João Tralhão: “São 18 anos de muitas relações pessoais que levo no coração”

Fonte
slbenfica.pt

João Tralhão deixa o Benfica ao fim de 18 anos de ligação para rumar ao Monaco onde vai iniciar uma nova etapa na carreira de treinador. Em entrevista à BTV, no momento do adeus, o técnico reconhece que aprendeu com todos os “jogadores, treinadores, diretores e Sócios” com que se cruzou, sai com o sentimento de dever cumprido e crente de que muito dificilmente alguém parará a máquina da formação que já “rola a grande velocidade”.

 

“Neste momento é um turbilhão de emoções. Foram muitos anos nesta casa, são 18 anos com muitas alegrias, com muitas frustrações, com muitas conquistas, com muitas quase conquistas, mas, sobretudo, com muitas ligações humanas: jogadores, pessoal da rouparia, presidente, a todos os diretores. São relações pessoais que ficam no coração”, assumiu.

 

 

Chegou à Luz para estagiar nas escolas de animação e passou por vários escalões de formação do Clube até chegar aos Sub-23, projeto que arrancou esta época e onde era treinador principal.

“Quando comecei era um menino. Tinha 20 anos, comecei com os escalões de base, ajudaram-me muito a perceber o que era o treino, a minha função enquanto treinador, a ser um amigo, a ser pedagogo. Fui crescendo ao longo dos escalões e fui tendo aqui a minha vida misturada com os mais velhos. Fui aprendendo sempre com os jogadores, treinadores, diretores, Sócios… O Benfiquista tem um ADN muito próprio que nos obriga a estar sempre no limite e a superar-nos. O crescimento é grande, fez-me passar por várias experiências e são elas que levo comigo”, recordou.

 

 

Instado a escolher o melhor momento vivido de águia ao peito, João Tralhão não conseguiu ficar só por um e enumerou vários.

“O momento que me marca é quando fomos pela primeira vez campeões nacionais, obviamente. Foi importante porque validou todo o trabalho feito do ponto de vista coletivo, não só como equipa, mas também como Clube. Outros momentos de felicidade foram: ver os nossos meninos na alta roda do futebol mundial, ver os nossos meninos a jogar no Estádio da Luz, com todos os Benfiquistas orgulhosos. Outro momento: quando o Benfica se afirma na Europa, conseguimos colocar o nome da formação do Benfica entre os melhores da Europa. Sem dúvida que o melhor momento é ver estes meninos a afirmarem-se no futebol internacional. Essa é a nossa maior recompensa”, apontou.

 

 

O técnico vai continuar a trabalhar em França, uma oportunidade que considera “incrível” e que apareceu numa altura inesperada.

“A vida é uma sucessão de etapas e nós temos de procurar crescer cada patamar. Se me perguntam se era expectável nesta altura acontecer esta situação? Diria que não estava nos meus planos, mas as oportunidades surgem quando menos esperamos. Esta é uma oportunidade incrível, vou trabalhar com uma pessoa incrível, num clube fantástico com um passado com historial e com títulos. É um desafio diferente para mim, que o Benfica me ajudou a preparar de forma a poder encará-lo com otimismo e confiança. Saio daqui feliz. Pensamos sempre neste momento quando começamos a caminhar pelo Clube. Por vezes sentimos que a nossa carreira tem de dar um salto. Nunca pensei que chegasse o fim desta ligação inicial e sentir-me feliz pelo trabalho que realizei com toda a dedicação”, observou.

 

 

Durante este caminho, os adeptos também tiveram um papel. Esse desempenho não foi esquecido por João Tralhão.

“O Benfiquista tem um sentimento que não é fácil caracterizar. Foram eles, grande parte das vezes, os responsáveis pela minha superação diária. São eles os grandes críticos positivos, que nos ajudam a perceber que temos de saber lidar com a crítica para ter poder de encaixe. Mas também são muitos deles – não me esqueço – quando ganhámos estiveram sempre do nosso lado e quando perdemos também estiveram do nosso lado para que um dia conseguíssemos realizar o nosso sonho que era colocar o maior número de jovens na nossa equipa profissional”, reconheceu.

 

 

No final, os elogios! Em primeiro lugar às várias pessoas que diariamente trabalham em prol do futebol de formação; em segundo lugar, de forma mais personalizada, à equipa técnica que o acompanhou ao longo dos anos.

“Em relação à malta da formação. É a nossa família! Criámos laços muito fortes. Sempre tive uma relação muito leal e condizente com os objetivos da formação com todos os dirigentes que tive a oportunidade de conhecer. Uma palavra para eles, que me ajudaram a crescer. A todos os treinadores da formação, que estão a fazer um trabalho fantástico, é para continuar. Isto vai explodir um dia e aí ninguém nos vai agarrar. Uma palavra também à minha equipa técnica. Sem eles, nunca teria a qualidade que posso evidenciar hoje, nunca seria o treinador preparado que sou hoje. São um dos suportes mais importantes”, realçou.

 

“Há muitas pessoas com excelente qualidade a trabalhar. O Benfica está numas excelentes mãos. O presidente é um visionário, que meteu esta máquina a trabalhar e obriga-nos a estar nos limites diariamente. Dificilmente encontrei alguém com esta forma de estar na vida, que não só nos motiva como põe tudo isto a andar. Esta máquina está a rolar a grande velocidade, não tenham dúvidas. Esta vai ser uma época repleta de sucessos e não falo só de títulos. Falo também do que queremos alcançar enquanto processo. Quero deixar aqui uma palavra de amizade, carinho e admiração por todo o trabalho que o presidente tem feito”, acrescentou João Tralhão.

 

 

Texto: Marco Rebelo

https://www.slbenfica.pt/pt-pt/agora/noticias/2018-2019/10/14/joao-tralhao-entrevista-despedida-sub-23-benfica-futebol