Vale e Azevedo: «Direcção do Benfica tem enganado tribunais e PJ»

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VALE e Azevedo, ex-presidente do Benfica, acusou ontem a actual Direcção encarnada, presidida por Manuel Vilarinho, de ser a principal responsável por estar detido preventivamente na Polícia Judiciária. O antigo dirigente benfiquista é acusado de ter cometido os crimes de peculato e branqueamento de capitais quando esteve à frente do clube da Luz, entre 1997 e 2000. “A Direcção do Benfica tem enganado quer o Ministério Público (MP), quer a Polícia Judiciária (PJ). Quando é a Direcção do Benfica que vem dizer ao tribunal, ao MP e à Procuradoria, por exemplo, que o senhor Jupp Heynckes [ex-treinador encarnado, contratado por Vale e Azevedo] era funcionário da Vale e Azevedo Associados [escritório de advocacia do antigo presidente benfiquista], que jogadores como Poborsky e Kandaurov eram meus empregados e que, por isso, os salários que paguei aos futebolistas e aos treinadores, como o Toni, eram da responsabilidade da Vale e Azevedo e Associados e não do Benfica, quando estamos perante estas situações, acho que vale tudo e tem valido tudo em relação a mim. Os grandes culpados, por isso, são os actuais dirigentes do Benfica, que tudo têm feito para que eu esteja nesta situação. Eles, infelizmente, têm enganado, quer os tribunais, quer a PJ”, culpou Vale e Azevedo, pouco antes de participar na segunda audiência do processo-crime que moveu ao empresário Manuel Barbosa. O ex-presidente encarnado disse ainda não compreender a diferença de tratamento que está a ter em relação a outros casos judiciais igualmente mediáticos. “Devo dizer que me espanta como é que tenho de estar preso quando vejo pessoas que são acusadas de crimes muito mais graves e não são presas, designadamente os casos da UGT e do presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, já para não falar nas últimas situações que têm vindo a lume. Não entendo.” Como em outras ocasiões, Vale e Azevedo voltou a reclamar a sua inocência em todo o processo e repetiu igualmente que é o Benfica que lhe deve dinheiro. “Tenho sido perseguido, humilhado, enxovalhado e destruído. Não sei o que querem mais, se a minha cabeça ou a da minha família. Tenho sido pressionado para que a verdade não venha ao de cima. E a verdade é que estou preso há 11 meses e não há pior prisão do que quando uma pessoa está presa injustamente. Toda a gente sabe que eu não cometi os crimes dos quais sou acusado. Toda a gente do Benfica sabe que o clube me deve muito dinheiro e todos sabem que é só uma questão de tempo até isto ser provado. Mas deixem os tribunais provarem.” A Direcção encarnada, que esteve reunida ontem à noite, optou por não reagir às acusações de Vale e Azevedo. Vale pede 25 mil contos A sentença do processo-crime movido por Vale e Azevedo contra o empresário Manuel Barbosa será anunciada às 14 horas do dia 7 de Dezembro. Na acção, cuja segunda audiência decorreu ontem à tarde no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa. o ex-presidente encarnado reclama uma indemnização de 25 mil contos por danos morais e patrimoniais. A presença de Manuel Barbosa foi a nota de destaque na sessão de ontem, que se prolongou por cerca de três horas. O empresário, no depoimento ao colectivo de juízes presidido por Pedro Mourão, afirmou que “não retirava uma vírgula” às suas afirmações originais. “Só errei quando o chamei de estúpido. Ele só foi, talvez, porque continuou a usar os mesmos métodos”, acrescentou. Manuel Barbosa não quis se pronunciar sobre as acusações que pendem sobre Vale e Azevedo.