Bola de Cristal: Antevisão Benfica x Gil Vicente

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Liga Zon Sagres – 16ª Jornada

Estádio da Luz, 22 de Janeiro de 2011

Sporttv 1, 20h15

Árbitro: Marco Ferreira (Madeira)

 

12 de Agosto de 2011, Barcelos. Aos 74 minutos de jogo Laionel rematava de fora da área marcando ao Benfica “o golo da sua vida”, pela segunda vez em dois anos, e assegurando-se de que, pelo quinto ano consecutivo, o Glorioso não começava a época com uma vitória para a Liga.

Felizmente, o mau prenúncio do empate a duas bolas em Barcelos não teve sequência e o Benfica partiu para uma primeira metade de época praticamente imaculada na Liga Zon Sagres. Invencível no Estádio da Luz, voltou a perder pontos apenas em empates no terreno de Porto e Braga, segundo e terceiro classificados no final da primeira volta do campeonato.

Uma boa primeira metade de época realizou também o Gil Vicente, acima das expectativas depositadas pelos seus adeptos, apresentando uma equipa sempre consistente. O seu futebol equilibrado e positivo levou os gilistas a surpreender a crítica e a localizar-se sempre entre o 7.º e 11.º lugares da tabela classificativa da Liga Portuguesa.

 

Estatísticas Liga Zon Sagres

 

TOTAL J15                       BENFICA          GIL VICENTE                    BENFICA (C)          GIL VICENTE (F)

Posição/Jogos                    1º -15                  10º -15                                  8                              8

Pontos                                      39                         16                                     24                            6

V/E/D                                     12-3-0                    3-7-5                                 8-0-0                     1-3-4

Forma                                     VVVVV                 VDEDE                             VVVVV                    DEDEE

Golos M-S                               38-12                   13-23                               25-7                         6-16

Remates (Bal.)/Jogo           15 (7)                    11 (4)                               17 (8)                      10 (3)

Golos/Jogo                             2,5                        0,9                                    3,1                           0,8

Faltas/Jogo                             14                         14                                     13                            16

Cantos/Jogo                            7                           5                                        9                              5

Posse de Bola Média         56,20%               47,20%                             56,10%                   45,40%

Resultado-Tipo                       2             x           1                                         3              x             1

 

Fonte: www.football-lineups.com

 

Modelo Táctico - Benfica

Jogando contra um recém-promovido na Catedral, Jorge Jesus apostará certamente no seu 4-1-3-2 com dois avançados puros. Tradicionalmente, a saída de bola será feita com passe curto para os centrais ou trinco, convertendo-se o jogo de passe no pé em movimentos verticais e objectivos de progressão para o ataque a partir do momento em que a bola chegue a um dos elementos do quarteto ofensivo. Defensivamente, a equipa demorará a recuperar a posição mas, quando o fizer, alinhar-se-á numa formação idêntica a um 4-4-2 em linha.

Pontos Fortes: A qualidade individual no último terço do campo, mais especificamente a capacidade para desequilibrar dos médios-ala, no um-para-um ou com tabelas com os laterais Emerson e Maxi Pereira, será a chave para desbloquear o jogo frente a uma equipa com um colectivo forte mas com um meio campo defensivo macio e uma linha de defesas individualmente limitados e premiáveis.

Pontos Fracos: A demora na transição ataque-defesa por parte dos médios-ala (que na verdade operam como extremos), abrirá muito espaço no meio-campo defensivo do clube da Luz, sendo esse o espaço preferencial para os ataques do Gil Vicente e a sua principal zona de tiro.

 

Modelo Táctico – Gil Vicente

Paulo Alves implementou uma mentalidade de jogo ofensiva dentro das possibilidades da equipa. Joga tradicionalmente num 4-3-3 com um trio no meio-campo, mais de construção do que destruição, composto por um médio defensivo e dois médios interiores. Quando com liberdade, a equipa privilegia o jogo pelo chão com rápida circulação de bola, sem forçar o futebol directo, e solicitando frequentemente movimentos de ruptura nas costas do meio-campo adversário. A falta de presença de área leva a que o Gil escolha terminar as suas jogadas com remates de zona central sempre que o contra-ataque não permita que rápidos jogadores da frente tenham espaço para finalizar. Defensivamente, a equipa recolhe para um falso 4-5-1 com linhas muito próximas, um padrão semelhante às outras equipas portuguesas de qualidade similar.

Nos jogos mais complicados, o Gil Vicente apresenta apenas uma alteração na sua estrutura, “perdendo” o extremo-esquerdo e fazendo jogar um médio-ala capaz de ajudar a fechar ao meio, normalmente deslocando Richard para a posição e fazendo entrar mais um homem para o miolo.

Pontos Fortes: Os dois homens mais avançados do Gil Vicente, Hugo Vieira e Luís Carlos (em dúvida por lesão), são jogadores muito rápidos que irão deambular entre a defesa e meio-campo do Benfica para descobrir espaço para o contra-ataque. O português, mais objectivo, flectirá do centro para a esquerda enquanto o brasileiro, mais tecnicista, explorará a direita. Estes movimentos abrem espaço para entrada dos médios pelo centro, rematando estes de longe com frequência e relativa qualidade. Perigoso é também o central Cláudio, melhor marcador da equipa com 4 golos, excelente executante de livres em posição frontal à baliza adversária.

Pontos Fracos: O meio-campo do Gil Vicente é dos menos atléticos das equipas portuguesas o que poderá ser uma vantagem para o Benfica. Contudo, o principal ponto fraco da equipa é a falta de mobilidade do seu meio-campo defensivo e da sua defesa que favorece os adversários de duas formas: a) permite contra-atacar com bastante espaço após os movimentos ofensivos gilistas; b) permite que os jogadores adversários mais rápidos/tecnicistas saiam por cima em situações de 1x1. Esta fraqueza adensa-se quando a equipa tem que correr atrás do resultado e leva a que, após sofrer 1 ou 2 golos, o Gil Vicente se torne uma equipa frágil e muito aberta.

 

Equipas Prováveis

Benfica: Artur é indiscutível e Maxi Pereira e Emerson também pela falta de alternativas credíveis. No centro da defesa, Luisão volta à titularidade e deverá ser acompanhado por Jardel. No miolo Javi Garcia e Witsel são os pilares da equipa. Nolito foi confirmado por Jesus como titular e Gaitan deverá continuar a recuperar forma na ala direita. Na frente deverá jogar Saviola no apoio a Rodrigo. Ausências de peso por lesão, pelo menos no 11 titular, deverão ser Garay, Aimar e Cardozo.

Gil Vicente: Adriano tem realizado uma época sólida e será titular na baliza. Na defesa, Júnior Caiçara é um defesa esquerdo completo e deverá jogar ao lado da dupla Claúdio-Halisson. O lado direito da defesa é uma das incógnitas - Daniel é um central adaptado que conquistou a titularidade e permite maior liberdade a Luís Carlos mas o regresso de Rodrigo Galo a Barcelos poderá relegá-lo para o banco. No meio campo Luís Manuel e André Cunha são indiscutíveis sendo que a principal dúvida reside no 3.º médio centro sendo que a opção tendencialmente será o jovem Pedro Moreira. O trio da frente deverá ser composto por Luís Carlos e Hugo Vieira, secundados por Richard. No banco deverão estar três armas secretas, os possantes pontas-de-lança Roberto e Yero e...o extremo Laionel.

 

Jogadores Chave

Benfica: Witsel será importante para descobrir os colegas com espaço para embalar para a lenta defesa do Gil Vicente mas, sobretudo, o jogador-chave para equilibrar a equipa tapando rapidamente as linhas de passe para o contra-ataque do Gil Vicente. A sua eficácia a apoiar Javi Garcia em tarefas defensivas será fundamental para evitar que a bola chegue aos dois homens mais perigosos da formação de Barcelos na sua zona preferencial.

Gil Vicente: Luís Manuel. Começou a carreira no Braga como construtor de jogo mas, aos 30 anos, a sua cultura táctica fê-lo recuar, com sucesso, para a posição de médio defensivo. Não sendo o principal recuperador de bolas da sua equipa, revela-se a peça chave do conjunto gilista jogando com simplicidade, optando pela linha de passe certa e utilizando-a com precisão. Quando não está disponível, Paulo Alves vê-se obrigado a mudar a sua táctica para um 4-2-3-1, utilizando um duplo pivot para o substituir. O Benfica deverá anular este jogador forçando os gilistas a jogarem futebol directo para a sua frente de ataque fisicamente débil.

 

Em suma, o Benfica é superior em todos os momentos do jogo e sectores do campo, tendo a obrigação e os argumentos para se vingar do resultado da primeira jornada. Contudo, o Gil Vicente é uma equipa competente a fazer um bom campeonato apesar da sua ligeira quebra de forma e cujo ponto mais forte coincide com o mais fraco do Benfica. Respeitando o adversário e mantendo a competitividade ao longo dos 90 minutos, a vitória sorrirá com naturalidade ao Glorioso.