Árbitros Estrangeiros nas ligas nacionais

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Público
Desporto 11-12-2003 - 08h29 Experiência vai avançar na próxima temporada Árbitros estrangeiros nas ligas nacionais sem contestação Jorge Miguel Matias PÚBLICO Já imaginou Pierluigi Collina, o juíz que apitou a final do Campeonato do Mundo de futebol de 2002, a arbitrar um FC Porto-Benfica; ou Markus Meier, o árbitro que dirigiu a final da Liga dos Campeões da época passada, a arbitrar um Sporting-FC Porto? Pois bem, esse poderá um cenário bem real. A UEFA, por intermédio do seu director executivo, Gerhard Aigner, fez segunda-feira saber que vai colocar em prática a experiência em oito países, já a partir de 2004/05. E a medida não tem sofrido contestação até ao momento. A intenção do organismo máximo do futebol europeu foi manifestada em Itália, pelo próprio Aigner. A ideia não é nova, mas nunca como agora tinha sido colocado um prazo para a sua aplicação. Muito menos se previa que ela pudesse ser introduzida em tão curto período de tempo. Embora ainda estejam por conhecer muitos pormenores sobre a medida prevista pela UEFA - a começar pelos oito campeonatos nacionais em que ela será testada - a possibilidade de árbitros estrangeiros dirigirem jogos nas ligas nacionais é encarada positivamente em Portugal. O mesmo sucedendo, aliás, com a hipótese de árbitros portugueses apitarem encontros importantes noutros campeonatos. Vítor Reis, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), é um dos que apoia a medida, embora tenha sublinhado que manifestava a sua opinião apenas a título pessoal, pois a direcção da APAF ainda não se tinha debruçado sobre o tema. Vítor Reis confessou ao PÚBLICO estar "completamente de acordo" com a intenção da UEFA, frisando que se trata de mais um passo em frente para a profissionalização dos árbitros. Na opinião do líder da APAF, esta medida possibilitará "uma troca de experiências entre árbitros muito positiva", permitindo-lhes conhecerem realidades distintas daquelas a que estão habituados nos respectivos campeonatos de origem. Vítor Reis fez ainda questão de salientar que este movimento de árbitros pelos campeonatos da Europa permitirá igualmente que juizes portugueses apitem encontros importantes noutros países, num cenário que dará ainda mais visibilidade à arbitragem portuguesa. Vítor Reis espera agora que sejam conhecidos mais pormenores sobre a ideia, nomeadamente a sua regulamentação e a forma como serão resolvidas uma série de "complicações" que esta medida irá criar, nomeadamente ao nível da avaliação dos árbitros ou do número de jogos a fazer em cada liga. A intenção da UEFA poderá ainda funcionar como uma espécie de pedagogia para o público português, que passará a ver que juizes estrangeiros também cometem erros. Para o público, mas também para os jogadores, que muitas vezes adoptam um comportamento bem menos conflituoso quando jogam nas competições "uefeiras". "Mesmo com árbitros estrangeiros em Portugal continuarão a haver penaltis mal assinalados e outros não marcados", lembrou Vítor Reis. A mesma opinião é partilhada por Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). "Se outro benefício não houvesse, pelo menos os nossos espectadores iriam perceber que existem tantos erros nos jogos apitados por árbitros estrangeiros como nos jogos arbitrados por portugueses." O homem forte da arbitragem da FPF também concorda com a ideia da UEFA, mas levanta duas condições para a sua aprovação: que sejam poucos jogos e que os árbitros portugueses possam arbitrar partidas de boa qualidade no estrangeiro. "Tem que haver reciprocidade na qualidade e na quantidade dos jogos", resumiu. Também Luís Guilherme, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga se manifestou, "em tese", de acordo com a ideia, ainda que desconheça em concreto a proposta. "À Liga não chegou ainda nada" garantiu. No entanto, este responsável mostrou-se disponível para debater a questão: "Devemos estar abertos a medidas que possam melhorar o futebol", afirmou. E lembrou que com o alargamento da União Europeia novas questões se levantarão também no sector da arbitragem: "Imagine que se assiste a uma generalização da profissionalização dos árbitros e que, por exemplo, um árbitro espanhol se instala em Portugal. Será que ele pode ser impedido de exercer a sua actividade? Temos que prever situações deste tipo", alertou. Desmond Boyland/Reuters No futuro, Pierluigi Collina poderá apitar, por exemplo, um FC Porto-Benfica