Benfica-Barcelona, 0-1: A primeira derrota num campo impróprio

Fonte
www.record.pt
O Benfica perdeu o jogo, mas podia bem tê-lo empatado, não fora as deficiências evidenciadas pelos finalizadores, em particular Tomo Sokota, ansioso por mostrar ao mundo que é opção para o treinador. Em dois jogos, 169 minutos de actividade, o croata marcou diversas vezes encontro com a bola na área adversária, mas nunca lhe deu o melhor destino. Teve a sua grande oportunidade, ontem, quase sobre o intervalo, mas Enke tirou-lhe a hipótese de dar o empate ao Benfica. Se Sokota é ou não o avançado que Camacho precisa, só o próprio treinador o poderá dizer. Este Sokota, para já, bate mais na relva do que na bola. O facto é que o treinador espanhol perdeu o seu primeiro jogo desde que está em Portugal, tendo visto quebrada uma série de cinco vitórias e três empates. Este é, no entanto, um detalhe menor, para um treinador preocupado com a contratação de fisioterapeutas e que, pelos vistos, terá de "chamar à pedra" o director do campo, por causa do estado do relvado... A consequência mais grave sofreu-a o brasileiro Roger, ontem pela primeira vez a mostrar-se ao treinador em competição. Acabou com mais uma lesão e a caminho dos cuidados do médico. Embora a construção de jogo ofensivo tivesse atingido uma certa fluidez, em particular na segunda parte, quando o Benfica chegou a ter sete remates realizados contra zero do Barcelona, as dificuldades da equipa dirigida por Camacho resultaram da tentativa de conciliação de jogadores com pouco tempo de jogo (Armando, João Manuel Pinto, Geovanni e o citado Sokota) com elementos nucleares agora claramente em sub-rendimento, como Tiago e Simão Sabrosa, este, porém, com a atenuante de ter defrontado um dos defesas mais eficazes da Europa, o guedelhudo Puyol, possuidor de um tempo de desarme quase infalível. O Benfica jogou muito a dois tempos e o rendimento global foi condicionado por tentativas individuais de afirmação. O Barcelona, dirigido pelo treinador interino "Toño" de la Cruz, jogou macio, com boa circulação de bola, e mostrou estar à vontade no mando do jogo. Mais velocidade teria colocado o jogo a outro nível, mas, a viverem ainda a ressaca do despedimento conturbado de Van Gaal, os jogadores fizeram os serviços mínimos. Trinta minutos durou o domínio catalão, período durante o qual Mendieta colocou muitas dificuldades ao lateral Armando – que dificilmente terá passado no teste que Camacho decidiu fazer-lhe. Ao contrário de Cristiano, ontem inspirado nos cruzamentos que proporcionaram algumas situações de finalização, em particular a Sokota. Durante perto de dois terços do jogo, o Benfica teve a iniciativa, apesar das trocas directas efectuadas, sem consequências tácticas. Mas o melhor que conseguiu acabou por ser um remate de Geovanni ao poste, na sequência de um cruzamento de Drulovic. À história passa a vitória do Barcelona, a oitava num total de 17 jogos entre as duas equipas, e a primeira conseguida em Lisboa desde o distante ano de 1932. Esta é, contudo, uma realidade menor, quando comparada com aquela que mais dói a um clube historicamente habituado a viver entre os ricos: estar afastado das Eurotaças.