O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) acusou nesta terça-feira a Olivedesportos de manter reféns os clubes e de os coagir para terem "determinados comportamentos", considerando ser já "um caso de polícia".
"Há uma força que coage, faz ameaças. Os clubes estão a ser coagidos para terem determinados comportamentos. Isto está a tornar-se um caso de polícia", disse Mário Figueiredo em entrevista à SIC Notícias.
O presidente da Liga de clubes culpou a Olivedesportos pelo movimento das equipas para destituí-lo, garantindo que os clubes estão reféns de uma força instalada que manda no futebol português há 30 anos e que apenas o Benfica se conseguiu libertar desta.
"O pecado capital esteve logo na minha eleição. Ganhei eleições contra o sistema, com um programa que colidia com os interesses instalados no futebol português", sustentou, lembrando que, aquando da sua eleição, "os clubes demonstraram que estavam fartos da exploração dos direitos televisivos da Olivedesportos".
De acordo com Mário Figueiredo, que garantiu que vai cumprir até ao fim o mandato para o qual foi eleito, o seu programa eleitoral era "muito simples" e consistia em "dominar o abuso de posição dominante" da empresa que geria os direitos televisivos.
"Os 28 clubes que decidiram apresentar a queixa sofrem ameaças constantes, o que é um caso de polícia", reforçou, revelando que as equipas estão a sofrer agora as consequências da decisão de elegê-lo, uma eleição que foi, na sua opinião, a única verdadeiramente livre.
Para o responsável, o movimento dos clubes prende-se com a necessidade de colocar na LPFP alguém que controle os prejuízos que a Olivedesportos vai ter se a Autoridade da Concorrência decidir favoravelmente à Liga quanto à queixa relativa ao abuso de posição dominante da empresa gerida por Joaquim Oliveira.
"Os presidentes dos clubes mudaram, os presidentes da Federação mudaram, os presidentes da Liga mudaram, mas houve uma pessoa que se manteve durante 30 anos", realçou, assegurando que os presidentes que o antecederam "foram todos indicados pela Olivedesportos".
Mário Figueiredo disse ainda que não conseguiu concretizar o seu programa eleitoral, centrado em dois pontos centrais -- "o alargamento do próprio campeonato -- tirar dois clubes do crematório que é a II Liga - e centralizar na Liga a negociação dos direitos televisivos" -, porque "isso demora tempo".
"Faz dois anos e três meses que estou na Liga e as coisas não mudam de um dia para o outro", argumentou, lembrando que, pelas contas feitas pela sua direcção, os clubes andavam a perder 50 a 60 milhões de euros devido ao abuso de posição dominante da Olivedesportos.
O presidente da LPFP garantiu que a entidade que preside tem as contas em dia, apesar da quebra de contrato de 2,5 milhões de euros com a Olivedesportos relativa à Taça da Liga e ao não cumprimento do patrocínio prometido pela Santa Casa da Misericórdia.
Segundo Mário Figueiredo, a Santa Casa ameaçou a LPFP de que só cumpriria o acordo verbal caso a Liga fizesse as pazes com a Federação Portuguesa de Futebol.
"Temos dinheiro até ao final da época. Todos os valores que deviam ter sido pagos até esta altura foram pagos, valores relativos à primeira e segunda fase da taça da Liga", concluiu, indicando que teve de renegociar os contratos existentes para poder distribuir verbas pelos clubes, com o intuito de "não deixar cair os clubes da II Liga".