Luís Lemos em entrevista exclusiva ao SL-Benfica.com: «Sou um fã do vosso site...»

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O coração do Estádio da Luz ainda bombeia os últimos litros de sangue. Mas sente-se já a sua gloriosa “morte”. A agitação é enorme, todas as secções e divisões do clube, nas mais diversas áreas, estão de mudança. É uma mudança temporária para umas instalações em Cabo Ruivo, esperando o término do novo Estádio da Luz.

O jornal «O Benfica», cujas instalações se encontram na porta 12 A da velha “Catedral”, é também alvo dessa mudança temporária. Sente-se já um cheiro nostálgico, navegando ao sabor dos velhos tempos áureos pelos quais o nosso querido jornal retractou de forma isenta toda a vida do nosso clube. O SL-Benfica.com não perdeu a oportunidade de fazer uma última visita à redacção do jornal, onde mantivemos uma conversa interessante com o director-adjunto do jornal, Luís Lemos que nos confessou o que sente, na hora da despedida.

O sentimento de nostalgia na hora da despedida…

Luís Lemos começou então por nos contar a forma como toda a redacção está a viver os últimos dias no interior da porta 12 A da velha Luz. Aqueles que fazem chegar às bancas todas as quartas-feiras o jornal oficial do clube da Luz, sentem uma mistura de sentimentos. «Há um sentimento de nostalgia... Há um sentimento de alguma esperança naquilo que vamos encontrar. Talvez vamos encontrar um modo de estar diferente, dado que aqui tínhamos um espaço muito amplo mas que não era funcional, porque debatemos com algumas dificuldades, nomeadamente, o facto de estarmos no sítio oposto ao local onde tudo se passa», começou por contar-nos o director-adjunto do jornal «O Benfica», acrescentando que «os serviços estão centralizados na parte central do estádio e o jornal estava um pouco relegado na parte de trás, mas agora espero que com as mudanças que vão ser efectuadas esta terça-feira, relativamente ao jornal, as coisas fiquem mais fáceis para nós, porque é difícil por vezes obter-mos algumas informações».

A importância do jornal “O Benfica”, na construção da «Catedral» da Luz

Questionado sobre os factos e pessoas que ficaram eternamente ligadas à história do Estádio da Luz, que agora se despede dos benfiquistas, Luís Lemos recorda a determinação do jornal do clube, na construção daquele que é ainda hoje considerado por todos os benfiquistas, como a “Catedral” da Luz. «Hoje vivemos na era da globalização, como se costuma dizer, onde tudo acontece mais rápido e mais fácil, e onde tudo é visto ao minuto, ao segundo... Mas se recuarmos a 1954, altura em que este Estádio foi construído, não havia nada disto, aliás, nem computadores havia», recorda. {mostrarimagem("benf_ano.jpg","right","$legenda")}

«Ou seja, o jornal “O Benfica”, nessa altura teve um papel fundamental na ajuda da construção deste Estádio. Na altura, o Sr. Joaquim Ferreira Bugalho, que era o presidente do Benfica, apoiou-se muito no jornal do Benfica, para tirar alguns dividendos dos sócios e dos adeptos, para divulgar o que semanalmente ia acontecendo. E nessa epopeia da construção do Estádio, em que os sócios vinham aqui dar uma enxadada e em que muitos deles traziam sacos de cimento, ou contribuíam financeiramente, era o jornal do Benfica que na altura dava eco a todas essas iniciativas», disse. No fundo as pessoas quando viam o seu nome no jornal, «viam reconhecido o seu esforço e a sua dedicação ao clube e nisso o jornal foi talvez, o baluarte desse mesmo período».

O futuro do jornal está assegurado na nova «Catedral»...

Já no que diz respeito às futuras instalações do jornal, o SL-Benfica.com quis saber se já está ou não definido o local onde se situará a nova redacção do jornal oficial do clube da Luz, quando for inaugurado o novo Estádio. O director-adjunto, Luís Lemos informou-nos então que «já está definido o local e será, sem dúvida, a grande mais valia daquele edifício. Como sabes, num clube e um pouco à semelhança do que se passa no Sporting, no Porto, no Boavista, os serviços têm de estar centralizados para haver uma maior funcionalidade dos mesmos». Portanto «se estivermos todos num edifício, onde possamos comunicar facilmente uns com os outros, e como o jornal vive também muito da informação do momento, será uma mais valia para nós». Já relativamente ao local, propriamente dito, «vamos ficar no piso térreo porque vamos ter algum contacto com o público. Vamos ter 3/4 salas que nos vão albergar com dignamento. O jornal vai para umas instalações dignas», afirmou de forma elucidativa.

«O primeiro dia na redacção foi o dia mais feliz que vivi aqui no Benfica»

{mostrarimagem("jornal3.jpg","left","$legenda")}No decorrer da conversa simpática que mantivemos com Luís Lemos, desafiámos o Director-adjunto do jornal do nosso clube, a contar-nos um dos momentos mais marcantes que viveu na redacção de «O Benfica». Luís, fez questão de recordar «com muita saudade o dia em que entrei aqui pela primeira vez, onde o falecido Vieira de Carvalho me recebeu, estava eu no último ano do curso de Direito, faltavam-me poucas cadeiras para acabar e recordo-me perfeitamente do primeiro dia que aqui vim. Era-mos nove os elementos que estavam para concorrer ao lugar de secretário de redacção e Vieira de Carvalho, quando viu o meu currículo conversou comigo e disse logo – “Olhe é você. Já não quero mais ninguém, porque você é o futuro deste jornal” – nunca mais me vou esquecer... Ele hoje infelizmente já faleceu, mas recordo esse dia, como um dos dias mais felizes aqui dentro do Benfica», confessou.

Um projecto para o futuro, não esquecendo erros do passado ...

Quanto a objectivos a serem atingidos pelo jornal «O Benfica», Luís Lemos foi esclarecedor: «Posso adiantar e até posso dizer em primeira mão que o jornal do Benfica está a passar por um processo de transformação a vários níveis. Nós temos um projecto já feito com “restyling” do jornal “O Benfica” e é meu objectivo querer que o jornal tenha mais número de páginas e mais cor. Mas vai ser um projecto que muito provavelmente vai estar em conjugação com o departamento do Mundo Benfiquista, ou seja, o departamento das casas e das filiais do Benfica vai ter um peso muito grande no futuro projecto do nosso jornal. Este vai ser um jornal muito mais associativo, muito mais virado para os sócios e não tanto, se calhar um repositório de factos como hoje acontece, portanto, neste momento estamos a fazer um estudo desse projecto que será apresentado dentro de alguns dias», anunciou de forma elucidativa.

Com uma tiragem de 15 mil exemplares e uma venda de banca na ordem dos 10 mil exemplares, o jornal “O Benfica” conta já com cerca de 3000 assinaturas e «no ponto de vista financeiro, o Dr. Manuel Vilarinho, pediu-me para que o jornal não desse prejuízo». Como tal, têm sido determinantes os esforços evidenciados quer pela direcção do clube, quer pelo próprio jornal. «Em conjugação com o vice-presidente da área, Dr. Luís Seara Cardoso e com o senhor Adriano Cerqueira, que é o director do jornal temos envidado todos os esforços para que isso não aconteça, no entanto, a conjuntura económica não está fácil», lamentou. Contudo «dentro dos parâmetros aceitáveis, o jornal consegue equilibrar-se nunca podendo esquecer que infelizmente, o último mandato do Sr. Vale e Azevedo, foi muito prejudicial para este departamento», contou-nos.{mostrarimagem("jornal1.jpg","right","$legenda")}

Como é do conhecimento geral, a criação de uma revista, levou à suspensão do jornal e Adriano Cerqueira, em conjunto com Luís Lemos pegou de novo no jornal, a partir do zero. «O jornal não tinha uma assinatura, não tinha uma venda em banca, não tinha nada», lamenta, tendo em conta que “O Benfica” é o jornal desportivo mais antigo no nosso país. Mas o Director-adjunto do jornal do nosso clube não ficou por aqui e adiantou números. «Na gerência anterior este departamento apresentou um saldo negativo na ordem dos duzentos mil contos. No fundo, a brincadeira da revista ser distribuída aos sócios custou ao clube os tais 200 mil contos, o que marca uma gestão grave, até porque ainda hoje temos revista amontoadas ai nas prateleiras».

A importância de “O Benfica” nas comunidades benfiquistas do mundo

Os muitos benfiquistas que se encontram espalhados pelo mundo fora procuram saber notícias através das televisões, dos jornais, da internet, mas é no jornal “O Benfica” que eles encontram o que mais desejam. O facto de ser o jornal oficial do clube da Luz, motiva-os mais e sem dúvida que o jornal é importante para estas pessoas que procuraram o melhor nível de vida, tendo em conta as suas necessidades.

Segundo Luís Lemos, «o jornal tem essencialmente, a sua razão de ser no elo de ligação da família benfiquista, isto é o mais importante, e porque como é do conhecimento público, o sócio típico do Benfica, não tem acesso à internet e muitos deles nem computadores têm e como tal o jornal continua a ser o maior elo de ligação que existe entre eles e o clube. É um produto de comunicação que é fácil, porque vamos à banca e compramos»

Assim sendo, «nessa medida nós temos essa percepção e é nesse sentido que estamos a trabalhar. Em {mostrarimagem("jornal4.jpg","left","$legenda")}conjunto com as casas do Benfica, vamos ter uma maior participação de todas as casas, nomeadamente, vamos dá-las a conhecer, ou seja, saber o que elas fazem, onde estão, e vamos sair mais ao encontro delas, nunca esquecendo claro, tudo aquilo que se passa em redor do clube, com o futebol, com as modalidades amadoras, com o futebol de formação que é outro dos nossos pontos de referência do nosso jornal», disse aludindo a ajuda que o jornal tem dado a este sector do clube, até porque «temos a preocupação de ter-mos 3/4 páginas dedicadas ao nosso futebol de formação dado também o pouco destaque dos jornais generalistas».

As dificuldades sentidas por uma redacção ambiciosa...

Quanto ás dificuldades sentidas pela redacção do jornal que tudo tenta fazer para ir mantendo a chama acesa são sem dúvida, as de ordem financeira. Contudo, vale o empenho das pessoas que trabalham em prol do jornal: «As pessoas estão aqui, muitas por amor à camisola e que trabalham gratuitamente, como é o caso do nosso director, o Sr. Adriano Cerqueira que está aqui de forma gratuita e também uma pessoa que é inestimável para o clube, que é o Dr. Alberto Miguéns que é uma pessoa fantástica e que não haverá ninguém como ele, que tem um conhecimento tão profundo da história do clube e que também trabalha gratuitamente», anunciou acrescentando que «se não fosse assim, o jornal não se aguentava, até porque a maioria das pessoas que temos, são estagiários que acabaram de sair das universidades e temos apenas dois quadros no jornal que sou eu e o chefe de redacção, Carlos Calado, portanto, todos os outros trabalham à peça, em regime de recibo verde, para não sair mais dispendioso para o clube».

«Sou um fã deste site»

Convidado a pronunciar-se sobre o SL-Benfica.com, Luís Lemos não hesitou em afirmar e garantir que «sou um fã do vosso site. Praticamente, todos os dias “clico” lá, apesar do meu site de abertura ser o SLBenfica.pt, mas gosto sempre de vos “visitar”, porque {mostrarimagem("jornal5.jpg","right","$legenda")} vocês às vezes surpreendem-me com o grafismo, ou seja, vocês têm um grafismo arrojado. Por exemplo, enquanto o site oficial é um site institucional e onde é feita a política do clube, com algum comedimento, vocês têm a irreverência da juventude que os caracteriza e têm um site arrojado», disse, acrescentando no entanto que «paralelamente conseguem por informação que se me falha em algum lado vou lá e sei que pode ser útil ao jornal. Sei que vocês fazem entrevistas, têm um chat, têm uma serie de modalidades no vosso site que o torna apelativo e dou-vos os parabéns por isso, porque penso que é um trabalho importante aquilo que vocês fazem», disse.

A finalizar, o director do jornal “O Benfica”, lançou um repto aos leitores do nosso site, dado que é visitado na maioria por jovens. «Gostava de lhes dizer que lessem o jornal e se possível que o assinassem porque é uma mais valia. Já relativamente ao vosso site, pedir-lhes que entrem lá todos os dias, porque esse é o maior contributo que vocês podem ter para o vosso trabalho», concluiu.

Leia ainda uma reportagem sobre o jornal aqui.

Reportagem de: Rafael Santos e Hugo Manita
Fotos: Hugo Manita