Balanço final da época dos Iniciados A 2007/2008

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Acabou por ser o momento mais triste da época para alguns, o de maior frustração e mágoa para outros. A verdade, é que se existia alguma equipa no futebol de formação em Portugal que merecia ter visto coroada uma época brilhante com um título, esses eram os Iniciados A do Sport Lisboa e Benfica. Numa Fase Final onde tudo parecia estar bem encaminhado para a conquista do campeonato, os ferros, o anti-jogo, alguma ineficácia, deitaram por terra as esperanças de uma equipa que, qualquer que fosse o resultado final, já era campeã, por tudo o que fez.

Bruno Lage, um homem de sucesso

Começou de forma peculiar a nova época da geração de 1993 do Benfica. Depois de uma mexida polémica que retirou a Bruno Lage a oportunidade de continuar o seu trabalho nos Juniores, levando-o agora a uma realidade completamente diferente, seria sempre uma prova de fogo para o técnico «encarnado». Por um lado, calar as vozes mais críticas que poderiam apontar alguma desmotivação por uma «despromoção» (que nunca seria), e dar o seguimento ao seu trabalho de sucesso, apontado pela grande maioria dos adeptos «encarnados».



O Benfica apresentava uma geração de qualidade, embora menos talentosa, à partida, e segundo opinião geral, do que os seus principais candidatos ao título. Isso verificar-se-ia nos primeiros embates em torneios de pré-época com o Benfica a acabar por sair derrotado, mas a história mudou e desde logo o dedo de Bruno Lage estava a sentir-se nesta equipa. Deslocação a Alcochete, o Benfica com alguns jogadores lesionados, outros ainda não inscritos, defronta um Sporting na máxima forma e brinda os adeptos «encarnados» com uma vitória fantástica por 3-1 que desde logo despertou, e muito, as atenções sobre esta equipa.

Continuação imperial

De perto se assistiu desde logo à palavra chave patente na cabeça de todos os elementos deste grupo de trabalho: União. Era visível a larga escala. Uma rotatividade enorme, sempre a permitir competição a todos os elementos do grupo, aos poucos estes jogadores iam caindo no goto dos adeptos e eram eles mesmo a apontar esta equipa como uma das principais candidatas ao título, pois a evolução verificada foi enorme, o que se traduziu também numa crescente mediatização da equipa, com várias chamadas às selecções, quer nacionais ou distritais.

Os resultados esses, dentro de campo, eram demolidores e correspondiam na perfeição ao que se assistia «fora» de campo, com uma grande evolução de praticamente todos os atletas e uma união fantástica entre todos, num verdadeiro grupo de amigos e companheirismo.



Depois de muitos meses de trabalho, o Benfica acabaria por encarar a 1ª fase do campeonato como um autêntico passeio, não pela aparente incapacidade dos seus adversários, mas sim pela forma simples como as «águias» ultrapassavam todos os problemas inerentes. Em 22 jogos o Benfica não ganhou 3, registando apenas uma derrota, curiosamente na recepção ao Sporting por 0-1.

Toni Sá e Bakary entraram na altura decisiva

Quando o Benfica se preparava para encarar a 2ª fase da prova, recebeu Toni Sá e Bakary que vieram acrescentar outra maturidade e, sobretudo, uma diversidade de opções maiores para encarar a derradeira aposta na conquista do título.

Os Iniciados A estavam agora na sua melhor fase de sempre da temporada, a um ritmo muito alto, apresentando um nível exibicional bastante elevado. O 4-3-3 em triângulo invertido com que o Benfica encarou a temporada estava já totalmente mecanizado, apostando a equipa técnica num sistema alternativo de 4-4-2 clássico que se poderia inclusivamente desdobrar num 4-2-4, tendo em conta as opções extremamente atacantes com que Bruno Lage contava nos flancos.



O Benfica tem assim mais uma fase do campeonato imaculada, onde disputou 6 jogos e conseguiu 5 vitórias, cedendo um empate no Estoril, equipa que pouco ou nada permitiu aos adversários no seu terreno.

Fase Final

Sem surpresas, «águias», «leões» e «dragões» estavam na fase derradeira da prova, onde se juntou um Guimarães esperançado de fazer coisas boas. Este mesmo Vitória era o primeiro adversário do Benfica numa deslocação habitualmente complicada ao Complexo Desportivo António Pimenta Machado.

Se dúvidas restassem quanto à qualidade da equipa «encarnada», e apesar dos pupilos de Bruno Lage terem inclusivamente sofrido em alguns momentos de jogo, a verdade é que os 3-0 com que bateram o seu opositor são elucidativos da sua grande superioridade e dos níveis extremamente altos de confiança com que encararam esta fase final.

No jogo seguinte, uma recepção ao Porto. O Benfica era líder e, uma vitória na recepção aos «azuis e brancos» deixava as «águias» com excelentes perspectivas para o que restava do campeonato. Um golo solitário de Bakary colocou o Benfica na frente da prova, com 6 pontos, seguindo-se uma deslocação a Alcochete, onde o Sporting tinha apenas um ponto na prova.



O futebol não é justo

Jogo complicado em Alcochete, mais difícil se tornou com o Sporting a abrir o marcador ainda bastante cedo. O Benfica não se ficou, reagiu, e chegaria ao empate ainda antes do intervalo, numa assistência perfeita de Rui Silva a permitir a festa a Bakary.

No seguimento do intervalo, o Benfica, que com o empate praticamente eliminava das contas o seu rival, nunca se contentou com esse resultado e veio sempre à procura de mais. Foi um festival de futebol, um banho autêntico de domínio que se verificou numa segunda parte onde o Sporting fez apenas um (!!) remate à baliza do Benfica. Mais grave se torna, se nesse único remate, surgisse, mesmo, o golo da vitória, num lance fortuito, onde o guardião Ângelo Martins bateu mal a reposição da bola, e Altair Júnior encaminhou o lance para o golo dos «leões», que os colocavam mais uma vez na luta pelo campeonato.



O Benfica, mesmo com um resultado favorável a partir da meia hora, nunca fez anti-jogo, nunca demorou tempo nas reposições, nunca procurou trocar a bola de forma passiva, não fez alterações para queimar tempo, o seu treinador não chutou bolas para longe, evitando rápidas reposições, os seus jogadores não caíram com pretensas dores... enfim, tudo isto se verificou daqui para a frente, nos três jogos finais, sempre feito pelas equipas que defrontaram o Benfica.

Azar, azar e... mais azar

Foi um Benfica de raiva que enfrentou na semana seguinte o Guimarães, e o resultado, também a sorte do jogo não lhe sorriram. Empate a zero, num jogo onde, mais uma vez, só deu Benfica, com bolas nos postes, e uma atitude de anti-jogo inacreditável dos pupilos de Guimarães, com o seu treinador a chegar ao ponto de chutar uma bola já perto do jogador do Benfica para rápida reposição para longe, perdendo assim mais alguns segundos.

Num espaço muito curto de tempo (basta dizer que 6 jogos se disputaram num espaço de pouco mais de 3 semanas) o Benfica tinha nova deslocação ao Norte, desta vez ao Olival, para defrontar o Porto. Mais do mesmo, empate a zero, bolas nos ferros, anti-jogo, e o Benfica a sair com o primeiro lugar perdido para o Sporting e uma recepção aos «leoninos» para decidir o campeonato. Quem vencesse, era campeão.



Não foi frente ao Sporting que se perdeu o título

E não foi mesmo. O Benfica não teve a sorte que bafejou os seus rivais e, se a tivesse tido, este jogo nem precisaria de decidir nada. A verdade, é que resolveu mesmo tudo. Entrada a frio, o Sporting adiantou-se, e assistiu-se a um jogo de um só sentido (o da baliza do Sporting), embora os «leões» causassem calafrios sempre que saíam em perigosos contra-ataques.

O Benfica chegou ao empate num golo polémico, onde Sancidino Silva viu a tentação do golo mais próxima do que a obrigação de devolver a bola ao adversário, colocando o Benfica a apenas um golo da festa. Tal não se verificou, o Sporting teve mérito e foi mais capaz nesse dia.



O Benfica despediu-se de forma amarga dos seus adeptos. Ainda assim, quem percebeu que esta tinha sido a melhor equipa do clube ao longo do ano, os que mais evoluíram, os que mais trabalharam, os que mais suaram e dignificaram a camisola do clube, mereciam outro estatuto, outra sorte e, sobretudo, outras feições no momento de despedida: os da festa, da conquista do título.

Vou agora passar a eleger, aqueles que na minha opinião, marcaram uma época:

Jogador do Ano: Pedro Almeida. Que jogador fantástico se revelou ao longo do ano. Um capitão na verdadeira acepção da palavra, sempre com uma atitude digna de ser apelidado de um jogador à Benfica. Correu muitos, muitos kilómetros, carregou a equipa, mostrou um querer e uma paixão enorme. Acima de tudo, como Lateral Direito, foi imperial perante todos os adversários, mostrando-se grande nos momentos ofensivos, com excelente capacidade de drible para criar desequilíbrios. Descobriu-se também um "novo Binya", com lançamentos laterais longos brutais, criando perigo em quase todos eles. Fantástico!

Melhor Marcador: Sancidino Silva. Chegou da Guiné, sem cultura de futebol europeu, mas com um talento enorme, que foi lapidado e explorado ao máximo pelo treinador Bruno Lage. Balanço final: 27 jogos, 36 golos. Não seria preciso dizer muito mais, mas é mesmo necessário. Trabalhou muito, conquistou, também, bastante. Passou a coordenar melhor os seus movimentos na estrutura colectiva do jogo da equipa, passou a desempenhar até mais do que as funções de avançado. Muitos golos foram de «encostar», face ao grande trabalho colectivo, mas outros surgiram de lances de um futebol fantástico, de deixar a Caixa Campus em autêntico delírio. É um jogador fabuloso, com pormenores técnicos do melhor. No próximo ano, ainda com idade de sub-15 e 14 anos, vai jogar na equipa A de Juvenis, frente a atletas três anos mais velhos.

Confirmações: Bruno Gaspar e Fábio Leite. Bruno Gaspar, a par de Pedro Almeida, o melhor do ano. Extremo de raiz, jogou muitas vezes como Lateral Esquerdo, onde denotou também ali uma qualidade fora do normal. Extrema inteligência nas movimentações defensivas, muita garra e empenho. Como Extremo, ofereceu profundidade como nenhum outro colega conseguiu ao flanco, com cruzamentos e lances teleguiados para os avançados. Fábio Leite é um central de muita qualidade, duro, irrequieto, com potencial. Uma boa revelação ao longo do ano.

Promessas: Rui Silva e João Santos. Esperava-se muito do Rui, acabou por ser menos preponderante do que em anos anteriores. No entanto, cresceu muito, e ele é o primeiro a admiti-lo. Está mais jogador, mais elemento de grupo, capaz de oferecer muito à sua equipa. Confiança redobrada dos responsáveis nas suas qualidades, vai fazer a pré-época com os Juvenis A. Em termos de talento, é top 3 da formação. João Santos revelou-se um central de uma qualidade técnica muito acima da média, com excelentes índices de leitura e posicionamento. Melhore no campo da garra e liderança, será um dos melhores centrais saídos da formação do clube nos últimos anos.

Maior Ascensão: Toni Sá. Grande jogador. Chegou como uma incógnita e sobre o escolher desconfiado de alguns adeptos, demorou a convencer mas a verdade é que o fez de forma absolutamente incrível na Fase Final. Talvez o jogador mais equilibrado e em melhor nível de todos nas alturas decisivas, revelou uma qualidade muito interessante, muito forte na penetração em espaços interiores. Muito bom jogador, também ele na equipa A de Juvenis do próximo ano.

André Sabino, Serbenfiquista.com.



Red skin

Apesar de n termos ganho o titulo o balanço é claramente positivo... houve uma grande evolução colectiva e individual dos jogadores. A política de colocar alguns deles a jogar nos juvenis A é ótima, apesar de n termos tantas hipóteses para ganhar o título, acredito q os jogadores irão evoluir mais... o mesmo se passa com alguns q ainda são iniciados e vão para os Juvenis B.

Está-se a trabalhar bem na Formação... a meu ver claro!

goncalo_88

O mais importante é lançar jogadores do que titulos por vezes.

Pedro

granda cronica novamente Sr. Andre , parabens ! De facto concordo que foi umas das melhores equipas deste escalao que o benfica teve ... ha aqui mto para se aproveitar boa sorte força rapazes ...

No20__

Penso que o Dino já não precisa saltar muitas mais etapas, jogar com jogadores 3 anos mais velhos já é muito bom para a sua evolução.
Penso que aos 16, ou seja 2º ano de júnior( :whistle2:), poderá tornar-se numa referência da formação como não temos a muito tempo. Fazer algo que os que estão nos escalões inferiores sonhem fazer.

:slb2:

Pode-se ir ambientando esta época e fazer a próxima na mesma nos juvenis A. Só depende da evolução do jogador.
O último jogador a entrar muito novo para os séniores com sucesso digno desse nome, que me lembre foi o Chalana, e marcou várias gerações de benfiquistas e jogadores benfiquistas.

Hugue31


SevenStars

Citação de: goncalo_88 em 06 de Julho de 2008, 10:40
O mais importante é lançar jogadores do que titulos por vezes.

Não concordo. Não é muito vantajoso lançar jogadores se não tierem mentalidade, e hábito, ganhador.

Snyper

 Estão todos de parabéns, prefiro ganhar jogadores a titulos. Parabéns rapazes  :clap1: :winner:

Parabéns tb ao grande mister Bruno Lage! Que continue muitos anos no Benfica a revelar o melhor k os nossos jovens tem  :bow2: :winner:

P.S. Como sempre um grande obrigado ao André Sabino  :bow2:

pedroslb78


EagleHeart25

Grande análise, André!
Foi uma época extremamente proveitosa neste escalão, onde se trabalhou de forma exemplar.
Estão todos de parabéns pela época que fizeram. Não trouxeram a taça, mas foram campeões, sem qualquer dúvida. Enormes!

Jorginho

Por tudo o que fizeram ao longo da época...OBRIGADO MIUDOS