CArta -arbitros

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slbenfica
Senhores árbitros e outros senhores... Só se ofendem com o Benfica? Depois de uma jornada da Super Liga em que o Benfica, por mérito próprio, venceu de forma concludente um jogo difícil fora de casa, reforçando a posição que dá acesso à Liga dos Campeões e dobrando o número de pontos que tinha de avanço sobre o Sporting, alguns agentes do futebol reagiram de forma inusitada às opiniões que o presidente da SL Benfica-SAD, Luís Filipe Vieira, entendeu tecer, de forma correcta, sobre o trabalho do árbitro Paulo Paraty, enquanto outros agentes do futebol - no caso específico do sr. Dias da Cunha, presidente do Sporting - reagiram de forma mais corriqueira à actual tabela classificativa do campeonato português. O sr. Dias da Cunha mostrou-se preocupado com a pouca atenção que a imprensa presta ao FC Porto, clube pelo qual, aparentemente, nutre uma fortíssima simpatia, facto que a ninguém cabe comentar porque, é sabido, que muita gente tem, legitimamente, um "segundo clube" do coração. Referiu também o presidente do Sporting que o país "está de cócoras perante os 6 milhões", o que não deixa de ser uma afirmação desprovida de qualquer lógica, tendo em conta o número de habitantes do país e o número de simpatizantes de outros clubes que não o Benfica. Referiu-se também o sr. Dias da Cunha ao Benfica como "uma determinada colectividade" ou como "um determinado clube", recusando-se assim a pronunciar o nome do Benfica, não fossem os 6 milhões prestar-lhe a indevida atenção. Sobre os números e as contas do futebol, preferiu o presidente do Sporting insinuar que há clubes que "pintam" os números. Para tranquilizar os benfiquistas, deve ser recordado que o Benfica é auditado pela KPMG, uma firma internacional de créditos reconhecidos. Resta-nos, para tranquilizar o sr. Dias da Cunha, convidá-lo para superintender o trabalho dos auditores da KPMG, cuja categora e capacidade parece querer colocar em causa. Queixa-se, também, o sr. Dias da Cunha da comunicação social que só presta atenção ao que "uma colectividade faz". É profundamente injusta esta consideração do presidente do Sporting. Basta reler o que nos últimos dias os jornalistas afectos ao emblema da Alvalade - e são tantos! - têm escrito nos jornais e dito nas rádios, para se perceber que se o Sporting não fôr à Liga dos Campeões não é por falta de estima, de amparo e de compreensão dos "media". E se compararem a apreciação feita pela generalidade da comunicação social à actuação do árbitro Paulo Paraty, na Figueira da Foz, com a actuação do árbitro Bruno Paixão, em Alvalade, mais convencidos ficam os 6 milhões e os outros de que, na verdade, o Sporting não tem razões de queixa nem de nada nem de ninguém. Num outro sector do futebol português - a arbitragem - cairam mal as palavras ordeiras de Luís Filipe Vieira no final do jogo Académica-Benfica, jogo que o Benfica venceu por 4-1 e que foi dirigido, de forma medíocre, pelo árbitro Paulo Paraty. Começaram os "media" por interpretar mal o que o presidente da SAD disse. Em vez de "riso", escreveram "roubo" e, a partir daí, surgiram as ameaças de processos vindas do próprio árbitro e da APAF. Estão estes senhores indignados com o Benfica que não pressiona árbitros, que não faz jantaradas com dirigentes da arbitragem e em cujas contas nunca apareceram documentos embaraçosas para o bom nome da arbitragem nacional. Nunca reagiram estes senhores - e outros senhores - com ameaças de processos quando, por exemplo, o treinador do FC Porto disse, em Fevereiro de 2002 que o vencedor do próximo campeonato seria o FC Porto, não reagiram quando, em Setembro, na primeira jornada, o mesmo técnico afirmou que ía fazer tudo para manter o segundo lugar, insinuando que o primeiro estava atribuído, acharam absolutamente normal que o presidente do FC Porto, depois do jogo com o Gil Vicente, tivesse afirmado que o encontro tinha sido "recheado de anormalidades, com as quais já contava e que começaram antes do jogo no sorteio do árbitro". Também os mesmo agentes do futebol não se ofenderam quando o treinador do FC Porto concluiu que o "campo estava inclinado" depois do jogo com o Beira Mar e acharam pefeitamente aceitável que, em Dezembro, o mesmo técnico clamasse por "batota" depois do jogo com o Paços de Ferreira. Para não falarmos da serenidade com que o mesmo sector recebeu as palavras de Pimenta Machado, em Aveiro, quando disse que era "preciso arredar o Vitória do segundo lugar" ou as palavras de Luís Campos, no Bessa, quando disse que o futebol português era um "lixo". Com o Benfica, vítima de uma arbitragem medíocre que, no entanto, não impediu a vitória, a APAF mostra-se profundamente indignada e o árbitro Paraty mostra-se profundamente ofendido. A questão é esta e cabe aos seis milhões dar a resposta: - Por que razão é que só se ofendem com o Benfica? - Falta de coragem ou falta de inteligência? - Por que razão é que odeiam tanto o Benfica, o clube que permite que a actividade do futebol profissional exista no nosso país com o impacto que tem na vida desportiva e social? - Será de inveja ou será de mágoa? O sr. Dias da Cunha, no fundo, tem razão: sem a tal "determinada colectividade" nem mercado nem dinheiro haveria no futebol português para mandar pagar a conta de electricidade da sede da mais exemplares das SADs. Deixem-nos em paz e não brinquem mais com coisas sérias