Manuel Bento

Guarda-redes, (1948-06-25 - Falecido),
Portugal
Equipa Principal: 19 épocas (1972-1990, 1991-1991), 478 jogos (41174 minutos), 0 golos

Títulos: Campeonato Nacional (8), Taça de Portugal (5), Supertaça (2), AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão (6)

Amsterdam

Citação de: lcferreira em 11 de Agosto de 2009, 16:43
Citação de: Amsterdam em 11 de Agosto de 2009, 16:24
Precisamos de um como tu  :metal:

O meu 1º herói da Luz, a 1ª vez que fui à bola fora da Luz com 4 anos foi para ver um Sporting-Benfica, na mesma época dos 5-0 da Luz à 1ª parte.
O Benfica ganhou 1-0 mas o Bento defendeu tudo o que havia para defender, foi mesmo o meu 1º herói.

Até sempre campeão.

o meu também Ferreira  O0

Mestre

A influência que sempre exerceu na equipa: «O guarda-redes é sempre o último par de olhos nas costas dos defesas. Percebermos que os colegas da frente não estão a falhar obriga-nos a estar extremamente concentrados. Porque eu também cobrava aos meus colegas, quando não davam tudo: Ouve lá, se eu meto lá a cabeça vocês também têm que meter o pé. Às vezes saía um palavrão, mas era de incentivo, não era para ofender. Foi também por isso que durante muitos anos conseguimos ser muito fortes e coesos.»


Li isto e fiquei com tantas saudades de o ver à baliza.
Quantas vezes o ouvia na varandinha do 3º anel, a "apertar" com os colegas da defesa por causa da colocação, do fora de jogo ou, simplesmente, pela forma como a bola era passada para o meio campo.

O Amsterdam é que tem razão, precisamos mesmo de um como ele.

slbenfica_croft

ENORME BENTO.

GR fabuloso.

Gente simples e trabalhadora. Gente de sacrificio. Gente de caracter. Gente do povo. GENTE DO BENFICA.

Com gente como o BENTO se fez o BENFICA.

carlutchi

Grande Manuel Galrinho Bento, antes de entrar para os balneários, vinha sempre cá para fora, para junto dos adeptos fumar a sua cigarrada.
Guarda-Redes perfeito, na altura, que o relato era a única maneira de acompanhar o nosso futebol, para os que não estavam no estádio claro, tanto eu ouvi GRANDE DEFESA DE BENTO, ESTE HOMEM VOA SEM ASAS!!!

pbux

Um dos meus ídolos de quando eu era mais jovem, ele, o Humberto Coelho, Toni e Nené ... sem dúvida um dos melhores guarda redes que passou pelo Benfica. Que descanse em paz. Saudações.

Rei

Bento :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:

Uma pessoa espectacular,e o filho o mesmo,tal e qual o grande Bento :bow2:

joao_manike


Joga Bonito

#22



Nome Completo: MANUEL Galrinho BENTO

Posição: Guarda-Redes
Nacionalidade: Português (Internacional A)
Data de Nascimento: 08-09-1938
Número da Camisola:1
Pé Preferido: Direito


Épocas completas no Benfica: 18

Total de Jogos pelo Benfica: 465
Total de Golos Sofridos pelo Benfica: 307
Títulos pelo Benfica:
8 Campeonatos Nacionais (1972/1973; 1974/1975; 1975/1976; 1976/1977; 1980/1981; 1982/1983; 1983/1984; 1986/1987)
5 Taças de Portugal (1979/1980; 1980/1981; 1982/1983; 1984/1985; 1985/1986)
2 Supertaças de Portugal (1980/1981; 1985/1986)

1972/1973
Jogos:
1
Golos Sofridos: 0

1973/1974
Jogos:
15
Golos Sofridos: 8 (6 na Liga)


1974/1975
Jogos: 21
Golos Sofridos: 11 (7 na Liga)

1975/1976
Jogos: 18
Golos Sofridos: 16 (13 na Liga)

1976/1977
Jogos: 33
Golos Sofridos: 26 (20 na Liga)

1977/1978
Jogos:
37
Golos Sofridos: 20 (9 na Liga)

1978/1979
Jogos:
36
Golos Sofridos: 24 (20 na Liga)

1979/1980
Jogos:
39
Golos Sofridos: 27 (21 na Liga)

1980/1981
Jogos: 46

Golos Sofridos: 23 (15 na Liga)

1981/1982
Jogos: 40
Golos Sofridos: 31 (20 na Liga)

1982/1983
Jogos:
46
Golos Sofridos: 23 (12 na Liga)

1983/1984
Jogos: 41
Golos Sofridos: 34 (22 na Liga)

1984/1985
Jogos: 44
Golos Sofridos: 41 (28 na Liga)

1985/1986
Jogos: 43
Golos Sofridos: 18 (13 na Liga)

1986/1987
Jogos: 1
Golos Sofridos: 1 (1 na Liga)

1987/1988
Jogos: 2
Golos Sofridos: 3 (0 na Liga)

1988/1989
Jogos: 1
Golos Sofridos: 1 (0 na Liga)

1989/1990
Jogos: 1
Golos Sofridos: 0

Joga Bonito

Shoky, o almanaque do Benfica mete a taça de 86/87 no palmarés do Bento apesar de ele não ter jogado. Eu não considerei isso aqui.
A Supertaça de 89/90 também não foi considerada (neste caso o almanaque também nao considera).

Acho que eles dão lhe a taça por ter estado no banco... A supertaça era a 2 mãos daí não fazerem o mesmo, penso eu.

Mercurio_10

Joga.Bonito, boa pesquisa. Há só um erro na data de nascimento. Manuel Bento nasceu a 25 de Junho de 1948.

tiagocc

Citação de: Mercurio_10 em 09 de Setembro de 2009, 13:31
Joga.Bonito, boa pesquisa. Há só um erro na data de nascimento. Manuel Bento nasceu a 25 de Junho de 1948.

Exactamente...

Shoky

Se não jogou...não conta!
Muito obrigado pelo grande trabalho...só a foto é que é enorme...mas não há problema...eu troco!

Shoky

Citação de: Starblade em 01 de Março de 2007, 17:32
Hoje data do falecimento do nosso grande guarda-redes, o maisfutebol publicou uma sequência de entrevistas com ele. Vale a pena ler, especialmente que o viu jogar e se lembra das grandes campanha europeias de 80/81 e 82/83:



Manuel Bento: memórias de uma carreira ímpar em discurso directo

Manuel Galrinho Bento foi o guarda-redes que mais vezes representou o Benfica em jogos internacionais: 59 nas três competições da UEFA, ao longo de 12 temporadas (entre 1974 e 1986). Tendo usado a braçadeira de capitão em 13 ocasiões, o guarda-redes dos encarnados construiu uma sólida reputação na Europa, que o fez ombrear anos a fio com os melhores especialistas estrangeiros no seu posto.

Bento compensava as limitações naturais de altura (apenas 1,73 m) com uma agilidade fantástica e uma agressividade que o fazia ser dono de toda a área, sendo muitas vezes um espectáculo dentro do próprio espectáculo. O seu melhor registo na Europa foi a presença na final da Taça UEFA, diante do Anderlecht, em 1983.

Em 2006, no âmbito do livro «Sport Europa e Benfica», escrito pelo Maisfutebol para comemorar os 50 anos de provas da UEFA, Bento concedeu-nos uma extensa entrevista, da qual recuperamos alguns excertos, homenageando um dos grandes nomes do futebol português de todos os tempos.

A chegada ao Benfica e a posterior afirmação: «Até 1973 só fiz um jogo oficial, depois nos torneios fui alternando com o Zé Henrique, e fui jogando na Taça. Entretanto, em 1974, começamos mesmo a alternar. O Benfica raramente se enganava nas aquisições. Quando ia buscar um jogador não era para fazer número. Foi o que aconteceu comigo. Estava no Barreirense, o Benfica já andava atrás de mim há quase dois anos, desde a festa do Coluna, em que eu fui convocado para Selecção do Resto do Mundo. A partir daí não me largaram mais. Sabia a responsabilidade que ia ser substituir o Zé Henrique, que era titular na selecção e tinha um palmarés muito bom. Através da vontade férrea que tinha em vencer no futebol, e de muito trabalho e empenho as coisas conseguem-se. A minha arma foi essa, a vontade de trabalhar e, acima de tudo, singrar no futebol.»

A eliminatória com o Torpedo Moscovo, em 1977, em que marcou o penalty decisivo: «Quer cá quer lá as coisas correram-me muitíssimo bem. Eu já era marcador de penalties nos torneios e o Mortimore (N.R. treinador) apostou em mim. Defendi os dois primeiros, estávamos praticamente à vontade e ele decidiu que eu ia marcar o último. Consegui e passámos a eliminatória.»

O ponto mais alto da carreira, em 1980/81: «Estive mais de mil minutos sem sofrer golos, numa série de jogos que englobou o campeonato, Taça, Taça das Taças e, salvo erro, um ou dois jogos de selecção. Fizemos a dobradinha e fui considerado jogador do ano. Os jogadores que estavam à minha frente também estiveram muito bem e acabámos por atingir quase todos os objectivos que nos propúnhamos. Foi um ano espectacular, o melhor da minha carreira».

A chegada de Eriksson, em 1982: «Eriksson deu-nos uma outra força, outra mentalidade e, acima de tudo, muita responsabilidade. Enquanto os outros treinadores vinham para o Benfica tendo como primeira preocupação fazer estágios para prender os jogadores, porque éramos todos uma cambada de vadios e queríamos era copos, e não sei que mais, Eriksson fez precisamente o contrário. Juntou o grupo e disse que nos jogos em casa, fosse contra quem fosse, os estágios iam acabar. Quem corresse dentro do campo e jogasse o que sabia, tinha lugar na equipa. Quem não o fizesse saía automaticamente e depois para voltar podia ser um caso sério. Na metodologia de treino e no contacto com os atletas foi tudo diferente para melhor. O Benfica e o futebol português beneficiaram muito com ele.»

A influência que sempre exerceu na equipa: «O guarda-redes é sempre o último par de olhos nas costas dos defesas. Percebermos que os colegas da frente não estão a falhar obriga-nos a estar extremamente concentrados. Porque eu também cobrava aos meus colegas, quando não davam tudo: Ouve lá, se eu meto lá a cabeça vocês também têm que meter o pé. Às vezes saía um palavrão, mas era de incentivo, não era para ofender. Foi também por isso que durante muitos anos conseguimos ser muito fortes e coesos.»




Bento (I)
Bento, 59/-53
Estreia: 23/10/1974 (Carl Zeis Iena-Benfica, 1-1)
Último jogo: 19/3/1986 (Benfica-Dukla Praga, 2-1)
Jogos a zero: 28
Melhor campanha: finalista da Taça UEFA, 1982/83
Um balanço à carreira de onze anos:
«Foi uma passagem gira, onde nem sempre as coisas correram como pretendíamos, mas algumas vezes conseguimos chegar, pelo menos, às meias-finais. Outras vezes ficámos pelo caminho diante de equipas que seriam mais fortes do que nós. A verdade é que quase todas as equipas que afastaram o Benfica acabaram por ser campeões da Europa, o que já não nos deixa assim tão tristes. Não sabia que era o guarda-redes com mais presenças, nunca me preocupei com esses números.»»

Os primeiros tempos e a sucessão de José Henrique:
«Vim para o Benfica em 1972, em 1973 só fiz um jogo oficial, depois nos torneios fui alternando com o Zé Henrique, e fui jogando na Taça de Portugal. Entretanto, em 1974, começamos mesmo a alternar. O Benfica raramente se enganava nas aquisições que fazia. Quando ia buscar um jogador era para jogar não para fazer número. Foi o que aconteceu comigo. Estava no Barreirense, o Benfica já andava atrás de mim há quase dois anos, desde a festa do Mário Coluna, em que eu fui convocado para Selecção do Resto do Mundo. A partir daí o Benfica não me largou mais.»

A estreia europeia frente ao Carl Zeiss Jena:
«Sabia a responsabilidade que ia ter na altura, por substituir o Zé Henrique, que era titular na selecção nacional, um guarda-redes com um palmarés muito bom. Através da vontade férrea que tinha em vencer no futebol e de muito trabalho e empenho as coisas conseguem-se. A minha arma foi essa, a vontade que tinha em trabalhar e, acima de tudo, singrar no futebol.»

Sobre o PSV-Benfica, em 1975, jogo em que substituiu José Henrique:
«Nessa época fiz a primeira eliminatória, mas o Zé Henrique depois voltou outra vez à baliza. Só que na segunda parte em Eindhoven teve que sair porque tinha um dedo fracturado. Lembro-me muito bem desse jogo porque o PSV tinha um ponta-de-lança chamado Edström que tinha quase dois metros de altura e quer eu quer o Zé tivemos que travar uma luta diabólica com ele. Felizmente as coisas saíram bem porque conseguimos empatar lá 0-0. Depois acabámos por ser eliminados cá.»

Comentando a época de 1975/76, na qual dividiu a baliza com José Henrique ao longo das eliminatórias da Taça dos Campeões:
«Havia uma alternância porque o Zé também não estava com idade de abandonar o futebol, se estivesse a queimar os 30 anos era muito. Ainda tinha condições para jogar e quando há uma relação de trabalho honesta entre colegas do mesmo lugar e o treinador as coisas correm sempre bem. Estávamos sempre ao serviço do clube, que era o colectivo, e nunca ao serviço individual. Se havia uma altura em que o treinador achava que um lhe dava mais confiança do que o outro estava a jogar, havia sempre uma troca e não havia problemas quanto a isso, continuávamos a trabalhar para recuperar o lugar o mais cedo possível.»

Em 1976/77 o Benfica foi eliminado na primeira ronda, pelo Dínamo Dresden:
«Foi uma época atribulada, no primeiro ano de Mortimore. Ele teve de fazer uma equipa completamente nova, com muita juventude, é quando se lança o Chalana, o Pereirinha, Jorge Silva, o Zé Luís, o Alberto, aquela gente toda, o que explica algumas oscilações no início da temporada.»

(...)

Bento (II)
Bento, 59/-53
Estreia: 23/10/1974 (Carl Zeis Iena-Benfica, 1-1)
Último jogo: 19/3/1986 (Benfica-Dukla Praga, 2-1)
Jogos a zero: 28
Melhor campanha: finalista da Taça UEFA, 1982/83
Em 1977/78, Bento tem um dos momentos mais altos da carreira, decidindo a eliminatória com o Torpedo Moscovo:
«Quer cá, quer lá, ou seja durante 210 minutos de jogo, as coisas já me correram muitíssimo bem. Depois veio o desempate por penalties. Eu já era marcador nos torneios que fazíamos e John Mortimore apostou em mim para marcar um dos cinco. Foi só uma série, eu defendi os dois primeiros, já estávamos praticamente à vontade e o Mortimore decidiu que eu ia marcar a seguir. Antes disso houve uma confusão entre o guarda-redes do Torpedo com o árbitro porque ele entendia que o guarda-redes não tinha direito a marcar penalties. Mas depois acabei por marcar e passámos a eliminatória. O ambiente em Moscovo na altura não tem nada a ver com o que é agora, era mais militares e polícias nas bancadas do que espectadores civis. Era um bocado confuso porque o ambiente era infernal. Quase não nos podíamos movimentar, as pessoas atropelavam-nos nos corredores junto aos balneários. Felizmente tudo isso passou.»

Nessa viagem Vítor Baptista protagonizou alguns casos:
«Foi um caso específico, porque o Vítor infelizmente já não andava bem. Sabíamos algumas coisas, mas não tínhamos conhecimento total daquilo que ele já andava a fazer. Tínhamos uma relação boa, porque o Vítor era uma jóia de homem, era um moço espectacular, além de que era inegável o seu grande valor. Sempre disse que, no lugar de ponta-de-lança, a seguir ao Eusébio era o Vítor Baptista. Só que ele começou a entrar por caminhos esquisitos e a dizer coisas que dizia tinham pouco nexo. Acabámos depois por descobrir a vida que ele andava a fazer e foi pena. Pelo menos em alguns jogos em que necessitávamos dele e ele pensava que não devia jogar e não jogava. Depois decidia que ia para o aeroporto descalço ou com as calças rotas e ia assim. Começou a criar uma série de problemas. Foi mau para ele na altura e foi mau para nós que precisávamos dele.»

A eliminação com o Liverpool, em 1978, com derrota por 2-1 na Luz:
«Foi um daqueles Invernos muito rigorosos, com muita chuva. O nosso estádio também não estava nas melhores condições. Junto à baliza havia um lamaçal e eu, levezinho como era, saltei a uma bola e fiquei preso na lama. Acabei por sofrer um golo. Foi um daqueles jogos em que nós podíamos ter eliminado o Liverpool que era uma equipa muito forte, tinha 15/16 jogadores fortíssimos. Eles podiam fazer substituições, saía um e entrava outro e não se dava por nada. Depois era aquele futebol muito agressivo, típico inglês, de massacre. Nós sabíamos que nos dávamos muito mal com isso porque quem jogava um futebol directo contra as equipas portuguesas complicava-nos sempre a vida.»

O Benfica eliminado quase sempre por grandes equipas, Ajax, Bayern, Liverpool:
«O Aris de Salónica, em 1979, foi uma excepção. No primeiro jogo, na Grécia, começámos praticamente a perder com um penalty que não existiu. O árbitro lembrou-se de marcar. A seguir sofremos outro golo em que a bola está mais de vinte centímetros fora da baliza. O fiscal de linha ficou estático porque o Alhinho tirou a bola, mas o árbitro validou o golo. A partir dali entrámos em discussão com o árbitro e podia ter sido um descalabro muito maior do que aquilo que foi. Depois ainda havia o ambiente, os estádios na Grécia têm um ambiente terrível. O segundo jogo, na Luz, foi completamente atípico. Nem nós percebemos como é que perdemos. Levámos noventa minutos a controlar o jogo e praticamente no final, num canto contra nós, um baixinho que, como a gente dizia, parecia um raulzinho, lembrou-se de mandar um estoiro fora da área e conseguiu meter a bola na baliza. O Toni, que estava descalço, ainda atirou a bota na direcção da bola, a ver se a desviava, mas não conseguiu».


(...)

Bento (III)
Bento, 59/-53
Estreia: 23/10/1974 (Carl Zeis Iena-Benfica, 1-1)
Último jogo: 19/3/1986 (Benfica-Dukla Praga, 2-1)
Jogos a zero: 28
Melhor campanha: finalista da Taça UEFA, 1982/83

Em 1980/81, com Baroti, Bento soma mil minutos sem sofrer golos e o Benfica chega à meia-final da Taça das Taças:
«Foi uma série de jogos que englobou o campeonato nacional, Taça de Portugal, Taça das Taças e, salvo erro, um ou dois jogos de selecção. Com isso, passaram-se mais de mil minutos. Foi um ano muitíssimo bom, fui considerado jogador do ano pelo CNID. Os jogadores que estavam à minha frente também estiveram muito bem e acabámos por atingir quase todos os objectivos a que nos propúnhamos. Foi um ano espectacular, acabou por ser o melhor da minha carreira».

Nessa campanha, um dos melhores jogos do Benfica foi em Dusseldorf, com um empate, 2-2:
«É outro jogo emblemático porque vira uma página. Até aí nunca estávamos preparados para estas equipas de compleição física forte porque as nossas eram relativamente baixas. Quando defrontávamos alemães, ingleses ou russos, que já primavam pela selecção de jogadores em termos de peso e de altura e esqueciam mais a técnica, era certo e sabido que isso ia dar frutos dentro de campo. Se estivermos a constantemente a bater na parede, a parede não cai, nós é que caímos. Hoje, em termos de tecnologia isto está muito avançado, há a possibilidade de qualquer elemento da equipa técnica viajar seja para onde for para ir avaliar jogos e saber com o que se conta no jogo seguinte. Nós nos anos setenta e no princípio dos oitenta não tínhamos conhecimentos sobre as equipas com que íamos jogar.»

A influência de Eriksson:
«Ele chegou ao Benfica e deu-nos uma outra força, outra mentalidade e, acima de tudo, muita responsabilidade. Os outros treinadores vinham para o Benfica tendo como primeira preocupação fazer estágios para prender os jogadores, porque ouviam dizer que éramos todos uma cambada de vadios e queríamos era copos e não sei que mais. O Eriksson fez precisamente o contrário. Juntou o grupo de trabalho e disse que a nível de jogos em casa, fosse contra quem fosse, mesmo os internacionais, os estágios iam acabar e quem com ele corresse dentro do campo e jogasse aquilo que sabia tinha lugar na equipa. Quem não o fizesse já sabia que saia automaticamente e até podia sair do grupo de trabalho. E depois para voltar podia ser um caso sério. Liberdade é responsabilidade, e foi precisamente isso que o Eriksson aplicou, com grandes resultados. Depois, ao nível da metodologia de treino e no contacto com os atletas foi tudo diferente para melhor. O Benfica e o futebol português beneficiaram muito com ele.»

(...)

Bento (IV)
Bento, 59/-53
Estreia: 23/10/1974 (Carl Zeis Iena-Benfica, 1-1)
Último jogo: 19/3/1986 (Benfica-Dukla Praga, 2-1)
Jogos a zero: 28
Melhor campanha: finalista da Taça UEFA, 1982/83

O arranque da campanha, em Sevilha, com Bétis:
«O jogo de cá já tinha sido complicado, conseguimos ganhar por 2-1, mas as coisas não tinham sido fáceis. Sabíamos que o Bétis tinha bons jogadores sul-americanos, paruguaios e daqueles lados. Eram extremamente fortes e perigosos. Mas nesse ano tivemos a sorte dos audazes, que começou ao termos ido buscar um treinador chamado Eriksson. Esse jogo em Sevilha foi praticamente um assédio à nossa baliza, conseguimos fazer dois golos, mas na primeira parte quase nem conseguimos sair da nossa área. Foi daquelas noites em que eu também faço um jogo muito bom, para não dizer espectacular, e em que ao nível do sector defensivo tudo saia bem. Tudo o que aparecia ali era para despachar. Durante o jogo levei com tudo em cima. Quando agora se fala em certos jogos que há mimos do público não tem comparação com coisas de há vinte anos, quando se era autorizado a levar paus e tudo o mais para dentro do campo e a proximidade do público era muito maior. Caia-nos de tudo em cima. Em Espanha então era infernal. Até garrafas de vidro, de um litro, que batiam na trave e se estilhaçavam para cima de mim. Estivemos, nós e o árbitro, a apanhar os cacos. Foi dos poucos jogos em que tive mesmo muito medo de estar na baliza. Foi depois disso que o Eriksson disse: depois desta eliminatória, vamos até onde nos deixarem. E fomos até à final.»

O regresso a Lisboa com a Madre Teresa:
«Estivemos no avião com essa senhora e, aliás, o Eriksson teve uma frase gira sobre isso, quando disse que afinal tínhamos conseguido passar a eliminatória não por acaso, mas porque a senhora tinha estado no estádio a proteger-nos»

A inesquecível vitória de Roma:
«É daqueles anos em que começamos a acreditar que tudo se torna possível. Apesar de não sermos muitos fortes fisicamente, éramos acima de tudo uma equipa ambiciosa e tínhamos um elemento que nos ajudava a resolver todos os problemas no ataque. O Filipovic marcou esses dois golos em Roma, marcou outro em Craiova, marcou mais dois em Lokeren. Era o goleador da equipa e foi o melhor marcador dessa edição da Taça UEFA, ajudou-nos muito a chegar onde chegámos. Nesse jogo de Roma apenas sofri um golo de penalty, daqueles duvidosos. Mas o certo é que nesse dia tivemos um conjunto muito forte. A Roma tinha grandes jogadores, com o Falcão numa forma espectacular, era realmente o maestro daquela equipa. Depois tinham ainda o Conti, o Ancelotti, o Prohaska e aquela gente toda. Foi daqueles jogos que, quando acabam, dizemos missão cumprida, mas em que também ficámos com a consciência de que num dia mau poderíamos ter sido goleados. Mas foi o nosso dia. Houve aquela pontinha de sorte que também é precisa para ganhar jogos.

A passagem à final, em Craiova:
«Foi mais complicado pela falta de respeito que as pessoas têm pelas equipas. Logo no primeiro dia queríamos treinar e andava toda a gente dentro do campo, pessoas que nada tinham a ver com aquilo e não nos deixavam trabalhar. Na noite anterior ao jogo eram milhares de pessoas em redor do hotel a fazerem um barulho infernal para que nós não pudéssemos descansar. E depois no dia do jogo foi uma coisa diabólica. O Ceausescu teve infelicidade de dizer que se o Craiova chegasse à final nesse dia seria feriado para a cidade. Então aquilo foi uma coisa diabólica, passámos um mau bocado. Tentaram virar-nos o autocarro, partiram-nos os vidros. O Chefe da polícia disse que tínhamos de sair dali rápido para o aeroporto ou ele não assumiu a responsabilidade pelo que pudesse acontecer. Sentimos a vida em perigo e eu mais ainda porque quando vou a entrar no balneário, que tinha uma porta de vidro, senti um estrondo fortíssimo, e senti uma pedra enorme, um paralelepípedo, a estilhaçar a porta e a cair ao meu lado. Se me tivesse acertado, se calhar hoje não estava aqui.»


Para não se perder o texto do 1ºpost

Joga Bonito

O erro veio do Copy Paste que usei :P Sorry!

Bola7

velho maluco...que saudades...