ERIKSSON MERECIA MAIS

O Benfica perdeu esta noite uma excelente ocasião para, sob os olhos de Eriksson, resolver a eliminatória em sua casa, e viajar tranquilamente até Marselha. Tal não aconteceu, fruto da ineficácia na frente de ataque (ai os pontas-de-lança...), mas, sobretudo, de um erro primário de António Silva (também tem direito...), que recolocou a equipa francesa na discussão do jogo, num momento em que parecia praticamente morta e conformada com o seu destino.
Daí aos assobios que se ouviram no fim (sempre de uma sonora minoria) vai uma longa distância. O Benfica ganhou um jogo, nos quartos-de-final de uma competição europeia - algo que não acontecia há dez anos. Fê-lo diante de uma equipa que tem um orçamento bastante superior, e participa numa liga muito mais forte e competitiva. Leva para a segunda-mão uma vantagem curta, mas...uma vantagem. E se a exibição foi irregular e terminou em tons acinzentados, diga-se que já vimos bem pior na presente temporada.
Há uma facção de adeptos que percebe pouco disto, e pensa que ainda vive no tempo do Eusébio. Quando o Benfica não ganha de forma esmagadora, manifesta o seu desagrado com assobios - quando não insultos a tudo e a todos, que se estendem nas redes sociais e em caixas de comentários, para não falar em arremesso de objectos para o próprio banco. Essa mania das grandezas, que mina parte do universo benfiquista, tem sido altamente prejudicial ao clube e às suas sucessivas equipas e profissionais. Há adeptos que, se mandassem, sob o manto de uma fantasmagórica "exigência" substituíam o treinador de três em três meses, destituíam os presidentes todos, despediam os jogadores (lembro-me de nomes como Nené, Paneira ou Cardozo serem apupados na Luz), e achavam que poderiam contratar o Haaland e o Mbappé, e o Benfica seria facilmente campeão do mundo e arredores, por ser essa a sua obrigação natural e os outros não existirem, sempre, claro, com o famigerado futebol de ataque, aberto como ninguém faz desde o Brasil-Itália de 1982.
Ora a vida não é assim. Nem no futebol, nem noutros âmbitos da sociedade. As pessoas e as instituições não são perfeitas, e nem tudo é tão fácil como "exigem" os assobiadores, os reis do teclado, e os que querem varrer isto, aquilo e o outro, como se na ponta da vassoura houvesse uma qualquer lâmpada mágica capaz de resolver os problemas - futebolísticos e não só. As insuficiências resolvem-se gradualmente com calma, bom senso e frieza. As coisas melhoram-se, não se destroem para reconstruir depois - isso é parar no tempo, ou mesmo voltar para trás e deixar passar todos os comboios.
Mas, por enquanto, toda a gente tem voz, e ainda bem. Mesmo aqueles cuja perspicácia e nível de inteligência não é espectacular. Mesmo aqueles que não a merecem e até, porventura, a queiram tirar a outros. Quando mil assobiam e cinquenta e quatro mil ficam calados, é o assobio que prevalece - dando pretextos para a comunicação social chafurdar na lama, e para os rivais se divertirem. Pelo meio, desestabilizam os jogadores, destruindo a sua confiança para compromissos futuros.
Ora nesta partida o Marselha jogou mal como eu esperava (e tinha visto diante do Lille), mas o Benfica não foi tão intenso como fora no duplo confronto com o Sporting. Ainda assim deu para ganhar, e podia, como comecei por dizer, ter dado para matar a eliminatória. Na parte final, a equipa de Schmidt pareceu cansada. Pediam-se substituições mais cedo, mas o banco não é famoso: o mito do plantel de luxo é uma mentira bem contada, e este Benfica é um pouco como quem tem um Porsche à porta de casa, mas não tem água canalizada nos sanitários. Meter quem? Rollheiser? Carreras? Cabral? Kokçu?Para quê? Com que consequências?
Em Marselha vai ser para sofrer. Se as coisas correrem mal será uma pena, até porque o Milan, e, sobretudo, o Liverpool, parecem fora da corrida. E os dez jogadores do Benfica que actuam atrás do ponta-de-lança, começam a formar uma equipa. Infelizmente só em Abril. Infelizmente sem alguém que materialize em golos as oportunidades criadas.
Em Salzburgo, com o Toulouse e com o Rangers, o Benfica escolheu sempre o caminho mais difícil para chegar até aqui. Que Marselha seja apenas mais uma estação. Dublin espera por nós.

1 comentário:

joão carlos disse...

acho muita piada a essa do também tem direito referente ao antonio silva como se este tivesse sido o seu primeiro erro, ou o primeiro erro que enterrasse a equipa, o que a ele não faltam é erros este ano, e o ano passado, e fossem outros jogadores e muitos já o andavam a assobias mas como é da formação como tudo o que é da formação é bom andamos nisto.

hoje em dia para muitos também meter cesar brito para que mesmo para que consequência, bons mesmo são os que são sempre titulares os outros também se não jogarem também nunca vão ser bons.

realmente não existe ponta de lança sobretudo quando não se joga com um e se joga com um rapaz que talvez seja bom para um desporto que se joque com os pés mas sem balizas, ou rugby para os tres pontos para o pais de gales.
mas maus são os outros bom mesmo é aquele que consegue ser pior que o pringle.