Fonte
A Bola Online
Chama-se Gondomar Sport Clube o primeiro «tomba-gigantes» da edição 2002 da Taça de Portugal em futebol. A modesta formação nortenha foi na tarde deste domingo ao estádio da Luz eliminar o Benfica, vencendo os «encarnados» por uma bola a zero.
Naturalmente que haverá motivo para se falar em escândalo posto que o Gondomar pertence ao escalão secundário do futebol português, milita numa II Divisão B onde, é óbvio, o ritmo competitivo é outro e onde não existem «estrelas» de primeira grandeza.
Claro que o Benfica era considerado favorito mas nestas «coisas da Taça» diz a tradição que muita coisa pode acontecer. E na verdade aconteceu a eliminação de uma equipa que embora venha a ter uma prestação de altos e baixos da Superliga não era suposto viesse a sucumbir ante um adversário humilde, sem dúvida mas que, durante todos os noventa minutos, bateu-se com enorme determinação e atrevimento, acabando por justificar sem rebuço esta vitória que vai ficar nos anais da história do futebol nacional.
Começou cedo a desenhar-se o sonho do Gondomar que se fez acompanhar por algumas centenas de adeptos até ao Estádio da Luz. Iam decorridos 11 minutos quando o brasileiro Cílio Sousa, um antigo avançado do Beira-Mar, jogador raçudo, poderoso fisicamente e oportuno, levava a aflição até às frias bancadas mal compostas de público. O dianteiro visitante disparou um remate potente e fez a bola voar e anichar-se por alto, junto ao ângulo superior esquerdo da baliza à guarda de Nuno Santos que rendeu Moreira na tarde deste domingo.
O Benfica, actuando com dois pontas-de-lança de raíz, como lhe competia, foi insistindo no ataque, mas todo o caudal ofensivo do futebol «encarnado» poucas oportunidades de golo proporcionou até ao intervalo.
Com o Gondomar muito bem arrumado sobre o relvado, com saliência para os dois centrais a anteciparem-se a preceito tanto a Nuno Gomes como a Fehér, e também para o controlo de jogo evidenciado pelo seu meio-campo, chegava-se ao intervalo com um resultado que não seria motivo para grande surpresa: os nortenhos mereciam o que estava a suceder sobre o molhado relvado da Luz.
Na segunda parte e já com Drulovic no lugar de Roger que, antes do intervalo, se lesionara e também com Mantorras a reforçar ainda mais o ataque, substituindo o defesa Armando, o Gondomar ia, aqui e ali, gelando os poucos adeptos do Benfica presentes neste domingo na Luz e, por duas ocasiões, novo golo esteve para acontecer na baliza dos «encarnados».
Evidentemente que o maior poderio benfiquista nunca deixou de ser evidente, os «encarnados» foram beneficiando de diversos «livres» alguns deles em situações bem perigosas para as redes nortenhas, mas a verdade é que, mesmo a perder um elemento a dez minutos do termo da parida, por expulsão de Paulinho, o Gondomar, mesmo perdendo frescura física, soube resistir até ao final, sem que fosse necessário recorrer a qualquer tipo de anti-jogo como sucede amiúde em casos similares.
O Benfica pode (e deve) queixar-se de si próprio, das suas carências, das suas limitações, por vezes apontadas pela Crítica mas que pelos vistos não têm sido levadas a sério pelos seus responsáveis.
Aguardemos qual o volume da mossa que esta prematura eliminação irá causar no rombo de um navio que naufragou numa das grandes viagens do futebol português.