Peço desculpa ao grupo

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— Já foi esclarecido sobre o que aconteceu? — São coisas passageiras. Esqueceram-se demim porque não tenho estado com eles no trabalho do dia a dia. É normal. Houve esquecimento, mas de certeza que não foi de propósito. — Porque reagiu daquela maneira? — Na altura fiquei muito magoado. Ninguém é de ferro e ninguém gosta de se sentir posto de lado. Mas reflecti e também houve pessoas que me chamaram à razão. Além disso, o nosso capitão teve uma atitude bonita, assumindo publicamente o erro. — Amigos como sempre? — Sim, está tudo esclarecido entre mim e o Hélder. Aminha atitude não foi a mais correcta, devia ter continuado com eles, mas estava muito nervoso. Peço desculpa ao grupo de trabalho. — Quem o alertou sobre o almoço? — Eu estava no ginásio, não sabia de nada. Fui avisado por pessoas do meio familiar. Apanharam-me desprevenido e acusei o toque. Por isso, fui lá dizer que estava vivo. Não volto a falar — A situação que está a viver não o deixa mais sensível perante determinadas situações? — Isso só me dá mais força para continuar a trabalhar. Foram nove meses difíceis em que aprendi muita coisa. Espero que as pessoas compreendam o que estou a passar. Sou um jovem de apenas 22 anos e sinto-me mal. Até falto aos jogos do Benfica, porque sofro muito. Qualquer jogador gosta de exercer a sua profissão e eu não fujo à regra. Mas tenho a consciência tranquila e sei que dentro de pouco tempo vou voltar a jogar. Estamos na recta final, agora só preciso de tranquilidade. Esta é a última vez que falo aos jornais, antes do meu regresso. Se não estou a jogar, não tenho razões para falar. É mau para a minha imagem. Agora é tempo de recarregar baterias e não posso distrair-me. Quando recomeçar a jogar então sim, irei falar de coisas que nunca disse até agora. Faço todos os movimentos — Mantém-se o final deste mês como o timing para o regresso? — Pode no final do mês ou depois. Estou muito ansioso, mas tenho consciência de que nove meses de paragem deixam marcas. Tenho de sujeitar-me a certo tipo de esforços, mas acima de tudo, espero voltar. Não estou preocupado, sei que isso vai acontecer. Os meus colegas vão rever o mesmo Mantorras. — Consegue fazer todos os movimentos? — Todos. Remato, faço tudo o que quero. No início, fazia certos movimentos e chorava. Hoje faço tudo. — A lesão era assim tão grave como se dizia? — Pelas conversas que tive com António Gaspar – e ele fala abertamente comigo – as pessoas não têm a mínima noção da gravidade desta lesão. Se eu tivesse mais idade, a minha carreira teria acabado aqui. Neste tipo de casos, em cada 100 lesionados, apenas se registam dois por cento de êxitos. — Continua a viver sozinho em Lisboa? — Não, a minha família já regressou de Angola. Voltei a ter a mulher e os filhos ao pé de mim e conto com o apoio da minha irmã gémea e das mais velhas. Foram nove meses difíceis para todos nós mas, como disse, estou na recta final. — Já não será na inauguração do estádio... — Pelos vistos não, vou ter de aguardar mais um pouco. Mas estou ansioso.