Dois anos a lutar contra a falta de rigor

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Não é o autor mas interpreta na perfeição a melodiosa nova estratégia encarnada para o futebol profissional, composta pelo seu gestor, Luís Filipe Vieira, e que assenta em dois vectores essenciais: o rigor e a responsabilidade, duas posições que não se verificaram no passado e que levaram o clube a ter que, numa fase de grande recessão e com grande esforço, encontrar soluções para mais de trinta jogadores. Na rectaguarda, na sombra de mais um decisivo passo na estratégia para o futebol, está António Simões, director-geral da SAD benfiquista, que em conjunto com toda a estrutura que trabalha no departamento, vai tratando de encontrar soluções para a carreira de quem não cabe no grupo de Jesualdo Ferreira, numa altura em que os mercados por toda a Europa mandam apertar o cinto. De acordo com as linhas traçadas por Luís Filipe Vieira, o director-geral (grande símbolo do clube) tem desenvolvido um trabalho ímpar. — Como é que se consegue colocar noutros clubes mais de 30 jogadores em dois anos? — Com trabalho árduo, sem dúvida. É extremamente difícil consegui-lo, especialmente este ano devido às dificuldades que os mercados atravessam. Mas há muitas coisas que se conseguem com convicção, determinação e insistência. E também, claro, com alguma sorte à mistura. — Como é que o Benfica chegou ao ponto de ter tantos jogadores excedentários no plantel? — Isso são coisas que acontecem... Há outros clubes que têm tido imensas dificuldades também, tal como nós. Creio que foi a combinação da irresponsabilidade com a falta de rigor no passado. Não estou aqui a querer condenar alguém; todos nós cometemos erros. Mas foi sem dúvida a combinação de várias circunstâncias que provocou um cenário indesejado e difícil. — A missão foi cumprida? — Julgo que pelo muito trabalho nos últimos dois anos, não apenas meu mas de várias pessoas, podemos concluir que a tarefa foi cumprida. É com orgulho que assumo a responsabilidade no empenho da tarefa que me foi destinada. «Bases para o futuro» — E o que ficou criado a partir daqui? — Agora o Benfica tem aquilo a que se pode chamar de avenida de boa gestão; estamos em condições de retirar de tudo isto as indispensáveis ilações e não repetir os erros. Por outro lado, a SAD pode manter-se coerente numa linha de orientação e num modelo de gestão que deve forçosamente continuar. — O que ficou o clube a ganhar com estas saídas, quer em termos desportivos quer financeiros? — O excesso dá sempre prejuízo não é? Com estas medidas que se tomaram houve uma diminuição considerável de encargos financeiros. O Benfica Futebol SAD, com esta gestão nos últimos dois anos, aliviou substancialmente a sua folha de salários. Era um dos objectivos, como é evidente. Não fiz as contas, a prioridade foi sempre resolver as situações; mas existia a preocupação de reduzir os custos. Estive preparado sempre para resolver caso a caso as situações desportivas que, depois, tiveram reflexos financeiros. — Mas tem uma ideia de quanto terá poupado a SAD com estas medidas? — Não fiz o levantamento dos valores mas julgo que foi possível poupar centenas de milhar de contos. «Mais rigor» — Quais são as medidas preventivas para que algo assim não volte a acontecer? — Ser mais rigoroso. Julgo que o Benfica deve aproveitar todo este tempo até Dezembro, fazer uma pesquisa constante daquilo que porventura poderá ser o reajustamento do plantel. Até lá temos de trabalhar em dois sentidos: aquilo que é o mercado em que podemos colocar jogadores e o que é o espaço de recrutamento, que deve seguir uma linha de orientação rigorosa para evitar que aconteça o que se passou aqui nos últimos anos, antes da entrada em vigor desta nova filosofia de gestão. O Benfica tem hoje todas as condições para um futuro diferente.