Fonte
www.ojogo.pt
Acordo celebrado com a Euroárea
Era um dos mais delicados dossiês herdado da gestão anterior. O Benfica estava contratualmente obrigado a indemnizar a empresa de construção e o prazo-limite, praticamente esgotado, mas as duas entidades chegaram ontem a um entendimento
C. A. F.
Em causa está uma indemnização de quase 18 milhões de euros, prevista no contrato assinado por Vale e Azevedo, relativo à anulação de mais-valias resultante da quebra de compromisso de venda dos terrenos da Urbanização Sul (no qual se previa a cedência dos terrenos da Quinta da Trindade do Seixal para a construção do centro de estágio). Ontem, ao fim da manhã, Manuel Vilarinho, Luís Filipe Vieira, Mário Dias e Andrade e Sousa reuniram-se com os responsáveis da Euroárea na sede desta empresa, tendo sido firmado um acordo que prevê a liquidação imediata de uma parcela substancial (cerca de um terço) do montante total da dívida. O restante (cerca de 12 milhões de euros) será assumido de forma faseada, não obstante os encargos financeiros da operação, trata-se de uma solução que alivia o clube de um encargo de curto prazo quase insuportável.
O Benfica liberta-se assim de mais um fardo deixado pela gestão de Vale e Azevedo, neste caso de um negócio que remonta a Novembro de 1999. Foi nessa altura que o antecessor de Manuel Vilarinho anunciou a construção de um centro de estágio no Seixal, ficando a saber-se posteriormente que o acordo era bem mais abrangente, e incluía a venda, à Euroárea, dos terrenos urbanizáveis no Estádio da Luz (contratos que, como é sabido, continuam sob a alçada da Justiça por alegada falsificação de Vale e Azevedo, a aguardar julgamento por forjar documentos e desviar fundos, cerca de cinco milhões, já recebidos).
Se o centro de estágio continuou a ser aspiração da direcção do clube, já o negócio da venda dos terrenos (a menos metade do preço de mercado), foi anulada. Todavia, a Euroárea estava defendida desta eventualidade no contrato que previa a indemnização. Depois de devolver os tais cinco milhões de euros, o Benfica ficou ainda obrigado a ressarcir a empresa presidida por Sérgio Rosário Dias Branco (um major-general do Exército).
A Euroárea Imobiliária, SA, registe-se, foi constituída para desenvolver um projecto de urbanização mais vasto precisamente na Quinta da Trindade. Na altura, ninguém imaginava que o processo iria ser tão conturbado mas percebeu-se que uma das finalidades da associação da empresa ao Benfica era acelerar o desbloqueamento de um conjunto de processos pendentes sobre aqueles 37 hectares de terreno no Seixal. Fê-lo com sucesso e o próprio Vale e Azevedo chegou a lançar a primeira pedra da obra (que vai ocupar 15 hectares), numa cerimónia apadrinhada por vários dirigentes de proa do desporto e da política.
Depois da primeira pedra, nem mais uma palha. Continua a tratar-se de uma obra prioritária na política de desenvolvimento desportivo do Benfica a aguardar pelo momento em que o clube consiga disponibilizar meios para a sua concretização.