Fonte
www.abola.pt
Que se clarifique a situação clínica de Simão de uma vez por todas e se encerre o caso. Foi isto que pretendeu João Paulo Almeida, médico do Benfica, na conferência de Imprensa que ontem promoveu. Ponto prévio: «Simão sentiu no jogo com o Vitória de Guimarães dores na face externa do pé direito. A situação foi estudada e consultado o historial clínico do jogador. Depois, no jogo com a Lazio, estava bem, treinava-se bem, mas sentiu uma dor residual. Foi nessa altura julgado pela equipa médica que valeria a pena continuar a acompanhar o caso, até porque há um ano tinha existido uma situação semelhante...»
O polémica estalou em torno do facto do jogador ter jogado infiltrado frente à Lazio. «Foi feita uma infiltração com um anestésico local. Curiosamente, duas horas antes informámos o Conselho Nacional anti-dopagem do que iríamos ministrar ao atleta. Houve depois especulação. Infiltrações fazem-se todos os fins-de-semana no futebol português, estão devidamente regulamentadas e são permitidas.»
Depois desse jogo com a Lazio Simão ficou afastado dos relvados. «Assim que o jogo acabou vimos como estava a sintomatologia. chegámos à conclusão de que havia um problema de apoio podal. Nesse sentido, foi feito um estudo exaustivo que revelou que havia um conflito a nível desses apoios e que era isso que provocava a dor. É uma situação que implica a execução de material ortótico de correcção, as ditas palmilhas adequadas aos pés dos jogadores. Os tratamentos foram efectuados, Simão recuperou e já não sente dor. Tem agora uma marcha adequada e vai fazer novo exame para se verificar se o grau de recuperação é significativo e permite integrá-lo já na equipa», explicou o médico benfiquista.
Caso de Niculae apontado como exemplo
A lesão de Simão nasceu pelo facto de o jogador ter «uma sobrecarga muito grande a nível da face externa do pé», afirmou João Paulo Almeida, que revelou depois a razão de se seguir este tratamento: «Temos tudo documentado com imagens que nos alertaram para as causas da dor. Foi assim que sentimos necessidade de fazer as artóteses [leia-se, palmilhas] e a situação melhorou.» Quais os riscos que Simão corria se não fossem feitas estas correcções? Explica o médico: «Se nos limitássemos a tratar a situação aguda, daqui a pouco tempo teríamos uma situação crónica e bastante mais grave de incapacidade, o que conduziria a uma paragem bastante mais prolongada.» Havia a possibilidade de o caso se tornar tão grave que o jogador poderia ser operado: «Poderia surgir um problema de arrancamento a nível de inserção do músculo ou até uma eventual fractura do quinto metatarso, tal como Niculeae (Sporting) teve. Podíamos chegar a uma situação dessas, foi que não aconteceu porque fomos atrás da causa. Fizemos um exame de medicina nuclear que não é frequente para cortarmos o mal pela raiz...» O tempo de espera? «Se não fosse efectuada esta paragem e feitas as correcções ortóticas, as lesões iam-se repetindo frequentemente. Serão precavidos eventuais problemas futuros», disse.