O antigo jogador das águias esteve no programa “Aquecimento”, da BTV. Neste regresso a Lisboa, o brasileiro, que andou "com Luisão ao colo", desfiou um sem-fim de histórias, vê como justa a chamada de Jonas à seleção do Brasil e aplaudiu o caminho "sério" trilhado pelo Clube.
Elzo, de 57 anos, jogou duas épocas de águia ao peito, entre 1987 e 1989. Internacional pelo Brasil, chegou ao Benfica com rótulo de craque e não desiludiu. Esteve na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus frente ao PSV e celebrou o título de Campeão.
No regresso a Portugal, o antigo jogador foi entrevistado no programa "Aquecimento", da BTV. Elzo recordou os tempos no Benfica, contou histórias curiosas, apontou ao Pentacampeonato e salientou que, por ele, Jonas era convocado por Tite para o Mundial da Rússia.
REGRESSO A LISBOA 20 ANOS DEPOIS
“Não vinha a Lisboa há 20 anos. É aquela situação em que se sai de casa e se tem vontade de voltar ao final do dia. Tinha muitas saudades do Benfica e, se viesse, eu ia querer ficar neste maravilhoso Clube.”
ANTIGO ESTÁDIO VERSUS NOVA CATEDRAL
“Apesar de o outro estádio ser muito lindo, em que jogávamos sempre com 120 mil pessoas, a mudança foi muito grande. Queria dar os parabéns ao presidente e aos restantes dirigentes pelo grande trabalho desenvolvido no Clube. Hoje, o Benfica é um dos maiores clubes de futebol do mundo, principalmente na estrutura. Este estádio, que tive a oportunidade de conhecer, é lindo. Muitos parabéns! É bom quando se chega num país sério e se vê coisa séria. E o Benfica é sério.”
BENFICA BEM ESTRUTURADO E COMPETITIVO
“A equipa é boa, apesar de não estar a liderar a classificação neste momento. Tem condições de ganhar o título. O Benfica sempre fez grandes equipas. Fiquei surpreendido em relação à estrutura e vou ter oportunidade de visitar os escalões de formação. Estão a fazer um excelente trabalho na descoberta de talentos para o Benfica e que depois saem para a equipa principal e para outros clubes europeus. Isso é muito importante, o futebol tem de ser dirigido dessa forma, porque gira em torno da parte financeira. O Benfica começou a fazer esse trabalho e tem sido muito feliz. Dar os parabéns a todos os que trabalham nos escalões de formação. Este é o ponto-chave do Benfica hoje.”
“Vou acompanhando [o Benfica]. Falo sempre com o Toni, que me vai passando informação. Fizemos uma grande amizade quando cheguei a Portugal, acho que até foi o primeiro amigo que fiz aqui. Hoje é fácil de acompanhar, consegue-se ver os jogos do Benfica.”
CRENÇA NA VITÓRIA COM O MARÍTIMO E NO PENTA
“O jogo com o Marítimo é importante. Para o Benfica só interessa a vitória e a jogar em casa, com os seus adeptos, o Benfica fica muito forte. Acho que o Benfica vai conquistar o título. A segunda parte foi fantástica com o P. Ferreira. Entrou com o objetivo de vitória, foi atrás e conseguiu.”
JONAS MERECE O MUNDIAL
“Tenho estado atento ao Jonas. No Brasil dizem que devia ir ao Mundial. Acho que é o goleador do momento do futebol brasileiro e devia ir. O Tite está atento a todos. O momento que ele está a viver é o momento do Mundial. Só é surpresa o que ele está a fazer no Benfica para quem não acompanha.”
“O Gabriel Jesus vem de uma lesão e o Jonas está perfeito. O Firmino não está bem, não está a fazer golos.”
“Quero dar aos parabéns por o Benfica ter acreditado nele. O Benfica deu-lhe as condições e o jogador está a ter tranquilidade para trabalhar. O que ele está a fazer é responsabilidade dos dirigentes que apostaram nele e lhe deram condições para trabalhar.”
UMA HISTÓRIA CURIOSA COM LUISÃO
“Até tenho uma coisa engraçada para dizer sobre o Luisão. Apanhei o Luisão no colo. Joguei com o pai do Luisão numa equipa da segunda divisão de São Paulo chamada Amparo Athlético Club. O pai do Luisão chegava aos treinos e levava o Luisão no colo, mas ele queria ficar no meu. Hoje acho difícil pegar nele ao colo.”
“Falei com ele num programa de televisão no Brasil. Havia uma competição que o Benfica estava a disputar e eu estava a comentar o jogo. Luisão não estava a jogar e entrou em direto no programa.”
“Comecei a acompanhar o Luisão por causa do pai. Para minha felicidade, veio jogar para o Benfica e assim não há como não acompanhar. Sou muito amigo do pai. Estou muito feliz por saber que é capitão da equipa, está bem em Portugal e acho que já não quer voltar ao Brasil. Tornou-se património do Benfica.”
TRABALHO ATUAL E AS NEGAS DADAS AOS RIVAIS
“Trabalho com a formação, descobrindo talento no Brasil. Descobrimos talentos, mas colocamos fora do Brasil, na América Latina, por exemplo, e agora estamos a tentar a Europa. Monitorizamos durante anos para ver não só o que ele é dentro de campo como fora. A minha visita ao Benfica é também porque temos acompanhado o que o Benfica tem feito nos escalões de formação. Vim para ver de perto. O meu clube sempre foi o Benfica e jamais jogaria noutro clube que não o Benfica. E recebi convites para regressar a Portugal, dos rivais. Mas disse que em Portugal só jogava no Benfica.”
"NÃO" AO REAL E AO BARÇA... E O ORGULHO POR TER JOGADO DE ÁGUIA AO PEITO
“Hoje posso dizer que tive o privilégio de jogar no Benfica, no meu Clube. O maior orgulho dos brasileiros não é dizer que jogaram no Inter de Milão ou no Paris Saint-Germain, mas sim poder dizer que jogaram no Benfica. Porque é um país-irmão. Quando vim para o Benfica, depois do Campeonato do Mundo, tive convites do Real Madrid, Barcelona… Disse que não, que vinha jogar em Portugal e vim parar ao Benfica.”
A FINAL DE ESTUGARDA E O PENÁLTI COM A BÊNÇÃO DE EUSÉBIO
“Ficou atravessada. Lembro-me desta final e até vou contar uma coisa: nos penáltis, não estava definido para marcar o penálti. A comissão técnica reuniu-se com o Toni e disseram ao Eusébio para me dar a notícia. Ele chamou-me e disse-me que era eu o primeiro a bater o penálti. Respondi: Eu, Eusébio?! E perguntei: para que canto é que eu chuto? Ele respondeu: dou-te a opotunidade de bater o penálti e ainda queres que escolha o lado para onde deves bater? Arranja-te!”
“Bati para o lado direito do guarda-redes e decidi na altura. Tive um treinador, no início da carreira, que me disse que sempre que a bola batesse na parte lateral da rede, o guarda-redes não tinha hipóteses. Lembrei-me disso.”
AQUELA FINTA DO PÉ POR CIMA DA BOLA
“O Tele Santana chateava-me por causa dessa finta. Ele, nos treinos, dizia para eu fazer o drible, mas eu não fazia. Até que um dia fiz e ele caiu. Aprendi em miúdo e ainda hoje não vejo ninguém fazer essa finta.”
O MELHOR JOGO E NOVO PENÁLTI A PEDIDO DO KING
“Fiz um jogo em Montpellier pelo Benfica em que saiu nos jornais: Elzo, o maestro da orquestra. Até fiquei emocionado. Outro foi no Torneio Teresa Herrera, que nesse ano fazia 100 anos. Benfica-Liverpool na final e vai para grandes penalidades. Eusébio, de novo, a dizer que eu ia bater e eu com cãibras. Eusébio e Diamantino levaram-me para bater o penálti. Chutei e deu golo.”
O IMPRESSIONANTE DIAMANTINO
“O Benfica tinha grandes jogadores. O Mozer, o Valdo, o Ricardo Gomes… Tudo jogadores que tinham jogado comigo na seleção brasileira. Mas o jogador que mais me impressionou foi o Diamantino. Era fora de série. Todos sentimos a lesão dele [antes da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus]. Parecia que éramos nós os lesionados.”
Texto: Marco Rebelo
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