5 de janeiro de 2014 é uma data eternizada na memória dos Benfiquistas, mas não só. Foi o dia em que Eusébio, figura maior do Benfica e também símbolo de Portugal, faleceu devido a uma paragem cardiorrespiratória, já no hospital, deixando o mundo do futebol mais pobre, aos 71 anos.
Nascido a 25 de janeiro de 1942, em Lourenço Marques, atual Maputo, Eusébio chegou ao Benfica em 1960, com 18 anos, onde permaneceu até 1975. Durante o período que esteve no Clube foi 10 vezes Campeão Nacional, tendo apontado 638 golos em 614 jogos pelo Benfica. Foi também, por exemplo, Campeão Europeu.
No dia em que o mundo chorou a sua morte, muitos benfiquistas deslocaram-se à Luz para homenagear aquele que é, para muitos, o melhor futebolista português de todos os tempos. A estátua de Eusébio foi local de peregrinação e, para preservar cachecóis, cartazes e camisolas que muitos acabaram por lá depositar, o presidente Luís Filipe Vieira ordenou mesmo a construção de um mausoléu.
Desde 5 de janeiro de 2014, multiplicaram-se as homenagens, entre filmes, documentários e peças de teatro. Em 2015, o primeiro aniversário da morte do Pantera Negra coincidiu com a inauguração da Avenida Eusébio da Silva Ferreira. A 3 de julho de 2015, o corpo do antigo avançado foi trasladado para o Panteão Nacional.
15 TEMPORADAS DE ÁGUIA AO PEITO
O jovem futebolista integrou um plantel de enorme valia, Bicampeão Nacional e Campeão Europeu, sublimando a capacidade das equipas formadas pelo treinador, Béla Guttman, para uma qualidade ímpar em Portugal, sucedendo ao Real Madrid CF com o futebol mais competitivo, garboso e dominador no Velho Continente.
Depois de na primeira época jogar na última jornada já com o Benfica Campeão Nacional, nas 14 temporadas completas - 1961/62 a 1974/75 - que jogou com o Manto Sagrado o Benfica conquistou dez títulos de Campeão Nacional, com um ciclo de três Tricampeonatos, cinco Taças de Portugal, cinco Taças de Honra de Lisboa e a glória suprema de integrar o grupo de jogadores que, sagrando-se Campeão Europeu, fizeram do Glorioso Bicampeão na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Marcou o Futebol mundial durante os anos 60. Goleador implacável, marcava de toda a forma e feitio. Com a bola era imprevisível, podia assistir para outros marcarem, chutar, de qualquer zona do campo, a 20 metros da baliza ou fintar e driblar até próximo do guarda-redes adversário. Com respeito, profundo, por adversários, árbitros e adeptos.
Um dos melhores de toda a história bicentenária do Futebol mundial. Eusébio foi e é único. E o Benfica o seu Clube de sempre.
MELHOR MARCADOR NA TAÇA DOS CLUBES CAMPEÕES EUROPEUS
No período em que jogou com o Manto Sagrado Eusébio foi o melhor marcador na Taça dos Clubes Campeões Europeus, nessas 14 temporadas, com onze presenças na competição mais importante da UEFA. Em três edições – 1964/65, 1965/66 e 1967/68 – foi também o melhor marcador da competição, respetivamente, com nove, sete e seis golos. Quando marcou o último golo, o 46.º ficou em 2.º lugar na lista dos melhores marcadores de sempre da competição (em 1973/74), a três tentos de igualar o madridista Di Stéfano (1955/56 - 1963/64).
Bola de Ouro em 1965, foi um ano depois que o seu nome brilhou mais alto no futebol mundial: Bota de Ouro no Mundial 1966, tendo guiado Portugal a um histórico terceiro lugar, com nove golos. Eusébio venceu duas Botas de Ouro europeias (1968 e 1973) e foi "vice" nas Bolas de Ouro de 1962 e 1966.
TIPO DE GOLOS
Futebolista implacável, Eusébio foi um goleador de muitos e grandes golos em qualquer competição e frente a todos os clubes. Marcou 638 golos de "todas as maneiras e feitios". Marcou muito de bola corrida (457) e na sequência de bolas paradas (181). Terrível e temível. Como seria de esperar, foi mais próximo da baliza que concretizou mais (472) mas o número de golos fora da grande área impressiona (166) a que se juntam mais meia centena, no interior, pouco depois do limite da área de grande penalidade. Essencialmente chutador (574) também cabeceava (61) e ainda marcou com outra parte do corpo, além dos pés e cabeça (3 golos). Especialista em livres diretos (46) e em não falhar grandes penalidades (74) e ainda mais um golo resultante de uma recarga depois de defesa do guarda-redes contrário.
Apesar de goleador, era ele que marcava as bolas paradas, daí fazer muitas assistências para outros futebolistas do Clube, quer na marcação de pontapés de canto, quer na marcação de pontapés livre de forma indireta.
Clubismos à parte, Eusébio era, é e sempre será o eterno Rei do Futebol. “Tenho por Eusébio uma profunda gratidão, porque vivi algumas das tardes mais fantásticas da minha vida a vê-lo jogar. Eusébio nunca morrerá porque o seu exemplo vai continuar bem presente entre nós. Felizmente, fomos a tempo de celebrar o seu talento e o seu legado em vida”, disse o presidente Luís Filipe Vieira na altura da morte do Pantera Negra.