Rui Costa, Presidente do Sport Lisboa e Benfica

Presidente, 52 anos,
Portugal

zefo

Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

Desculpem o incómodo. Abraço para todos e viva o Benfica.









O
Respeito e gosto de ver estas partilhas mas primeiro e último comentário...

L1968

Citação de: mMateus em 12 de Novembro de 2021, 12:32


... será?

Vai continuar a ser cartilheiro só deve mudar de estação. Não tarda virá ai "(v)alguém" o defender.


TFFS

Citação de: Sylphs em 12 de Novembro de 2021, 13:14
Citação de: Flirt4ever em 11 de Novembro de 2021, 17:56

Onde param os 600M ?  ::) :police:
"o clube não tem que pagar salários?"

como se não houvesse receitas para além das transferências ;D

Silveralho


ABenficaC

Citação de: lancadordedois em 12 de Novembro de 2021, 09:23
Citação de: iloy em 12 de Novembro de 2021, 09:20
Citação de: AlexanderMostovoi em 12 de Novembro de 2021, 09:11
Citação de: patetalegre em 12 de Novembro de 2021, 09:07
Citação de: lmoutad em 12 de Novembro de 2021, 08:50
Citação de: DBdennisDB em 12 de Novembro de 2021, 07:51
Este clube esta pejado de gente que mina propositadamente.

Ate quando o Lage pegou na equipa, havia o sentimento que seria por uns meses e ja nem ganhariam o campeonato, para depois trazer um treinador da escolha dos mesmos.

Nao estavam preparados para o que ai vinha. Competencia e aproveitamento dos recursos que dispunha. Ate Samaris, Tarabt rendiam.

Ate que lhe fizeram a cama.

Concordo com tudo. Menos com a parte de lhe terem feito a cama.

A segunda época do Lage é um desastre total, não há como negá-lo. Certamente que a culpa não se fica apenas pela direção ou os jogadores.

Mas sim, esta direção fica claramente incomodada quando as coisas correm bem. Basta lembrar as vendas agressivas após grandes épocas ou, até com a ave rara do nosso treinador, só se lembrarem de o pôr a andar do clube num dos poucos momentos onde realmente faria sentido a sua continuidade.

Nós somos uma grande instituição má gerida há muito tempo, que compete com instituições mais pequenas mas um pouco melhor geridas. Resultado: nem se nota a diferença.

Acredita-se ou não no que se diz, não me parece normal a equipa fazer uma primeira volta praticamente imaculada para depois de repente deixar de saber jogar futebol

Já na primeira volta não jogávamos um grande futebol, mas estávamos a ter bons resultados. Assim que os resultados maus começaram a aparecer Lage não teve capacidade para dar a volta por cima... Teve imensos erros de gestão de plantel e escolhas tácticas que demonstravam que ainda precisava de crescer como treinador.

Eu não tenho dúvidas que se ele fizer um crescimento sustentado como treinador pode ser um dos treinadores a ter em conta no futuro, mas precisa de traquejo.

o Lage nao errou mais que um RV ou JJ so que nao teve para a direçao o merito de ter os mesmos recursos que um JJ!!
alguem tem duvidas que o Lage tinha feito muito mais com a escolha do seu plantel?
o JJ com o mesmo plantel que o Lage tinha acabado no sexto lugar!!
Todos sabemos que o fdp do vieira so queria ver o jj chegar ao clube antes das eleiçoes e nao fez nada para apoiar o lage.
hoje depois de fazer mais de 130 milhoes de investimento para o palhaço, fizemos uma uma primeira epoca desatrosa e temo que vai ser o mesmo este ano.

alem da comunicaçao social lhe ter feito a folha , ele tambem se pos a jeito para isso...falando cada vez mais tempo.. se calhar para tirar um espectro de desconfiança face ao ser um rookie.
Para mim foi aqui o começo do fim , possivelmente ate com o grupo..
era alguém com discurso diferente, de repente começa a parecer um qualquer JJ ou Vitória. Não percebi

Silveralho

Citação de: ABenficaC em 12 de Novembro de 2021, 13:26
Citação de: lancadordedois em 12 de Novembro de 2021, 09:23
Citação de: iloy em 12 de Novembro de 2021, 09:20
Citação de: AlexanderMostovoi em 12 de Novembro de 2021, 09:11
Citação de: patetalegre em 12 de Novembro de 2021, 09:07
Citação de: lmoutad em 12 de Novembro de 2021, 08:50
Citação de: DBdennisDB em 12 de Novembro de 2021, 07:51
Este clube esta pejado de gente que mina propositadamente.

Ate quando o Lage pegou na equipa, havia o sentimento que seria por uns meses e ja nem ganhariam o campeonato, para depois trazer um treinador da escolha dos mesmos.

Nao estavam preparados para o que ai vinha. Competencia e aproveitamento dos recursos que dispunha. Ate Samaris, Tarabt rendiam.

Ate que lhe fizeram a cama.

Concordo com tudo. Menos com a parte de lhe terem feito a cama.

A segunda época do Lage é um desastre total, não há como negá-lo. Certamente que a culpa não se fica apenas pela direção ou os jogadores.

Mas sim, esta direção fica claramente incomodada quando as coisas correm bem. Basta lembrar as vendas agressivas após grandes épocas ou, até com a ave rara do nosso treinador, só se lembrarem de o pôr a andar do clube num dos poucos momentos onde realmente faria sentido a sua continuidade.

Nós somos uma grande instituição má gerida há muito tempo, que compete com instituições mais pequenas mas um pouco melhor geridas. Resultado: nem se nota a diferença.

Acredita-se ou não no que se diz, não me parece normal a equipa fazer uma primeira volta praticamente imaculada para depois de repente deixar de saber jogar futebol

Já na primeira volta não jogávamos um grande futebol, mas estávamos a ter bons resultados. Assim que os resultados maus começaram a aparecer Lage não teve capacidade para dar a volta por cima... Teve imensos erros de gestão de plantel e escolhas tácticas que demonstravam que ainda precisava de crescer como treinador.

Eu não tenho dúvidas que se ele fizer um crescimento sustentado como treinador pode ser um dos treinadores a ter em conta no futuro, mas precisa de traquejo.

o Lage nao errou mais que um RV ou JJ so que nao teve para a direçao o merito de ter os mesmos recursos que um JJ!!
alguem tem duvidas que o Lage tinha feito muito mais com a escolha do seu plantel?
o JJ com o mesmo plantel que o Lage tinha acabado no sexto lugar!!
Todos sabemos que o fdp do vieira so queria ver o jj chegar ao clube antes das eleiçoes e nao fez nada para apoiar o lage.
hoje depois de fazer mais de 130 milhoes de investimento para o palhaço, fizemos uma uma primeira epoca desatrosa e temo que vai ser o mesmo este ano.

alem da comunicaçao social lhe ter feito a folha , ele tambem se pos a jeito para isso...falando cada vez mais tempo.. se calhar para tirar um espectro de desconfiança face ao ser um rookie.
Para mim foi aqui o começo do fim , possivelmente ate com o grupo..
era alguém com discurso diferente, de repente começa a parecer um qualquer JJ ou Vitória. Não percebi

Vendeu a alma ao diabo (Vieira), a renovação foi o pagamento pelo seu silêncio.
Até dezembro mostrou que se quisesse(e o plantel), era campeão novamente.

Orgulhosamente_SLB

Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

Desculpem o incómodo. Abraço para todos e viva o Benfica.


És grande!

raio

Citação de: L1968 em 12 de Novembro de 2021, 13:01
Citação de: mMateus em 12 de Novembro de 2021, 12:32


... será?

Vai continuar a ser cartilheiro só deve mudar de estação. Não tarda virá ai "(v)alguém" o defender.

"vai sair" ao estilo dso. Quando derem por isso... está tudo na mesma.

MrFire

Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

Desculpem o incómodo. Abraço para todos e viva o Benfica.









O


Este fórum é mesmo especial

Obrigado

MrFire

Citação de: zefo em 12 de Novembro de 2021, 12:55
Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

Desculpem o incómodo. Abraço para todos e viva o Benfica.









O
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Há alguns que contribuem BEM MAIS para o fórum com 1 comentário, do que alguns com milhares

raio

Citação de: MrFire em 12 de Novembro de 2021, 13:50
Citação de: zefo em 12 de Novembro de 2021, 12:55
Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

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O
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Basta ver o 💩 que anda por aí vangloriar-se de ter atingido o estatuto de velha glória (?). Nem que escreva 1M de posts vai valer um 🐂


zefo

Citação de: MrFire em 12 de Novembro de 2021, 13:50
Citação de: zefo em 12 de Novembro de 2021, 12:55
Citação de: Mosquito Nome em 12 de Novembro de 2021, 10:34
Será o meu primeiro e último comentário no fórum. Trata-se de uma partilha.

Há mais de 10 anos que este fórum é como uma canção de embalar nas minhas horas vagas, mas nunca estive registado. Limitava-me a ser espectador dos virtuais protagonistas deste consulado benfiquista, deste grande bastião da grandeza popular do nosso Benfica. O SerBenfiquista tornou-se num complemento dos jogos, já não consigo ver um jogo do Benfica sem acompanhar a torrente de comentários deste fórum, como se fosse uma cálida e agradável companhia, como se estivesse à mesa com amigos de longa data. Talvez a causa esteja no facto do meu benfiquismo ter-me sido instruído pelo meu pai. Como costumo dizer: "a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz".  O meu benfiquismo nunca foi solitário.

O meu pai? Lisboeta. Eu? Sou do Norte, como a minha mãe. Na loucura garrida dos 80, o meu pai deu corpo, juntamente com amigos de calçada e das aventuras dos joelhos esfolados, a uma ideia nascida nos Olivais Sul: os Diabos Vermelhos. A geração do França é posterior. Inspiraram-se nos Red Devils do Manchester United. O meu tio sugeriu o nome "Piretes com Varizes", mas foi prontamente rejeitado, embora não se poupassem as gargalhadas. A cor não era cúmplice do futebol, mas os Diabos Vermelhos quebraram a rotina com cachecóis, bandeiras em xadrez e tochas. O meu pai trabalhava durante o verão nas antigas e pitorescas fábricas portuguesas, distribuía carnes por talhos e medicamentos por farmácias, apenas para juntar dinheiro para as grandes deslocações. Esteve na final contra o Anderletch e contra o PSV. Numa semana, tão rápido estaria numa deslocação a Varzim ou ao Estoril, como estaria em Roma ou Sevilha. Recordo com terna saudade os passeios que dávamos na praia durante as férias, onde partilhava comigo tantas histórias do seu benfiquismo juvenil. Certa vez, numa deslocação às Antas, roubaram uma cabeça de porco de um restaurante, que exibiam pelo centro do Porto a partir da carrinha. O meu padrinho abriu a porta e urinou para as ruas em pleno movimento, tudo numa ácida provocação.

Apaixonei-me pelo Benfica porque sou nostálgico e a nostalgia do meu pai contagiava-me. Com uma camisola do Benfica, declarei-me à minha primeira paixoneta juvenil, estampando o seu nome na camisola. No Euro 2008, uma repórter perguntou-me qual era o meu jogador predilecto da selecção. Respondi que era o Jorge Ribeiro. Porquê? Acabava de assinar pelo Benfica. Delírios juvenis. Quando tinha oportunidade, usava o Benfica como tema dos trabalhos da escola. Em criança, dizia aos professores que sonhava ser apanha bolas do Benfica, na humildade de quem abdica dos holofotes dos jogadores.

Não vos incomodarei mais com verborreia saudosista e pessoal, concluo apenas dizendo isto: escrevi neste tópico porque o Rui Costa é um símbolo tardio do meu benfiquismo. O primeiro jogo que vi foi na actual Luz em 2007, contra o Copenhaga. O primeiro jogo do meu pai, nos 70, também foi contra uma equipa dinamarquesa numa eliminatória europeia. Eu não acredito em coincidências, Deus tem algum sentido de humor. Se se recordarem, o Rui Costa bisou nesse jogo. Foi o melhor em campo. Imaginem isto: a jovem promessa do tempo do meu pai bisava no jogo de estreia do seu filho. É como ladearmos o nosso filho quando o João Félix bisar aos 36 anos. A vida pode ser bonita. A minha estreia na Luz foi mágica, inexplicável. As luzes, pessoas dispostas em cascata, os cânticos, o fervor das vozes, as cores vermelhas e vibrantes, a dimensão monumental de algo que parecia um grandioso mosteiro desportivo. Jamais esquecerei o que o meu pai comentou: "se achas isto grandioso, nem imaginas como era o estádio antigo."

Hoje o Benfica é uma miragem de uma grandeza perdida. O futebol romântico extinguiu-se. Este fórum, outrora a polvilhar de comentários, parece um deserto nas vésperas dos jogos. É triste compreender que um símbolo da nossa infância tornou-se coveiro de um grande amor. Um protagonista da minha infância acendeu a luz e depois apagou-a. Acredito na justiça divina e acredito no Benfica. Ele voltará.

Desculpem o incómodo. Abraço para todos e viva o Benfica.









O
Respeito e gosto de ver estas partilhas mas primeiro e último comentário...

Há alguns que contribuem BEM MAIS para o fórum com 1 comentário, do que alguns com milhares
Pode ser, assim não tinhas fórum terias um blogue e isto era um deserto.
Atendendo à qualidade da paixão descrita é pena ser algo unico.

Ps: Estou a tentar não a levar a peito mas a tua entrada em carrinho fez uma microrrotura do lidamento direito

Francescoli

Se o Pedro Guerra não integrar o Departamento de Comunicação, eventualmente de forma encapotada, aí sim será uma vitória.

Mais um Carlos Janela.