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Sporting-Benfica, 0-2: Benfica vestido de gala no seu adeus a Alvalade
O Benfica despediu-se do Estádio José Alvalade, palco, durante meio século, de alguns dos mais palpitantes "derbies" de que há memória, com uma exibição prodigiosa, muitos furos acima do nível que a equipa mostrara nos treze jogos que disputara para a SuperLiga. O clássico dos clássicos do nosso futebol, imprevisível como sempre, teve ontem um vencedor claro e a maior das surpresas, feitas as contas aos 90 minutos, terá residido precisamente no desnível futebolístico entre os eternos rivais. Apesar de Bölöni e Camacho terem optado por sistemas tácticos semelhantes, de raiz 4x2x3x1, os encarnados cedo pegaram no jogo e trataram de ameaçar as redes à guarda de Nélson. A vantagem dos forasteiros começou na superioridade manifesta de Tiago e Petit no confronto directo com Paulo e Rui Bento. Aí o Benfica começou a ganhar o meio-campo. Mas também a acção de Zahovic, ontem regressado à sua condição de jogador de excepção, ao descer no terreno para pautar o jogo, representou um trunfo contra o qual os campeões nacionais não tiveram antídoto. Conquistado o meio-campo, o Benfica chegou e sobrou para o ataque do Sporting, onde só João Pinto remou contra a maré vermelha. Mário Jardel foi positivamente engolido pelo acerto da dupla Argel-Hélder, este último com a particularidade de estar de regresso a Alvalade... depois dos 3-6 de 1993-94. Também o talentoso Cristiano Ronaldo acusou demasiado o peso do "derby" e não deu contributo espacial á sua equipa, tão-pouco beneficiou da falta de rotina defensiva de Miguel.
Na frente, apesar do sub-rendimento de Mantorras e do tempo que Simão demorou a entrar em jogo, Nuno Gomes encheu o campo, jogou e fez jogar, pondo a cabeça em água a Hugo e Contreras.
Com este quadro, não surpreendeu que o Benfica cedo chegasse à vantagem. O Sporting reagiu, sem grande convicção, é certo e podia até ter empatado, num lance (25') em que Tiago salvou sobre o risco de golo. Porém, uma andorinha não faz a Primavera e até ao intervalo o Benfica não só ampliou a vantagem (Tiago, 42), como antes do segundo golo, Zahovic e Mantorras já tinham desperdiçado ocasiões claras.
A segunda parte trouxe duas alterações. No Sporting, por necessidade táctica, Niculae entrou para o ataque, Toñito passou para o meio e Paulo Bento foi sacrificado enquanto que no Benfica houve a troca de Tiago (lesionado) por Andrade. Bölöni percebeu que o adversário mantinha as operações controladas e lançou Quaresma, aos 54 minutos. Porém, o extremo pegou-se com Petit, aos 64, e ambos foram expulsos. Dez contra dez, Camacho reforçou o meio-campo (Zahovic por Andersson) e Bölöni arriscou o que faltava, trocando Rui Bento por Pedro Barbosa. De nada valeriam as tentativas do técnico romeno. O Benfica, com Simão, em grande, a apoiar Nuno Gomes, e tendo Miguel como extremo-direito, após a entrada de Armando, esteve sempre ameaçador e podia ter chegado, sem escândalo, ao 0-3. Para a história fica o resultado e a memória de uma das mais notáveis exibições do Benfica nos últimos anos. Para a SuperLiga, reforça-se a certeza de que os encarnados estão na luta pelo título.
Paulo Paraty foi demasiado rigoroso no lance entre Quaresma e Petit (um amarelo ao leão resolvia o problema) e terá deixado por marcar uma grande penalidade, por falta de Simão sobre Toñito, aos 78 minutos.