Fonte
Correio da Manhã
Errei com todas as letras, de uma ponta à outra do artigo saído a público na edição de dia 23 de Setembro de 2002. Transformei Mariana Vilarinho, Luís Filipe Vieira e Manuel Vilarinho em prevaricadores e indirectamente envolvi o Benfica no mesmo caso.
O CM apresenta desculpas a todos os visados
Sei-o agora, não houve qualquer ponta de verdade no artigo que eu assinei. Qualquer pedido de desculpas a Mariana Vilarinho, Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira é curto, tendo em conta as calúnias que lancei.
Tenho recebido cartas insultuosas, telefonemas de revolta, de leitores para quem eu diariamente escrevo ao longo de 15 anos, nas páginas do Correio da Manhã, muitas dessas linhas com base em fontes, que vão sendo cultivadas ao longo dos anos, um processo habitual em qualquer jornalista e com o qual tenho convivido sem margem para dúvidas.
No domingo, dia 22 de Setembro de 2002, o artigo que veio a ser escrito foi igualmente com base numa fonte. Os factos não surgiram do nada nem foram inventados por mim, não houve qualquer má fé. Surgiram na sequência de uma chamada telefónica a meio da manhã de domingo, adiantando o caso em análise. À tarde surgiu um outro telefonema, no mesmo mote, mas mais pormenorizado, envolvendo mais pessoas e determinando o local.
Era, no entanto, apenas uma informação, que teria que ser confirmada, e foi nessa base que contactei um militar da GNR para que me pudesse esclarecer se havia ou não uma base de verdade nas chamadas telefónicas. Não era um militar qualquer, era um homem que já tinha trabalhado comigo em outras circunstâncias tão delicadas quanto a que estava em apreço. Havia uma confiança de pelo menos dois anos de colaboração comum, sem nada a assinalar quanto a falhas e portanto a certeza de que se tratava de uma fonte fidedigna. Fiz então a chamada para esse militar que não só confirmou a história como ainda avançou todos os dados que suportaram o artigo. O militar em causa merecia toda a credibilidade, não só pelos contactos anteriores como - segundo me adiantou - por ter ele próprio realizado a fiscalização, ter assinado os documentos que iam ser enviados a Tribunal e ter assumido todas as acusações constantes do processo.
Nessa mesma noite voltei a telefonar para a fonte no intuito de encontrar algumas contradições que fossem susceptíveis de levantar dúvidas, que levassem a verificar de novo os factos, mas o discurso foi exactamente igual, pormenorizado e vivo. Havia, portanto, matéria.
Depois, na segunda-feira, foi o desmentido por parte de Manuel Vilarinho e de Luís Filipe Vieira, o surgimento do caso da mulher de Jesualdo Ferreira, mas a verdade é que a minha fonte, ao longo de toda a segunda-feira, garantia a veracidade de tudo o que tinha adiantado anteriormente. Aliás, na terça-feira, ao fim da manhã, a fonte ainda me adiantava informação adicional.
Infelizmente no decurso da semana vim a saber que o indivíduo em causa nem sequer estivera presente no Destacamento durante o fim-de-semana e nesse caso não poderia ser o autor da fiscalização. Foi uma primeira mentira que conjugada com outras entretanto descobertas me fizeram finalmente acreditar que tudo fora apenas um enorme logro. Fora ludibriado por alguém em quem tinha toda a confiança, como qualquer jornalista deve ter na sua fonte e, logo, protegê-la seja em que circunstância for, como tenho feito em tantos outros casos. Continuo ainda hoje a desconhecer as razões ou motivações que ditaram tal conduta, mas perante esta mentira descarada, perante uma história totalmente inventada e sem ponta de verdade, sinto-me liberto de qualquer obrigação profissional de lealdade e de protecção da fonte. Assumo as responsabilidades legais e profissionais que tenho que assumir, mesmo tendo sido dolosamente enganado. Às pessoas injustamente visadas no artigo e aos familiares e amigos que decerto muito sofreram com todo o sucedido renovo os meus pedidos de desculpas, extensível ao Benfica enquanto instituição, assim como a todos os leitores.
Carlos Varela
P.S.: Eu por mim, cagava pró pedido de desculpa e punha este cabrão em tribunal na mesma! Agora que se tá a ver com os colh... apertados é que vem pedir desculpas mas o dinheiro que ganhou à conta da má imagem dos outros não tem preço! Pra tribunal com ele, já!