. Três temporadas depois, atributos confirmados, ingressou no Sporting, consumando o sonho. Sonho não, pesadelo. "Desde o início, os dirigentes prometeram-me um emprego e não cumpriram; aborreci-me e voltei à terra, onde estive um ano sem jogar para ficar livre". Era assim nesses tempos.

Passada a dolorosa abstinência, Valadas foi convidado a ingressar no Benfica. Aires da Fonseca responsabilizou-se pela abordagem. Corria o ano de 1934. "Embora sem me conseguirem o tal emprego, fizeram uma proposta que me agradou; jogava com a carta na mão, até me arranjarem colocação como funcionário público". Compromisso honrado, à Benfica, em 1937 estava nos quadros do Governo Civil de Lisboa.



A nova afeição durou dez temporadas. Profícua foi também. Valadas conquistou 11 títulos, espalhados por seis Campeonatos Nacionais, um de Portugal, outro de Lisboa e três Taças. Actuou em 263 partidas e obteve 162 golos. Ainda hoje faz parte da lista dos dez melhores marcadores do historial encarnado. À Selecção Nacional emprestou, por seis ocasiões, os seus préstimos, com dois golos apontados.

Valadas era extremo-esquerdo. Alto e corpulento, mesmo assim dotado de grande velocidade e forte disparo. Não abjurava a posição, fintando com sapiência. Chamavam-lhe repentista, conceito que nasceu do seu talento. A 7 de Fevereiro de 1943, um jogo houve que aparece sublinhado a vermelho no livro de honra das proezas benfiquistas. Triunfo por 12-2 (!) sobre o FC Porto, no Campo Grande, a contar para o Nacional. Olímpica jornada essa, com Martins, Gaspar Pinto e César Ferreira; Jordão, Albino e Francisco Ferreira, Manuel da Costa, Barros, Julinho, Teixeira e Valadas.

Em 43/44, despedir-se-ia, com mais um triunfo na Taça de Portugal. Já não actuou no embate decisivo, no Campo das Salésias, na vitória do Benfica perante o Estoril (8-0), com cinco golos de Rogério. Rogério de Carvalho, o Pipi das delicias berrantes, era o substituto na posição. Trocava-se ouro por... ouro. Ganhou o clube. Como ganhou Valadas o livre-trânsito na praça dos mais intrépidos. Com esforço, dedicação e glória. Só que no Benfica.

Elvis the Pelvis

Este topic até me faz sentir mal. Olhar para as glórias do passado glorioso, e depois ver a actualidade que é uma merda, dói muito. :cry2: