Dupla histórica

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Jesualdo deverá utilizar, logo à noite, a dupla de pontas-de-lança Nuno Gomes/Fehér, colocando assim o seu nome numa lista de treinadores que optou por essa variante ofensiva com regularidade. É certo que ainda estamos na quarta jornada, mas face ao contingente de avançados existente no plantel, é crível que isso venha a suceder ao longo do campeonato. Será a reedição de um formato que conheceu Van Hooijdonk e João Tomás como últimos intérpretes. Não é preciso recuar muito para encontrar um figurino similar. Senão teríamos de recordar os nomes de Nené e Jordão, a título de exemplo de uma das grandes duplas de avançados que os encarnados apresentaram ao longo da sua história. Mas o facto de Nuno Gomes e Fehér alinharem juntos não é novidade relevante. Aliás, os encarnados possuem, esta temporada, quatro pontas-de-lança. É natural que, muitas vezes, jogue metade... Desde que o Benfica se sagrou campeão, muitas foram as ocasiões em que os vários treinadores que passaram pela Luz adoptaram por esse sistema, ainda que com o escalonamento de jogadores de características diferentes do internacional português e húngaro. Exemplos? Caniggia, Mauro Airez, Clóvis, Valdir, Donizete, Paulo Nunes e, claro, João Pinto. Não pela sua estatura e estrutura, mas pela mobilidade imposta em campo, os chamados falsos pontas-de-lança. Marcelo e Hassan chegaram a dar corpo a essa tradição, mas com pouca expressão. A preferência de Nuno Gomes Mas foi com Nuno Gomes que voltou o clássico 4x4x2 ao estádio da Luz. Corria a época 97/98 e o treinador era Graeme Souness. Brian Deane chegou a meio da época e a partir daí o futebol encarnado tornou-se mais britânico, com dois avançados alinhados. O internacional português marcou 18 golos, o inglês rubricou sete tentos — com a singularidade de marcar, quase sempre, nos jogos grandes. Com as danças no plantel, só três anos depois o Benfica voltou ao mesmo, já sem Nuno Gomes. Com Van Hooijdonk e João Tomás. O holandês violou as redes adversárias por 19 ocasiões, o agora sevilhano marcou 17. Aliás, e relativamente ao facto de existir um ou dois homens de área, Nuno Gomes nunca escondeu que prefere esta última variante. Ainda que, alinhando sozinho na frente, tenha marcado 24 golos na época 98/99. Encontrar o equilíbrio Outro ponto importante para se perceber as dores de cabeça de uma decisão contínua deste calibre: não é pelo facto de se colocarem dois avançados de raiz que se ganham jogos ou campeonatos. Com Van Hoooijdonk e João Tomás os encarnados marcaram 54 golos mas sofreram 44 — daí o sexto lugar final. Com Nuno Gomes e Deane, marcaram 62 golos e sofreram 29 — terminaram em segundo. Mas nada que se compare aos 73 golos marcados em 93/94 (campeões), jogando apenas com um ponta... A chave é o equilíbrio.