A velha Catedral - Estádio da Luz

Saïd Old Roof

O aparecimento da águia (acho que fica aqui bem, senão, depois mudem  :-X)



Fonte: "Diário de Lisboa" de 22 de Agosto de 1985.


JotaTê

A águia fica bem aqui e pelo que vejo noutros tópicos tens material de grande valor! Vê lá se não tens umas fotos para digitalizar que eu vou fazer o mesmo no Natal  :)

flavioslb


Saïd Old Roof

Citação de: JotaTê em 22 de Dezembro de 2011, 21:52
Vê lá se não tens umas fotos para digitalizar que eu vou fazer o mesmo no Natal  :)
Isso não tenho, infelizmente  :tomates:

luis.live

Citação de: flavioslb em 23 de Dezembro de 2011, 02:02


fdx, as miticas rampas para entrar no 3 anel!!!!

muitas vezes passei eu ali.


flavioslb

#127
mais alguma fotos  :bow2: :slb2:




















diableimage


goscinny13


Elvis the Pelvis

Fotos fenomenais do antigo INFERNO DA LUZ!  :smitten:

Há aí uma em que aparece o Yuran no ecrã gigante, portanto presumo que sejam do início dos anos 90.

RicKurt


pcssousa

#132
Um pouco de história:

Foi no ano longínquo de 1953, em meados de Junho, que uma romaria de multidão assinalou o início da concretização de um sonho. No dia 15 daquele mês longínquo deitou-se a primeira pedra daquele que viria a ser o estádio do Benfica.
Volvido apenas um ano, a catedral da Luz foi inaugurada. Estava-se no primeiro dia do mês do Natal, e o então estádio de Carnide foi um projecto pessoal do presidente do clube na altura, Joaquim Ferreira Bogalho.

Abre-se um parêntesis para falar um pouco de Ferreira Bogalho:
Com apenas 15 anos, Joaquim Bogalho trocou o ambiente rural de uma aldeia perto de Benedita pela grande cidade. Chegado à capital do império decorria o ano de 1914, tornou-se de imediato sócio do Benfica e começou a jogar como guarda-redes. Mas o talento dentro dos relvados não foi proporcional às capacidades que mais tarde, revelou como dirigente. Como jogador não passou das categorias inferiores, mas acabou por assumir a liderança do clube, tornando-se um símbolo para os sócios do Benfica.
Nos primórdios do desporto-rei, em que o jogo da bola se fazia bem longe das movimentações televisivas, duas paixões moviam Joaquim Bogalho: o ciclismo e o futebol.
Começou por ser tesoureiro no Benfica e desses tempos, é recordado como um homem demasiado agarrado ao dinheiro, como a função aliás, o exige. Mas já durante a sua ascensão à presidência do clube, as memórias associam-no a um "mãos largas".
Nessa altura era apelidado de Joaquim da Calçada. A persistência e a teimosia eram os atributos que melhor o caracterizavam. Agia por vezes, com um tal fervor e devoção que as suas atitudes eram classificadas por muitos, como despóticas.
Ferreira Bogalho marcou os primeiros passos a caminho da profissionalização do futebol no Benfica.
Foi o principal responsável por aquela que seria a contratação mais cara da época, a transferência de Fernando Caiado do Boavista para Lisboa por 200 contos. Uma decisão pela qual foi muito criticado, à imagem do que aconteceu quando resolveu pagar 12 contos por mês a Otto Glória, para que ele revolucionasse o futebol dos encarnados.
Foi um presidente com mão de ferro, que conseguiu endireitar as finanças do Benfica e traçar um novo rumo ao clube. E foi por via do seu sonho que a 15 de Junho de 1953, foi deitada a semente à terra que originaria, após um ano de gestação, a catedral da Luz.

O primeiro dia de Dezembro de 1954 foi marcado pela inauguração do Estádio
de Carnide, agora Estádio do Sport Lisboa e Benfica mas para sempre conhecido como Estádio da Luz, por ter sido construído nos terrenos da Luz.
Um acto simbólico que contou até com a benção de Salazar que apesar de não ter agraciado, obviamente, o Benfica com a sua presença, enviou uma mensagem de felicitações. Lá viriam os tempos em que o regime se pretenderia colar ao clube, mas ainda faltavam uns anitos...
Ao contrário do que manda o protocolo, a fita do estádio não foi cortada pelo presidente da Assembleia Geral encarnada. Ribeiro dos Reis cedeu a honra a Bogalho, num acto
de reconhecimento ao grande persecutor do sonho.
No ano em que o clube cumpria 50 anos de existência, as aspirações de Bogalho
concretizavam-se. O então presidente do Benfica fez um discurso marejado pelas lágrimas:

"Aqui instalámos, enfim, o nosso lar, aqui queremos viver para todo o sempre, porque o Benfica será eterno."

Assim foi, marcado pela emoção, o acto de inauguração do Estádio de Carnide, que conhecemos como da Luz, e que só não se chamou Bogalho porque o próprio não quis.

Já nos idos anos 50 as finanças do clube não passavam por bons momentos, e o clube via-se obrigado a andar literalmente, com a casa às costas. Desde as Salésias para a Feiteira, depois para Sete Rios e, por fim, de novo para Benfica. O Campo Grande foi o último reduto da águia, antes da mudança definitiva para a Luz.
E para pagar esse sonho, Joaquim Boagalho lançou o repto aos benfiquistas.
Assim, o ano de 1953 ficou marcado pela solidariedade do clubismo. A sede da Rua do Jardim do Regedor era então, diariamente invadida por pessoas de todos os estratos sociais, que, dentro das posses e da imaginação de cada qual, leiloavam os objectos mais impensáveis. As receitas da venda revertiam directamente para o estádio.
O próprio presidente do clube contribuiu para a colecta popular. Para um desses leilões, Ferreira Bogalho ofereceu uma gaiola com dois periquitos que foi arrematada por 300 escudos. A gaiola foi leiloada mais duas vezes, rendendo no total 900 escudos.
E acredite-se ou não, estas "migalhas" de solidariedade renderam ao Benfica dezenas de contos. Dinheiro sem o qual o clube não poderia construir um estádio próprio, para deixar de depender da "caridade" alheia.
A edificação do Estádio foi uma obra colectiva por excelência e um verdadeiro hino às virtudes da solidariedade e da entreajuda. Sob a direcção do então presidente Joaquim Ferreira Bogalho, e a par do incansável trabalho de uma comissão onde se integravam figuras como Agostinho Paula, António Costa e Sousa, António Adão, António Campos Vieira, Augusto Rodrigues, Carlos de Almeida, Francisco Retorta, Dr. João Ferreira da Costa, José Ricardo Domingues Júnior, Justino Pinheiro Machado, Manuel de Almeida Oliveira e Dr. Manuel Paulino Gomes Júnior, raros foram os sócios e simpatizantes que se furtaram de dar o seu apoio, em géneros ou em horas de trabalho, à mais empolgante iniciativa alguma vez lançada pelo clube.
"Pude avaliar a grandeza dessa epopeia gigantesca da grande família que quer construir o seu lar. Vi como o operário modesto se esquecia das suas próprias necessidades para ir largar o seu óbolo com a alma a transbordar de ternura. Encontrei-me muitas vezes com a pele tensa a ouvir o grito Ben-fi-ca! Ben-fi-ca! Ben-fi-ca!" escreveu, a propósito, o jornalista Vítor Santos no jornal do clube.

A partida de inauguração do estádio do Benfica opôs o clube da casa ao FC Porto. As águias foram derrotadas por 3-1. Uma espécie de vingança azul e branca, já que na inauguração das Antas, os encarnados tinham vencido o Porto por 8-2.
Ainda integrado nas comemorações de inauguração do Estádio, o Benfica receberia e bateria por 2-0 o Real Madrid de Di Stéfano.
Desse jogo fica também, para a história o primeiro golo dos portistas apontado na Luz. O marcador foi o defesa encarnado Jacinto, que aos 5 minutos afundou a bola nas malhas da própria baliza.
E nos anais históricos do tempo fica ainda, a maior receita arrecadada até à altura num
evento desportivo, cerca de 1300 contos.
Mais tarde, veio a iluminação do Estádio e depois o famoso terceiro anel. Uma
nova bancada que ilustra o carisma da Catedral do Benfica, e que transformou a
Luz no maior estádio europeu, com capacidade para 120 mil espectadores.
Um estádio que acolheu algumas derrotas, muitas vitórias, muitas delas históricas.

O local da sua construção:




A primeira pedra lançada por Ferreira Bogalho:




Obras de construção:




Os Benfiquistas ajudaram, construiram-no com as próprias mãos:




Era assim aquando da inauguração:












A águia, símbolo imortal:




No dia da Inauguração:






Desfile dos atletas aquando da inauguração e medalha que lhes foi entregue







Inauguração da iluminação da Luz, em 1958:




O 3º anel:














Obras de fecho do 3º anel:






O fecho do 3º anel:




Numa das, senão na maior das suas enchentes:



Colocação da estátua de Eusébio, em 1992:

   

Mudança da Sala de Troféus para o estádio:



Colocação de cadeiras em todo o estádio, em 1998:








A fachada, em todo o seu esplendor:



A despedida...






O Fim de um dos amores da minha vida... a tristeza a invadir-me a alma... e o nascimento do futuro.






Maqueta do que seria o estádio remodelado:




Espero que gostem desta viagem no tempo...



Vitor84

 :bow2:
Um verdadeiro monumento.

E como todos os monumentos, nunca deveria ter sido demolido.

pcssousa

Uma semana depois da inauguração, portanto a 8 de Dezembro de 1954, recebemos e batemos o Real Madrid de Di Stéfano e do presidente Santiago Bernabéu, por 2-0: