Este Benfica promete

O plantel tem qualidade, continuidade, estabilidade... mas os resultados ditam quase tudo no futebol. Os benfiquistas têm tido ao longo das últimas oito épocas razões para acreditar no início das temporadas e desiludir-se nos finais, mas bem se pode referir que a frase "este ano é que é" volta a ganhar adeptos para os lados da Luz. Obviamente que a procissão ainda vai no adro e vários são os adversários que demonstram qualidade suficiente para chegar ao título, mas parece desde já que este Benfica promete, pelo menos, aquilo que nos últimos anos não tem conseguido: lutar pelo título até ao fim, senão mesmo vencê-lo. Recebendo o Marítimo na Luz e deslocando-se a Aveiro, o Benfica tinha logo a abrir dois jogos complicados. O ano passado o clube da Luz não conseguiu vencer os madeirenses nos quatro jogos que efectuou (dois para o campeonato, outros tantos para a Taça de Portugal) e baqueou em Aveiro com um empate a três bolas, tendo perdido no Mário Duarte a liderança da prova - que não mais viria a recuperar. Apesar de uma pré-temporada que levou ao rubro os adeptos do clube da Luz em termos de contratações, os resultados menos conseguidos pareciam querer indiciar que a equipa liderada por Jesualdo Ferreira teria dificuldades para, na SuperLiga, conseguir traduzir em resultados os seus valorosos recursos humanos. No entanto, ao bater os claramente os insulares por 3-0 no jogo estreia e arrancar um precioso, suado e merecido triunfo em Aveiro por 2-0, o Benfica conseguiu iniciar o campeonato em grande estilo e agarrar a liderança da tabela classificativa. O brilhantismo foi ainda apenas alcançado a espaços e existem muitas arestas a limar, mas este Benfica tem vários aspectos positivos demonstrados nestas duas primeiras jornadas: - Duas vitórias diante de adversários complicados; - A total recuperação de Simão que é já a alma da equipa; - Excelente trabalho defensivo que garante, até ver, zero golos sofridos; - A confiança que o jovem Moreira ganha após 180 minutos sem ser batido; - A boa resposta de quase todos os elementos chamados ao "onze"; - A utilização de sete portugueses na equipa inicial; - A humildade com que "estrelas" como Roger ou Drulovic têm aceite as substituições e a ida para o banco de suplentes; - A acrescentar a um grupo forte estarão para breve as inclusões de mais quatro "reforços" - Miguel, Mantorras, Hélder e Sokota. Desta forma, Jesualdo Ferreira parece estar a ganhar uma equipa à qual já tinha dado uma base e que aceitou de forma natural os novos elementos. Aliás, os reforços Petit, Nuno Gomes, Ricardo Rocha e Féher estão mesmo a demonstrar serem mais valias num plantel equilibrado, o que já não acontecia há alguns anos. Assim, e após uma paragem de campeonato que fará deslocar 11 jogadores benfiquistas (possivelmente dez pois Mantorras está lesionado) para as suas respectivas selecções, a viagem a Braga (para o jogo com o Moreirense) fará certamente encher o 1º de Maio, simbolizando a enorme euforia da avalanche benfiquista que corre o país e fazendo crer que o grémio da Luz pode apresentar o seu melhor futebol diante de uma das menos ambiciosas equipas da SuperLiga. Mas, o reverso da medalha também poderá acontecer... E quando um mau resultado vier, resta saber de que forma reagirá o clube.