Aílton

Avançado, 56 anos,
Brasil
Equipa Principal: 2 épocas (1993-1994, 1995-1995), 38 jogos (2425 minutos), 14 golos

Títulos: Campeonato Nacional (1)

pjmorce

Grande dupla que fazia com JVP!

Star

era dos meus jogadores preferidos na altura...os golos aos corruptos  :drool:

Dandy

Citação de: MrJohnny em 30 de Novembro de 2013, 01:43
Já era o Robson treinador do Porto e foi rápido, ainda ficou a faltar meia hora para acabar o jogo e o Setúbal a jogar com 10 nos últimos minutos. Esse resultado deu muito jeito...

O mais parecido que me lembro desse género recentemente foi isto (ainda que não tenha valido de nada no final):

http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=265442




   Ver o Porco ser campeão com jogadores do calibre de Tarik Sektioui, Stepanov e Kazmierczak... diz muito da forma como se trabalhava no Benfica.




Trezeguet

https://maisfutebol.iol.pt/destinos/destino-90s/jogar-no-benfica-custou-me-um-divorcio-doloroso?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=ed-maisfutebol&fbclid=IwAR1mBCT3JUNLUTkGQJW7Qk_xvVUsoTpEvrL5HEJ17qzEW1trGQ5k7FL54UU

Maisfutebol – Aílton, bom dia. É uma boa altura para falarmos?

Aílton – Opa, é de Portugal? Claro, para falar do meu Benfica tenho sempre tempo. Estou a voltar agora para casa, depois de um dia de pescaria perto da minha quinta.

MF – Tem uma quinta aí no Brasil?

A – Criei um património bom na altura em que joguei no Benfica e, felizmente, sempre tive boa cabeça para administrar os meus bens. Vivo na localidade de Três Marias, no Estado de Minas Gerais, e a minha quinta é muito bonita. Fica mesmo na margem do rio São Francisco e por isso aproveito para pescar quase todos os dias. Crio gado, galinhas e alugo quartos aqui no meu rancho a turistas.

MF – Está completamente afastado do futebol?

A – Não, isso nunca. Sou olheiro, como dizemos aqui, e coloco meninos da zona nos maiores clubes de Minas: o Atlético Mineiro, o Cruzeiro e o América. Também já treinei vários pequenos clubes daqui, o último foi o Vila Nova. Além disso, aos fins-de-semana jogo numa equipa de veteranos chamada Tradição. Tenho 51 anos, mas não estou em má forma.

MF – Recomenda algum menino especial aos clubes portugueses?

A – Ah ah ah, curiosamente passei há pouco tempo dois nomes ao meu amigo Neno. Fomos colegas no Benfica, lembra-se dele?

MF – Claro, trabalha no Vitória de Guimarães.

A – Isso mesmo. Se eu puder abrir as portas a alguns jovens aqui da minha terra, só posso ficar feliz. Tenho uma vida confortável, rodeado de natureza, mas jamais esquecerei o futebol. É uma das minhas grandes paixões, faz parte de mim. Está no meu sangue.

MF – É verdade que também esteve ligado à política?

A – Sim, candidatei-me a vereador de Três Marias, mas desisti quando faltava um mês para as eleições. A política aqui no Brasil envergonha-me. Resolvi largar quando percebi como as coisas se faziam e isso, para uma pessoa honesta, não dá. Preferi desistir, a política não foi feita para mim. Os bastidores da política são muito piores do que os do futebol.

MF – Sente-se realizado com o que alcançou no futebol?

A – Claro, sempre fui muito divertido, uma pessoa bem disposta e isso ajudou-me a criar ligações fortes por onde passei. Construí uma história importante no Atlético Mineiro, tive uma boa passagem pelo Benfica e não me posso queixar de nada. Ah, o meu Benfica... o Rui Costa, o Schwarz, os três russos, o Kenedy, o João Pinto. Aprendi muita coisa em Portugal.

MF – Foi campeão logo no primeiro ano na Luz.

A – É verdade, numa equipa treinada pelo senhor Toni, uma personagem fantástica. Ficámos com uma boa vantagem sobre o FC Porto e isso valorizou todos. Nunca esquecerei a minha estreia com a camisola do Benfica. Foi num amigável contra o Barcelona, na pré-época, e fiz um golo. Mandei fazer uma cassete com esse jogo, porque marcar ao Barcelona não é para todos. Aliás, agora quando vejo o Guardiola na televisão digo sempre: 'fiz um golo a esse aí no Benfica'.

MF – Vamos, então, até 1993 e à vinda do Aílton para o Benfica. Lembra-se de como decorreu o processo da contratação?

A – Sim, eu tinha 24 anos e já uma carreira consolidada no Atlético Mineiro. Foi tudo muito rápido. O presidente do Atlético disse que havia uma proposta para mim de Portugal e depois negociei tudo com um senhor que era mandatado pelo Benfica. Não me lembro do nome dele, mas as condições apresentadas eram excelentes. Cumpri um sonho, fui para Lisboa e nos primeiros tempos fui muito ajudado pelo Stefan Schwarz. Uma pessoa reservada, mas com muito bom coração.

MF – Foi o colega que mais o ajudou?

A – Ele e o Toni, o meu técnico. Só lhes posso agradecer. A eles e a toda a gente do clube. Tudo o que tenho hoje, o meu património, deve-se ao dinheiro que ganhei em Portugal. Fui muito bem acolhido. As brincadeiras e o desafio desportivo fizeram com que eu me esquecesse das saudades do Brasil. E jogar na Luz... um estádio gigantesco. Era uma experiência muito forte. O Toni era uma pessoa curiosa. Elogiava muito, mas se corria mal... ele cobrava. Dava muita confiança e liberdade aos atletas e acho que essa liberdade foi fundamental para chegar ao título nacional.

MF – Esse golo ao Barcelona foi o mais importante com a camisola do Benfica?

A – Esse e o que marquei ao FC Porto numa vitória por 2-0 aqui na Luz. A rivalidade era enorme, doentia até. Para vocês verem como eram as coisas, eu marquei ao Porto e até me senti mal no relvado com a emoção.

MF – Que tipo de avançado era o Aílton?

A – Era um avançado que adorava ter a bola nos pés, habilidoso. Hoje é tudo demasiado rápido, correrias e mais correrias. Eu até era rápido, mas preferia receber e tocar para os meus colegas, porque jogava com dois génios: o Rui Costa e o João Pinto.

MF – Quem eram os seus melhores amigos no balneário do Benfica?

A – Dava-me bem com todos, mas o Neno era o mais divertido. O Kenedy, o Abel Xavier chamava-me Mineirinho, o Schwarz era caladão e um grande amigo. Tínhamos um bom grupo nesse ano, um grupo espetacular. Os únicos que se portavam menos bem eram os russos, ah ah ah. De vez em quando eles davam uma saidinha à noite e nós ficávamos a saber. Isso não caía bem no grupo. Comigo, tudo certo, nunca tive nenhum problema com o Yuran, o Kulkov e o Mostovoi.

MF – O Yuran era um dos seus concorrentes à titularidade no ataque.

A – É verdade, bom jogador, muito forte. Ele detestava era levar pancada no treino, ah ah ah. Resmungava, insultava, mas eu nunca percebia o que ele dizia, por isso tudo bem, tranquilo.

MF – Há pouco elogiou muito o Rui Costa e o João Pinto. Eram os melhores jogadores da equipa?

A – Acho que sim, mas não me posso esquecer do levezinho, o Vítor Paneira, e até do meu amigo Isaías, que tinha um pontapé de fora da área espetacular. Mas o Rui Costa e o João Pinto eram diferentes, metiam a bola nos avançados sempre redondinhas.

MF – Como era a atmosfera do campeonato português fora da Luz nesse anos de 1993 e 1994?

A – O pior era mesmo quando tínhamos de jogar nas Antas, a casa do Porto. Aí sim, o bicho pegava. Eles faziam um tipo de jogo muito duro e intimidavam, principalmente o Fernando Couto. Esse cara batia sem necessidade, achava-o muito desleal, por isso não gostava nada dele no campo. Também não gostava nada de jogar na casa do Marítimo, mas aí era por outros motivos.

MF – O que se passava nos jogos em casa do Marítimo?

A – Nos jogos, nada de especial. Mas eu tinha pânico, pânico, nas viagens de avião para lá. Aterrar naquele aeroporto era horrível. Eu às vezes até preferia não ser convocado para esses jogos, ah ah ah ah.

MF – Depois de 14 golos e mais de 30 jogos, por que voltou logo ao Brasil? Foi dispensado pelo Artur Jorge?

A – Não foi bem assim. Eu tinha contrato, mas apareceu o interesse do Atlético Madrid e do São Paulo. O técnico do São Paulo era o Telé Santana, talvez o técnico mais importante da minha carreira. Sentei-me com a direção do Benfica, disse-lhes que queria voltar ao Brasil por questões familiares e o presidente Manuel Damásio acabou por aceitar um empréstimo de seis meses. Ainda voltei no ano seguinte ao Benfica e nessa altura o São Paulo fez mesmo uma boa proposta pelo passe. Saí tranquilo e de cabeça erguida, nunca tive nenhuma conversa com o treinador Artur Jorge.

MF – E as tais questões familiares eram verdadeiras?

A – Sim, infelizmente eram. Tanto eram que eu acabei por me divorciar nessa altura. A minha esposa da época nunca quis viver em Portugal e isso afastou-nos bastante a todos os níveis. Jogar no Benfica custou-me um divórcio doloroso. Ainda tentei salvar o casamento, voltando ao Brasil, mas não foi possível. Felizmente voltei a casar mais tarde e tenho quatro filhos lindos.

MF – Certamente tem muitas histórias engraçadas sobre a sua vida no Benfica e em Portugal.

A – As melhores aconteciam sempre no balneário. O Mozer era grande, todo musculado e adorava imitar os gritos do Tarzan. Aaaaaaaahhhhhhh! Depois batia no peito e pegava o Neno pela mão. O Neno fazia de Chita, ah ah ah ah, era uma brincadeira pegada. Trabalhávamos todos os dias com alegria, o Neno era mesmo muito engraçado. Com o Schwarz pegávamos muito. Ele era muito silencioso e nós íamos lá, fazíamos festinhas na cabeça dele, ele detestava. São as coisas boas do futebol.

MF - ...

A – Olhem, antes de dizer adeus só queria mesmo agradecer publicamente a todos os meus antigos do Benfica, porque tenho muitas saudades deles todos. Digam por favor que têm aqui uma quinta à disposição deles no Brasil. Três Marias, Minas Gerais. Não há como enganar, é só vir cá e perguntar pelo Aílton que jogou no Benfica.

Joaquim Ferreira Bogalho

O protótipo de grande contratação. Vieram basicamente dois jogadores nesse ano não tínhamos dinheiro Abel Xavier o mal amado e um avançado que ninguém conhecia Ailton marcou muitos golos para os minutos que jogou...lembro bem a estreia dele estava lá com o Barcelona vencemos 2-1 e um grande jogo no Estoril com dois grandes golos emblemático também esse golo ao Porto que fica deitado com a comoção e ao Guimarães fora numa monumental cabeçada tive imensa pena da sua saída e não sabia que tinha sido por isto...

RS14

Quando soube que vinha para nós fui comprar um "9" daqueles que antigamente se cozia nas camisolas e pus numa t-shirt vermelha.
Não fazia puto de ideia se era bom ou mau. ;D

AnotherDoom

Citação de: Trezeguet em 19 de Dezembro de 2019, 10:26
.

MF – Certamente tem muitas histórias engraçadas sobre a sua vida no Benfica e em Portugal.

A – As melhores aconteciam sempre no balneário. O Mozer era grande, todo musculado e adorava imitar os gritos do Tarzan. Aaaaaaaahhhhhhh! Depois batia no peito e pegava o Neno pela mão. O Neno fazia de Chita, ah ah ah ah

Isto atualmente dava direito a um castigo por racismo da brigada do politicamente correto.

Alexandre1976

Ainda me lembro do balázio que marcou ao Estoril na Amoreira ,num jogo em que o Andrade massacrou autenticamente o J.V.P..

Jayson Tatum

Citação de: Trezeguet em 19 de Dezembro de 2019, 10:26

MF – Esse golo ao Barcelona foi o mais importante com a camisola do Benfica?

A – Esse e o que marquei ao FC Porto numa vitória por 2-0 aqui na Luz. A rivalidade era enorme, doentia até. Para vocês verem como eram as coisas, eu marquei ao Porto e até me senti mal no relvado com a emoção.


Grande entrevista. Boa recordação.

Fui à procuração de imagens desse jogo com o Porto. De facto ele marca o primeiro golo e nota-se logo uma comoção quanto os companheiros vão festejar com ele:

https://www.youtube.com/watch?v=teoUfQUTFnw

Stanic

Boa entrevista mas era escusado o destaque ser aquele título. Sempre o lado negativo em realce para estes jornaleiros.

Resumo contra o Barcelona

https://www.youtube.com/watch?v=8mutEJ2zZtU&feature=emb_title

Benfiquista_

Craque!

Ainda me lembro da estreia na Luz contra o Barcelona, mal toca na bola faz golo!

Estava lá!

diego040675

Grande Ailton
Tudo de bom para este campeão

Schuldiner

Citação de: J. Tatum em 19 de Dezembro de 2019, 17:21
Citação de: Trezeguet em 19 de Dezembro de 2019, 10:26

MF – Esse golo ao Barcelona foi o mais importante com a camisola do Benfica?

A – Esse e o que marquei ao FC Porto numa vitória por 2-0 aqui na Luz. A rivalidade era enorme, doentia até. Para vocês verem como eram as coisas, eu marquei ao Porto e até me senti mal no relvado com a emoção.


Grande entrevista. Boa recordação.

Fui à procuração de imagens desse jogo com o Porto. De facto ele marca o primeiro golo e nota-se logo uma comoção quanto os companheiros vão festejar com ele:

https://www.youtube.com/watch?v=teoUfQUTFnw
Que equipa, o João Pinto jogava tanto.

Chelas

Ailton dava muito trabalhinho às defesas , belo pé esquerdo.

poliban

Citação de: Chelas em 19 de Dezembro de 2019, 18:07
Ailton dava muito trabalhinho às defesas , belo pé esquerdo.

E o Yuran.
Como ele diz, era muito forte e muito técnico.
Hoje os nossos avançados dessa altura valiam uns 300 milhoes ou mais.