Dupla personalidade !

Fonte
www.ojogo.pt
Não é bem a história do dr. Jeckil e o mr. Hyde, mas a verdade é que ontem o Benfica teve mesmo duas caras, entrando arrojado e agressivo, o que madrugadoramente lhe valeu a vantagem, para depois quase suspirar pelo o último apito. O Benfica venceu o encontro de ontem, mas esteve longe, muito longe mesmo, de ter conseguido um triunfo tranquilo ou consensual, marcando logo na abertura e depois a escassos minutos do último apito. Pelo meio sofreu, cerrou fileiras, esteve sempre atrás da bola, tendo sido necessário recorrer a um médio (Ednilson) para serenar um jogo que em muitos momentos teve apenas um sentido. A entrada de rompante da "águia", moralizada e apoiada por um público que faz de qualquer recinto um clone do Estádio da Luz (quem é que jogava em casa mesmo?), cedo deu frutos, resultado das acelerações sempre mortíferas de um pequeno génio movido a turbo. Simão Sabrosa, é dele que estamos a falar, logo aos 8' passou por todos os adversários e caiu na área. Em vez de partir para os protestos, pegou na bola, marcou o canto e pouco s segundos depois já Argel se encontrava aos saltos, eufórico com a abertura do marcador. Estava dado o mote para duas dezenas de minutos muito bons do Benfica, mostrando a mobilidade e criatividade ofensiva que todos lhe apontam, criando desequilíbrios e espaços que os aveirenses pareciam incapazes de tapar. Mas depois tudo se esfumou... Receoso inicialmente, António Sousa apostou em quatro defesas, um jogador (Sandro) na marcação a Zahovic e dois médios atentos a Petit e Tiago (Luís Manuel e Levato). Era uma tentativa de evitar um golo cedo, mas a teoria esfumou-se em escassos instantes. A reacção do Beira-Mar, quando o jogo se aproximou da meioa-hora, foi, porém, avassaladora, sempre guiado pela inteligência e disponibilidade de Ricardo Sousa, e pela vontade de marcar manifestada pelo treinador (por que não começar assim o jogo?), que trocou de unidades, dando à equipa um cunho ofensivo que conseguiu manietar os encarnados, acabando mesmo o encontro com cinco unidades de ataque. Chamem o Ednilson Os treinadores alegam sempre que não é com muitos avançados que se ganham os jogos e ontem isso ficou escrito em acta. Ao poder de fogo do Beira-Mar, que chegou a queimar perto da baliza de Moreira, respondeu Jesualdo Ferreira com a entrada de um médio centro. Roger, que bem corria atrás dos adversários, mas que não é propriamente um recuperador, deu o lugar a Ednilson e a "águia" levantou um pouco a cabeça. O pequeno, em tamanho, é óbvio, conferiu ao meio-campo benfiquista um novo fôlego, numa altura em que Petit e Tiago estavam completamente perdidos na Ria de Aveiro. Com esta alteração, Simão passou a jogar mais perto de Nuno Gomes e o Benfica ganhou também alguma profundidade no ataque. As ameaças do Beira-Mar ainda não estavam esgotadas, mas já perto do final as possibilidades de chegar ao empate fugiram como a Areia das mãos, quando o defesa da casa não conseguiu conter o ímpeto de travar com o braço um cruzamento de Drulovic. Simão marcou o penálti e correu para os adeptos. Sem tirar a camisola, como mandam as regras, mas sendo mais do que certo que os "encarnados" tiveram de a suar muito a indumentária para conseguirem a vitória.