As Finanças do Benfica

[Maldini]

Na época de 2022/23 o Benfica gastou 82 milhões de euros em fornecimentos e serviços externos (FSEs). Os seus dois rivais gastaram practicamente o mesmo... em conjunto: 90 milhões.

Os FSEs têm entrado no vocábulo do adepto Benfiquista e já é altura de desmistificar alguns mitos e confirmar outros (dentro do possível).

(Parágrafo técnico e aborrecido:) Dentro do possível porque esta é na verdade uma missão impossível, por várias razões: 1. há despesas que um clube pode ter na SAD que outro tem no clube e vice-versa; 2. as três SADs agrupam os custos de maneiras diferentes, o Benfica por exemplo tem uma rubrica chamada "Gestão Operacional do Estádio" que deverá servir para agrupar vários custos que Sporting e Porto têm desagrupados; 3. as organizações têm tamanhos diferentes e como tal requerem gastos diferentes.

Ainda assim, as SADs são onde a maioria do dinheiro das organizações circula, como tal são onde estarão directamente ou indirectamente a maioria dos custos com FSEs das organizações. Apesar de não termos grandes possibilidades de fazer uma análise comparativa a cada tipo de custo (com algumas excepções), a análise ao bolo inteiro dos custos não sendo perfeita é provavelmente muito aproximada da realidade.

O que são FSEs?
Os FSEs são practicamente todos os custos que uma SAD tem, sem contar com salários de jogadores e staff, amortizações de passes e juros de dívida. Ou seja: despesas médicas, material desportivo, combustível, publicidade, deslocações, estadias, segurança, alimentação, etc.

Qual é o problema?
O problema é que o Benfica nos últimos anos gastou os seguintes valores em FSEs:

22/23 - 82,1M
21/22 - 67,7M
20/21 - 46,2M
19/20 - 72,7M
18/19 - 54,9M

Enquanto o Sporting gastou:
22/23 - 35,9M
21/22 - 29,9M
20/21 - 19,7M
19/20 - 24,1M
18/19 - 23,9M

E o Porto gastou:
22/23 - 54,2M
21/22 - 48,9M
20/21 - 37,8M
19/20 - 44M
18/19 - 46,5M

Convém sempre ter na memória o parágrafo técnico e aborrecido, no sentido que uma parte das diferenças é passível de justificação. Ainda assim a diferença é demasiado grande para ser justificável.

Há alguma rubrica que o Benfica tenha que o Porto e o Sporting não têm?
O Benfica tem duas rubricas que mais nenhum rival tem. A Benfica SAD paga royalties da marca Benfica ao Sport Lisboa e Benfica (o clube). Se analisarmos depois os gastos que o Benfica (clube) tem, esses royalties servem sobretudo para ajudar as modalidades. Em média nos últimos 5 anos, a Benfica SAD gastou 6,4 milhões para ajudar as modalidades. E na última época (23/24) só no primeiro semestre gastou 5.3 milhões. Isto explicará, em parte, os desentendimentos entre o Luís Mendes e o Fernando Tavares. Eu não sou contra este nível de investimento que o Benfica tem nas modalidades e até espero que ele não baixe por todo este caos instalado. No entanto, é difícil ver este investimento e depois temos um Rocha na bancada, três jogadores a saírem a meio da época no Andebol, pagar cláusulas de rescisão de jogadores que não são nada de especial.

A segunda rubrica que o Benfica tem que é significativamente maior é a BTV. Sporting e Porto também terão gastos significativos com os seus canais (mas se estão na SAD estão agrupados numa outra rubrica). No entanto, o Benfica tem uma despesa extra que são os jogos da equipa principal, que envolvem uma equipa de produção muito maior. Também por isso, o Benfica recebe um pouco mais pelas transmissões televisivas que o Porto e muito mais que o Sporting. Em média nos últimos 4 anos, o Benfica gastou 5,7 milhões na BTV. E esta época só no primeiro semestre gastou 3,4 milhões (em linha com o que gastou na época passada).

Só daqui estamos a falar de 12 milhões a mais que, em média, o Benfica gastou em relação aos rivais. E a tendência aparenta ser para manter. Mas também é importante perceber que o Benfica anda a facturar 48 milhões em transmissões televisivas enquanto o Porto factura cerca de 42 milhões e o Sporting cerca de 26 milhões. Ou seja, este aumento nos gastos é suportado por um aumento nas receitas.

Há alguma maneira ideal de comparar os gastos do Benfica com os seus rivais?
Para ultrapassar os problemas das diferentes dimensões de cada clube, o ideal é comparar o bolo inteiro dos FSEs da cada SAD dividindo pelas receitas operacionais sem contar com prémios da UEFA e venda de jogadores.

E aí a distribuição é a seguinte.

Benfica com BTV e Modalidades:
22/23 - 67,6%
21/22 - 65,1%
20/21 - 55,1%
19/20 - 79,4%
18/19 - 50,4%

Benfica sem BTV e sem Modalidades:
22/23 - 54,5%
21/22 - 53,4%
20/21 - 45,5%
19/20 - 65,2%
18/19 - 44,8%

Sporting:
22/23 - 41,6%
21/22 - 39%
20/21 - 30,8%
19/20 - 40,5%
18/19 - 36,5%

Porto:
22/23 - 58,4%
21/22 - 55,7%
20/21 - 52%
19/20 - 61,5%
18/19 - 53,9%

No caso do Porto é importante também perceber que o Porto tem de facto poucas receitas operacionais se retirarmos os prémios da UEFA. Os gastos do Porto estão muito moldados à ideia que vão estar na Champions League todos os anos. Ao retirarmos a Champions League do denominador, o Porto deixa de ser um clube ideal para comparar com o Benfica.

O que estas percentagens significam é o seguinte: em 22/23, 67,6% das receitas operacionais do Benfica, serviram para pagar os FSEs da SAD. Deixando 30,3% das receitas e 100% das receitas dos prémios da UEFA e da venda jogadores para pagar salários, reforços do plantel e juros de dívida. Se retirarmos os gastos com a BTV e as modalidades, o número baixa para 54,5% (mas o custo continua a existir).

A partir daqui é impossível qualquer Benfiquista não ficar preocupado. Porque os FSEs não são o maior gasto operacional do Benfica. O Benfica gasta mais em salários com todo o seu pessoal do que gasta em FSEs (como qualquer clube no planeta). Se os FSEs ocupam 70% das receitas operacionais e os salários com o pessoal são ainda maiores que esses 70%, isto significa que a SAD do Benfica está todos os anos em all-in. Basta um ano falhar a Champions League e a SAD está imediatamente com a corda no pescoço. E mais do que isso, isto obriga todos os anos o clube a ter que vender jogadores.

Mas não era assim... Antes de 18/19, os gastos do Benfica com FSEs eram muito diferentes. Quer em termos absolutos, quer em termos relativos.

O Benfica gastava:
17/18 - 36,9M - 35,6%
16/17 - 36,9M - 41,3%
15/16 - 34,8M - 37,6%
14/15 - 32,2M - 36,8%

Ou seja, o Benfica gasta, em valores absolutos, 2,6x mais em FSEs do que gastava há 10 anos atrás, enquanto a sua receita operacional apenas subiu 2,1x. Em termos relativos é practicamente o dobro porque passámos de 36,8% para 67,6%.

Esta subida não é exclusiva do Benfica. Sporting e Porto também tiveram subidas de grande magnitude dos seus FSEs mas não só a diferença do Benfica para os rivais já existia, especialmente para o Sporting (que nos anos do BdC minimizou bastante os gastos em FSEs), como a subida foi maior. Enquanto os rivais subiram à volta de 100% os seus gastos, o Benfica subiu 160%.

Há algumas rubricas que possamos comparar?
Há três rubricas que pelo menos têm o mesmo nome e que parecem indicar a mesma coisa.

O Benfica gasta:
22/23 - 3,6M
21/22 - 3,1M
20/21 - 1,3M
19/20 - 2,2M
18/19 - 2M

O Sporting gasta:
22/23 - 0,8M
21/22 - 0,7M
20/21 - 0,8M
19/20 - 0,8M
18/19 - 0,6M

O Porto gasta:
22/23 - 2,2M
21/22 - 2,3M
20/21 - 1,5M
19/20 - 1,6M
18/19 - 2M

Porque é que o Benfica gasta 370% a mais o que o Sporting gasta em Segurança? Não é fácil perceber, mesmo atendendo à diferença da dimensão dos clubes. Diga-se em abono da verdade que o Benfica parece ter reduzido o que gasta em Segurança no primeiro semestre da última temporada em cerca de 20%.

As outras rubricas são o Equipamento Desportivo e a Publicidade. No equipamento desportivo o Benfica também gasta significativamente mais que os rivais e na Publicidade os dados são muito idênticos nas três SADs.

Isto são apenas as rubricas que dão para comparar e que significam uma gota no oceano de gastos em FSEs de cada SAD. Se pudessemos comparar todos os outros gastos provavelmente íriamos encontrar mais rubricas onde o Benfica gasta muito mais e outras rubricas onde as três SADs estão relativamente equiparadas. Sendo certo que tem que haver mais rubricas com diferenças muito mais significativas que a Vigilância e Segurança porque a BTV e as Modalidades são uma parte da explicação da diferença mas representam sequer metade.

Já sem contar com a BTV e as Modalidades, nos últimos 8 anos, o Benfica gastou mais 184 milhões em FSEs que o Sporting. Se juntarmos a BTV e as Modalidades são mais de 240 milhões de diferença. E para o Porto são quase mais de 100 milhões de diferença. E isto é só na SAD. Se juntarmos aqui as contas do Benfica (clube), o número vai naturalmente aumentar.

Não é possível dizer se há aqui má gestão ou há algum aproveitamento de quem está na SAD a negociar estes contratos. Alguma coisa haverá. Cada um é livre de criar as suas próprias teorias. No entanto, há sinais. O Miguel Moreira, antigo director financeiro do Benfica, é o Presidente da empresa que está encarregue da gestão operacional do Estádio, sendo que há alguma probabilidade de ter sido o mesmo a negociar o acordo directamente ou indirectamente.

Os valores disparatados gastos em Segurança poderão ser a ponta do novelo. Uma vez começando a puxar vai-se encontrar mais coisas. O problema é que não há muitos dados. Isto tem que ser resolvido a partir de dentro. E isso dependerá sempre de quem lá está.

Muito obrigado pelo resumo! Ninguém pode ficar alheio a esta situação muito dúbia.

Obrigado DB pela exposição.

Com isto não há dúvidas (se existiam), os FSE é um dos veículos utilizados para nos roubarem ... somados aos intermediários

[Red_Fraction]

Se a direção não está a pensar vender ninguém antes do fim do mês... é preparem-se para fechar 23/24 com cerca de 100M de prejuízo... Pujança financeira...

Não vai ser tanto, deve andar a volta dos 50M€.

O que não deixa de ser estrondoso com receitas da Champions e venda do Ramos.

[GoldenState]

Um parte desse roubo custo nos FSE poderia ser canalizado para contratar e reter bons profissionais.

Outro problema do clube... paga mal, e os bons saem.

[aquaris]

Se a direção não está a pensar vender ninguém antes do fim do mês... é preparem-se para fechar 23/24 com cerca de 100M de prejuízo... Pujança financeira...

Não vai ser tanto, deve andar a volta dos 50M€.

O que não deixa de ser estrondoso com receitas da Champions e venda do Ramos.

E provavelmente foi por isso que o outro bateu com a porta, não quer ficar com a responsabilidade de mostrar um elevadíssimo prejuízo com venda de 60 milhões de um jogador formado no SLB (devia ser 100% mais valia) mais champions e mesmo assim ter um valor de prejuízo superior a 50 milhões!

Os Benfiquista deviam conseguir mudar os dirigentes e processar todos os elementos da direção por gestão danosa e buscar todos os bens e rendimentos que tenham!!!
Merecem!

[nightcrowler]

Se a direção não está a pensar vender ninguém antes do fim do mês... é preparem-se para fechar 23/24 com cerca de 100M de prejuízo... Pujança financeira...

Oi?
100 milhões prejuízo?? Porque?

[João_Oliveira]

Se a direção não está a pensar vender ninguém antes do fim do mês... é preparem-se para fechar 23/24 com cerca de 100M de prejuízo... Pujança financeira...

Oi?
100 milhões prejuízo?? Porque?

Pouco menos vai ser... Vai ver o relatório do 1semestre... faz as contas, pode ser à merceeiro... dobra massa salarial, serviços externos, amortizações e juros. Sem champions e vendas e vês mais ou menos o resultado.

[Lulu28]

Na época de 2022/23 o Benfica gastou 82 milhões de euros em fornecimentos e serviços externos (FSEs). Os seus dois rivais gastaram practicamente o mesmo... em conjunto: 90 milhões.

Os FSEs têm entrado no vocábulo do adepto Benfiquista e já é altura de desmistificar alguns mitos e confirmar outros (dentro do possível).

(Parágrafo técnico e aborrecido:) Dentro do possível porque esta é na verdade uma missão impossível, por várias razões: 1. há despesas que um clube pode ter na SAD que outro tem no clube e vice-versa; 2. as três SADs agrupam os custos de maneiras diferentes, o Benfica por exemplo tem uma rubrica chamada "Gestão Operacional do Estádio" que deverá servir para agrupar vários custos que Sporting e Porto têm desagrupados; 3. as organizações têm tamanhos diferentes e como tal requerem gastos diferentes.

Ainda assim, as SADs são onde a maioria do dinheiro das organizações circula, como tal são onde estarão directamente ou indirectamente a maioria dos custos com FSEs das organizações. Apesar de não termos grandes possibilidades de fazer uma análise comparativa a cada tipo de custo (com algumas excepções), a análise ao bolo inteiro dos custos não sendo perfeita é provavelmente muito aproximada da realidade.

O que são FSEs?
Os FSEs são practicamente todos os custos que uma SAD tem, sem contar com salários de jogadores e staff, amortizações de passes e juros de dívida. Ou seja: despesas médicas, material desportivo, combustível, publicidade, deslocações, estadias, segurança, alimentação, etc.

Qual é o problema?
O problema é que o Benfica nos últimos anos gastou os seguintes valores em FSEs:

22/23 - 82,1M
21/22 - 67,7M
20/21 - 46,2M
19/20 - 72,7M
18/19 - 54,9M

Enquanto o Sporting gastou:
22/23 - 35,9M
21/22 - 29,9M
20/21 - 19,7M
19/20 - 24,1M
18/19 - 23,9M

E o Porto gastou:
22/23 - 54,2M
21/22 - 48,9M
20/21 - 37,8M
19/20 - 44M
18/19 - 46,5M

Convém sempre ter na memória o parágrafo técnico e aborrecido, no sentido que uma parte das diferenças é passível de justificação. Ainda assim a diferença é demasiado grande para ser justificável.

Há alguma rubrica que o Benfica tenha que o Porto e o Sporting não têm?
O Benfica tem duas rubricas que mais nenhum rival tem. A Benfica SAD paga royalties da marca Benfica ao Sport Lisboa e Benfica (o clube). Se analisarmos depois os gastos que o Benfica (clube) tem, esses royalties servem sobretudo para ajudar as modalidades. Em média nos últimos 5 anos, a Benfica SAD gastou 6,4 milhões para ajudar as modalidades. E na última época (23/24) só no primeiro semestre gastou 5.3 milhões. Isto explicará, em parte, os desentendimentos entre o Luís Mendes e o Fernando Tavares. Eu não sou contra este nível de investimento que o Benfica tem nas modalidades e até espero que ele não baixe por todo este caos instalado. No entanto, é difícil ver este investimento e depois temos um Rocha na bancada, três jogadores a saírem a meio da época no Andebol, pagar cláusulas de rescisão de jogadores que não são nada de especial.

A segunda rubrica que o Benfica tem que é significativamente maior é a BTV. Sporting e Porto também terão gastos significativos com os seus canais (mas se estão na SAD estão agrupados numa outra rubrica). No entanto, o Benfica tem uma despesa extra que são os jogos da equipa principal, que envolvem uma equipa de produção muito maior. Também por isso, o Benfica recebe um pouco mais pelas transmissões televisivas que o Porto e muito mais que o Sporting. Em média nos últimos 4 anos, o Benfica gastou 5,7 milhões na BTV. E esta época só no primeiro semestre gastou 3,4 milhões (em linha com o que gastou na época passada).

Só daqui estamos a falar de 12 milhões a mais que, em média, o Benfica gastou em relação aos rivais. E a tendência aparenta ser para manter. Mas também é importante perceber que o Benfica anda a facturar 48 milhões em transmissões televisivas enquanto o Porto factura cerca de 42 milhões e o Sporting cerca de 26 milhões. Ou seja, este aumento nos gastos é suportado por um aumento nas receitas.

Há alguma maneira ideal de comparar os gastos do Benfica com os seus rivais?
Para ultrapassar os problemas das diferentes dimensões de cada clube, o ideal é comparar o bolo inteiro dos FSEs da cada SAD dividindo pelas receitas operacionais sem contar com prémios da UEFA e venda de jogadores.

E aí a distribuição é a seguinte.

Benfica com BTV e Modalidades:
22/23 - 67,6%
21/22 - 65,1%
20/21 - 55,1%
19/20 - 79,4%
18/19 - 50,4%

Benfica sem BTV e sem Modalidades:
22/23 - 54,5%
21/22 - 53,4%
20/21 - 45,5%
19/20 - 65,2%
18/19 - 44,8%

Sporting:
22/23 - 41,6%
21/22 - 39%
20/21 - 30,8%
19/20 - 40,5%
18/19 - 36,5%

Porto:
22/23 - 58,4%
21/22 - 55,7%
20/21 - 52%
19/20 - 61,5%
18/19 - 53,9%

No caso do Porto é importante também perceber que o Porto tem de facto poucas receitas operacionais se retirarmos os prémios da UEFA. Os gastos do Porto estão muito moldados à ideia que vão estar na Champions League todos os anos. Ao retirarmos a Champions League do denominador, o Porto deixa de ser um clube ideal para comparar com o Benfica.

O que estas percentagens significam é o seguinte: em 22/23, 67,6% das receitas operacionais do Benfica, serviram para pagar os FSEs da SAD. Deixando 30,3% das receitas e 100% das receitas dos prémios da UEFA e da venda jogadores para pagar salários, reforços do plantel e juros de dívida. Se retirarmos os gastos com a BTV e as modalidades, o número baixa para 54,5% (mas o custo continua a existir).

A partir daqui é impossível qualquer Benfiquista não ficar preocupado. Porque os FSEs não são o maior gasto operacional do Benfica. O Benfica gasta mais em salários com todo o seu pessoal do que gasta em FSEs (como qualquer clube no planeta). Se os FSEs ocupam 70% das receitas operacionais e os salários com o pessoal são ainda maiores que esses 70%, isto significa que a SAD do Benfica está todos os anos em all-in. Basta um ano falhar a Champions League e a SAD está imediatamente com a corda no pescoço. E mais do que isso, isto obriga todos os anos o clube a ter que vender jogadores.

Mas não era assim... Antes de 18/19, os gastos do Benfica com FSEs eram muito diferentes. Quer em termos absolutos, quer em termos relativos.

O Benfica gastava:
17/18 - 36,9M - 35,6%
16/17 - 36,9M - 41,3%
15/16 - 34,8M - 37,6%
14/15 - 32,2M - 36,8%

Ou seja, o Benfica gasta, em valores absolutos, 2,6x mais em FSEs do que gastava há 10 anos atrás, enquanto a sua receita operacional apenas subiu 2,1x. Em termos relativos é practicamente o dobro porque passámos de 36,8% para 67,6%.

Esta subida não é exclusiva do Benfica. Sporting e Porto também tiveram subidas de grande magnitude dos seus FSEs mas não só a diferença do Benfica para os rivais já existia, especialmente para o Sporting (que nos anos do BdC minimizou bastante os gastos em FSEs), como a subida foi maior. Enquanto os rivais subiram à volta de 100% os seus gastos, o Benfica subiu 160%.

Há algumas rubricas que possamos comparar?
Há três rubricas que pelo menos têm o mesmo nome e que parecem indicar a mesma coisa.

O Benfica gasta:
22/23 - 3,6M
21/22 - 3,1M
20/21 - 1,3M
19/20 - 2,2M
18/19 - 2M

O Sporting gasta:
22/23 - 0,8M
21/22 - 0,7M
20/21 - 0,8M
19/20 - 0,8M
18/19 - 0,6M

O Porto gasta:
22/23 - 2,2M
21/22 - 2,3M
20/21 - 1,5M
19/20 - 1,6M
18/19 - 2M

Porque é que o Benfica gasta 370% a mais o que o Sporting gasta em Segurança? Não é fácil perceber, mesmo atendendo à diferença da dimensão dos clubes. Diga-se em abono da verdade que o Benfica parece ter reduzido o que gasta em Segurança no primeiro semestre da última temporada em cerca de 20%.

As outras rubricas são o Equipamento Desportivo e a Publicidade. No equipamento desportivo o Benfica também gasta significativamente mais que os rivais e na Publicidade os dados são muito idênticos nas três SADs.

Isto são apenas as rubricas que dão para comparar e que significam uma gota no oceano de gastos em FSEs de cada SAD. Se pudessemos comparar todos os outros gastos provavelmente íriamos encontrar mais rubricas onde o Benfica gasta muito mais e outras rubricas onde as três SADs estão relativamente equiparadas. Sendo certo que tem que haver mais rubricas com diferenças muito mais significativas que a Vigilância e Segurança porque a BTV e as Modalidades são uma parte da explicação da diferença mas representam sequer metade.

Já sem contar com a BTV e as Modalidades, nos últimos 8 anos, o Benfica gastou mais 184 milhões em FSEs que o Sporting. Se juntarmos a BTV e as Modalidades são mais de 240 milhões de diferença. E para o Porto são quase mais de 100 milhões de diferença. E isto é só na SAD. Se juntarmos aqui as contas do Benfica (clube), o número vai naturalmente aumentar.

Não é possível dizer se há aqui má gestão ou há algum aproveitamento de quem está na SAD a negociar estes contratos. Alguma coisa haverá. Cada um é livre de criar as suas próprias teorias. No entanto, há sinais. O Miguel Moreira, antigo director financeiro do Benfica, é o Presidente da empresa que está encarregue da gestão operacional do Estádio, sendo que há alguma probabilidade de ter sido o mesmo a negociar o acordo directamente ou indirectamente.

Os valores disparatados gastos em Segurança poderão ser a ponta do novelo. Uma vez começando a puxar vai-se encontrar mais coisas. O problema é que não há muitos dados. Isto tem que ser resolvido a partir de dentro. E isso dependerá sempre de quem lá está.

Excelente analise.
Gostava de saber quanto é o orçamento dos 3 grandes nas principais modalidades..andebol,futsal,hoquei,voleibol, basquetebol, fut feminino... Fse + salarios.
Isso era um comparativo excelente tb para se analisar.

[!N$4N3_J7]

Alguém me consegue esclarecer porque é que o departamento de merchandising do Benfica gasta tanto em deslocações e estadas? (600 000€?)

[LFVL]

Não aproveitem o caos financeiro nos porcos para nós distanciarmos deles e voltar a ser hegemónicos em Portugal... Nem para nós somos bons.

[Redskin1968]

Muito esclarecedor 👏👏

[BERNA_1961]

15 dias para transformar prejuízos, em lucros.
Vai ter de vender alguém...

[capelada]

Alguém me consegue esclarecer porque é que o departamento de merchandising do Benfica gasta tanto em deslocações e estadas? (600 000€?)

Até podiam gastar mais. Aposto que às refeições pedem um vinho banal como Pêra Manca Branco, em vez do tinto.

[slbenfica_croft]

Esqueçam.

Só saberemos de verdade quando correrem com esta gente toda.

[MMeira]

Alguém me consegue esclarecer porque é que o departamento de merchandising do Benfica gasta tanto em deslocações e estadas? (600 000€?)

Deves querer que andem de Renault Clio e durmam no Ibis...

[arfm14]

Não aproveitem o caos financeiro nos porcos para nós distanciarmos deles e voltar a ser hegemónicos em Portugal... Nem para nós somos bons.

O caos financeiro no Porto dá mais margem para que os mamões que orbitam o Benfica mamem mais. Só isso. Qual hegemonia?