Fonte
www.record.pt
"ROGER – É um artista e é um deslumbre ver a forma como Roger trata a bola. Sacrificado para servir os interesses da equipa, o brasileiro não consegue disfarçar alguma ânsia, especialmente quando surge a oportunidade para marcar um livre ao seu jeito. Qual menino, passa pela bola, olha e segue cabisbaixo, o que não o impede de encarar o jogo com uma atitude louvável. O cruzamento para o golo de Argel, sobre o intervalo, é apenas um exemplo de um reportório que, a não ser por qualquer razão estranha, pode conduzir Roger a um plano exibicional de destaque.
Um Benfica arrojado, pleno de coragem, ganhou confiança com um golo madrugador e, quando ninguém contava, Moreira equivocou-se num livre marcado por Luís Figo. Mesmo assim, apesar de alguma dificuldade, até porque do outro lado estava o todo-poderoso Real Madrid, a águia continuou a voar, acabando por fraquejar, apenas, já perto do final. São, por agora, sinais positivos para encarar a SuperLiga que está aí à porta
MOREIRA – Não podia sofrer um golo como aquele que Figo marcou, de livre, logo aos 11 minutos. Mal colocado entre os postes, foi batido por um chapéu do português quando esperava o pontapé de Roberto Carlos. Aos 22 minutos, andou claramente aos papéis num lance protagonizado por Zidane e, exceptuando uma boa intervenção, a remate de Figo, revelou-se pouco seguro, especialmente a sair dos postes.
ARMANDO – Impetuoso, com frequentes acelerações, Armando poderia ser um lateral moderno não fosse dar-se o caso de precisar de rever, com urgência, a forma como cruza para a área.
ARGEL – É um dos jogadores do Benfica em melhor momento de forma e, por via disso, o seu ego não pára de crescer. Soberano a defender, colocou a sua equipa a vencer perto do intervalo e quando já se anunciava a sua substituição por Ricardo Rocha.
JOÃO MANUEL PINTO– Não teve uma actuação personalizada. No seu estilo prático, ainda que pouco vistoso, ganhou e perdeu lances. Em termos de visibilidade, porém, ficará gravado na memória dos espectadores a forma como saltou no lance que deu origem ao terceiro golo. Um salto no vazio muito bem aproveitado por Portillo.
CABRAL – Ter Figo pela frente é um pesadelo capaz de provocar até insónias. Cabral sentiu essa realidade e só muito esporadicamente é que se aventurou no apoio ao ataque. A despeito de todos os receios, esteve ligado a um dos melhores momentos do Benfica, aos 37 minutos, cruzando para remate de Zahovic ao poste.
TIAGO – Ainda está à procura de melhores dias e da confiança que lhe permite encarar o jogo como se fosse um veterano.
PETIT – É um guerreiro, um líder por natureza. Se sente a equipa a naufragar, se vê os companheiros distantes do espírito que defende, Petit grita, gesticula, acorda quem o rodeia. Assim foi durante grande parte do primeiro tempo, sendo obrigado, não raras vezes, a cometer faltas desnecessárias em condições normais. Como não pode actuar frente ao Marítimo, no próximo sábado, por estar a cumprir castigo, foi substituído ao intervalo por Ednilson.
SIMÃO – Encostado à direita no início, foi na esquerda, à passagem da meia hora, que assinou um dos melhores lances do jogo, quando se libertou de dois adversários antes de desmarcar, de forma inteligente, Cabral. De resto, alguma velocidade mas nem sempre consentânea com a qualidade do passe.
ZAHOVIC– Aos 14 minutos, com um bocadinho de sorte, já podia ter marcado por duas vezes. Mas se o primeiro remate, aos cinco minutos, recebeu a ajuda providencial de Helguera, traindo Casillas, o segundo saiu ligeiramente ao lado. Não satisfeito, ainda atirou ao poste, perto do intervalo, altura em que deu o lugar a Mantorras.
NUNO GOMES – É de golos que se fala quando o tema é Nuno Gomes. Mas ontem, por estranho que pareça, não foi nesse capítulo que o ponta-de-lança se destacou. Foi no passe – e quase sempre de primeira – que exerceu maior influência, tanta ou tão pouca que, depois de ganhar a bola a Helguera, serviu Zahovic para o primeiro golo.
EDNILSON – Alguma dificuldade para se impor e uma tentativa de remate.
MANTORRAS – Falta-lhe confiança e não encontra soluções para inverter a tendência.
RICARDO ROCHA – Seguro, a mostrar que pode ser alternativa.
FEHÉR – Duas oportunidades de golo desperdiçadas, ambas a passe de Drulovic.
DRULOVIC – Breves minutos mas pincelados com talento."