Chalana, o Pequeno Genial

Avançado, (1959-02-10 - 2022-08-10),
Portugal
Equipa Principal: 12 épocas (1976-1984, 1987-1990), 318 jogos (24745 minutos), 47 golos

Títulos: Campeonato Nacional (6), Taça de Portugal (2), Supertaça (2), AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão (3)
Treinador, (1959-02-10 - 2022-08-10),
Portugal
Equipa Principal: 1 época (2008-2008), 10 jogos (3 vitórias, 3 empates, 4 derrotas)

Zlitist


XHITA







Chalana: O pequeno genial chega hoje aos 50

Fernando Albino de Sousa Chalana, o pequeno genial, completa hoje meio século de vida. Pós-Eusébio e antes do aparecimento da geração de ouro foi o maior talento do futebol português. O ponto alto terá sido no Euro-1984. Ele diz que não. «Iguais a esses jogos fiz muitos pelo Benfica.» A BOLA entrevistou o agora cinquentão.

Por Rogério Azevedo

— Quem olha para si não vê um cinquentão. Vê um homem feliz, sorridente, despreocupado, de bem com a vida.

— [Sorri] Isso é o que você vê. Mas já preciso de óculos, tenho de ter atenção ao colesterol e o nível dos triglicéridos, na última análise, já estava um pouco alto.

— Isso é por dentro, por fora não parece ter 50 anos.

— Há dois ou três anos que a velocidade e a explosão não são as mesmas. Desde aí que comecei a pensar que os 50 estavam à porta. O corpo começa a dar sinais diferentes e, por isso, temos de ter mais cuidados com a alimentação e fazer exercício quase todos os dias. Estou a mentalizar-me para os 50, pois aos 40 ainda jogava quase a 100 por cento. Noto que o tempo passa mais depressa. Gostava de andar para trás [sorrisos] mas o relógio só anda para a frente. Levanto-me às seis e meia por causa das filas de trânsito na A5, chego ao Seixal, treino, almoço, chego a casa, vou buscar a minha filha à escola e, quando olho para o relógio, é tempo de ir dormir. O tempo voa.

— Tem 50 e já me falou nos 40. E que vê quando recua até aos 30 ou até aos 20?

— Quando me falam nos 30 anos lembro-me logo que foi quando deixei o Benfica como jogador pela segunda e última vez. Os 20? Bom, aos 20 anos era um miúdo ou, na melhor das hipóteses, um miúdo-homem. Aos 20 anos toda a gente é um miúdo e só amadurecemos quando chegamos aos 28/30.

— Quando olha para as fotos da estreia na I Divisão que sente?

— Uma pontinha de nostalgia, julgo que é inevitável. Depois recordo-me dos pormenores que rodearam a estreia: aos 17 anos era o mais novo de sempre a jogar na I Divisão e durante duas décadas assim foi. O meu treinador nos juniores era o mister Ângelo [bicampeão europeu pelo Benfica] e o treinador dos seniores era o capitão Mário Wilson e a certa altura, talvez por termos alguns pontos de avanço, fiz dois jogos pelos seniores, com o Farense e, salvo erro, com o Sp. Braga. Nessa temporada, 1975/76, fui campeão de juniores e de seniores.

— Mudava alguma coisa?

— Pouca coisa. Sempre gostei de jogar futebol e tive a sorte de ser profissional. Deixei de estudar por volta do 25 de Abril e, por isso, não concluí o 5.º ano. Acho que devia ter terminado. Mas quando temos 18 ou 19 anos, pensamos que somos eternos e, no meu caso, pensava que ia jogar no Benfica até aos 50 ou, no mínimo, até aos 40.

— Mas acabou por sair, em definitivo, aos 31 anos.

— Despedi-me do Benfica, fui para o Belenenses [13 jogos em 1990/91] e acabei no Estrela da Amadora [10 jogos em 1991/92]. Vi que o futebol profissional acabara para mim e senti um grande desgosto, foi uma fase muito difícil. No Benfica era tudo, tinha tudo e sonhava com tudo e, de repente, fiquei sem nada: sem estádio, sem Benfica e sem muitos daqueles que se diziam meus amigos.

— Quase como um actor que necessita das palmas do público para sobreviver.

— Exactamente. Acabei por sentir aquilo que, antes ou depois, sentiram o Toni, o Valdo, o Ademir ou o Diamantino, por exemplo. Pensava que era eterno mas a minha eternidade no Benfica chegou ao fim com 31 anos. Actualmente joga-se até aos 36, 38 e mesmo 40 anos. O Figo vai a caminho dos 37, o Maldini já fez 40, e ainda jogam.

— Foi-se abaixo?

— Um pouco, um pouco [expressão triste]. Estive quatro anos sem ir a um estádio. Pensei que algumas das pessoas que me rodeavam eram minhas amigas e, de repente, fiquei sozinho. O futebol, afinal, não era aquilo que eu pensava que fosse. Tinha o perfume dos amigos e do povo e, de um dia para o outro, fiquei sem esse perfume. Foram quatro anos muito maus.

— Apoiou-se em quê?

— Entre outras coisas, nos pombos. Desde 1978 que o Torres [antigo jogador do Benfica, magriço em 1966] me incutiu o vício dos pombos e ainda agora sou columbófilo. Os pombos, ao menos, não me viraram as costas nessa má fase da minha vida.

— Aos 50 anos que ambições tem no futebol?

— Como jogador fui campeão de juniores e de seniores, campeão em França, ganhei Taças de Portugal e Supertaças, fui a três finais europeias pelo Benfica [em 1982/83 com o Anderlecht; em 1987/88 com o PSV; em 1989/90 com o Milan] mas não ganhei nenhuma. Gostava de ter ganho uma prova europeia e agora, como membro de uma equipa técnica, gostava de ser campeão nacional. Pode ser que esta época, em que faço 50 anos, este plantel do Benfica me dê essa prenda.

— Sonha voltar a ser treinador principal?

— [Peremptório] Não, não, não... O meu sonho não é treinar a primeira equipa. O Benfica é muito mais importante que eu. Gosto de ajudar, de ensinar os mais novos, de participar nalguns exercícios.

— Há tempo para passar a mística aos mais novos?

— Mística é ganhar. Ter um grupo forte, sermos amigos uns dos outros e, sobretudo, ganhar.

— No seu tempo o portador da mística era o grupo do Barreiro, com Bento, Carlos Manuel, Chalana, Diamantino e Oliveira?

— Qual grupo do Barreiro? Do Barreiro era eu, os outros eram de Sarilhos, da Moita, de S. António.

— Então como nasceu essa alcunha?

— Talvez por chegarmos juntos à Luz, na carrinha do falecido Bento. Dentro e fora do relvado, titulares ou não titulares, éramos todos amigos. Não se pode ir para a guerra com uns a dispararem e outros a esconderem-se nas trincheiras.

— Quando se estreou impressionou também pela barba cerrada, invulgar num miúdo de 17 anos.

— A seguir à revolução grande parte dos jogadores deixou crescer a barba. Toni, Humberto, Shéu, Nené, Alhinho, Barros, Moinhos e o Mário Wilson filho, por exemplo, andavam de barba de muitas semanas e deixei crescer a minha quando cheguei. Tenho uma fotografia onde apareço com uns pelitos na cara mas depois, como não a cortava, foi crescendo até ficar bem espessa. O mister Ângelo dizia-me para a cortar mas, como o meu pai nada dizia, eu não cortava. Só cortei quando ele deixou de me falar nisso.

— Precoce a jogar futebol, precoce na barba...

— Na escola primária, quando andava na segunda classe, era sempre escolhido para jogar com os da quarta. E a bola era sempre minha.

— Levava-a para a sala de aulas?

— Sim, claro. Sempre [risos].

— E nunca levou uma reprimenda do professor?

— Não. Só quando levei um gato. Meti-o debaixo do tampo da carteira e, às tantas, ele começou a miar. A professora deu-me duas reguadas e pus o gato a andar.

— Andou também pelo futebol de salão e pelo atletismo.

— Sim, fui o melhor marcador no futebol de cinco sem tabelas num torneio no Campo de Santa Bárbara, jogando pela equipa do Serpa Pinto. Ganhei um corta-mato de iniciados em Telheiras, quando aquilo ainda era apenas quintas, e fui quinto no Campeonato Nacional, no mesmo ano em que o Carlos Lopes ganhou pela primeira vez em Coimbra.

— Chegou até a usar um Bilhete de Identidade falso para poder jogar.

— Sim, tinha 14 anos e estava no Barreirense. Fomos ao Torneio Costa Azul e joguei contra o Benfica no Alfredo da Silva. Só quando houve a entrega de prémios e chegou a minha vez as pessoas viram que tinha havido manigância do Barreirense.

— Quem o descobriu para o Benfica foi o jugoslavo Pavic?

— Não. Foi o senhor Coluna [bicampeão europeu pelo Benfica, magriço em 1966]. Foi ver-me ao campo do Luso e teve problemas para sair, porque os sócios perceberam que ele estava lá por minha causa.

— Então quando aparece Pavic na sua carreira?

— Ele foi ver um Oriental-Barreirense, gostou do meu jogo e, como era treinador principal do Benfica, deu indicação para me contratarem.

— O Sporting também chegou a aparecer na corrida.

— Sim. No Barreirense o treinador era o falecido senhor Juca e ele quis levar-me para o Sporting. Uma vez deu-me boleia para casa dos meus tios, na Rua Maria Pia, em Lisboa, e nas Amoreiras deu-me 20 escudos para o táxi. Olhei para a nota, guardei-a e fui a pé para casa dos meus tios.

— O Barreirense recebeu quanto pela transferência para o Benfica?

— 750 contos.

— E qual foi o seu primeiro ordenado?

— 1500 escudos mensais e passe pago.

— Alguma vez teve a tentação de ir para o Sporting?

— Não. Um dia o presidente do Barreirense, o senhor Patrício, disse-me que tinha com ele um contrato do Benfica para eu assinar. Cheguei a casa, contei ao meu pai e, mais tarde, houve uma conversa com os já falecidos senhor Ilídio Fulgêncio, um construtor civil importante, e o Manuel Bento. Tinha 14 para 15 anos e o Bento disse logo que me levava e trazia todos os dias do Barreiro para a Luz. Depois fui fazer um treino com os seniores do Benfica, com uns calções muito largos, e assinei logo contrato na antiga sede do clube.

— Chegou a dizer à sua mãe que ia para o Benfica para não ir para a guerra colonial.

— A minha mãe dizia-me para eu estudar e eu estudava. Não era brilhante mas só chumbei uma vez. «Se não estudares ainda vais para a guerra», dizia-me ela. E eu respondia: «Não se preocupe, um dia vou para o Benfica ou para o Sporting e não me deixam ir para a guerra.»

— Que memórias tem da estreia na I Divisão, em Março de 1976?

— Era o mais novo de sempre, recorde que durou 20 anos. Não me sentia nervoso porque estava habituado desde os 13 anos a jogar contra os mais velhos.

— Já se falava muito em si?

— Sim, porque o Pavic quis que eu jogasse a final da Taça com o Boavista em Alvalade [14 de Junho de 1975, 2-1 para o Boavista] e a FPF não deixou. A estreia foi com Mário Wilson. Fui para Sesimbra para um estágio, ainda com 16 anos, quando o Benfica defrontou o Bayern [0-0 na Luz, 1-5 em Munique]. O Benfica fez o pedido para eu jogar mas a UEFA disse que só com 17 anos.

— Pós-Eusébio o mais talentoso de sempre foi Chalana?

— Cada um tem a sua maneira de jogar. A seguir a mim veio o Futre, depois do Futre vieram o Figo, o João Pinto, o Rui Costa, agora há o Ronaldo. Há diferenças entre todos nós. Ficarei na história do Benfica, da Selecção Nacional e do futebol português, assim como ficarão todos estes que mencionei. Mas Eusébio é diferente: Eusébio é Eusébio, é único.

— Chegou a haver rivalidade entre Chalana e Futre?

— Nunca. Gostamos muito um do outro. Ele diz que me ia ver jogar, pois do Montijo ao Barreiro eram apenas 15 quilómetros.

— Sempre lhe chamaram pequeno genial. Gostava da alcunha?

— Quem me colocou essa alcunha foi Neves de Sousa [jornalista do Diário de Lisboa]. Eu lia três jornais: A BOLA, o Diário de Notícias e, à noite, o Diário de Lisboa. Gostava muito do Neves e, pouco antes de ele falecer, telefonou-me a pedir uma última entrevista. Cheguei a casa dele e ele recebeu-me de pijama, porque já não podia sair de casa. O Neves era um grande sportinguista mas achava que eu era diferente dos outros jogadores.

— Muita gente achava que você era mesmo genial.

— Só lendo os jornais é que me apercebia de todo esse impacto. Nunca me achei nada do outro mundo mas quando lia a BOLA, por exemplo, aquilo tudo ganhava uma dimensão extra. Nunca senti que fosse um grande jogador.

— Modéstia a mais.

— Agora, que já não jogo, começo a achar que sim...

— Quando vê os seus vídeos não vê um grande jogador?

— Ficava feliz por ver as outras pessoas felizes. Nos treinos queria cruzar uma bola e, quando um cruzamento saía mal, ficava zangado comigo. Quando me perguntavam como tinha eu feito aquela finta ou aquele cruzamento dizia sempre o mesmo: não sei.

— Jogava na esquerda mas era destro.

— Sim. Marcava os penalties mais com o direito. O único penalty que falhei, no torneio do Real Madrid, o guarda-redes foi para a esquerda e eu mandei de pé esquerdo ao poste. Tinha mais explosão com a perna esquerda mas fazia muita coisa com o pé direito: no segundo golo do Jordão em França [na meia-final do Euro-1984, em Marselha] cruzei de pé direito. No penalty com a Rússia fui para a direita, fintei três ou quatro e só depois veio a falta.

— O famoso penalty frente à União Soviética, que deu a Portugal o apuramento para a fase final do Euro-1984. Foi mesmo penalty?

— Foi, não tenho qualquer dúvida. Já vi diversas vezes o vídeo e, quando sofro o toque, tenho o pé direito em cima do risco, logo é penalty.

— Foi cair bem dentro da área.

— [Risos] E queria que eu caísse onde? Para trás?

— Queixou-se diversas vezes, enquanto estava no Benfica, de que ganhava mal.

— Só com o Fernando Martins na presidência [entre 1981 e 1987] é que terminei um contrato. E já tinha nove ou dez anos de Benfica. Um dia, com 18 ou 19 anos, fui falar com o senhor Ferreira Queimado [presidente entre 1977 e 1980], pois tinha uma proposta muito boa do Sporting. Estive reunido em casa do senhor João Rocha [presidente do Sporting entre 1973 e 1986] e ainda com Sousa Marques [chefe do departamento de futebol] e só via era dinheiro: dinheiro para aqui, dinheiro para ali. Mas não assinei porque tinha mais um ano de contrato com o Benfica e era impossível, para mim, assinar contrato com o Sporting ainda com contrato em vigor com o Benfica. Fui falar com o senhor Gaspar Ramos [chefe do departamento de futebol] e ele disse-me: «Vem cá amanhã, vou falar com o presidente.» Fiquei a ganhar 400 contos mensais [2000 euros] mas perdi dinheiro em relação ao contrato oferecido pelo Sporting.

— Os leões davam-lhe quanto?

— Contrato de 25 mil contos [125 mil euros] por três anos, casa e reforma vitalícia se cumprisse o contrato até ao fim.

— E quando foi para Bordéus, ficou rico?

— Já em 1984, fui falar com o presidente Fernando Martins ao hotel dele. Ele perguntou-me: «Quanto queres?» Fui directo ao assunto: «Estou em final de contrato e quero que o senhor me melhor os valores.» Ganhava 400 contos por mês e ele disse-me: «Só te posso dar mais 50 contos [250 euros].» Voltei a tentar: «Marítimo, Sp. Braga, Sporting e FC Porto dão muito mais.» Resposta dele: «Dou-te mais 50 contos; se não aceitares a porta por onde entraste é a mesma por onde podes sair.» Saí e assinei pelo Boavista.

— Chegou mesmo a assinar?

— Numa folha em branco, papel sem qualquer valor jurídico. O presidente Valentim Loureiro foi a minha casa, assinei eu, o Filipovic e o Padinha. Mais tarde o juiz José António Martinez falou com o major e este rasgou o papel. O Fernando Martins disse-me, então, que se fizesse um bom Campeonato da Europa me deixava sair. Quando vim do Euro-1984 estava no Algarve de férias e ele ligou-me a dizer que o Bordéus estava no hotel dele para fechar contrato comigo.

— A muita gente da minha geração, sempre que se fala em Chalana, surge uma associação de ideias: França, Marselha, 1984, Europeu, Platini. A melhor fase da sua carreira?

— Não foi o ponto alto. Foi o primeiro Europeu em que Portugal esteve e, ainda por cima, deu na televisão, mas fiz melhores jogos que estes. Antes do Euro, quando perdemos com a Jugoslávia, fiz grande jogo. Pelo Benfica, por exemplo, fiz grandes jogos com o Carl Zeiss [0-2 em Jena, 1-0 em Lisboa]. Marquei um golo frente ao Beira-Mar [5 de Janeiro de 1977, com 17 anos], jogava lá o Eusébio, em que o guarda-redes do Benfica, o José Henrique, me deu a bola e eu, de área a área, fintei toda a gente e fiz um grande golo.

— Europeu-1984: impossível falar de si sem falar de Jordão.

— Ainda hoje, passados 25 anos, não consigo ver o jogo com a França [2-3] até ao fim. Podíamos ter ido à final e vencer. Partimos sem esperanças e regressámos frustrados.

— Havia mesmo dois grupos, o dos jogadores do Benfica e o dos jogadores do FC Porto, nessa Selecção?

— Nada disso. Havia, sim, quatro treinadores: três do Benfica [Fernando Cabrita, José Augusto e Toni] e um do FC Porto [António Morais]. Cada um escolhia a sua equipa e, claro, aquilo dava confusão.

— Quando acabou o Europeu estava ou não lesionado?

— Não. Às vezes perguntam como está o meu joelho. Os meus joelhos são os mesmos com que nasci. Nunca fui operado ao menisco, nunca tive roturas de ligamentos. Lesões graves apenas duas pernas partidas no Benfica e três roturas no Bordéus.

— Falou-se que, para se curar, o Chalana tentou tudo: osteopatia, acupunctura, fitoterapia, bruxas, etc.

— O grande problema era o Bordéus ser um clube amador com muitos dos melhores jogadores da Europa. Não tínhamos casas de banho no balneário, tínhamos de pôr a roupa do treino a secar, massagistas só no final do treino, médico não havia, banheira para banhos também não. O alemão Dieter Muller [no Bordéus entre 1982 e 1985] massajava-me as costas e eu massajava as costas dele. A equipa era só de internacionais [Giresse, Tigana, Battiston, Trésor, Lacombe, Touré, Vercruysse, Dieter Muller].

— Financeiramente foi bom?

— Talvez mas ainda me ficaram a dever 25 mil contos. O senhor Fernando Martins arranjou garantias bancárias para o contrato com o Benfica mas para o meu não arranjou.

— Antes e pós-Europeu de 1984 a sua exposição mediática foi tremenda: só se falava em Chalana-Anabela, Chalana-Anabela, Chalana-Anabela. Lidou bem com essa pressão?

— Há 25 anos não era normal um futebolista ter a mulher a seu lado e, além disso, eu usava brincos. Agora, nas mesmas circunstâncias, ninguém diz nada. Ouvia o que as pessoas diziam mas quem mandava era eu.

— A relação com Eriksson sofreu com isso?

— Como treinador nada tenho a dizer mas como homem falhou comigo. Tenho várias histórias com ele. Houve uma altura em que queria ser meu empresário, participar na transferência, ganhar dinheiro. Num treino de conjunto de início de época, na segunda vez em que esteve na Luz, pôs-me a treinar atrás da baliza. Depois dizia que a minha ex-mulher era a culpada de eu não ter ido mais longe. Logo ele, que era muito certinho... [sorrisos].

— Quis ganhar dinheiro consigo?

— Sim, sim.

— E Eriksson tinha razão quanto à relação com a sua ex-mulher?

— Quando temos 23 ou 24 anos pensamos que somos homens e somos miúdos. Se calhar tinha tudo na vida e não fiz as opções mais correctas. Se fosse hoje, ou com 30 ou 40 anos, tudo seria diferente. Aos vinte e poucos cometemos mais erros.

— Quando saiu de Bordéus e regressou ao Benfica não era o mesmo.

— Tinha mais experiência mas estava a recuperar das lesões. Ainda joguei com o Skovdahl [treinador do Benfica no início de 1987/88] e depois, com o Toni, fui campeão nacional mas podia ter ido mais longe. Chegava aos 12 ou 13 jogos [10, 14 e 8 em 87/88, 88/89 e 89/90] e não jogava mais...

— Os músculos não aguentavam?

— Nada disso. Mais tarde vim a saber que, se fizesse 15 jogos ou mais numa época, o Benfica tinha de pagar mais 50 mil contos ao Bordéus...

Corrosivo

Muitos Parabéns a este simbolo vivo do clube!!!

JDF

Muitos e sinceros parabéns ao ídolo da minha meninice.

Mercurio_10

Muitos parabéns ao pequeno genial!!

slbenfever


46Rossi

Muitos parabéns e muitos anos de vida!!!  :bow2:

Thunderboy

Espero que ainda veja muitos titulos do BENFICA...

GF


Elvis the Pelvis


Califas


krak


Jorge.P_


modalidades SLB


LuigiSLB83

Muitos parabéns pequeno genial.