Félix Bermudes

Avançado, (1874-07-04 - 1960-01-05),
Portugal
Equipa Principal: 1 época (1907-1908), 6 jogos (540 minutos), 1 golo

Presidente, (1874-07-04 - 1960-01-05),
Portugal

Fake Blood

Citação de: Torgeir Bryn em 30 de Abril de 2014, 08:13
Citação de: Fake Blood em 29 de Abril de 2014, 22:17
Ainda ontem fui a esse site a esse post. E entretanto, pesquisando mais um pouco li que foi ele que escreveu o argumento para o Leão da Estrela. Será?  :confused:
Em trio com Ernesto Rodrigues e João Bastos, uma das parcerias mais profícuas da dramaturgia popular portuguesa da primeira metade do século (peças, filmes, novelas, fados, etc).
Um homem dos 7 ofícios!
Um fundador sem qualquer problema em apreciar as qualidades do rival. Outros tempos!

Torgeir Bryn

Citação de: Fake Blood em 30 de Abril de 2014, 11:26
Citação de: Torgeir Bryn em 30 de Abril de 2014, 08:13
Citação de: Fake Blood em 29 de Abril de 2014, 22:17
Ainda ontem fui a esse site a esse post. E entretanto, pesquisando mais um pouco li que foi ele que escreveu o argumento para o Leão da Estrela. Será?  :confused:
Em trio com Ernesto Rodrigues e João Bastos, uma das parcerias mais profícuas da dramaturgia popular portuguesa da primeira metade do século (peças, filmes, novelas, fados, etc).
Um homem dos 7 ofícios!
Um fundador sem qualquer problema em apreciar as qualidades do rival. Outros tempos!
Totalmente. E era portuense de nascimento, logo estava em boa posição para trabalhar o tema Lisboa vs Porto.

Se alguém conhecer alguma biografia a sério de Félix Bermudes, por favor diga. Estou muito interessado. Até porque o projecto de edição em partitura e regravação do Avante, Avante p'lo Benfica está em marcha e gostava de consubstanciar esse projecto com elementos mais profundos sobre o autor da letra. Pelo menos para acalmar os espíritos mais sensíveis à conotação política da palavra Avante. Mais ou menos aquela que fez com que deixássemos de ser chamados de vermelhos para sermos os encarnados. Tudo situações às quais o SLBenfica é alheio, mas que teimam em formatar a nossa História.

Fake Blood


Teatro Avenida, que pertenceu a Félix Bermudes e Ernesto Rodrigues, na Avenida da Liberdade em 1912.

pcssousa

Félix Bermudes, à época capitão das segundas categorias de futebol do Grupo Sport Lisboa, terá sido o primeiro a competir pelo clube numa prova de atletismo, precisamente a mais antiga secção a seguir ao futebol.
A 4 de Novembro de 1906 competiu numa prova de salto em comprimento fazendo a marca de 5,09.
A 2 de Dezembro do mesmo ano, no Velódromo da Palhavã,  participou de um festival com fins beneficientes junto com o infante D. Afonso, irmão d'El Rei D. Carlos e da restante família Real. Competiu na velocidade (100 m), barreiras (300 m), resistência (1800 m) e salto em comprimento.

Já a 2 de Setembro do mesmo ano, no Festival Inaugural do Grupo Sport Lisboa, houve uma corrida pedestre pela Rua Cláudio Nunes e antigas Portas da Cidade onde parriciparam vários sócios e entusiastas.



RedVC

Um Benfiquista autor do "Leão da Estrela"

Em 1925, estreava no Teatro Politeama a peça intitulada «O leão da Estrela» da autoria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos. Esta peça original era representada pela primeira vez no Teatro Politeama pela Companhia Chaby Pinheiro.

http://memoriasdeoutrotempo.blogspot.pt/2012/08/em-1925-estreia-peca-o-leao-da-estrela.html





Bem mais tarde viria o filme. Pena é que não fosse a Águia da Estrela. Teriamos filmagens de um jogo com o glorioso.



Ficha técnica

    Produção: Fernando Fragoso / Tobis Portuguesa
    Ano: 1947
    País:  Portugal
    Idioma: português
    Realizador: Arthur Duarte
    Guião: Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos
    Fotografia: Aquilino Mendes e João Silva
    Edição: António Martins
    Música original: Jaime Mendes
    Género: Comédia
    Duração: 121'
    Estreia: 21 de novembro de 1947 (Lisboa)

RedVC

#35
Mencionado por um seu neto num Vitórias e Património em sua evocação. Aqui fica uma excelente tradução feita por Félix Bermudes do poema "If" de Rudyard Kipling:

Se...

Se podes conservar o teu bom senso e a calma
Num mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu,

Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bençãos de perdão...

Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor...

Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...
Se podes encarar com indiferença igual

O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em cada mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...
Se podes resistir à raiva e à vergonha

De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...
Se podes ver por terra as obras que fizeste,

Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio a construir de novo...
Se puderes obrigar o coração e os músculos

A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar: Avante...
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...

Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...
Se quem conta contigo encontra mais que a conta...

Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...
Então, oh ser sublime, o mundo inteiro é teu!

Já dominaste os reis, o tempo e os espaços!
Mas, ainda mais além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano,

Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um Homem!...
"

"If..." - Rudyard Kipling




Reconhece-se algum do espírito do que colocou no hino do Benfica.
Um homem de grande talento, personalidade e cultura.


pcssousa

Félix Bermudes foi, de facto, um enorme vulto deste país.
Logo em 1904 iniciou-se como futebolista do Sport Lisboa, como guarda-redes da terceira categoria. Logo se seguiu o atletismo, tendo sido o primeiro a representar o clube nesta modalidade, que é a segunda mais antiga, depois praticou ciclidmo, esgrima, ténis, natação, ténis de mesa e alpinismo. Foi aos Jogos Olímpicos de 1920 e 1924, tendo saído dos de Paris com o quarto lugar na prova dos mestres de pistola, já tinha sido na altura Presidente do Benfica.
Para se ter ideia da sua categoria como desportista, aos 50 anos foi campeão absoluto de esgrima. Em 1950, com 67 anos (!) chegou à final do Campeonato de Portugal de ténis em segundas categorias.

Isto, apenas e só desportivamente, pois foi ainda um vulto intelectual e politico em Portugal e condecorado com a Ordem de Santiago.


É ainda conhecido, claro, por ter escrito o hino oficial do Benfica: "Avante p'lo Benfica" para as comemorações do vigésimo quinto aniversário do clube e que séria banido em 1942 pelo regime Salazarista. Continha a palavra "maldita"...

RedVC


diob121

Grande Félix Bermudes!  :bow2:
Um muito obrigado!

M1904

Não sei se já foi referido por aqui, mas tem uma rua com o seu nome junto às piscinas do Clube Oriental de Lisboa, em Marvila.

https://www.google.pt/maps/@38.752042,-9.105403,3a,43.8y,314.22h,75.7t/data=!3m4!1e1!3m2!1s_2VKs8hSDAIvck2YVoqx0Q!2e0?hl=pt-PT


Universo Benfica

Félix, o Dramaturgo

Para além de grande desportista, Félix Bermudes foi também um notável homem do teatro, autor consagrado de inúmeras peças teatrais que alcançaram enorme êxito, na Lisboa dos anos 10 e 20. Em fevereiro de 1911, foi um dos autores da primeira revista verdadeiramente republicana: Agulha no Palheiro. Daí por diante, em parceria com autores como Ernesto Rodrigues e João Bastos, seguiram-se êxitos como O Conde Barão, O Amigo de Peniche, O Leão da Estrela ou João Ratão, sendo estas últimas duas adaptadas ao cinema anos mais tarde.


___________________________

Félix, o Defensor do Teatro

Félix Bermudes foi sempre um homem preocupado com os destinos do teatro e com a valorização da sua atividade profissional. Abraçou várias iniciativas que surgiram para defender e dignificar o sector, como a criação da Associação de Classe dos Trabalhadores do Teatro e a constituição da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais (atual Sociedade Portuguesa de Autores). Foi nesta última que desenvolveu um trabalho meritório de revisão das leis portuguesas sobre a propriedade intelectual, tendo representado Portugal em diversos congressos internacionais da especialidade.


águiafilosófica

Citação de: MB_caniggia em 01 de Maio de 2010, 17:19


Nome Completo: FÉLIX BERMUDES
Posição: Avançado Centro
Nacionalidade: Português
Data de Nascimento: 26-01-1898
Data de Falecimento: 05-01-1960
Número da Camisola: ?
Pé Preferido: Direito


Épocas ao serviço do Benfica: 1
Total de Jogos pelo Benfica: 6
Total de Golos pelo Benfica: 1
Títulos pelo Benfica:
0

1907/1908
Jogos: 6
Golos: 1

__________________________________________________________________

Cargo: Presidente
Eleito: 1º Mandato - 15-07-1916 / 07-10-1916
           2º Mandato - 18-01-1945 / 19-01-1946


A data de nascimento dele não é essa... A data que encontro é esta: 4 de julho de 1874. Em 1898 não pode ter sido porque ele é um dos que salva o Sport Lisboa quando da debandada de jogadores em 1907...

RedVC

Citação de: M1904 em 28 de Janeiro de 2015, 11:46
Não sei se já foi referido por aqui, mas tem uma rua com o seu nome junto às piscinas do Clube Oriental de Lisboa, em Marvila.

https://www.google.pt/maps/@38.752042,-9.105403,3a,43.8y,314.22h,75.7t/data=!3m4!1e1!3m2!1s_2VKs8hSDAIvck2YVoqx0Q!2e0?hl=pt-PT

Está aqui o detalhe:

https://toponimialisboa.wordpress.com/category/desporto-e-desportistas-na-toponimia-de-lisboa/

A Rua do autor de comédias e «E Pluribus Unum»
Félix Bermudes


O Domingo Ilustrado, 04.10.1925

Félix Bermudes, o autor de comédias muitas vezes em parceria com João Bastos e Ernesto Rodrigues, que foi também desportista e benfiquista criador da divisa E Pluribus Unum, dá o seu nome a uma Rua de Marvila, que era o Impasse 4 à Rua Doutor José do Espírito Santo, desde a publicação do Edital de 31 de agosto de 1993.

Félix Bermudes (Porto/04.07.1874- 05.01.1960/Lisboa) destacou-se como escritor teatral de mérito, somando 105 peças, sobretudo em comédias como o Leão da Estrela, operetas e revistas, muitas vezes em parceria com Ernesto Rodrigues e João Bastos de tal forma que a imprensa os cognominou «Parceria», como aconteceu no caso das comédias O Conde Barão, O Amigo de Peniche, A Bicha de Rabiar, Arroz Doce, ou O Quadro das Lendas estreada no Teatro Apolo em 1914 ou, só com Ernesto Rodrigues, a revista Cocorocócó que em 1912 foi exibida no Teatro Avenida. Em 1933 escreveu o texto da opereta O Timpanas com música de Frederico de Freitas.

É também seu e de Ernesto Rodrigues e João Bastos o guião do filme O Leão da Estrela (1947), realizado por Arthur Duarte, bem como de João Ratão (1940), ambos escritos primeiro como comédias. Foi também um 12 fundadores da Editora Cinematográfica que em 1934 lançou a revista Cine.

Félix Bermudes foi ainda o tradutor de peças americanas e alemãs e do poema «If» de Rudyard Kipling bem como dos Versos Doirados dos Pitagóricos, para além de ter sido um dos membros fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (hoje, Sociedade Portuguesa de Autores) e,  o seu 2º presidente, de 1928 até 1960, tendo em 1958 lançado o boletim Autores.

Todavia, Félix Bermudes foi também na sua essência um desportista, tendo cultivado modalidades tão díspares como o atletismo, o ciclismo, a esgrima,  o futebol, o hipismo, o remo, o ténis, e o tiro, em que foi campeão nacional e representou o país nos Jogos Olímpicos de 1920 e 1924.

Foi também fundador do Sport Lisboa e Benfica, sócio nº5, e  em 1906, com Cosme Damião, evitou o desmoronamento do clube, contribuindo com dinheiro próprio para o efeito. Exerceu vários cargos diretivos, como vogal da Direção do Benfica a partir de 26 de fevereiro de 1909 e foi eleito Presidente deste Clube por 3 vezes: em 15 de julho de 1916,  em 18 de julho de 1930 e em 18 de janeiro de 1945 (mas não tomou posse em 1930). Nos seus mandatos, o Benfica obteve 3 vitórias consecutivas no Campeonato de Lisboa (1915/16 a 1917/18) e, em 1945, sagrou-se campeão nacional para além de ter resolvido o problema da sede da Avenida Gomes Pereira, através da compra do edifício por 700 contos, a liquidar em 15 anos. Ainda no clube da Luz foi da sua autoria a sugestão para a bem conhecida divisa E Pluribus Unum e o autor da letra do primeiro Hino do Benfica, Avante, Avante p`lo Benfica, com música de Alves Coelho, composto por ocasião do 25º aniversário do Clube (1929) , que acabou censurado pelo Estado Novo em 1942.

Félix Bermudes teve ainda um único irmão, o arquiteto Adães Bermudes, e foi pai de Cesina Adães Bermudes, ambos  incluídos também na toponímia lisboeta.


Freguesia de Marvila (Foto: Sérgio Dias)


Freguesia de Marvila

RedVC

Cesina Borges Adães Bermudes




Mulher notável. Se não estou em erro a primeira mulher a doutorar-se em Portugal. Investigadora, Introdutora do parto sem dor em Portugal. Foi convidada para trabalhar como professora assistente na Faculdade de Medicina da UL. O regime não deixou.

Mais tarde pelas suas convicções foi presa em Caxias onde escreveu um livro. Dedicou-o a Salazar agradecendo a oportunidade - tempo livre por estar presa - para poder escrever o livro. Coisa que lhe seria impossível se estivesse a trabalhar no cargo para o qual tinha mostrado competência.


Quem quiser saber mais, aqui está uma entrevista:

http://silenciosememorias.blogspot.pt/2014/01/0486-cesina-bermudes.html


RedVC