Analise do Jornal RECORD

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APRECIAÇÃO À EQUIPA Benfica frente ao Sporting: Ver fugir a vitória por um braço João Trindade Miguel fez a melhor exibição ao serviço do Benfica MIGUEL - Futebol de rua que encanta: Fez ontem, talvez, a melhor exibição desde que está ao serviço do Benfica, num palco que não lhe é desconhecido de todo. Miguel jogou nas camadas jovens do Sporting, chegando a fazer parte da mesma equipa de Simão Sabrosa. Um futebol de refinado toque artístico, onde a alegria e o prazer do jogo estiveram sempre presentes marcaram a sua actuação, a que só faltou a cereja no bolo. Que por duas vezes esteve perto de acontecer: aos 44', atirou ao poste; aos 77', na "cara" de Nélson, falhou a hipótese de fazer o segundo golo que "mataria" o jogo. Honrou, e de que maneira, a ausência de Simão. O Benfica apresentou ontem argumentos mais fortes que o Sporting para vencer o jogo. Os encarnados revelaram uma forte personalidade, jogaram em bloco, fizeram uma apreciável circulação de bola e criaram as melhores oportunidades de golo, com um remate ao poste e outro à barra pelo caminho. Com o golo do lituano Jankauskas, a vitória parecia não fugir aos encarnados, mas mesmo na linha da meta um lance cortado com o braço por Armando comprometeu a ida à Europa. MOREIRA – Passou com nota positiva o primeiro grande "teste de fogo" desde que foi chamado à baliza encarnada para substituir Robert Enke. Uma actuação serena e tranquila, revelando muita atenção entre os postes. Não foi chamado a muito trabalho, pela inércia do ataque do Sporting, mas das vezes que teve de intervir fê-lo com uma frieza notável. Só não conseguiu evitar o golo de Jardel. ARMANDO – Um braço do diabo, aquele com que cortou um lance do Sporting e originou a grande penalidade a favor dos leões que recolou o resultado num empate, já em período de descontos. Por ironia do destino, pouco antes, numa incursão no ataque, teve nos pés a hipótese de fazer o segundo golo dos encarnados. Há dias assim. No cômputo geral, a sua actuação fica penalizada pelo lance da grande penalidade. Porque de resto defendeu com segurança e nunca descurou as subidas no terreno. ARGEL – Revezou com João Manuel Pinto a marcação a Jardel, onde esteve sempre mais forte que o avançado leonino. Não se pode dizer que teve muito trabalho pela frente, mas mostrou sempre a concentração e o sentido de marcação necessários, com a habitual raça que lhe é peculiar, para anular o ataque leonino. Nos instantes derradeiros, excedeu-se em protestos no "penalty" do Sporting e acabaria por ser expulso já no final do encontro. JOÃO MANUEL PINTO – Começou por jogar nas dobras de Argel e teve momentos de alguma hesitação nos cortes, como aquele em que deixou Pedro Barbosa cabecear à vontade, embora sem consequências para a equipa encarnada. Melhorou de produção na segunda parte, mais seguro e concentrado, impondo-se inclusive nos duelos pelo ar com Mário Jardel. CANEIRA – A saída permatura do campo, aos 48', por lesão, foi um duro golpe para ele e para a equipa do Benfica. Estava a realizar uma exibição muito consistente, provando que, apesar de não estar a jogar no "habitat" dele, tapa o buraco de forma eficaz. EDNILSON – Uma exibição de encher o campo. Se Miguel foi a fantasia, ele foi o rigor e a objectividade. No centro, foi o ponto de equilíbrio entre as acções defensivas e ofensivas, sempre num registo de grande fulgor físico. Na segunda parte não esteve tão exuberante, mas compensou com os passes certos nos momentos certos. TIAGO – Mais sóbrio que Ednilson, resguardou-se em tarefas defensivas procurando cortar as linhas de passe do Sporting. Não se saiu mal, cumpriu a tarefa, mas faltou sempre algo mais na sua actuação, como procurar zonas mais adiantadas no terreno. Uma única excepção ocorreu ainda na primeira parte, num canto de Ednilson, em que de cabeça levou o perigo à baliza de Nélson. DRULOVIC – No primeiro tempo, a sua actuação ficou marcada pela intencionalidade de três cruzamentos que não tiveram a devida correspondência na área de finalização. Mesmo antes do intervalo, fez um passe de "morte" para Miguel rematar ao poste. No segundo tempo, faltaram as forças e acabaria rendido por Jankauskas. ZAHOVIC – O génio do esloveno esteve ausente de Alvalade. Uma actuação muito apagada, em alguns momentos chegou a dar a sensação de andar perdido em campo, que culminaria com a sua expulsão na sequência do lance que deu origem à grande penalidade a favor do Sporting, por protestos. Na primeira parte, ainda teve o mérito de, pela movimentação em campo, "empurrar" Rui Bento para terceiro central, mas no reatamento "apagou-se" por completo do jogo. MANTORRAS – O Sporting não guardava boas recordações dele, por via de um jogo em Alverca na época passada. O angolano começou só, là na frente, numa batalha solitária com os defesas do Sporting e demorou a atinar. Na segunda parte, então, sim, deu sinal de si, surgiu com mais força, outra velocidade, e mais objectivo em direcção à baliza. Na retina fica um "balázio" desferido por Mantorras que levou a bola a embater na barra com violência. O angolano acabaria por ter participação directa no golo, pois o primeiro remate saiu dos pés dele e foi desviado pela defesa leonina antes de chegar a Jankauskas. JANKAUSKAS – A história voltou a repetir-se. O lituano saltou do banco, para render o capitão do Benfica e, na primeira vez em que tocou a bola, cumpriu a missão. Marcou mais um golo, o oitavo na Liga, que quase dava o triunfo ao Benfica. Um tento que gelou as bancadas de Alvalade, apontado por um jogador que revela frieza e rigor notáveis na pequena área. Jankauskas é lituano mas cada vez mais está na linha dos suecos, altos e louros que tantos golos no passado deram ao clube da Luz. ANDRADE – Rendeu o desafortunado Caneira e a tarefa complicou-se com a entrada de Ricardo Quaresma. ANDERSON – Entrou na parte final para segurar o meio-campo. Autor: GOMES FERREIRA Data: Segunda-Feira, 22 de Abril de 2002 02:50:00