Em Agosto de 1979, Jorge Gomes quebrou uma longa tradição do Benfica, ao tornar-se o primeiro jogador estrangeiro a defender o emblema das águias em jogos oficiais.
A permissão para contratar estrangeiros tinha sido conferida pelos sócios encarnados, cerca de um ano antes, na famosa "assembleia-geral da revolução", na qual era José Ferreira Queimado o presidente do clube da Luz.
Jorge Gomes, brasileiro que por essa altura brilhava no Boavista – onde fora treinado por Mário Wilson e Jimmy Hagan – tornou-se um alvo apetecível mas, à semelhança do que se passara anos antes com Eusébio – português, nascido em Moçambique – também Jorge Gomes se viu envolvido num "desvio" de última hora. De Alvalade para a Luz
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Em entrevista a Bola Branca, o avançado recorda que tinha tudo acertado com o então presidente leonino, João Rocha, para ser jogador do Sporting e que foi com estranheza que, à chegada ao Aeroporto de Lisboa, deu de caras com o director para o futebol do Benfica, Gaspar Ramos.
"Eu não era para ir para o Benfica mas sim para o Sporting. Houve um problema qualquer no aeroporto e em vez de encontrar o então presidente do Sporting, João Rocha, quando chego ao aerporto encontro o Gaspar Ramos que era o director do futebol do Benfica. Fiquei sem entender nada. Eu estava com o Valentim Loureiro e não percebi nada. O acordo era para assinar com o Sporting e estava ali o Gaspar Ramos. Até hoje, para ser sincero, não sei o que se passou ali, porque o João Rocha esteve comigo no Porto, ficámos de nos encontrar no aeroporto, porque eu ia uns dias de férias ao Brasil. Não sei o que se passou. Só sei é que quando a ficha caiu mesmo é que eu dei por ela", conta.
Jorge Gomes viria a cumprir três épocas no Benfica, entre 1979 e 1982. Com a camisola encarnada, conquistou um campeonato e duas Taças de Portugal, antes de rumar ao Sporting de Braga, depois de ter discutido, durante um treino, com o técnico sueco Sven-Goran Erickson. O antigo avançado brasileiro jogou até aos 48 anos de idade. Tem agora 60 anos e optou por uma vida pacata, nos arredores de Braga.