Fonte
www.slbenfica.pt
«Ser campeão pelo Benfica»
Por: Luis Lapão
Imagem: António Azevedo
É uma frase feita. Legítima, porém, na boca de um jogador experiente, ao serviço de um Clube que «num futuro próximo vai voltar a ser figura na Liga dos Campeões»: assim o prediz o nosso "Za", ciente ainda de que só o êxito no Benfica o poderá tornar «um atleta completamente realizado no futebol português».
Aos 31 anos, Zahovic cumpre a sua segunda época ao serviço do Benfica e a oitava em Portugal. Foi com a serenidade que lhe é peculiar que nos falou do prazer em jogar num Benfica forte; da importância de vencer, mesmo jogando mal; da experiência que teve fora do nosso país e, até, da mudança súbita de visual. É a segunda de uma série de entrevistas exclusivas que, às quartas-feiras, têm lugar no nosso site.
P. Chegou ao Benfica ainda muito conotado com o rival das Antas. Ao fim de um ano, como se sente de águia o peito?
R. Nunca escondi que passei bons tempos nas Antas, onde o êxito me acompanhou. Por essa razão é natural que, ao chegar ao Benfica, as pessoas me tivessem visto ainda um pouco de azul e branco. Mas, neste momento, já levo um ano de Benfica e estou muito satisfeito. Vejo no Benfica um clube onde posso fazer aquilo que fiz no Porto. Sinto-me feliz aqui.
P. Vários problemas físicos impediram-no de se impor, como era esperado, na época transacta. Que Zahovic temos para esta temporada?
R. Os problemas físicos acontecem a qualquer jogador. Infelizmente, alguns azares têm-me perseguido no Benfica, mas penso que os tenho ultrapassado com profissionalismo. Presentemente, sinto-me bem e o facto de o Benfica estar no bom caminho para ser campeão dá-me ânimo para acreditar que poderei dar o melhor contributo para oferecer ao público benfiquista aquilo que ele espera de mim e dos meus companheiros.
P. Questionado por nós, na passada semana, sobre a questão tantas vezes abordada pela comunicação social acerca da incompatibilidade Zahovic/Roger, este último mitigou o "problema", relevando a posição do treinador e os interesses do grupo. A sua opinião sobre este assunto...
R. É uma questão que não me oferece preocupações. Considero o futebol uma actividade de grande exigência. É ao treinador que cabe o papel de interferir no comando da equipa e, por isso, a opinião pública tem um valor secundário. Interessa-me apenas o que o treinador pensa e decide, porque é ele que nos acompanha todos os dias. O que corre nos "media" não me interessa, nem ao grupo de trabalho. O que interessa é o nosso objectivo: fazer do Benfica o campeão.
P. Assumir o papel de estratega da equipa não é tarefa fácil...
R. Não é tarefa fácil, mas é algo que eu já faço desde o início da minha carreira. Não é novidade para mim e, por isso, sinto-me à vontade nesse papel. É um prazer!
P. Cumpre, actualmente, a sua 8ª temporada no futebol português. Quase duas centenas de jogos no Campeonato Nacional; à beira de somar 50 golos: considera-se um atleta de referência?
R. Acho que os números falam por si. No futebol português ganhei tudo o que havia para ganhar. Mas falta-me ainda uma coisa muito importante na minha vida: ser campeão pelo Benfica. Só depois disso me poderei considerar um atleta completamente realizado no futebol português.
P. Cem por cento vitorioso e líder isolado da classificação: este Benfica promete?
R. Naturalmente que sim. Desde que começou a pré-temporada, tanto o grupo de trabalho como os próprios dirigentes acreditaram que este iria ser um Benfica diferente. Todos confiamos naquilo que fazemos e os resultados estão à vista. No entanto, como grande clube que é, o Benfica gera uma pressão enorme, quase estúpida, por vezes. Cabe-nos a nós, jogadores e técnicos, saber lidar da melhor forma com essa pressão, um fenómeno que nesta casa adquire maior dimensão do que em qualquer outro lado.
P. O Benfica que se exibiu em Braga, frente ao Moreirense, causou alguma apreensão entre os adeptos. Não se assistiu a um triunfo convincente...
R. Ao longo da minha carreira em Portugal já tomei parte em muitos jogos vitoriosos cujo nível exibicional esteve abaixo daquele a que se assistiu em Braga. Não se pode questionar uma vitória. É possível até que a equipa venha a fazer jogos semelhantes ao longo de uma prova que é tão longa. Mas isso é normal. O que nos importa é que as vitórias se mantenham. Jogar mal e ganhar é um paradoxo mas mostra, igualmente, a qualidade de uma equipa. O mais importante não é jogar bem, mas sim o sacrifício comum de, jogo a jogo, todos lutarmos pela vitória. Só assim chegaremos ao título.
P. Após duas partidas fora, o Benfica regressa à Luz para defrontar o U. Leiria, equipa que, nos últimos anos, não tem facilitado. Receita para Sábado...
R. O Benfica é o favorito para este encontro e só depende de si próprio. Devido ao seu estatuto, o nosso Clube tem obrigação de ganhar. Mas o futebol português está muito competitivo e, mesmo frente a uma equipa de nível considerado inferior, é difícil somar os 3 pontos sem uma entrega total dentro de campo. Neste momento, a equipa está com um moral excelente. Só espero que a massa associativa e os adeptos encham o estádio. Na Luz, as bancadas cheias exercem uma forte pressão sobre a equipa adversária e a nossa sente todas razões para corresponder com um bom resultado.
P. Um comentário sobre os adversários mais directos.
R. Para ser honesto, devo confessar que é raro acompanhar a evolução das equipas adversárias. Sei que há que contar com os opositores mais directos, mas estou no Benfica e preocupo-me, essencialmente, em concentrar-me na minha equipa e no meu Clube, em que deposito grande confiança. Existem, seguramente, outras equipas com valor para discutirem o título. Mas não me interessa abordar as suas capacidades competitivas. Só posso dizer que o candidato mais sério é, sem dúvida, o Benfica.
P. Olympiakos e Valência: duas experiências que valeram a pena?
R. Sem dúvida. Foram duas experiências excelentes. Sobretudo o Valência, que é, para mim, um dos melhores clubes do mundo, muito bem organizado e onde qualquer jogador tem condições para se sentir bem.
P. De regresso à selecção eslovena, como vê as hipóteses de vir a actuar no nosso País em 2004?
R. Participar no Europeu 2004 é um grande desejo que tenho. Temos noção de que não vai ser fácil, porque o grupo de apuramento em que estamos inseridos conta com adversários fortes, em especial a França. Mas o futebol esloveno está no bom caminho, apresentando um trabalho de continuidade, o que não é fácil para um país e para um futebol bastante desconhecidos da cena mundial. Seria muito bom para mim poder abandonar a minha selecção apenas depois do Europeu 2004, a realizar num país que é a minha segunda pátria.
P. A caminho dos 31 anos, como perspectiva o futuro mais próximo?
R. A motivação é grande. Como já disse, quero ser campeão pelo Benfica e participar, para o ano, na Liga dos Campeões, uma prova em que já tenho muita experiência, podendo este factor ser útil à equipa. Hoje em dia, a carreira de jogador permite maior longevidade que antigamente, embora em Portugal isso não se note tanto. Enquanto em Espanha existe um mercado que compra, em Portugal há um mercado que vende. Isso reflecte-se muito num jogador com a minha idade, para o qual o mercado português se vai fechando mais prematuramente. Aqui, há muita gente interessada em vender jogadores. Em Espanha e na Itália é normal jogar-se com 36 ou 37 anos... A idade não interessa: o que interessa é o que o jogador vale dentro de campo.
P. A mudança de visual: a que se deveu?
R. Em relação ao cabelo, foi uma promessa que fiz ao meu filho. Quanto à barba, aconteceu por acaso. É provável que não seja para ficar. Vou mantê-la até que me apeteça. Se um dia acordar disposto a cortá-la, não vou hesitar.
P. Que opinião tem do público benfiquista?
R. É muito exigente. Mas estou habituado a que assim seja. Só desejo que esteja sempre do nosso lado, em todos os momentos. Estou convencido de que a equipa não o vai desiludir.
P. Uma mensagem para os nossos cibernautas.
R. O Benfica é, actualmente, um clube diferente. Está perto daquilo que sempre foi: uma organização perfeita. Num futuro próximo, vai voltar a ser figura na Liga dos Campeões e retomará o estatuto que perdeu durante algum tempo. Estejam sempre connosco e não deixem de acompanhar o dia-a-dia do Clube no nosso "site".
Bilhete de Identidade
Zlatko Zahovic
Data Nasc: 01/02/1971
Peso: 76 kg
Altura: 1,80 m
Posição: Médio ofensivo
Cor: Branco
Clube: Real Madrid
Ídolo: Maradona
Livro: vários (de história)
Filme: "O padrinho"
Música: Rock
Prato: Peixe
Carro: Mercedes
País para viver: Eslovénia
De A a Z
Amor
Benfica
Carro
Dançar
Equipa
Felicidade
Ganhar
Hotel
Inteligência
Jogo
Luka
Mamã
Natureza
Orca
Papa
Qualidade
Rio
Sara
Título
União
Vida
Xeque
Zorro