GrandeReportagem: Argel - A carreira e personalidade de um “Guerreiro”...

Submetida por K_POBORSKY em
O central brasileiro Angélico Fuks, mais conhecido por Argel está hoje (Dia 4 de Setembro de 2002) de parabéns. O n.º 3 do clube da Luz, completa hoje o seu 28 aniversário.
O central brasileiro nasceu a 4 de Setembro de 1974, em Santa Rosa no Rio Grande do Sul - Brasil. Já actuou ao serviço do Internacional de Porto Alegre, do Santos, do Verdy Kawaasaki no Japão; jogou no F.C. Porto e no Palmeiras, hoje é jogador do nosso Benfica.

Argel chegou a Lisboa no dia 2 de Junho de 2001, a troco de 230 mil contos, e depois de representar o F.C.Porto, em Portugal o brasileiro enfrentava agora um novo desafio – representar o Benfica – mas desta feita em Lisboa.
À chegada ao aeroporto de Lisboa, o jogador acompanhado por Luís Filipe Vieira, confirmou um acordo com o Benfica válido por três temporadas.

A chegada do “guerreiro brasileiro”...

Argel jogava então no Palmeiras, depois de ter actuado no Futebol Clube do Porto. O brasileiro esteve perto de rumar para a Alemanha, mas Luís Filipe Vieira antecipou-se e conseguiu trazer Argel para o clube da Luz. «Financeiramente o contrato que o clube alemão oferecia era melhor, mas profissionalmente eu achava que era melhor jogar no Benfica», começou por dizer o brasileiro à sua chegada a Lisboa.

O brasileiro adiantava ainda que o facto de jogar no Benfica era um sonho antigo: «Perante a escolha entre jogar num clube da Alemanha ou jogar num clube grande da Europa como é o Benfica, a minha decisão foi a de voltar a jogar em Portugal. Vestir a camisola dos encarnados era um sonho antigo.» O jogador cedo apercebeu-se da grandeza do Benfica, e segundo ele, foi mesmo a grandeza do Benfica que o motivou a regressar a Portugal: «Comparo o Benfica ao Flamengo pelos adeptos que tem, pelo carisma. Com certeza o Benfica vai fazer uma grande época. Se, no início, ganharmos dois ou três jogos aí de certeza que o Estádio da Luz vai estar sempre cheio.»

Já o gestor do futebol benfiquista afirmara que o negócio para a aquisição de Argel tinha sido complicado e só mesmo a vontade do jogador em representar o Benfica foi determinante.
«Argel enquadra-se no perfil que nós queremos no Benfica campeão para a próxima época. Foi difícil, mas o jogador teve muita influência por dar preferência ao Benfica. Cortámos com o passado. Têm-se definido bem quem são os reforços para a próxima época», começou por dizer Luís Filipe Vieira à chegada a Lisboa.

«Os dias difíceis de Argel», no F.C.Porto.

Argel regressava assim também às capas dos jornais e era notícia em todos os jornais televisivos, pelo seu regresso a Portugal (ao Benfica). O central brasileiro em tempos era notícia, mas pela negativa e quando se encontrava ao serviço do F.C. Porto.
Fazia-se então reportagens sobre o percurso de Argel e claro está sobre essa passagem marcante pelo clube do norte.

O s {mostrarimagem("argel-slb_fiorentina.jpg","right","")}te MaisFutebol (por exemplo) publicou um texto intitulado de: «Os dias difíceis de Argel», onde se podia ler o seguinte: “Polémico e irreverente, Argel espalhou um manto de controvérsia quando representou o F.C. Porto na época de 1999/2000. Rotulado de central rápido e valente, não conseguiu encantar os adeptos, nem sequer convencer o treinador Fernando Santos. Apenas fez cinco jogos completos e marcou um único golo, frente ao União de Leiria. Pouco para quem tinha custado cerca de 700 mil contos e era visto como o digno sucessor de Aloísio no eixo da defesa. Mas tudo não passou de uma esperança ténue”(maisfutebol.iol.pt).

A vida nas Antas não corria bem ao central brasileiro e “à medida que os dias iam passando, estalava o descontentamento. Nascia a polémica e os desagrados eram notícia nos jornais. Argel não se inibia a dar entrevistas controversas até que foi dado como transferível pela SAD do F.C. Porto. Antes do final do ano, quando os dragões mediram forças com o Real Madrid, o brasileiro acabou por ser substituído por Aloísio no desenrolar do encontro. A partir daí, a equipa passou a jogar melhor e venceu o jogo, numa altura em que se suspeitava da real existência da lesão de Argel. Houve mesmo quem dissesse que a sua saída do campo passou por outros motivos, relacionados com a própria pressão do desafio, o que caiu mal no balneário” (maisfutebol.iol.pt).

Muito se disse sobre Argel – até que destruiu um computador – mas até hoje no Benfica, Argel mostrou sempre uma personalidade forte e com boas atitudes.

A apresentação do jogador...

Já de águia ao peito, Argel era apresentado em conferência de imprensa na Luz a 5 de Junho de 2001 e começava por dizer que «É um prazer voltar a Portugal, especialmente para jogar no Benfica. Tinha outras propostas mas preferi Portugal. Falei até com a Parmalat e pedi para baixarem o valor do passe, inclusivamente para reduzirem os 15 por cento a que o F.C.Porto tinha direito.»

A cidade de Lisboa e o vermelho não passaram ao lado do jogador: «Era um sonho jogar aqui, tanto meu como de pessoas ligadas ao Benfica. Gosto muito de Lisboa, que é diferente do resto do país, e o vermelho atrai-me muito...»
Argel mostrava-se «orgulhoso» por estar na Luz e afirmava então que o Porto passava a ser inimigo: «Estou orgulhoso por estar no clube dos seis milhões de adeptos», e quanto ao F.C.Porto... «não tenho sangue azul nem nunca tive. A partir do momento em que estou Lisboa o Porto é o inimigo.»

Argel assumira mesmo vir para a Luz para «ajudar a acordar o vulcão que tem estado adormecido – o Benfica – de forma a que todos possam levar com a lava...», concluiu no dia da sua apresentação.

A integração de Angélico Fuks no plantel...

O plantel da Luz realizava já o seu estágio em Nyon, mas ainda sem o brasileiro. Contudo Argel chegara ma{mostrarimagem("Argelfesthm.jpg","left","")}is tarde e após 14 horas de voo, o central brasileiro chegou a tempo de integrar a «peladinha» e tornou-se desde então no jogador mais activo do plantel, incentivando os seus companheiros, tal como ainda hoje lhe é característico.

Quer seja nos treinos, ou nos jogos, Argel está constantemente a falar com os seus companheiros dentro das quatro linhas. Um estilo inconfundível que o caracteriza como sendo um jogador com muita vontade de ganhar. E No final do seu primeiro treino de águia ao peito o brasileiro confirmava as primeiras impressões: «As pessoas que me conhecem sabem que a minha maneira é essa. Dentro de campo vocês vão ver sempre um grupo alegre. Existe uma amizade muito grande no Benfica, vê-se que vários jogadores conversam muito. Dentro do campo temos de falar sempre, fora do campo é o mínimo possível. Estamos em hora de falar pouco e trabalhar bastante.»

Argel parecia mesmo que já estava no clube à mais tempo, dada a forma como vivia os seus primeiros dias de águia ao peito. O então n.º 3 da Luz cedo se afirmara no clube e conquistou a titularidade a par com Júlio César. Hoje faz dupla com João Manuel Pinto e tem fortes concorrentes – Hélder e Ricardo Rocha – a um lugar no «onze».

As palavras do brasileiro começavam por marcar as manchetes dos jornais desportivos, dada a forma como as proferia «Respeito as equipas pequenas, mas acho piada que quando jogam com o Benfica parece uma guerra e quando é contra o F.C. Porto e o Boavista parece que abrem as pernas», disse Argel, no final do encontro entre o Benfica e o Belenenses, que terminou empatado a uma bola.

Contudo, no Benfica não há jogadores «indiscutíveis titulares» e Argel por vezes ficou de fora e jogando mesmo na formação B da Luz. Em Janeiro de 2002 chegavam notícias de um possível desentendimento entre Argel e Profírio, que no entanto foi comentado pelo técnico Jesualdo Ferreira às quais disse não ter havido desrespeito.

Como ele vive os jogos...

Argel vive intensamente os jogos que realiza. Antes, durante e depois da partida o brasileiro é sempre nota de destaque, ora para fazer previsões, ora para conversar com os companheiros dentro de campo, ou até mesmo para comentar os jogos e sempre que o faz, fá-lo de forma exuberante e clara, ora vejamos um exemplo, após um jogo em Alvalade, onde o clube da Luz merecia a vitória dado que o seu jogo foi superior ao dos leões. «Sofremos uma pressão muito grande. Jogar no Benfica não é como nos outros clubes, mas aguentámos tudo. Antes do jogo a crítica dizia que o Sporting era favorito, e eu reconheço isso, o Sporting vai ser campeão, não precisa é de ser ajudado. As pessoas têm de entender uma coisa: por mais que no Brasil o Corinthians esteja a arrastar-se, quando há um Corinthians-Palmeiras tudo é diferente. Todos os críticos deram o Sporting como favorito mas num derby não há favo{mostrarimagem("argel.jpg","right","")}ritos. Fomos melhores do princípio ao fim. O Benfica contratou jogadores de qualidade, com passado, com pedigree, que já ganharam grandes títulos. Estes jogadores não são pernas de pau, são conhecidos mundialmente. »

E ainda no rescaldo dessa mesma partida, quando o árbitro assinalou penalty para os de Alvalade, por falta (inexistente) de Armando, Argel comentou da seguinte forma: «O juiz dá seis minutos e quando passam assinala um penalty duvidoso... Nem é duvidoso, o rapaz está correndo de costas», diz, referindo-se à impossibilidade de Armando evitar jogar a bola com a mão. «O que pode fazer, cortar os braços?». Para além disso, na sequência do penalty o Benfica ficou sem dois jogadores para o encontro da próxima jornada com o Boavista. Argel viu um amarelo que implica um jogo de castigo e Zahovic foi expulso por protestar. «Quem arranjou a confusão toda foi o bandeirinha», disse Argel. «Disse que o tinha xingado mas estava a trinta metros de mim... Foi uma vergonha. Tirou o Zahovic e tirou-me a mim do próximo jogo.»
O árbitro ainda mostrou o vermelho a Argel, mas por engano, como disse ao próprio jogador - julgou que o brasileiro já tinha um cartão.
O central do Benfica falou ainda do episódio no final do jogo em que se agarrou a João Pinto, avançado do Sporting. «Ele teve uma discussão com o João Manuel Pinto durante o jogo e quando acabou quis agredi-lo. Abracei-o para não haver briga.»

«Tenho a certeza que o Sporting vai ser campeão, mas não precisa de ser tão ajudado. No primeiro jogo houve um assalto à Luz, agora voltámos a ser melhores mas não ganhámos porque não nos deixaram. Lembram-se do que aconteceu em Dezembro? Hoje foi pior, e não me venham dizer que na Luz o Argel fez um penalty sobre o Jardel aos três minutos... Pela segunda vez não deixaram o Benfica chegar onde queria.»
Conclusão segundo Argel: «Isto não pode continuar. Já tivemos erros a nosso favor mas se botarem na balança são muito menos... Os erros são 80 por cento contra nós e 30 a favor», diz literalmente, numa matemática própria. «O Benfica não é de hoje que está a ser prejudicado e tem de tomar uma posição perante as arbitragens. Nesta altura o balneário é uma revolta só.» (maisfutebol.iol.pt)

Estas foram apenas algumas das muitas declarações marcantes de Argel.
De facto ninguém consegue ficar já, indiferente à sua presença em campo. O brasileiro vive intensamente todos os jogos e com muita garra e determinação.
Argel, mais conhecido como o “Guerreiro” da Luz é uma personagem caracterizadora do bom ambiente que se vive no balneário e muito simpático. O brasileiro fala «grosso» mas sempre com o respeito ao qual até os jornalistas já se habituaram...

Parabéns Argel!!!

Texto de: Rafael Santos
Declarações do jogador retiradas do site: www.Maisfutebol.iol.pt
Fonte: Arquivo SL-Benfica.com / SLBenfica.pt / Infordesporto.pt / MaisFutebol.iol.pt